Capitulo 45
Nunca Te Amarei -- Capítulo 45
-- O senhor Francesco está subindoooo... -- berrou Rick da cozinha -- Alguém abra a porta, estou com a mão no saco.
-- Mão no saco Rick? -- perguntou o menino, sem entender.
-- Saco de batatas, ô mente poluidinha -- respondeu Rick, para ele -- Não nega ser irmã da loira safada.
-- Quem é safada Rick?
-- A Kiss. Não sabia?
Kristen estava sentada no sofá, perdida em pensamentos. Esperava conseguir provas da culpa de Letícia, só não sabia por onde começar. A campainha tocou e ela foi abrir a porta para o avô.
-- Bom dia, vovô.
-- Bom dia, minha neta -- Francesco bateu no ombro dela de forma paternal.
Naquele momento Luciana entrou na sala e ao vê-lo abriu os braços, sorridente.
-- Senhor Francesco!
-- Luciana! Buongiorno, signorina! Você está linda nessa manhã. Não acha, Kris? -- ele a beijou de ambos os lados da face.
-- Sem dúvida, vovô. Eu quase não a reconheci essa manhã.
Francesco franziu a testa.
-- Kristen, não seja assim, minha filha.
Ela riu.
-- Luciana sempre foi linda, vovô, não é só essa manhã.
Luciana corou ao sentir Kristen observá-la dos pés à cabeça.
-- Sim, você tem razão -- Francesco concordou.
Enquanto observava o avô abraçar Luciana com carinho, ela pensou no quanto ele a adorava. Falava dela como se fosse a mulher mais maravilhosa do mundo.
-- Dona Matilde está em casa? -- Francesco perguntou no instante em que a senhora entrou na sala -- Olá, Matilde! Como está você?
-- Estou bem, Francesco.
-- Aceita uma bebida, vô?
-- Sim, obrigado. Eu estava conversando com o Vicente de Paula. Por isso demorei.
Os olhos de Isabella se iluminaram ao ouvir falar do Advogado.
-- Temos novidades? -- perguntou ansiosa.
-- Então sente-se e fique à vontade, vô, queremos saber de tudo -- Kristen foi até o bar de onde voltou com a bebida para ele -- O Rick anunciará o almoço a qualquer momento.
-- Bem, Luciana, a única novidade é que você vai responder o processo em liberdade.
-- Só isso? -- Kristen respondeu com uma careta -- É claro que responder o processo em liberdade é importante, mas como ele pensa em provar a inocência da Luciana?
Diante do olhar atento de todos, Francesco respondeu:
-- Pelo que entendi, ele não está focado em provar a inocência da Luciana e sim no fato de que ela é ré primária e por isso não sofrerá penas severas.
-- Mas que absurdo! -- Luciana estava indignada -- Não posso carregar pelo resto da vida uma culpa que não tenho.
-- Eu acredito em sua inocência, minha filha, mas não temos nenhuma prova de sua inocência.
-- É só investigar, vô. Se a polícia não quer investigar, nós queremos. Vou contratar meus próprios investigadores. Embora faltem provas, acredito piamente na culpa da Letícia. Ela é a única a ter acesso ao interior do carro nessa semana, além da Luciana, dona Matilde e o Duda. Tenho certeza que bons investigadores conseguirão evidências do envolvimento dela.
Jefferson cerrou os dentes.
-- Diabo! Que pretende aquela bruxa? E o que ela ganhará com isso?
-- Não sei Jefferson, mas sei muito bem o que a Luciana perderá.
As últimas palavras de Kristen ecoaram na mente de Luciana. Ela sabia muito bem do que Kristen falava.
-- O almoço está servido, pessoal -- anunciou Rick.
Eles comeram na sala de jantar, situada na parte de trás do apartamento, com vista para o oceano. Luciana sentou-se de frente para as portas de vidro e durante toda a refeição se viu atormentada por pensamentos indesejáveis.
Quase não comeu. Nem mesmo a visão maravilhosa do mar azul a tirou daquele estado de aflição.
-- Luciana? Você está me ouvindo?
-- Sim? Sin... sinto muito, Rick. Eu estava a milhas de distância. O que mesmo você perguntou?
-- Você não gostou da minha vaca atolada? Nem tocou.
Luciana sorriu.
-- Desculpa Rick, acho que comi demais no café da manhã.
-- Acredito -- disse Kristen -- Eu também comi demais. Aquele bolo de bruxa estava delicioso.
Dona Matilde esfregou as mãos.
-- Também adorei, me passa a receita?
-- Não costumo fazer isso, mas para a mamãe eu abro uma exceção -- ele sentou-se ao lado dela -- Os ingredientes são: 2 ovos, 1/2 xícara de óleo, 1/2 xícara de açúcar refinado,1 pitada de sal, 2 colheres (chá) de canela em pó...
Kristen balançou a cabeça.
-- Essa conversa vai longe. Vamos tomar um café na sala de estar?
-- Oh, seria ótimo -- respondeu Luciana e todos concordaram.
Ela se levantou depressa e saiu na frente. Quando deixaram a sala, Francesco pediu para falar com Kristen a sós.
-- Podemos conversar um instante, Kristen? Temos alguns negócios para discutir.
-- Claro vô, podemos conversar na varanda -- apressou-se a dizer.
Francesco sentou-se em uma cadeira e chamou a neta para sentar-se à sua frente.
-- É muito bom ter a Luciana aqui conosco de novo. E o melhor de tudo é vê-las assim tão companheiras. Você foi muito gentil em convidá-la para se hospedar em seu apartamento. Será que o seu coração partido está se curando?
Kristen corou diante da astúcia de Francesco e procurou disfarçar.
-- Eu não estava com o coração partido, vô.
-- Não mesmo, filha?
-- Bem, talvez magoada.
-- Mas agora me parece bem atenciosa e amável. Por acaso a mágoa diminuiu?
De novo Kristen sentiu-se corar.
-- Ela está precisando de mim, não abandono as pessoas que gosto -- ela olhou para Francesco como se estivesse zangada.
-- Faz um lindo dia de primavera e a primavera é tempo de recomeçar. Por que não aproveita essa ocasião de renovação para abrandar seu julgamento em relação a Luciana? Só porque ela errou no passado não significava que errará para sempre. Faça um esforço para manter a mente aberta, afinal, Luciana pode ter mudado, não? Ela é uma moça adorável, não a deixe escapar.
-- Não é o momento para isso, vô.
-- Pois é aí que você se engana. É o momento exato para isso.
Kristen demorou alguns segundos para responder. Não fazia a menor ideia de onde ele queria chegar.
-- Não entendi. Importa-se de explicar melhor?
-- Porque não pede a Luciana em casamento? Dessa forma todos os nossos problemas serão resolvidos.
Kristen estreitou o olhar e suas feições se endureceram. E quando já ia responder de forma malcriada, ouviu a voz de Rick na porta.
-- Posso servir o café, agora? A dona Matilde e a Luciana já estão na sala esperando.
Kristen passou por Rick e saiu depressa em direção a sala. Não tinha a menor intenção de continuar aquela conversa. Na verdade Francesco, já havia ido longe demais para o seu gosto.
-- Não é uma ótima ideia? -- A voz do avô soou como um trovão pelo corredor -- Vamos, diga.
-- Não tenho nada a dizer, vô -- Kristen olhou diretamente para ele. Ela atravessou o tapete branco em direção à sala de estar. Ouvia os passos de Francesco seguindo-a e teve o pressentimento de que ele falaria sobre a sua ideia piramidal brilhante diante de todos, mas não, só resmungou com aquela mania de tratá-la como se ela fosse uma criança mimada!
-- Você é muito cabeça dura, Kristen.
Naquela noite, Kristen quase não dormiu. Atormentada por lembranças de um passado recente e pensando na garota tola e ingênua que fora, cansou de rolar de um lado para o outro na cama. De madrugada abriu a janela e ficou observando a noite. O céu estava claro, salpicado de estrelas. Respirou profundamente, sentindo no ar a maresia, fresca e eletrizante. Sem dúvida Luciana a excitava e a fazia sonhar com uma relação duradoura e tranquila, concluiu emocionada. Até que seria gostoso casar com uma pessoa tão forte e ao mesmo tempo tão doce. Queria cuidar e ser cuidada. A ideia absurda a fez sorrir. Não tinha cabimento casar com a amante de seu falecido pai e mãe de seu irmão. O avô tem razão, todas as pessoas cometem erros, lembrou a si mesma e voltou para a cama onde se aninhou confortavelmente. Tinha de afastar aquelas lembranças incômodas, por isso decidiu pensar na empresa. Mas para seu desapontamento, minutos depois, inconscientemente a imagem de Luciana surgiu em sua mente. Seus cabelos castanhos, a boca sensual, os olhos brilhantes e gentis que olhavam para ela com uma expressão apaixonada. A mesma expressão do dia em que ela descobriu toda a verdade. Céus, como sofreu!
Cansada de se atormentar, acabou se levantando para beber água. No caminho mudou de ideia.
-- Um bom vinho cai bem melhor -- pegou uma garrafa de vinho no bar e levou-a para o terraço com uma taça e sentou-se numa cadeira a beira da piscina.
Fazia uma noite quente e abafada. O vinho imediatamente surtiu o efeito de um calmante para os seus nervos. Ela encostou-se na cadeira enquanto admirava a piscina iluminada e o céu repleto de estrelas.
Passaram-se alguns minutos e de repente ela ouviu a voz mansa de Luciana.
-- Também perdeu o sono? -- ela perguntou, com um pacotinho de biscoito na mão.
-- Sim, acho que deitei muito cedo e você?
-- Não estou acostumada a dormir na mesma cama que o Dudu. Ele praticamente me espanca durante o sono.
Kristen riu.
-- Podia ter continuado a dormir no meu quarto.
Luciana balançou a cabeça.
-- O Jefferson foi embora então, achei melhor não deixá-lo sozinho. Um quarto estranho pode assustá-lo, caso acorde de madrugada.
-- Entendi -- respondeu Kristen.
-- Ainda não conhecia esse local, nem sabia que tinha uma piscina aqui.
-- É a vantagem do apartamento com terraço e piscina privada.
-- Hum, que chique! -- Luciana deixou cair o pacotinho de biscoito no chão. Ambas se abaixaram para pegar e quando se levantaram, deram uma sonora cabeçada. Foi engraçado e ao mesmo tempo dolorido.
-- Ai doeu! Isso doeu! -- reclamou Luciana.
-- Oh, desculpa, Lú.
Toda preocupada Kristen afastou-lhe os cabelos da testa e começou a esfregá-la com todo carinho.
-- Está melhorando?
Luciana não conseguiu responder. A proximidade e o toque delicado das mãos de Kristen em sua pele, provocaram nela um efeito eletrizante. Esquecendo-se da dor, ergueu o rosto para ela.
-- Kristen...
Os olhos verdes estavam pousados em seus lábios. Ela os umedeceu, nervosa, e no instante seguinte Kristen a beijava.
Foi um beijo diferente. Gentil e suave, porém devastador. E tão abruptamente quanto começou, terminou. Kristen afastou-se dela de repente e, com a mão ainda em seus ombros, encarou-a muito perturbada.
-- Eu sinto muito, Lú. Não devia ter feito isso.
-- Devia sim, adorei o beijo -- ela disse, sentindo-se vitoriosa e confiante. Aquele beijo representava muito para ela, mostrava que Kristen ainda a amava e desejava -- Mas se queria tanto um beijo era só pedir, não precisava roubar.
Kristen abandonou a expressão severa, soltando uma gargalhada sonora.
-- Roubar? Eu não preciso roubar beijo de ninguém, muito menos de você -- ela voltou a sentar-se, calmamente.
Sem se perturbar, Luciana baixou a cabeça e olhou para ela.
-- Hiii... Esqueci que estou lidando com uma adolescente mimada.
Kristen levantou-se furiosa.
-- Como ousa me tratar desse jeito, Luciana?!
-- Eu ouso fazer qualquer coisa, garota. Quer ver? -- e antes que Kristen tivesse tempo de responder, ela firmou o pé no chão e a jogou dentro da piscina.
O choque com a água fria, mais o susto com o inesperado, a fizeram enrijecer-se, levando-a diretamente para o fundo. Em menos de um segundo Luciana estava junto dela.
-- Ora, sua... -- disse Kristen ao retornar a superfície, ainda recuperando o ar.
-- Você mereceu, meu amor.
Foi tudo o que Luciana disse e ela realmente mereceu por ter agido como uma adolescente mimada.
Passada a raiva, Kristen tomou consciência das mãos de Luciana em sua cintura. Da proximidade do corpo esbelto, das pernas macias tocando as dela. Com o coração batendo selvagemente, ergueu o rosto para Luciana, incapaz de esconder suas emoções.
Os olhos castanhos pareciam duas esferas flamejantes. Lia neles o mesmo desejo que a consumia. Os lábios foram se aproximando de seu rosto, o ar quente tocando-lhe a pele como uma carícia e, em seguida, traçaram um caminho de fogo em sua boca fria e úmida.
O azul da piscina e a radiação alaranjada das estrelas se mesclavam num colorido lindo. Kristen passou a mão em seus seios antes de descê-las para os quadris e, juntas, deslizaram até o outro extremo da piscina.
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 18/11/2024
Eita tá difícil é só correr para o abraço.
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HelOliveira
Em: 15/11/2024
Será que agora esse casamento sai....na torcida aqui..
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