• Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Cadastro
  • Publicar história
Logo
Login
Cadastrar
  • Home
  • Histórias
    • Recentes
    • Finalizadas
    • Top Listas - Rankings
    • Desafios
    • Degustações
  • Comunidade
    • Autores
    • Membros
  • Promoções
  • Sobre o Lettera
    • Regras do site
    • Ajuda
    • Quem Somos
    • Revista Léssica
    • Wallpapers
    • Notícias
  • Como doar
  • Loja
  • Livros
  • Finalizadas
  • Contato
  • Home
  • Histórias
  • Ela não é a minha tia
  • Capitulo 45 – Meu lugar (PENÚLTIMO CAPÍTULO)

Info

Membros ativos: 9525
Membros inativos: 1634
Histórias: 1969
Capítulos: 20,495
Palavras: 51,977,381
Autores: 780
Comentários: 106,291
Comentaristas: 2559
Membro recente: Azra

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Notícias

  • 10 anos de Lettera
    Em 15/09/2025
  • Livro 2121 já à venda
    Em 30/07/2025

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Recentes

  • Entrelinhas da Diferença
    Entrelinhas da Diferença
    Por MalluBlues
  • A CUIDADORA
    A CUIDADORA
    Por Solitudine

Redes Sociais

  • Página do Lettera

  • Grupo do Lettera

  • Site Schwinden

Finalizadas

  • Domínio
    Domínio
    Por Dud
  • Sob o Encanto de Maya
    Sob o Encanto de Maya
    Por Solitudine

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Ela não é a minha tia por alinavieirag

Ver comentários: 7

Ver lista de capítulos

Palavras: 10141
Acessos: 2619   |  Postado em: 24/11/2024

Notas iniciais:

Boa noite, leitoras! 

Penúltimo capítulo, aproveitem para comentar bastante nesse capítulo, pois sentiremos falta disso!

Boa leitura! 

Capitulo 45 – Meu lugar (PENÚLTIMO CAPÍTULO)

 

Júlia

 

Procuro o meu caderno e pego um lápis rapidamente. Sei que deveria pelo menos lavar o rosto antes, ou escovar os dentes, mas não quero perder essa ideia. Essa já é a terceira vez em menos de uma semana que estou tendo inspiração para uma música nova. Isso quase não acontecia antes – talvez só quando eu estava no ensino médio – mas tem se tornado muito comum agora, mesmo depois de já termos fechado um álbum inteiro.  

Além de tudo que esses meses em Nashville tinham me proporcionado, passar o tempo aqui fez com que eu finalmente me encontrasse em um estilo musical, que agora vejo que está entre o rock e o country, com um toque de pop, porque hoje em dia você quase não tem como viver no meio musical, sem introduzir a cultura pop nem que seja em alguma área da sua carreira.

Nunca senti que eu sou tão boa em alguma coisa como eu me sinto quando estou compondo, ou dentro de algum estúdio, cantando. É como se eu tivesse nascido para isso, como se eu estivesse destinada. Não importa o quanto eu tenha demorado, ou todas as curvas que havia feito na minha vida, desviando do caminho até chegar aqui.

Era para eu estar aqui agora, era para eu encontrar essas pessoas nesse momento. E, principalmente, era para ela estar aqui comigo.

Olho para a Sofia dormindo bem ali, do meu lado, e não consigo deixar de sorrir, ou de me sentir a porr* da mulher mais sortuda do mundo. Ter a Sofia como namorada – sim, namorada, acho que nunca iria me acostumar – já me fazia sair vencedora de alguma coisa.

Sempre pensei que para ir para frente, precisaria deixar tudo o que eu mais amo para trás. Mas eu estava enganada, não precisava ser assim.

Eu não precisava me esquecer de quem a Sofia já foi, ou do que ela já significou para mim um dia, para poder seguir em frente com ela. Até porque, tudo o que vivemos juntas, independentemente das nossas fases ou das nossas idades, teve importância para cada uma de nós, e nos levou até aqui, de uma maneira ou de outra.

Ela está vestindo uma calcinha rosa, os cabelos compridos como sempre – só que agora ruivos – esparramados pelas suas costas, por cima da minha camiseta do Coldplay que está usando. Acho que nunca ia me cansar disso, de acordar todos os dias e tê-la na minha cama, não importa aonde estivéssemos.

Tenho tentado aproveitar isso o quanto posso, já que os nossos dias aqui estão contados. Olho para ela por uns longos segundos e fico me lembrando do dia em que ela decidiu pintar o cabelo. Foi um pouco antes do Halloween, onde eu me fantasiei de “Arlequina”, e ela, de “Chapeleira Maluca” – sim, finalmente tínhamos tido a oportunidade de passar essa data juntas, com uma abóbora de verdade e tudo mais, do jeito que ela sonhou desde que era criança.

O fato é que eu estava bastante resistente com essa “mudança de visual repentina”, porque, além de eu ter me acostumado em vê-la de cabelo castanho escuro desde que nasceu, eu a amava exatamente daquele jeito. Mas a essa altura eu já deveria saber que quando a Sofia coloca uma coisa na cabeça, bem, não tem quem a tire de lá, ou que a faça mudar de ideia, então...

“Você é a Evelyn e eu sou a sua Célia”, é o que ela me disse assim que saímos do salão. A Sofia com suas maluquices. Acabo sorrindo de novo ao lembrar. Mas a verdade é que ela tinha ficado ainda mais gostosa com esse visual novo e, de certa forma, mais madura, também. Quero dizer, com mais “cara de adulta” e com menos cara de “minha menininha.”

Pensar naquilo faz com que eu sinta uma pulsação gostosa, lá embaixo, o que me leva a erguer um pouco a sua camiseta e distribuir beijos pelas suas costas, pela sua bunda, e voltar para a sua nuca, assim que jogo um pouco dos seus cabelos para o lado.

– Faz tempo que tá acordada? – Ela pergunta, assim que abre os olhos, ainda sonolenta.

– Tempo suficiente para ficar excitada. – Sussurro no seu ouvido e ela se vira para encarar os meus olhos pela primeira vez.

Seu peito sobe e desce quando ela desvia o olhar para a minha boca. Monto em cima dela, colocando uma perna de cada lado do seu corpo conforme ela me beija e aperta a minha bunda e...

– Sofi, é o meu celular. – Digo quando me dou conta de que ele está tocando em algum lugar da nossa cama.

Droga.

– Deixa tocar... – Ela pede, manhosa.

            – É chamada de vídeo, Sofi. – Digo, reconhecendo o tipo da chamada apenas pelo som. – Deve ser o seu pai, pode ser importante.

Ela bufa, contrariada, ao mesmo tempo em que concorda comigo e ajeita um pouco a camiseta e o cabelo, enquanto faço o mesmo, assim que encontro o meu celular.

– Vocês demoraram pra atender, tá tudo bem? – O Olavo pergunta, preocupado.

– A Sofia estava dormindo. – Justifico, sentindo minhas bochechas esquentarem quando ela me olha com a maior cara deslavada.

– A Júlia estava me acordando quando o senhor nos ligou, na verdade. – Ela me provoca, com um sorriso, e fico desejando enfiar o meu rosto em um buraco, cacete.

– Vocês já compraram as passagens? – Ele muda de assunto, para o meu alívio. –

Vão vir mesmo em duas semanas? – Pergunta, com urgência.

– Sim, pai, eu acho que se juntar as vezes que eu e a Júlia te falamos dá tipo umas dez vezes. – A Sofia brinca.

– Eu não precisaria perguntar tantas vezes se vocês não tivessem me enrolado tantas vezes antes. – Nos alfineta com suas palavras.

– Mas a gente tá mesmo indo dessa vez, a Sofia já se inscreveu para o vestibular e o senhor até já pagou a inscrição, então, com certeza estaremos aí antes da primeira semana de dezembro. – Digo aquilo para tranquilizá-lo e vejo a Sofia revirar os olhos.

Mas o Seu Olavo tinha razão, quero dizer, desde julho começamos a falar que íamos embora, mas toda a vez que estávamos prestes a comprar as passagens, alguma coisa atrasava, ou então uma nova oportunidade surgia, o que para a Sofia parecia ser sempre maravilhoso porque, apesar de ela estar visivelmente morrendo de saudade do pai, ou do João – assim como eu também estava – tinha uma coisa que ela ainda parecia estar querendo evitar.

Acontece que já estávamos em novembro agora, e ainda não tínhamos ido embora.

– Que carinha é essa, filha? – O Seu Olavo pergunta, como sempre, muito atento. Mesmo de longe, ele entendia e enxergava a filha como ninguém. – Parece até que não está com saudade do seu velho aqui. – Ele brinca, com um meio sorriso.

– Não é isso, pai, é claro que eu tô morrendo de saudade. – Ela confirma a minha teoria. – É que... – Ela hesita por um breve momento. – Só de pensar em estar na mesma cidade que os dois... – Ela deixa o restante da frase pairando no ar, mas não era difícil deduzir o que viria depois.

– Sei que você não quer pisar naquela casa, Sofia, e você nem precisa, pelo menos não em um primeiro momento, ninguém aqui está dizendo para você fazer isso. – Ele olha para mim mais uma vez, em busca de apoio. – Por isso já arrumei as suas coisas no seu quarto novo. Foi do jeito que eu pude e com um pouco de ajuda. – Ele sorri, timidamente. – Claro que não ficou igual ao que era, no seu antigo quarto, mas acho que já é alguma coisa.

Acabo me lembrando de quando o Olavo me ligou bastante transtornado, dizendo que a Marta já tinha colocado todas as coisas da Sofia em sacolas plásticas para colocar no lixo. É claro que não contamos nada para a Sofia, ela teria ficado arrasada, então apenas falamos que ele tinha achado melhor levar tudo para o novo quarto que ela teria, no novo apartamento.

– Eu ainda acho muito injusto ele estar naquela casa, e você não. – A Sofia diz com uma boa dose de ressentimento e, apesar de eu estar querendo ver as coisas de uma forma mais compreensiva, tinha que concordar com ela. – Aquela casa é sua, pai, nossa, não dela, muito menos dele. Isso é ridículo. – Ela termina com a voz um pouco mais alterada.

– Eu entendo que você se sinta assim, filha, de verdade. – Ele compartilha da minha mesma compreensão, afinal, realmente não tinha sido nada justo a Marta ter basicamente tirado a possibilidade da Sofia de voltar para casa enquanto o Clóvis ficava lá, no seu lugar, ou no lugar do Olavo. Além do mais, justo o Clóvis que nunca se deu bem com a Sofia, por motivos óbvios. – Mas... o que quer que tenha dado de errado entre o Clóvis e a Júlia – ele desvia o olhar para mim mais uma vez – parece ter dado muito certo para a sua mãe. Ela está mais leve... mais feliz e... querendo ou não, acho que isso é bom para todos nós, eu acho.

Ele não deixava de estar certo, uma Marta feliz poderia nos incomodar bastante – e nós todos sabíamos muito bem disso – mas uma Marta irritada poderia ser muito pior.  

Mas eu não posso dizer que não sentia dificuldade em imaginar os dois juntos, porque eu sentia bastante e nem sei como eu reagiria ao me deparar com essa cena.

– É só o que me faltava. – Ela revira os olhos para a tela e bufa do meu lado. – Aposto que ela está mais leve e mais feliz porque eu não estou mais morando com ela... E vocês dois querendo que eu volte. – Ela se levanta da cama, irritada.

– Sofia...

– Filha...

A gente tenta, mas ela já está longe quando terminamos de chamar pelo seu nome.

– Eu não pensei que ela ainda tivesse com tanta resistência, Júlia. – Ele me diz, visivelmente preocupado.

– Não se preocupe, pode deixar que eu falo com ela. – Tento confortá-lo. – Estaremos aí em duas semanas. – Prometo a ele antes de desligar o celular e ir atrás dela, pelo apartamento.

– Sofi, amor... – Digo assim que a encontro, sentada em uma das banquetas da cozinha bebendo um pouco da batida de morango que havíamos feito ontem à noite. – O Seu Olavo tem razão e... – Falo conforme sento ao seu lado. – A gente não pode ficar aqui para sempre, tem o seu visto e...

– E a gente pode ser deportadas a qualquer momento? – Ela pergunta, fazendo graça.

– Basicamente isso. – Sorrio de volta para ela, e depois volto a ficar séria. – Você ouviu o seu pai, não ouviu? Você não precisa voltar para aquela casa. Voltar para o Brasil não significa voltar para lá. – Não significa voltar para a Marta, muito menos para o controle e poder que ela exercia sobre nós duas, penso em acrescentar. Mas acho que aquilo já havia ficado bastante embutido nas minhas palavras, de qualquer maneira. – Não se você não quiser. – Acrescento, por fim.

– Seria mais fácil se eu fosse morar com você. – Ela quase faz um beicinho.

– Sofi... Você já sabe o que eu penso sobre isso... – Ela me olha com ressentimento, como se quisesse me dizer um "sim, sei, mas não concordo”.

– O fato de não querer que eu vá morar com você não tem nada a ver com a minha mãe, tem? Ou... você tem medo do que ela possa fazer? – Vejo quando ela me sonda.

Medo da Marta... Quase deixo escapar uma risada silenciosa. Inconscientemente, eu já tive, muito, mas eu definitivamente não tinha mais medo agora.

– Não, Sofi, claro que não. E você também não precisa ter. Sua mãe não pode nos separar. – Apoio uma mão sobre a sua, para tranquilizá-la. – E não é que eu não queira morar com você. – Se eu não quisesse, eu não a teria trazido para cá e nós não teríamos morado no mesmo apartamento por quase seis meses seguidos, e ela sabe disso. – Mas eu não quero pular etapas, Sofi, não mais do que já pulamos... Além disso, não vai demorar muito pra você entrar para a faculdade, e você vai precisar do seu próprio espaço, da sua própria rotina.

– Você fala como se eu já tivesse passado.

– Você só não fez a prova ainda, mas eu sei que você vai passar. – Digo sem grandes dificuldades de passar confiança e ela me devolve um sorrisinho.

Até porque eu realmente não tenho dúvidas de que ela vá conseguir, não depois do tento que vi ela se esforçando e estudando sozinha durante meses.

– A faculdade é uma experiência maravilhosa e eu quero muito que você passe por ela – continuo – mas eu sei o quanto pode ser estressante e... não quero ser mais um motivo pra você se estressar e acabar enjoando de mim. – Acabo deixando escapar aquela última parte, sem querer.

Mas se nós estávamos mesmo dispostas a dividir uma vida juntas – o que, de fato, eu estava – seria bom não saturá-la com a minha presença antes de nos casarmos e realmente “precisarmos” dividir uma casa, eu acho.

“Casarmos” Repito a palavra no meu pensamento. É engraçado como eu achava algo completamente improvável antes, enquanto que agora, impensável seria se não nos casássemos um dia, ou se eu me cassasse com qualquer outra pessoa que não fosse ela.

– Jules... – Ela se aproxima do meu corpo. – Como eu poderia me enjoar disso? – Ela me olha de cima abaixo, gulosa, e sinto uma onda de calor querendo se acumular lá. – Impossível. – Ela sussurra na minha boca, que se entreabre de forma automática.

Ela lambe os meus lábios e eu me sinto acender por inteiro quando enfia a língua dentro da minha boca, aos poucos, lentamente, só para me provocar.  

– Sofi... – Digo, mal conseguindo respirar quando me afasto um pouquinho. – A gente precisa ir. – Sorrio para ela, sabendo que o que acabei de falar era exatamente o oposto do que eu queria fazer. – Quanto mais rápido tiramos essas fotos, mais rápido ficaremos livres... – Sorrio para ela.

– Safada... – Ela sorri de volta.

– Quero te levar em um lugar depois. – Tento me justificar, como se o que fôssemos fazer nesse tal lugar não fosse acabar em safadeza, de uma forma ou de outra. – Hoje é dia 13, o último que vamos passar aqui, pelo menos nesse ano... quero que seja especial. – Confesso.

– Júlia... Você não... O que tá aprontando? – Ela pergunta, com um olhar enérgico, sem conseguir esconder a sua curiosidade repentina. – Não vai me dizer que você conseguiu arranjar uma piscina privativa? – Ela sorri de um jeito safado, apenas em pensar na possibilidade.

– Melhor do que isso... – Ela sorri com os olhos conforme revelo aquilo. – Mas você só vai saber se formos agora. – Levanto da banqueta, nos apressando. – Quanto antes a gente terminar esse ensaio, mas perto você vai estar de descobrir.

 

xxx

 

Termino de vestir a minha jaqueta enquanto dou mais uma checada no meu visual. Esse com certeza é um dos figurinos mais lindos que usei desde que começamos a gravar o meu primeiro álbum, ou o clipe do meu primeiro single: a calça que se parecia muito com jeans, nas cores vermelho, preto e branco; a regata branca com alças pretas na parte de baixo, que simulavam uma espécie de “suspensório invertido” e deixavam parte da minha barriga e umbigo descobertos; e a jaqueta de couro nas cores verde escuro, branco e preto. Eu amava cada detalhe, e gostava ainda mais porque a Sofia dizia que eu parecia uma motoqueira sexy e divertida nessa roupa.

Sorrio, pensando nisso.

Olho para o meu reflexo no espelho, uma última vez, sem acreditar em como minha vida mudou drasticamente em menos de um ano, e em como certas coisas tinham acontecido quase que magicamente, como se a vida realmente estivesse me dando uma segunda chance.

Descobrir, umas duas semanas depois que chegamos aqui, que o Alex (um dos meus colegas e baterista da minha antiga banda de escola) estava morando em Illinois e que tinha um amigo produtor que morava aqui, em Nashville, tinha sido uma dessas coisas, por exemplo.

– Meu Deus, que gostosa. – A Sofia diz assim que saio do vestiário e entro no estúdio onde as fotos e os vídeos serão gravados. Abro um sorriso tímido para ela conforme acabo desviando meu olhar para baixo. – That is... hot. – Ela fala para o Jake, e eu acabo ficando com as bochechas ainda mais quentes, droga.

– Very hot. – Ele concorda, com um sorriso, enquanto eu e a Sofia trocamos um outro, só nosso.

Leve, feliz, sem culpas.

Acho que era exatamente disso que estávamos precisando. Quero dizer, sermos vistas mais como namoradas do que como duas pessoas que são – ou que quase já foram – da mesma família. E o amigo do Alex cumpria muito bem essa função, nos enxergando como um casal desde que lhe apresentei a Sofia como minha namorada e ele reagiu – e continuava reagindo – com a maior naturalidade possível.

            Me posiciono no lugar demarcado por eles, no pequeno cenário montado, e vejo a Sofia passar rapidamente de uma “postura descontraída” para uma mais profissional, conforme se endireita ao lado do Jake, atrás das câmeras.   

Quando fomos gravar o primeiro take para o nosso clipe, o Jake viu como ela ficou interessada pelos equipamentos de gravação e a deixou experimentar algumas coisas, na brincadeira. Acontece que ele ficou bastante impressionado com a sua desenvoltura, com a capacidade de aprender rapidamente, com o domínio que ela tinha com as câmeras e principalmente com o seu “olhar artístico”, o que não foi exatamente uma surpresa para mim, porque eu sempre soube que ela o tinha.

Mas eu gosto muito da forma como tudo aconteceu, porque não é como se eu tivesse dado essa oportunidade a ela – o que eu faria com todo o meu coração, é claro – mas ela havia conquistado isso sozinha, com o próprio talento, pela própria vontade e pelo próprio factício e amor que ela tinha por tudo o que envolvia câmeras e uma tela.

Claro que nenhuma experiência substitui uma faculdade, ou todas as teorias e ferramentas que ela pode te proporcionar, mas o fato de a Sofia ter passado por essa experiência aqui fez com que ela tivesse ainda mais vontade de entrar em uma.

Sem falar que eu também gostava da ideia de essa viagem não ser só sobre mim, ou sobre o meu sonho. Apesar de a Sofia sempre me dizer que o meu sonho era o sonho dela também, e que ela o sonharia junto comigo por quanto tempo eu quisesse, desde que estivesse feliz. Mas ela estar ganhando algo com isso e alimentando o próprio sonho dela, me deixava mais aliviada.

E imensamente feliz, por nós duas.

 

xxx

 

Termino de colocar uma presilha no meu cabelo, em cima do rabo de cavalo, conforme verifico o ponto da pizza que está dentro do forno. Agradecia por essa galeria ter banheiros com chuveiro, só assim pude me limpar e ficar cheirosa depois de tudo o que eu havia suado enquanto deixava esse lugar exatamente do jeito que eu queria.

Meu celular vibra em cima do balcão e o meu coração chacoalha na mesma intensidade quando vejo o início da mensagem dela anunciada no visor:

“Amor, acho que eu cheguei, é nesse lugar aqui mesmo, né?”

Desligo o forno e vou em passos apressados para a entrada da galeria, até que a vejo parada ali, toda linda, perfeita, e me impressiono com a forma com que está vestida: Uma camisa branca social – mas ao mesmo tempo nem tanto, já que possui um decote que valoriza o volume e o vale dos seus seios – com alguns detalhes em bolinhas pretas; um short saia de linho preto e um sapato escuro com um saltinho.

Tenho certeza de que minha boca se abriu mais do que o normal assim que a vejo, o que se confirma com a sua reação seguinte.

– Eu não me arrumei demais, né? – Ela pergunta, parecendo insegura, mas não de verdade. No fundo ela sabia exatamente o que me causaria e o que já estava me causando, vindo dessa forma, e ela está mais do que satisfeita por isso, eu sabia. – Você disse que era uma ocasião especial, então... – Ela dá um sorrisinho, olhando para própria roupa.

Aquele sorriso sapeca que continuava ali. Acho que ela nunca o perderia, e com o passar do tempo, aprendia uma nova maneira de usá-lo para me deixar ainda mais louca, de todas as maneiras possíveis.  

– Você tá linda, Sofi... – Dou alguns passos na sua direção, já ofegante. – E gostosa pra caralh*. – Digo aquilo a olhando de cima abaixo, literalmente lhe comendo com os olhos enquanto a minha bocet* parece me torturar por ainda estarmos tão longe dela.

– Nada de cores hoje? – Pergunto enquanto volto a olhar brevemente para a sua roupa, notando que, além dos esmaltes coloridos das suas unhas, ela estava usando apenas preto e branco.

Algo completamente impensável para a Sofia que eu estava acostumada a conviver.

Ela se aproxima um pouco mais, sua respiração batendo no meu rosto faz com que eu tranque a minha.

– Você ainda não viu o que estou usando por baixo disso. – Sussurra bem próximo do meu ouvido, e depois volta a me olhar com aquele sorriso. A sobrancelha levemente erguida enquanto torce o nariz. Safada. – Você também tá uma puta de uma gostosa, Júlia... Deus... – É a sua vez de me comer com os olhos:

Desde os meus sapatos de salto, passando pela minha saia preta (de certa forma, estávamos combinando) até o meu top e o blazer preto que estou usando por cima, para aonde ela olha com um pouco mais de atenção, principalmente para o top, que é todo em renda preta, sem bojo, com forro em microfibra na parte dos seios para cobrir a transparência da renda sobre a pele, apenas a base e costas possuindo uma leve transparência.

Sinto a minha bocet* começar a ensopar conforme ela me analisa com tanta dedicação, mas eu adoro aquilo, adoro a forma com que ela faz com que eu me sinta poderosa. Ela percebe isso, já que encurta ainda mais o espaço entre nós e começa a roçar os nossos corpos de uma forma propositalmente deliciosa.

Eu quase tenho vontade de me render a ela ali mesmo, mas sou firme.

– Sofi... Ainda quero que você veja algumas coisas antes. – Ou então a gente ia se comer agora mesmo, em um canto qualquer desse lugar.

– Ah, tudo bem. – Ela se faz de desentendida, enquanto dá meio passo para trás com um sorrisinho, se recompondo, ou pelo menos tentando.

– Fecha os olhos. – Peço.

Ela que costumava ser a mandona aqui, mas era bom fingir que eu mandava em alguma coisa de vez em quando.

– O que tá aprontando, Jules? – Ela pergunta, com um sorriso curioso.

– Você confia em mim, não confia? – Devolvo com uma outra pergunta.

– Como eu nunca confiei em mais ninguém. – Ela alega, sincera, e não consigo não sorrir.

Fecha os olhos, por fim, enquanto seguro os seus ombros e a guio pelo interior da galeria até chegarmos a onde eu desejo, posicionando-a em um local estratégico.

– Tá tão cheiroso. – Ela diz provavelmente sentindo o mesmo que eu agora: o aroma das velas que eu havia espalhado basicamente por tudo, e o cheiro de mozzarella e orégano que estava vindo de um dos pubs.

Faço uma última varredura com o olhar, me certificando se estava tudo em ordem antes de...

– Pode abrir. –  Digo a ela, ansiosa. 

– Puta merd*... Júlia, esse lugar é... Meu Deus... – Ela se perde nas palavras enquanto parece não saber para onde olhar, seus olhos brilhando ao se tornarem úmidos, as luzes refletindo no seu cristalino.

Ela tinha razão, o lugar já era lindo por si só: uma galeria quase secreta, perdida no Centro de Nashville. Há alguns pubs aqui dentro – que estão todos fechados agora, porque eu havia conseguido alugar o espaço só para nós duas.

O lugar todo é harmonizado com um paisagismo incrível, com árvores de porte médio e arbustos por toda a parte. Mas, sem dúvidas, o que mais chama a atenção é a parte central, a qual é completamente descoberta – de modo que poderíamos ver as estrelas ao olharmos para cima – e o mais incrível de tudo: o centro da galeria havia sido construído em cima de uma piscina que poderia ficar iluminada de diversas cores – como agora, que estava rosa – e o piso todo de vidro transparente fazia com que nos sentíssemos flutuando sobre a água.

– Você fez tudo isso, sozinha?

Acompanho o seu olhar, admirando e sorrindo para tudo o que eu tinha feito: as velas beijáveis para massagem que eu havia acendido e espalhado pelo chão e ao redor dos arbustos; a piscina inflável que eu tinha comprado e enchido, colocando-a em cima do piso de vidro (que é quase como se estivesse flutuando, sobre a piscina); o telão que havia pendurado em uma das paredes do galpão e os vários minis pôsteres que eu tinha espalhado pelo chão, ao redor da piscina inflável e das velas.  

Todos os filmes que tínhamos visto esse ano, fazendo com que viajássemos por uma linha do tempo de acontecimentos: Serpentes a Bordo, Dirty Dancing, Navio Fantasma, Uma Linda Mulher, e tantos outros que eu sabia que ela amava: Carol, O Curioso Caso de Benjamin Button, How I Live Now... E alguns dos meus preferidos (e que por isso já tínhamos visto muitas vezes juntas): De Repente 30, Como se fosse pela primeira vez, E se fosse verdade...

– Você gostou? – Respondo com uma nova pergunta, apreensiva.

– Você é perfeita, Júlia. – Ela diz com os olhos transbordando, o que faz com que o meu coração transborde ainda mais.

 

– Por que escolheu esse filme? – Ela pergunta depois de um tempo que coloquei “Dirty Dancing – Ritmo Quente” para passar no telão no momento em que servi as pizzas que havia preparado, para comermos enquanto assistíamos ao filme.

– Você o odeia tanto assim? – Provoco, de propósito, já que ela sempre amou dizer que só assistia comédias românticos por minha causa.

– Você sabe que eu amo, por sua causa. – Ela confessa, contrariada, com um meio sorrisinho. Acabo sorrindo também. – Só fiquei curiosa. – Ela larga, por fim, e depois bebe um pouco mais de vinho.

– Acho que pela última vez que vimos ele juntas. – Decido responder. – Significou tanto pra mim, não exatamente pelo filme, mas pelo o que você me disse, e por tudo o que eu consegui te dizer naquele dia, só pra você.

Digo me lembrando de quando ela colocou aquele filme, logo depois de eu ter tido uma crise de ansiedade; quando consegui contar sobre o acidente com a minha mãe, a primeira vez que fui totalmente verdadeira; e do que ela me disse em seguida, que eu ainda tinha opção, e que eu precisava ter coragem para começar a decidir por mim mesma.

– Você sempre foi a minha melhor amiga, Jules, acho que eu faria tudo pra te ver bem. – Ela confessa e sinto meu coração acelerar. Como ela podia ser tão perfeita, em tudo o que me dizia? Sempre? – Mas que bom que você ficou bem largando aquele mané e me beijando no meu aniversário. – Ela dá um sorrisinho atrevido.

– Ei, você quem me beijou. – Provoco ela, meu sorriso saindo de maneira involuntária.

A gente tinha se beijado. Nós duas precisávamos daquilo, desesperadamente, era impossível saber quem tinha dado o primeiro passo.  

– Eu sou tão feliz com você. – Ela confessa, de repente, e o meu sorriso aumenta ainda mais de tamanho. – Acho que a única coisa ruim de namorar a melhor amiga é que agora eu não posso mais falar da gente pra mais ninguém. Às vezes sinto falta disso. – Ela compartilha aquilo comigo, com um sorriso tímido.

Tão sincera, tão vulnerável, de coração aberto.

– Você era a única pessoa com quem eu falava essas coisas. – Ela diz aquilo e fico lembrando de todas as vezes que ela compartilhou comigo que estava ficando com alguma garota, e de todas as vezes que precisei dar conselhos, mesmo não sabendo exatamente o que dizer, porque eu simplesmente não poderia deixá-la desamparada. – Bem, eu tenho a Em agora, mas não é a mesma coisa, porque eu não acho certo ficar esfregando a nossa felicidade pra ela, não seria justo. – Ela diz, como sempre muito sensata e responsável.

– Engraçado você falar isso, porque às vezes fico me perguntando e imaginando o que você me falaria agora. – Confesso, com um sorrisinho tímido.

– De nós duas? Das nossas trepadas? – Vejo excitação acompanhar a sua respiração conforme ela pronuncia aquela palavra, e é a mesma que estou sentindo, ao ouvir.

Ela parece entender exatamente a minha brincadeira, ou aonde eu queria chegar. Aceno com a cabeça, ofegante demais para responder em palavras.

– Bom, acho que eu começaria dizendo que estou namorando uma mulher mais velha, e que ela é melhor do que tudo o que eu sempre sonhei.

– Não me diga. – Tento soar séria, entrando naquele nosso joguinho, mas não consigo deixar de sorrir. – Uma mulher mais velha, hein? Você deveria tomar cuidado pra ela não se aproveitar de você, Sofi. – Aconselho, incorporando aquela personagem de “adulta responsável” que estaria apenas lhe aconselhando.

– Na verdade, acho que eu quem me aproveitei dela. – Ela confessa, com um sorrisinho, e eu não consigo deixar de sorrir, também. – Mas eu não pude evitar, Jules. – Ela se justifica de um jeito fofo, e eu derreto.

– Ah, é? Por que não? – Provoco, querendo muito ouvir o que ela vai responder em seguida.

– Porque ela é tão linda, e fica ainda mais linda usando essas blusas curtinhas que mostram a barriga e o umbigo perfeito dela. – Ela diz, sorrindo, conforme acaricia a minha pele descoberta com a mão direita, as unhas coloridas contrastando com a minha pele branca e a minha roupa preta. – E eu ficava tão excitada do lado dela, você nem faz ideia. – Ela continua brincando com as palavras, enquanto distribui toques pela minha barriga, descendo um centímetro a mais a cada investida.

Porr*.

– Mas não é a minha culpa, é? – Ela continua a me provocar. – Eu não tenho culpa de ser doida pra dar pra ela o tempo todo, em todos os lugares possíveis, porque, Deus, ela tem uma sentada tão, tão gostosa... – As palavras fazem cócegas no meu ouvido e sinto uma piscina de calor se formar lá embaixo.

Jesus.

– Sofi... – Derreto, rendida com a sua mão entre minhas pernas enquanto ela sussurra aquilo.

– O que você me diria se eu te falasse essas coisas? – Ela provoca, e eu tento me recompor por um breve instante.

– Que essa mulher é uma puta de uma sortuda. – Eu digo e ela dá uma gargalhada, eu sorrio também, e então volto a ficar séria. – E que você deveria dar pra ela sempre que ela te pedir. – Nossos olhos queimam um no outro conforme digo aquilo.

– Acho que eu meio que já faço isso. – Ela confessa, ofegante, desviando dos meus olhos para a minha boca, e eu já estou com tanto tesão por ela.

Nossos corpos se colidem, necessitados, e é quase impossível parar quando estamos desse jeito, nos agarrando e nos consumindo como se fôssemos uma coisa só, mas eu queria aproveitar cada momento, queria aproveitar cada parte dela, lentamente.

– Dança pra mim. – Peço, me afastando um centímetro ou dois, sem ar.  

– Quê? – Ela pergunta de volta, igualmente sem fôlego.

– Dança pra mim, Sofi, por favor. – Peço para ela, com um pouco mais de ímpeto. – Coloca uma música aqui. – Entrego o meu celular a ela, que já está conectado com as caixas de som da galeria, via bluetooth.

Ela dá alguns cliques sobre a tela e não demora muito para que eu identifique a música que começa a tocar, logo em seguida. Era “Paint The Town Red” de Doja Cat, a mesma música que ela estava dançando ao redor da piscina, no início do ano, quando cheguei e briguei com ela por estar bêbada demais e querer sair com um menino, só para me irritar.

Sorrio, constatando que a lembrança tinha se tornado mais doce, agora que estamos juntas. Como da outra vez, a música parece perfeita para ela, cada parte da letra fazendo total sentindo conforme suas mãos percorrem por todas as partes do próprio corpo – principalmente os seios e o baixo ventre – ou quando agita os cabelos, só para provocar:

 

“Hum, ela é o diabo”

“Ela é uma vadiazinha má, ela é uma rebelde”

“Ela está dando tudo de si”

“Vai precisar de muita coisa para eu me satisfazer”

 

Como se não fosse o bastante, ela começa a tirar a própria roupa, começando pela camisa, revelando o sutiã de renda, lilás. Eu mordo os lábios, sedenta, quando passa a blusa pela cabeça e a joga na minha direção, sem parar de dançar. Ela faz o mesmo com o short saia, revelando a sua calcinha rosa, igualmente rendada. Sorrio, descobrindo aonde estava a parte colorida do seu look.

– Não acredito que fiz isso. – Ela simula uma timidez enquanto coloca uma mecha ruiva atrás da orelha, se abaixando até ficar na mesma altura que estou agora, sentada nessa piscina inflável. – Você tá me devendo uma. – Ela provoca, com os lábios quase grudados na minha boca.

– Ah, é? E como posso te pagar? – Provoco de volta.

– Essas velas são beijáveis, não são? – Ela me responde com uma nova pergunta, arqueando uma das sobrancelhas, e eu apenas aceno positivamente com a cabeça, ansiosa demais para qualquer outra coisa.

– Acho que tive algumas ideias. – Ela sorri cinicamente, enquanto brinca com o meu cabelo preso, enrolando o meu rabo de cavalo com a ponta dos dedos.

Coloca o celular em alguma playlist, que deduzo que seja uma que ela fez com as nossas músicas – já que “I Miss You”, de Blink-182, começa a tocar – e volta a me beijar conforme esfrega o corpo em mim, fazendo com que eu sinta que está bastante úmida, por debaixo daquela calcinha rendada. Passo a mão pela sua barriga, aproveitando cada pedaço de pele descoberta, e inevitavelmente, parando com as mãos nos seus seios, apertando-os para cima e vibrando com o volume e o peso deles na minha mão, conforme nos roçamos mais rápido uma na outra.

– Posso usar isso em você? – Ela me surpreende com a pergunta repentina, conforme tira uma espécie de faixa de cetim de dentro de algum lugar da sua bolsa.

É muito parecida com a que tinha usado para vendar os meus olhos, quando usamos sex toys pela primeira vez.

– Vai me vendar de novo? – Deduzo, sugestionando.

Ela nega com a cabeça conforme vai deixando escapar um sorrisinho.

– Pensei em usar isso para amarrar os seus pulsos, dessa vez. – Ela fala em um lampejo de timidez, e depois volta a sorrir de um jeito sagaz. – Posso usar em você? – Repete a pergunta, com um novo significado depois da sua explicação.

– Pode. – Confirmo, num misto de ansiedade, apreensão e excitação.

Giro os punhos para cima, unindo-os em sua frente, e ela os amarra logo em seguida.

– Deita. – Ela pede, exigente, e eu apenas a obedeço.

Sobe em cima de mim no momento em que encosto minhas costas nas almofadas e cobertores, colocando uma perna em cada lado da minha cintura ao mesmo tempo em que ergue os meus braços para cima, ao redor da minha cabeça. Meu peito subindo e descendo enquanto apenas assisto ela me dominar desse jeito.

 Ela move a espécie de blusa/top que estou vestindo, para o lado, de modo que um dos meus seios fica descoberto, expondo o mamilo para fora. A garota morde os lábios um pouco antes de começar a lamber e ch*par o pontinho enrijecido e acabo flexionando um pouco mais as pernas no instante em que aperto uma coxa na outra, desesperada para sentir alguma coisa.

– Quietinha, Jules... – Ela pede, me provocando, e eu acabo deixando escapar um gemido, em forma de protesto.

Aquilo é uma verdadeira tortura e já me sinto um pouco arrependida de ter deixado ela me amarrar, mas deixo com que continue.

Ela termina de arrancar o meu top, passando-o pelos meus braços e pela minha cabeça, e sai por um momento de cima de mim. É muito rápido, mas é o suficiente para ela voltar segurando uma vela.

Mordo os lábios conforme a vejo soprar a chama, para apagá-la, e derramar o óleo sobre minha barriga. Sinto minha bocet* ensopar com a sensação morna e oleosa na minha pele, mas principalmente, por já saber o que vinha a seguir.

Assim como o imaginado, ela passa a língua por todo o óleo, lambendo, degustando, se deliciando conforme faz movimentos circulares ao redor do meu umbigo e por toda a extensão da minha barriga. Como se não fosse o suficiente, repete todo o processo: pega outra vela, apaga a sua chama e despeja o óleo morno, só que agora nos meus seios.

– Sofi... Por favor... – Cruzo as pernas, desesperada pelo seu toque quando ela termina de lambê-los, um após o outro, lentamente.

– O que você quer, Jules? – Ela provoca, parecendo feliz por eu estar daquele jeito.

– Me fode, amor... – Imploro, ainda de mãos atadas, literalmente.

Ela arranca a minha saia e depois a minha calcinha preta, rendada. Faz tudo com um sorriso no rosto.

Safada.

– Abre a bocet* pra mim, linda. – Ela pede, mandona.

Me sinto tão exposta, tão vulnerável, tão rendida, mas ao mesmo tempo tão, tão excitada. Eu não faria aquilo por mais ninguém, mas faria por ela, sempre que me pedir.

Dito isso, abro ainda mais as pernas, expondo o meu clit*ris durinho e inchado e a minha entrada molhada para ela.

A Sofia sorri para o que vê, extremamente excitada conforme avança para cima de mim com uma outra vela na mão. Vejo ela descer na direção do meu baixo ventre e a minha bocet* lateja, em expectativa e puro desejo.

A essa altura, não consigo mais ficar tão parada quando ela posiciona a vela em cima da minha bocet*, apaga a chama e despeja o conteúdo que ali havia se formado. O gel escorre pelo meu clit*ris e por toda a vulva, até empoçar na minha entrada. A sensação é quente e me faz gem*r, mas não queima.

Ela sorri, ao me ver assim tão submissa, impotente, e então cai de boca, lambendo todo o óleo que havia sido depositado ali. Começando pelo meu clit*ris, que ela lambe, ch*pa e se delicia com o sabor da vela e da minha própria lubrificação, que nesse momento já sinto escorrer pela minha virilha.

O meu clit*ris pulsa dentro da sua boca, e ela coloca uma mão dentro da própria calcinha. Ver ela se tocando enquanto me ch*pa, me leva ao delírio, de modo que tenho a certeza de que não vou aguentar ver aquilo por muito mais tempo.

– Me desamarra, amor, por favor. – Imploro. – Eu preciso tocar em você também. – Basicamente choramingo aquilo para ela.

Ela atende ao meu pedido, para o meu alívio, e eu a beijo com força, necessitada, conforme agarro-a pela nuca e termino (com muita pressa) de tirar o que ela ainda vestia, que era apenas a calcinha e o sutiã de renda.

– Você pode até pintar o cabelo da cor que for, mas sempre vai ser a minha morena gostosa. – Digo, sorrindo, conforme passo os dedos pela fina camada de pelos escuros que cobre (de um jeito bem indecente) a sua bocet* perfeita. Ela morde o lábio em resposta. – Senta no meu rosto, amor, de costas. – Peço.

Eu me inclino para trás, apoiando o corpo em algumas almofadas quando ela fica de quatro em cima de mim, expondo toda a sua bunda e a sua bocet* na frente do meu rosto.

– Continua me ch*pando. – Peço, e ela faz isso, apoiando os seios no meu baixo ventre para alcançar a minha bocet* com a própria boca.

Daria tudo para ter a visão de nós duas assim, em um 69 perfeito.   

Ela já está completamente encharcada quando passo os dedos pela sua bocet* – os quais saem dali brilhando, de tão lubrificados – e começo a ch*pá-la.

– Gosta disso, Sofi? – Provoco, enquanto passo a língua por toda a extensão da sua bunda e da bocet*, intercalando entre uma entrada e a outra, indo e voltando.

Ela já tinha feito isso em mim, algumas vezes, mas eu nunca havia feito nela.

– Oh, Jules, sim... – Ela corresponde conforme rebol* com ainda mais intensidade no meu rosto, como a putinha gostosa perfeita que ela é.

Deus, provocar aquelas sensações nela é tão, tão bom, mas nada parece o suficiente para satisfazer essa necessidade que estou sentindo entre as pernas desde que ela pareceu aqui com aquelas roupas, pedindo para ser fodida.

– Eu preciso me esfregar em você, amor... – Confesso aquilo e ela gem* um pouco mais alto, em resposta.

Então se agita em cima de mim e rapidamente muda nossas posições, deitando e me puxando para cima dela, agora uma de frente para a outra.

Ela levanta uma de suas pernas enquanto eu me acomodo em cima dela, buscando o encaixe perfeito, em uma sincronia perfeita de movimentos que tínhamos aprendido a amar encontrar nesses últimos meses, juntas.

Passo a rebol*r em cima dela, delirando com a sensação da sua bocet* na minha, conforme ela coloca uma mão em torno dos meus quadris, me “guiando”, enquanto volta a brincar com a outra mão no meu cabelo preso, enrolando-o ao redor dos dedos e puxando o meu corpo para si, daquele jeito controlador que ela amava exercer.

Tenho certeza de que ela adorou o meu penteado novo, e que com certeza vou fazê-lo mais vezes também, só para atiçá-la.  

Rebolo e roço nela, fodendo a sua bocet* quando ela aperta ainda mais os meus quadris, seus seios trepidando como gelatina a cada investida minha conforme ela encara o lugar em que nossos corpos se colidem.

– Porr*... eu amo essa sua sentada, Jules... – Ela diz, com a voz entrecortada pelos nossos movimentos, e me sinto ficar cada vez mais e mais molhada em cima dela.

Jesus.

– E eu adoro sentar em você, baby girl. – Falo em um sussurro, ofegante. – Mas sabe o que eu gosto ainda mais? Quando você senta em mim, de costas, e me fode bem, bem gostoso, amor... – Peço a ela, em forma de provocação.

Aquilo é o suficiente para ela sair debaixo de mim e me acomodar embaixo dela. Flexiono parcialmente as penas conforme ela senta de costas, apoiando os joelhos na cama de cobertores acolchoada, em cima da piscina inflável.

Ela então passa a sentar em mim, rebol*ndo, esfregando as nossas bocet*s enquanto eu apenas deliro com a visão privilegiada das suas costas, da sua bunda e da sua nunca – quando ela levanta o cabelo de propósito, para me mostrar a marquinha de nascença que eu tanto amava, a que tinha o formato de meia-lua.   

– Mais rápido amor, porr*... – Peço, agarrando os seus quadris e sentindo que estou quase, quase lá.

– Jules... – Ela olha para trás, as bochechas vermelhas, os olhos semicerrados conforme entreabre os lábios. – Oh... – Ela gem*, e basta ela me olhar com aquela expressão que ela fazia quando estava prestes a goz*r para tudo vir abaixo:

Afundo os dedos na carne da sua bunda quando gozo e sinto o seu clit*ris latejar contra o meu conforme ela me monta até o orgasmo nos deixar. Olho para cima, vendo apenas o céu e as estrelas ao nosso redor, e mais nada.  

– Promete que vai ser sempre assim... – Peço a ela, entre o prazer e a exaustão, quando ela se aninha do meu lado e apoia a cabeça em cima do meu peito.  

Sei que não podia pedir aquilo dela, que tudo muda o tempo inteiro e que, às vezes, não há nada que possamos fazer, mas acabo pedindo mesmo assim.

Acho que por desespero em querer que nunca perdemos isso, desejando que ela sempre me veja como a mulher que eu sou agora: confiante, realizada e com tudo em cima, literalmente.

– Eu não preciso prometer nada, Jules. – Ela encara os meus olhos, e posso jurar que eles estão sorrindo.  – Vai ser sempre assim. – Ela afirma, confiante. – E... Se eu tive coragem de vir até aqui com você... acho que estou pronta para voltar ao Brasil, com você. – Ela enfatiza aquilo e eu não consigo deixar de sorrir, também. – Pode comprar as nossas passagens.

 

xxx

 

– É uma casa modesta, está longe de ser a mansão da sua mãe, eu sei. – O seu Olavo ri conforme nos mostra o apartamento, a Sofia em seu encalço desde que ele havia ido nos buscar, no aeroporto.

É um apartamento muito bom, fica no Córrego Grande, bastante longe da onde eles moravam e de onde eu ainda moro, mas tem três quartos, sala e cozinha em conceito aberto com uma vista linda para a reserva do Parque Municipal.

– Mas você pode se sentir em casa aqui. – Ele completa, por fim, e vejo a Sofia ficar com os olhos cheios d’água.

– Eu já me sinto em casa desde que vi o senhor, pai. – Ela confessa, deixando algumas lágrimas rolarem.

– E você já é de casa, Júlia, nunca deixou de ser, não para mim. – É a minha vez de ficar com os olhos prestes a transbordar. – Pode vir para cá ou ficar aqui o tempo que você quiser, sabe que é tão da família quanto a Sofia, certo? Sempre foi.

                Ele nos envolve em um abraço repleto de carinho e afeto. A Sofia tem razão, é como estar em casa.

 

– Você tá diferente, com uma carinha mais leve... feliz. – Digo enquanto espero a Sofia sair do banho, sentada em um de seus sofás.

– Querida... Eu não podia estar de outra forma com vocês duas de volta. – O Seu Olavo diz e gente troca um sorriso.

– Mas não é só isso, é? – Fico avaliando o seu comportamento. – Tem mais alguma coisa, não tem? – Insisto.

– Eu estou saindo com uma mulher, na verdade. – Ele diz, num misto de animação e acanhamento.

– Jura? – Pergunto, surpresa.

            – Acha que a Sofia vai ficar chateada? – Ele se certifica, preocupado.

– Claro que não... – Respondo de imediato, mas um pouco confusa. – Por que ela ficaria?

A Sofia tem a cabeça aberta, os pais haviam se separado e a Marta até já está com outra pessoa – para o nosso azar, com aquela pessoa. Tenho certeza de que ela não se importaria com o fato de o pai estar com um outro alguém também.

– Bem, a Kiara, é o nome dela... – Ele faz uma pequena pausa. – É uma mulher que conheci no trabalho, faz uns três meses que estamos nos conhecendo e... ela tem trinta e quatro anos.

– Puta merd*... – Começo a rir, de nervoso, sem saber o que pensar.

– Você acha estranho? – Ele pergunta, preocupado.

– Não, óbvio que não. Acho que eu só não esperava. – Digo, sincera. – Você tá feliz? Com ela? – É a primeira coisa que penso em perguntar. Porque era a única coisa que eu poderia querer saber, e tudo o que importava.

– A Kiara é leve, carinhosa, compreensiva. Dá e recebe na mesma medida, muito diferente... – Ele hesita. – Você sabe.

– Sei, muito diferente da Marta. – Falo aquilo por ele, lhe poupando.

– Então, bem, respondendo a sua pergunta, sim. – Ele sorri. – Como eu não me sentia há muito tempo.

– Então... respondendo a sua pergunta também – sorrio para ele – eu tenho certeza de que a Sofia não vai ficar chateada, pelo contrário. – A gente troca um sorriso cheio de cumplicidade. – Eu só acho que ela ficaria ainda mais feliz sabendo pelo senhor. – Incentivo.

– E é o que eu pretendo fazer. – Ele sorri para mim. – Mas acho que eu só queria dar a notícia pra minha filha mais velha primeiro. – Sinto meus olhos começarem a querer transbordar. – Acho que ela tinha o privilégio de saber que todos nós temos o direito de ter uma segunda chance, e de sermos felizes de novo, não importa com quem seja, ou que pareça tarde demais.

Eu enxugo algumas lágrimas e ele se senta do meu lado, no mesmo sofá que estou sentada agora.

– Eu te amo, querida. – Ele me presenteia com as palavras mais doces e gentis que eu poderia receber.

– Eu te amo tanto. – Abraço ele, que me envolve com os seus braços acolhedores.

– Olha para nós dois. – Ele funga, sorrindo.  

– Não tem jeito, estamos condenados a sermos os dois chorões oficiais da família. – Brinco com ele, enquanto termino de secar algumas lágrimas. – Você tem uma foto da Kiara? – Pergunto, curiosa. – Quero saber quem é a mulher que conquistou o coração do meu sogro. – Digo aquilo pela primeira vez e ele sorri, com satisfação.

Pega o celular de dentro do bolso e me mostra a tela depois de alguns instantes.

– Uua, se ela for tão legal quanto ela é gata, você deu uma sorte e tanto. – Pisco para ele, que sorri para mim mais uma vez. – Mas sendo bem sincera, eu nunca vi uma família pra gostar tanto de uma diferença de idade quanto a nossa. – Começo a rir enquanto ele me acompanha.

– Caramba, qual é o nosso problema?

 

xxx

 

– O João disse que quer pastel de pizza. – A Sofia diz com o celular na mão enquanto estamos na frente do açougue, esperando a carne moída.

– Acho que não tem orégano na casa do seu pai. – Digo me lembrando que eu havia terminado de usar o pouco que tínhamos quando fizemos pizza, na semana passada. – Pode ir buscar pra mim? – Peço para ela, que vai prontamente.

Estou refazendo a lista mental do que precisávamos comprar, quando...

– Júlia? – Escuto aquela voz atrás de mim e estremeço.     

Respiro fundo, um segundo antes de me virar para ela.

– Marta... – Digo antes de encontrar os seus olhos, tendo a certeza de que os encontraria, já que eu seria capaz de reconhecer a sua voz, mesmo que passasse anos sem ouvi-la.

– O Olavo me disse que você... que vocês viriam, mas eu não pensei que já estivessem aqui. – Ela parece sincera. De um jeito que eu não presenciava há um bom tempo.

– A gente precisava voltar antes das provas do vestibular unificado. – Explico. –

A Sofia fez a primeira prova hoje. Eu fui buscá-la e estávamos aqui comprando algumas coisas antes de... – Paro no meio do caminho.

Aquela frase doí. É como se estivéssemos construindo uma família sem ela, e mesmo que a Marta tenha escolhido aquilo, não deixava de ser doloroso.

Ao menos, para mim, era.

– Vocês têm ficado no apartamento do Olavo? – Ela deduz aquilo apesar de eu não ter completado a minha frase.

– A Sofia sim, mas eu pedi a minha casa de volta para os meus últimos inquilinos, então estou morando na minha própria casa, como sempre... – Sei que eu não precisava dar nenhuma satisfação a ela, mas não consigo deixar de dar.

Mais do que isso, acabo percebendo que eu queria dar, e que foi bastante difícil passar todos esses meses sem compartilhar quase nada da minha vida com ela. Ainda mais agora, que eu estive nas nuvens e que ainda estou e que tinha tanto, tanto a falar.

– Como eu disse, eu já sabia que vocês estavam pensando em voltar... O que me deu tempo para pensar. E eu acho que seria muito bom para todos nós se nos reuníssemos um dia lá em casa. Antes do natal, de preferência, assim poderíamos passar as festas de final de ano todos juntos, se isso desse certo. – As suas palavras me pegam um pouco de surpresa. “Se isso desse certo” tipo se não acabássemos nos matando, deduzo o que ela quis dizer. – A essa altura, acredito que você já saiba que o Clóvis está morando comigo e com o João.

O Olavo teria me contado de qualquer forma, mas por incrível que pareça eu não tinha ficado sabendo por ele, e sim pelo próprio Clóvis, que tinha feito questão de me ligar contando que estava pensando em se mudar para lá.

– É, eu fiquei sabendo. – Digo, por fim, sem dar tanta importância.

– Olha, Júlia, eu não vou mentir, não vai ser nada fácil te ver com... com ela. – Me ver com a sua filha, sussurro dentro da minha cabeça. – Mas também acredito que não vá ser nada fácil para vocês duas me verem com o Clóvis, primeiro porque ele é o seu ex, segundo porque a Sofia Maria realmente sempre odiou ele, então... Acho que estamos quites, não? – Ela me deixa mais uma vez sem reação. – O que for difícil pra vocês também vai ser difícil pra mim. – Queria discordar e dizer que aquilo não fazia o menor sentido, mas eu estaria mentindo. – Mas eu acho que deveríamos tentar, em nome do que ainda sobrou dessa família.

– Marta... Talvez, mesmo fazendo terapia, você nunca entenda tudo o que causou para a sua filha, os danos que me fez ou como precisei abdicar de tanta coisa, e por tanto tempo. – Começo e vejo ela bufar enquanto revira os olhos. – Mas, por ironia do destino, nada do que eu tenho hoje teria acontecido se nós duas não tivéssemos nos encontrado na faculdade. – Ela volta a me olhar com mais atenção, quase não acreditando que esteja realmente ouvindo aquilo de mim agora, depois de tudo. – E eu amo a sua família, Marta. – Meus olhos lacrimejam, por conta própria. – E essa família não existiria sem você. – Posso jurar ver os olhos dela igualmente marejados, mas não pode... não pode ser.

– Então... – Ela insinua, com a voz firme.

– Então, eu estou disposta a tentar de novo. Mas eu não posso falar pela Sofia. –Fico pensando no quanto tinha sido difícil convencê-la a “voltar para a casa”, e no quanto seria ainda mais difícil convencê-la a isso, a não ser que... – Por que não aproveita e fala com ela agora? Eu posso chamar ela aqui. – Sugiro, esperançosa.

– Ah, eu não... Eu não quero incomodar vocês, e não sei se seria uma boa ideia, de qualquer maneira.

– Marta, é a sua filha... – É tudo o que eu preciso dizer para que ela me olhe diferente, parecendo repensar.

Não que aquela palavra surtisse algum efeito nela, mas ela sabia que para conseguir o que queria teria que pelo menos se esforçar a desempenhar o papel que aquela palavra sugeria.

E que eu não deixaria que fosse diferente.

 – Tudo bem, pode chamar ela aqui.

– Não vai demorar. – Digo e saio apressada, procurando o corredor onde ficam os temperos.

– Que cara é essa, amor? – A Sofia pergunta assim que me vê caminhando pelo corredor, em sua direção. – Parece até que viu...

– Eu encontrei a sua mãe... – Digo aquilo antes que ela termine de processar. – Ela quer falar uma coisa com você...

– Ah, não, Júlia, só pode ser brincadeira.

– Eu sei que parece difícil de acreditar, Sofi, mas a Marta parece diferente. Ela realmente pareceu disposta a nos ver juntas, digo, como um casal.

– Tem certeza de que foi a minha mãe que você encontrou?

– Sofia... – A repreendo.

– Que seja. – Ela concorda, de má vontade, mas ainda assim, me segue pelos corredores, até chegarmos em frente ao açougue, onde... a Marta não está.

Droga.

Acho que ela não mudou tanto assim, no final das contas. Continua covarde, e pior: deixando todo o “trabalho duro” sob minhas responsabilidades, como sempre.

– Começou bem esse reencontro, né? – A Sofia devolve, debochada.

– Ela deve ter precisado sair de última hora. – Minto. Acho que certas coisas nunca mudariam, afinal. – Mas tenho certeza de que ela ainda vai falar com você. – É no que eu prefiro acreditar.

– Eu não tenho tanta certeza.

Nem eu, na verdade, mas eu não poderia falar outra coisa.

– Promete que vai ouvir ela? Se isso acontecer?

– Se for tão importante assim pra você, talvez, mas se não se importar, eu não quero pensar nisso agora, Jules... Só quero chegar em casa e tomar um...

– Júlia? Sofia? – Uma mulher que eu rapidamente identifico como uma das amigas da Marta aparece atrás de nós, no caixa rápido. – Faz tempo que não vejo vocês duas.

Essa é uma das amigas da Marta que estava viajando, provavelmente ela não está sabendo de nada, deduzo rapidamente.

– Nós viajamos em maio e só voltamos agora. – Respondo, brevemente, enquanto a Sofia se mantém calada.

– Só vocês duas? – Pergunta, curiosa. – A Marta não me disse nada. – Ela fica esperando por uma resposta, mas como ela não vem, apenas continua. – Você realmente é um amor de tia, Júlia, viajando sozinha com a afilhad...  

– A Sofia não é a minha sobrinha, nem minha afilhada, nós estamos namorando há mais de seis meses, na verdade. – Despejo, de uma vez só, e a Sofia me olha com uma cara empolgadamente espantada.

– Ah, eu não... – A mulher ensaia alguma coisa, mas é interrompida.

– A gente precisa ir, Joanna. – A Sofia parece recuperar a voz enquanto pega as nossas sacolas. – Mas foi bom te ver. – Fala enquanto me empurra para fora do supermercado.

– Não acredito que fez isso, Júlia. – Ela diz, sorrindo, assim que chegamos ao estacionamento.

– Acho que nem eu, ne verdade. – Digo, ainda meio atônita com todos esses encontros inesperados.

No início do ano eu havia trancado todos esses sentimentos em uma caixa, por vergonha deles, ou medo. Medo dos meus sentimentos pela Sofia, que estavam mudando a cada instante, e vergonha do que eu sentia por outras mulheres, de um modo geral.

Mas agora eu não sentia mais medo, ou vergonha, pelo contrário, tudo o que sinto é orgulho de quem eu tinha me tornado, orgulho por ter sido tão corajosa. Foda-se se nos olharem torto, ou se disserem que eu era velha demais para a Sofia. Eu estava em paz comigo mesma, e todas as pessoas que realmente têm importância na minha vida já sabiam e tinham aceitado. Bem, nem todas, é claro, mas pelo menos já não era mais um segredo, e eu havia deixado bem claro que não iria recuar.

Não mais, porque... Depois de muito tempo, eu não sinto que a minha vida está longe do que deveria estar, pelo contrário, acho que nunca esteve tão, tão perto.

Fim do capítulo

Notas finais:

Boa noite, Sojuers do meu coração! 

Vou começar com um apelo: me sigam no meu Instagram (@alinavieirag) para não perdemos o contato, preciso avisar vocês de coisas importantes e vou usar esses espaços para me comunicar com vocês! 

Penúltimo capítulo gente, e o coração tá como???

Vou tentar ser breve aqui porque já está tarde e eu já atrasei muito esse capítulo, então não quero demorar muito mais para postar.

Mas não deixem de comentar: O que acharam de tudo e desse segundo "final de história"?

Da Júlia nessa nova fase... 

O que acharam do visual novo da Sofia?? Alguém acertou que ela pintaria de ruivo??

O próximo capítulo vai ser o último, e como sempre pedi, peço de novo:

Espero que fiquem comigo até o “final”, hein?

E não esqueçam de favoritar a história!

E de me favoritar como autora!

E de comentar!

Como vocês já sabem, leio todos os comentários e fico extremamente feliz com cada um deles, com todas as teorias e por todo o carinho. Além de ser, de fato, o melhor termômetro para me ajudar a saber e entender como a história está chegando para vocês! Ainda mais se tratando de uma reta final!

Mais uma vez, obrigada por estarem comigo durante todo esse tempo! De verdade mesmo!

E obrigada pelas leitoras/leitores que estão chegando agora!

Obrigada pelos comentários, pelo engajamento, pelo carinho e por tudo!

Então é isso, até o capítulo 46, o capítulo final! 


Comentar este capítulo:
[Faça o login para poder comentar]
  • Capítulo anterior
  • Próximo capítulo

Comentários para 48 - Capitulo 45 – Meu lugar (PENÚLTIMO CAPÍTULO) :
S2 jack S2
S2 jack S2

Em: 07/01/2025

Lendo o capítulo beeeeeeeem atrasada…mas antes tarde do que nunca…rsrs

Que capítulo leve, quase leve, tirando a parte do encontro com a Marta no supermercado, mas gostei muito da atitude da Júlia…nada de tia e afilhada…namoradas!!! uhuuuuuu

Estou adorando o desfecho.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Zanja45
Zanja45

Em: 29/11/2024

Penúltimo capítulo gente, e o coração tá como??

RESP.:" Meu coração está batendo ligeiramente apertado", mas estou tentando seguir em frente. Acredito que dias melhores estão por vir, depois destes.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Dan_ny
Dan_ny

Em: 27/11/2024

Muito top esse capítulo,já estou em abstinência kkk

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Brescia
Brescia

Em: 25/11/2024

.    Boa noite autora.

Acho que esse tempo não foi só bom para Julia, mas tb para o amadurecendo da Sophi e o casal ficar mais confiante, mais forte e corajoso, elas estão super bem e casadas, mesmo morando em casas diferentes. A Júlia aprendeu que os seus sentimentos são só seus e ninguém tem o direito de dizer como ela deve se comportar, manifestar e ser orgulhosa do que construiu. 

Parabéns pela linda história, ainda estou esperando o baby para o lroxycapitulo, rs.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Dan_ny
Dan_ny

Em: 25/11/2024

Muito top esse capítulo,já estou em abstinência kkk

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Mmila
Mmila

Em: 25/11/2024

Júlia insuperável em tudo depois de se firmar nas atitudes.

Sofia, mais feliz que isso impossível, mesmo porque essa mãe dela não merecer ela como filha.

Pai da Sofia um amor de pessoa, sempre!

 

Responder

[Faça o login para poder comentar]

NovaAqui
NovaAqui

Em: 24/11/2024

Capítulo lindo 

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Informar violação das regras

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:

Logo

Lettera é um projeto de Cristiane Schwinden

E-mail: contato@projetolettera.com.br

Todas as histórias deste site e os comentários dos leitores sao de inteira responsabilidade de seus autores.

Sua conta

  • Login
  • Esqueci a senha
  • Cadastre-se
  • Logout

Navegue

  • Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Ranking
  • Autores
  • Membros
  • Promoções
  • Regras
  • Ajuda
  • Quem Somos
  • Como doar
  • Loja / Livros
  • Notícias
  • Fale Conosco
© Desenvolvido por Cristiane Schwinden - Porttal Web