Nunca Te Amarei -- Capítulo 46

Luciana previa uma noite maravilhosa de amor depois do beijo dentro da piscina. Kristen correspondia aos sentimentos dela, pensava eufórica.

Tão logo saíram da piscina, já no corredor em direção ao quarto, ela envolveu Kristen pelo pescoço, toda entregue, quase saltou sobre ela, com fúria nos lábios.

De repente uma luz foi acesa, a claridade as assustou e elas se afastaram abruptamente, dando um passo atrás.

-- Luciana? -- Matilde observou-lhe o rosto pálido por alguns instantes antes de falar -- Kristen? O que fazem aqui a essa hora?

Ciente dos olhares atentos da mãe, Luciana se sentiu embaraçada, mas mesmo assim, rebateu com outra pergunta.

-- E a senhora, o que faz aqui?

-- Vim tomar água e vi a porta entreaberta e a luz acesa.

-- Pelo jeito a janta estava bem salgada hoje -- comentou Kristen, ironicamente.

-- Estavam na piscina de roupa? -- ignorando o tom irônico do comentário, Matilde se preocupava em examiná-las sem a mínima discrição.

-- Seria bem pior se estivéssemos peladas -- Apesar da vontade de expulsá-la dali, Kristen, respondeu calmamente.

Luciana engoliu em seco várias vezes, tentando esconder as emo­ções. Pisava agora num terreno muito perigoso, Matilde não era boba não. Deu uma risadinha nervosa, esperou alguns segundos, então respondeu:

-- Eu escorreguei e caí dentro da piscina, a Kristen pulou para me ajudar -- Luciana ergueu o rosto e por um instante seu olhar se en­controu com o de Kristen. O impacto provocou um calafrio em sua espinha e ela desviou rapidamente a atenção para a mãe.

-- Parece que a sina dela é salvar os membros da nossa família de morrerem afogados -- Matilde falava de forma desconfiada, havia um brilho estranho em seus olhos. 

Luciana temia que a mãe descobrisse por outras bocas, mas não tinha coragem de confessar. Não tinha ideia de qual seria a sua reação, mas com toda certeza não esperava receber um parabéns pela escolha.

-- Kristen é a nossa heroína -- para espanto de Luciana, Kristen sorriu com descontração ao seu comentário.

-- Se não se importam, vou me deitar -- disse Matilde,  caminhando até a porta. 

-- Claro, claro. Fique à vontade, mãe -- Luciana falou animada.

Matilde se virou para ela.

-- Vamos.

Luciana ergueu uma das sobrancelhas, surpresa.

-- Mas mãe, eu e a Kristen ainda temos que discutir sobre o processo.

-- Vamos dormir agora, Luciana. Discutiremos isso amanhã cedo.

-- Tudo bem, mãe -- ela consultou o relógio com uma expressão irritada no rosto bonito -- Boa noite, Kristen -- mal ergueu o olhar ao se dirigir a ela.

Kristen sorriu, tocando-a de leve no rosto.

-- Boa noite, Lú.

Aquelas palavras e o toque suave em seu rosto a fizeram estremecer. E logo em seguida ela se foi.

Luciana não dormiu a noite inteira. Em sua mente, a cena da piscina se repetia várias vezes.

Luciana se levantou às sete horas da manhã. A ducha forte do chuveiro foi um remédio eficaz contra a noite de insônia e a tensão provocada pelos fatos da noite passada.

Escolheu um vestido leve florido e olhou-se no espelho. Após passar um pente nos cabelos, ela saiu do quarto. Ao chegar no corredor, ela pôde ouvir Rick falando sobre a sua maravilhosa receita de Dedo de noiva com calda de goiabada, queijo ralado, presunto cortados em tiras pequenas, requeijão e ketch*p. Em seguida ouviu a voz alegre de sua mãe, dizendo o quanto amava dedo de noiva e que queria a receita urgentemente.

-- Bom dia! -- ela disse, sorridente -- Vocês não tem outro assunto além de receitas de doces e salgados?

-- Sim, falamos também sobre pessoas amargas, azedas, insossas, como você -- respondeu Rick, de forma malcriada.

-- Credo, Rick! -- Luciana cruzou as pernas -- O Dudu não te deixou dormir?

-- Acho que eu que não deixei ele dormir com o meu ronco, tadinho. 

-- Bom dia, Luciana -- Kristen a cumprimentou sorridente, saindo da sacada.

-- Bom dia, Kris -- já ia se levantando quando uma mulher também saiu da sacada, parando ao lado dela. Tratava-se de Vanessa, a assessora estonteante. Alta, esguia, com ca­belos soltos e revoltos. Usava um vestido justo e curto, cor de laranja, nada convencional.

-- Você e Vanessa já se conhecem, né?

Luciana balançou a cabeça.

-- Sim, nos vimos na empresa

-- Como está Luciana? -- a moça sorriu, exibindo uma arcada perfeita de dentes muito brancos.

-- Muito bem, obrigada -- ela estendeu a mão. Por um instante ficou sem fala. De perto a mulher era ainda mais sedutora. O vestido justo acentuava as cur­vas perfeitas. A exuberância da moça a fez sentir-se uma coitadinha com aquele vestidinho comprado em uma loja do Brás. Ela se consumia de ciúmes da assessora. Não suportava vê-la na companhia de Kristen, rindo com ela, compartilhando mo­mentos que haviam sido só dela.

-- Seu vestido é lindo, Luciana. Qual a grife?

-- By Brás, feirão da madrugada -- disse ironicamente.

Vanessa olhou séria para ela.

-- Ah, tá.

Rick veio da cozinha com uma bandeja repleta de guloseimas.

-- Cafezinho e quitutes para todos -- ele colocou a bandeja sobre a mesinha e se dirigiu a Luciana -- Você pode pegar o suco pra mim? Está na geladeira.

-- Claro -- ela se levantou e foi até a cozinha. Ao voltar, encontrou Kristen tomando o café da manhã com Vanessa, en­quanto verificavam alguns documentos espalhados pela mesa. Uma cena tão íntima... Pensou irritada.

-- Café ou suco, dona Matilde?

-- Café, Rick. Obrigada.

-- Bom dia a todos! -- desejou Francesco -- Bom dia, Matilde -- ele a cumprimentou num ótimo humor -- Está mesmo um lindo dia, não? Você dormiu bem?

-- Sim, obrigada -- respondeu Matilde, sorrindo.

Enciumada, Luciana sentou-se de frente para Kristen.

-- Esses documentos são da empresa? Está escrito setor financeiro urgente. Algo a ver com o novo empreendimento, presumo -- Luciana colocou-se em alerta, no entanto Kristen recolheu os papeis e colocou dentro de uma pasta.

-- A Vanessa está trabalhando em uma auditoria, coisa rotineira -- ela respondeu, fingindo-se casual -- Temos inconsistências. 

-- Claro. Aliás, esse assunto foi discutido na última reunião da diretoria em que participei, não?

-- Tem razão -- Kristen concordou.

-- Embora achasse que não discutiram o bastante -- comentou Luciana.

-- Não é só você que pensa assim -- o rosto de Kristen, uma máscara sem emoção, disse calmamente -- Alguém enviou um relatório para mim. São balancetes da empresa. Você sabia desses balancetes?

A pergunta deixou Luciana nervosa, os balancetes originais com os rombos nas finanças da empresa estavam em seu poder, mas Jaqueline tinha as cópias. Sem dúvida ela tramava algo dentro daquele cérebro maquiavélico. Mas o que seria? O que a amiga teria em mente? Ela pensou intrigada. 

Ciente dos olhares atentos de Kristen e Vanessa, ela se sentiu embaraçada.

-- Bem, eu... Eu tive acesso a esses balancetes, mas não levei adiante por não ter provas -- Luciana notou um ar irritado na expressão de Kristen, sinal de que aquele documento, enviado por Jaqueline, seria levado a sério por ela.

-- Vanessa poderá cuidar disso facilmente -- ela decidiu e se virou para a assessora -- Vanessa, providencie essas provas, por favor.

Vanessa olhou diretamente para ela.

-- Adianto que poderemos ter surpresas desagradáveis, peixes grandes podem cair em nossa rede.

Kristen franziu as sobrancelhas, fitando-a de lado.

-- Não se preocupe com isso, a justiça deve ser feita, doa a quem doer -- Kristen virou a xícara de café de uma vez e levantou-se -- Pode sair agora? -- ela perguntou para Luciana.

-- Sim claro, vamos aonde?

-- No caminho te falo.

Francesco sentou-se ao lado de Matilde e deu um gole na bebida.

-- Então, as meninas caíram na piscina? -- ele deu uma gargalhada -- O que tem de estranho nisso?

-- O que elas estavam fazendo de madrugada aqui fora?

-- Conversando, só isso -- Francesco respirou fundo -- Deixa as meninas, elas são jovens, saudáveis e sonhadoras. A Luciana fez muito bem à minha neta. Ela está mais madura, responsável e menos mulherenga.

Matilde olhou para ele com uma expressão curiosa.

-- Não entendi, como assim, mulherenga?

-- Você não sabia que a Kristen gosta de mulher?

Matilde arregalou os olhos, sentindo-se a perfeita idiota.

-- Não sabia. Que triste -- disse depois de algum tempo -- Que sorte a minha por ter uma filha normal.

-- Normal? Você acha que a Kristen não é normal porque é homossexual?

-- Não sei se essa é a palavra certa, mas com certeza ela tem um problema e precisa se tratar.

-- Quem tem que se tratar é  quem tem dificuldade para compreender que individualidade e caráter independem da orientação sexual e que aceitar que a orientação sexual, seja heterossexual, homossexual ou bissexual, não é uma escolha. Tem terapia para isso, sabia?

-- Não adianta, não aceitaria nunca que um filho meu fosse dessa forma tão diferente.

Francesco percebeu que falar com Matilde sobre esse assunto era algo bem mais complexo.

-- Na minha opinião você e eu devemos jantar juntos esta noite, Matilde -- ele disse subitamente -- Vou te levar a um restaurante italiano maravilhoso. 

Matilde fitou-o incrédula. Não esperava pelo convite.

-- Bem, eu... Eu tenho o Dudu para cuidar.

-- O Rick poderá, sem problemas, cuidar do menino -- ele decidiu e se levantou -- Com licença, vou providenciar reserva para dois no Cipriani, que é um restaurante do Copacabana Palace e tem a melhor comida italiana do Rio.

Francesco saiu às pressas, deixando um assunto pendente que com certeza seria o prato principal daquele jantar.

Kristen estacionou o carro no pátio do Iate Clube do Rio de Janeiro em Laranjeiras. O Iate Clube nasceu como Fluminense Yacht Club, um braço náutico do Fluminense Football Club.

Luciana observou a in­finidade de iates ancorados e a beleza da paisagem. 

-- É tudo tão lindo!

-- Sim, é um dos meus lugares favoritos -- ela concordou, envolvendo-a pela cintura, enquanto caminhavam -- Você não conhecia?

Luciana riu.

-- Você acha que deixariam uma simples mortal entrar nesse lugar?

-- Meu pai nunca te trouxe aqui? -- Kristen tentou falar da forma mais natural possível, mas não conseguiu. As palavras saíram tremulas.

-- Não -- Luciana mudou rapidamente de assunto -- Você tem um barco?

-- Sim, meu pai comprou um barco para velejar nos fins de se­mana. Costumávamos ir até Angra dos Reis ou Ilha das Palmas. 

-- Deve ser maravilhoso.

-- Sem dúvida. Depois de uma semana inteira sentado no escritório ou viajando, era o momento que meu pai tirava para respirar o ar fresco do mar sem preocupações, nem problemas. Não há nada melhor que esquecer o trabalho por algumas horas.

Luciana tentou imaginar a que tipos de preocupações e pro­blemas ela se referia?

Kristen a levou a um restaurante, de frente para a baía. O movimento era intenso e ela explicou que a comida era excelente, principalmente os peixes, sempre frescos.

Luciana escolheu camarões à romana e Kristen, lagosta à provençal. Kristen pediu também uma garrafa de vinho e durante o almoço conversaram sobre assuntos diversos como duas pessoas civilizadas.

Luciana amava aquele jeito positivo e corajoso dela, tudo ela pode, tudo ela consegue, nada é impossível e no final, tudo fica bem.

Kristen por seu lado, não se lembrava mais do quanto Luciana podia ser uma companhia alegre e agradável. Diante de tanto charme e simpatia, ela quase esqueceu de tudo o que Luciana aprontou no passado. Por diversas vezes se pegou olhando-a e sorrindo como uma boba, mas em seguida uma vozinha dentro dela alertava-a para o perigo.

Tão logo terminaram a refeição, Kristen pediu a conta.

-- Seria um pecado irmos embora sem levar você para conhecer o meu barco.

Luciana sorriu, adorando a ideia.

-- Claro, vou amar conhecer o seu barco. 

Iates enormes e luxuosos se encontravam ancorados lado a lado ao longo do porto. Passavam por eles de mãos dadas, quando Kristen parou junto a um dos maiores e mais bonitos ancorados naquele local.

-- É esse aqui.

-- Oh, Kristen! É lindo.

Little girl era enorme. Os mastros gigantescos apontavam para o céu como espadas. Num impulso, Luciana tirou as san­dálias de saltos e subiu no barco.

-- Eu nunca vi um barco tão lindo, Kristen!

-- Então, você gostou? -- ela sorriu, satisfeita -- Estou pensando em levar o Dudu para um passeio pela costa.

-- Ele vai enlouquecer -- enquanto ela olhava ao redor, boquiaberta, Kristen acendeu as luzes da cabine -- Que luxo!

-- Sempre achei o tamanho desse barco um exagero -- além de uma sala enorme, mobiliada com sofás confortáveis, num dos cantos havia um bar muito bem equipado -- Porém, hoje vejo que ele é perfeito para passearmos com nossos amigos. 

"Passear com nossos amigos", o comentário não passou despercebido por Luciana, mas preferiu ficar calada.

-- Sente-se, por favor -- Kristen indicou um dos sofás e se dirigiu ao bar -- O que quer beber?

-- Água com gás, por favor.

Kristen foi até o bar e retornou com a água.

-- Daqui a pouco vou lhe mostrar o resto. Antes vamos conversar um pouco.

Afundada entre almofadas macias, Isabella a viu desaparecer por uma pequena porta. Sentia-se desajeitada diante de tanto luxo.

Admirava a decoração, quando ela voltou com uma bandeja de café, colocando-a sobre a mesa e sentando-se ao lado dela, no sofá.

-- Você tem ideia de quem me enviou aquele documento? -- perguntou casualmente enquanto enchia as xícaras.

-- Não faço a menor ideia -- mentiu. Nem sobre tortura delataria Jaqueline.

-- É alguém que trabalha no setor financeiro. 

Luciana pegou sua xícara, com um certo desconforto. Estava mentindo novamente, mas não tinha provas consistentes.

-- Não sei o que consta nesse documento, talvez se me mostrasse quem sabe não poderia ajudar. Trabalhei durante muitos anos na empresa, tenho experiência e sei muito bem como funciona o setor. 

Daquela vez Luciana esperou a resposta fitando-a diretamente nos olhos. Sorvendo um gole de café, Luciana esforçou-se para não insistir.

-- Bem, não vejo problemas -- Kristen bebeu o café, colocou a xícara na bandeja e virou-se para ela com um ar pensativo -- Não acredito que Donatela tenha algo a ver com isso.

Luciana teve de conter-se para não explodir.

-- Só saberemos disso investigando -- ela hesitou. Não queria acusar Donatela sem ter provas. Apesar do caráter duvidoso da mulher, era a sua mãe e Kristen a defenderia até o último momento.

-- Desconfio do João Victor -- ela pegou a xícara de café, e bebeu alguns goles calmamente -- Não confio naquele cara. 

Luciana deu de ombros, sem se perturbar. Não faria nenhum comentário. No momento certo provará a Kristen que Donatela é a chefe da quadrilha.

-- Prefiro não citar nomes, Kris. A investigação mostrará quem é o verdadeiro criminoso.

-- Tudo bem, não vou mais insistir no assunto. Agora, tome o seu café para vermos o resto do barco.

Isabella pegou a xícara e tomou todo o conteúdo.

-- Você sabe comandar o barco?

-- Sei, o pai me ensinou. Eu tenho carteira de habilitação na categoria Arrais, Veleiro e Motonauta.

-- Que legal!

-- Que tal velejar comigo este fim de semana, Lú? -- Kristen a convidou -- Estou pretendendo ir a Angra dos Reis.

O convite a deixou sem fala por um momento.

-- Podemos levar o Dudu também. 

O olhar de Isabella se iluminou. Sem dúvida, seria maravilhoso per­correr a costa num barco daqueles. 

-- Sim, claro, vou adorar.

Kristen levantou e estendeu-lhe a mão.

-- Então vamos? Vou mostrar-lhe o resto do barco e depois vamos para casa.

-- Tudo bem -- ela concordou.

Luciana nunca esteve em nada semelhante ao iate de Kristen. Ele era simplesmente espetacular. A cozinha possuía os equi­pamentos mais modernos e sofisticados, as cabines eram de­coradas com luxo e bom gosto. Principalmente a suíte de casal. Além de uma cama imensa e banheiro privativo.

Quando elas subiram de volta ao deque, os acordes de uma canção romântica chegava até elas, vinda do restaurante.

-- Essa música é linda -- Kristen comentou encostando-se ao lado dela.

-- Muito romântica -- disse Luciana, suspirando.

-- Só para quem acredita nessa bobagem.

-- Qual bobagem?

-- O que diz a letra da música: "Amor para o resto da vida" -- respondeu Kristen -- Isso é utopia.

-- Ora, Kristen. Conheço diversos casais que ficaram até o fim da vida juntos.

Kristen deu de ombros, contrariada com o rumo da conversa.

-- Talvez costume, acomodação, divisão de bens. Desculpe, mas sou realista. Veja pelo meu pai.

-- Entendo -- Luciana segurou-lhe o queixo com delicadeza, obrigando-a a encará-la -- Ter certeza de que um amor é para sempre é o que existe de melhor na relação entre duas pessoas. Ninguém começa um relacionamento pensando que vai terminar amanhã.

-- Para que isso se mantenha, é preciso dialogar, compreender, ouvir e, acima de tudo, falar a verdade.

Luciana sentiu-se ofendida.

-- Para conviver e compartilhar a vida com a pessoa que você mais ama, é preciso, antes de tudo, lembrar que ela tem defeitos e qualidades, assim como você. Mas esqueci que perdoar não faz parte do seu vocabulário.

-- Pensando melhor, talvez eu esteja enganada. A maioria das pessoas tem sim um amor para o resto da vida. E quando não dá certo, ela segue amando e sofrendo sozinha para o resto da vida -- Kristen esboçou um sorriso e pegou-a pelo braço -- Vamos embora?

-- Claro -- Luciana deixou o iate com aquelas últimas palavras ecoando em sua mente. Estaria Kristen falando de si mesma? Nesse caso ela estava sofrendo por sua causa.

Como se partilhasse de seus pensamentos, Kristen se manteve silenciosa durante boa parte do caminho de volta. 

Quando chegaram em casa, encontraram Laura em companhia de Rick e Jefferson.

-- Espero não se importarem por eu ter vindo sem avisar.

-- O que é isso, Laura -- Luciana beijou o rosto da irmã, com carinho.

-- Sinta-se à vontade, por favor -- Kristen sorriu para ela. Sentia-se exausta pelo dia longo e tenso -- Se me derem licença, vou me deitar.

Laura balançou a cabeça e também sorriu. Assim que Kristen saiu da sala, virou-se para a irmã.

-- E então, Lú? Como vão as coisas?

-- Bem, na medida do possível. As coisas andam meio paradas. A Kristen contratou alguns investigadores para caçar a Letícia. A danada parece que evaporou.

-- Com certeza fugiu -- comentou Rick -- Aquela safada!

Jefferson segurou a mão da amiga entre as suas.

-- A Laura veio até aqui para te dar uma notícia não muito boa amiga.

Por um instante Luciana prendeu a respiração.

-- O que aconteceu?

Laura olhou para a irmã visivelmente desesperada.

-- Um oficial de justiça esteve lá em casa hoje pela manhã. A Donatela entrou com uma ação judicial pedindo a guarda do Dudu.

 

Fim do capítulo