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Bodas de Odio por Thaa

Ver comentários: 9

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Palavras: 4561
Acessos: 1656   |  Postado em: 20/11/2024

Capitulo 7

 

 

Capítulo 7

Amerah chegara ao escritório da empresa fazia algum tempo, aos seus olhos intensos como um abismo sombrio, o tempo passava lentamente, quase que de maneira imperceptível. Estava sentada em meio à modernidade nada rebuscada da sala. A mesa de madeira estava organizada, ao contrário de sua vida, que parecia ruir como castelos na areia da praia. Um copo de café pela metade jazia ao lado de uma agenda aberta, onde anotações rabiscadas mostravam sua tentativa de organizar os pensamentos. Ela apoiou o cotovelo na mesa, com uma das mãos segurando levemente o queixo enquanto olhava para o nada, visivelmente imersa em pensamentos perturbadores. Seu rosto expressava um misto de ódio e frustração, um ódio que fazia seu corpo todo ficar quente. Os olhos negros tinham um brilho introspectivo, e a testa estava levemente franzida. Vestia uma camisa de seda pura, azul escuro, com os punhos dobrados, como se tivesse tentado relaxar em algum momento, mas o peso da situação a trouxe de volta à tensão.

Ela refletia incessantemente sobre o dilema complicado de lidar com sua ex-esposa, que a traiu no passado. Os sentimentos de mágoa e a necessidade de encontrar uma solução prática se misturavam em sua mente, deixando-a presa entre o que era justo e o que seu coração ferido conseguia suportar. Júlia Salazar fizera um estrago muito grande me sua vida e seu desejo por muito tempo foi de destruí-la, arruiná-la, fazê-la sofrer, assim como um dia sofreu igual um vira-lata de rua, abandonado.

— Maldição! Maldita seja aquela mulher. — Bateu o punho cerrado sobre a mesa, mal conseguia conter a fúria que ameaçava queimá-la viva por dentro.  

Uma fraca batida na porta a tirou de seus pensamentos perturbadores.

— Entre. — Falou, mesmo não sabendo de quem se tratava.

— Duquesa, o príncipe Felipe está aqui. Desejava falar com a senhora.

Amerah apenas respirou fundo, assentindo levemente com a cabeça. Segundos depois, observou o garboso futuro rei adentrar sua sala, soberano como de praxe era na nobreza.

— Felipe.

— Bom dia, Amerah.

Ela se levantou para ir cumprimentá-lo com um abraço rápido.

— Bem, sente. — Indicou um dos sofás e acabou sentando-se no outro antagônico ao do primo. — Pela sua cara de assustado, eu bem sei o que te traz aqui.

Com um breve aceno de cabeça, ele concordou.

— Eu vi o jornal.

— Não devemos acreditar em tudo o que esses animais da mídia mostram, noventa por cento dessas notícias são todas sensacionalistas, eles fazem uso desses veículos de informações apenas para o que lhes interessa, nada além. — A voz baixa e rouca tinha uma raiva mais do que perceptível.

— Mas uma coisa não se pode negar, na foto é você e sua ex-esposa.

— Aquele maldito encontro foi apenas um mero acaso. Fui até a vila levar um presente e me desculpar com uma família, nunca imaginei que Júlia estivesse ali. Há anos não a via.

— Senão o destino, o diabo, Duquesa.

— Prefiro acreditar que isso foi obra de um diabo, não o destino. Um diabo chamado Isabela.

O príncipe franziu as sobrancelhas.

— Ainda em pé de guerra com a sua madrasta? Achei que tivesse chegado a um acordo de paz depois de todos esses anos.

— Nem debaixo do túmulo serei capaz de firmar algum tipo de acordo com aquela infeliz. E papai está cego, praticamente perdeu o senso da razão. O amor o cegou, um tolo. Nada além de um tolo.

— Não podemos ter mais um escândalo, Amerah, não agora que estamos prestes a escolher o novo presidente. Você precisa fazer algo a respeito antes que especulações duvidosas comecem a se propagar mais ainda na mídia. Os parlamentares somente esperam um ponto fraco nosso, para nos atacar, enfraquecer a monarquia e nos tomar o poder, assim como aconteceu com o Brasil, no golpe de 15 de novembro de 1889. Você já pensou no que fazer? Ou tira Júlia Salazer de uma vez por todas das nossas vidas, no caso, colocá-la de volta na prisão como traidora da pátria e da família Valloni de Lutero ou você terá de dizer em rede nacional que reatou o casamento com ela.

Amerah sentiu um frio na barriga, ao ouvir aquelas palavras.

— Eu preferia a morte, a viver outra vez ao lado daquela mulher, Felipe. Preferia a guilhotina, mas sei o quanto isso é importante para você, para nossa família e principalmente para este país. — Estreitou os olhos, demonstrando o asco que sentia pela ex-esposa.

— Pense que em breve escolheremos o novo chefe de governo, então, podemos arquitetar algum plano para que Júlia desapareça de nossas vidas sem deixar nenhum rastro.

Amerah encarou o primo de maneira extremamente séria, como que não gostando do que ouviu.

— Não acho que seja necessário chegarmos a tanto. Afinal de constas, aquela mulher é uma pobre infeliz, que sequer tem onde cair morta. — Desdenhou.

— Bem, a esposa será sua, portanto, deixo tudo em suas mãos, você é uma das mulheres mais inteligentes que conheço. Com certeza, saberá o que fazer a respeito disso, mas peço que aja rápido, os boatos se espalham a grandes proporções.

— Esses brutamontes da mídia são uns desgraçados. Malditos. Tenho vontade de arrancar as entranhas deles.

— Não tenho dúvidas disso, minha prima. Agora preciso ir. Até mais ver. Aguardo notícias suas o mais breve possível.

Felipe levantou e beijou o dorso da mão de Amerah, num gesto nobre. Então a deixou sozinha, perdida em pensamentos que causavam fúria, mas também outro tipo de sentimento camuflado em seu interior.

***

— Não posso demorar — Isabela falou, já se sentando na cama bagunçada, onde acabara de fazer sex*, para que o amante fechasse os botões traseiros de seu vestido vermelho. — Meu marido logo vai me ligar para almoçarmos.

— Você já deveria ter dado um fim à vida daquele velho gagá. — Gustav sugeriu, logo em seguida esboçou um sorriso cruel, enquanto acabava de fechar o último botão da amante.

— Não é o duque a quem desejo matar, mas sim a amada filhinha dele. Eu adoraria vê-la arruinada de novo.

— Você sabe que sua enteada é osso duro de roer, milady, não creio que seja tão fácil derrubar uma mulher como Amerah de Valloni. Sua inveja em relação à Duquesa chega a ser vergonhosa. — Riu, provocando-a.

Isabela o fuzilou com os olhos.

— Não mais vergonhoso do que se apaixonar pela própria prima.

— Prima segunda, um grau bem distante, não a vejo como uma prima, mas sim como uma mulher comum. Apesar de não achar que ela tenha algo de comum com outras mulheres a quem conheço.

— Se você acha que poderá tê-la algum dia em seus braços, pode tirar o cavalo da chuva, querido, aquela vagabunda pelo visto não gosta de homens, ainda mais homens como você, que sabe tê-la traído junto com a ex-esposa.

Gustav gargalhou alto, jogando a cabeça para trás.

— Júlia Salazar foi somente uma isca, confesso que jamais aceitei a ideia de ela ter aparecido em nossas vidas, no momento exato em que eu tinha tudo planejado para me casar com Amerah e assim ficarmos todos em família, então apenas a tirei do caminho.

Isabela simplesmente deu uma gargalhada alta, achando absurdo o que o primo da falecida Ana de Lutero dizia.

— Você posa de homem garboso e inteligente, mas no fundo, não passa de uma mula iludida. Como ousa achar que se casaria algum dia com a filha da sua prima? Ana de Lutero deve estar se revirando no túmulo ao ouvir tamanha barbárie.

— Você verá que um dia farei a fera se render aos meus encantos, quer seja por bem, quer seja por mal. — Garantiu, os olhos claros brilhando de maneira cruel.

A lady balançou a cabeça negativamente, diante de tantas palavras infundadas que ouvia.

— Se você está dizendo, mas agora não é hora de falarmos em romances inúteis, precisamos que você seja o novo chefe de governo deste país e precisamos arquitetar um plano para tirar o rei e a perfeita família de Felipe do nosso caminho, para que assim minha irmã possa se casar com ele, com isso, teremos o controle total e toda a diplomacia desta nação, a qual guiaremos ao nosso jeito.

— Não me diga que você está pensando em assassinar a esposa e os filhos do príncipe?

Isabela apenas fez um ar de riso maquiavélico.

— Um acidente de carro, igual o da princesa Diana, não seria nada mal. — Fez menção de se afastar, mas foi detida por Gustav, que deu um pulo da cama e a puxou pelo braço.

— Isso seria extremamente perigoso, Isabela. Não podemos chegar a tanto.

— Eu gosto do perigo, você ainda não percebeu? — Franziu a sobrancelha. — Farei esta maldita monarquia pagar pelo que fizeram a meu pai, mandaram assassiná-lo a sangue frio, como se ele fosse um traidor da pátria. E isso, eu jamais perdoarei! —  Disse e puxou o braço bruscamente, saindo logo em seguida, do quarto onde estivera nos braços do homem, regada a sex*, vinhos e maldades.  

Gustav olhou ao redor, o quarto silencioso, a cama de casal bagunçada, colchas brancas pelo chão vermelho, duas taças de vinho sobre um móvel marrom, algumas garrafas vazias, o quarto parecia mais leve depois da saída de Isabela. Até ele mesmo tinha horas que temia às maldades daquela mulher. Porém, tinha objetivos em comum, com ela, e precisavam trabalhar juntos.

***

Júlia conversava com os poucos trabalhadores da fazenda. Com as duas mãos na cintura, era guiada por uma legião de homens dispostos a permanecerem no seu ganha pão. Ao lado de Zé, ouvia atentamente o que poderia ser feito para alavancar a criação dos poucos gados que restavam, bem como a plantação do cafezal.

Zé contava a ela o quanto a população local sofreu com o fim do plantio de café e com a parada abrupta da produção de leite. Algumas pessoas se mudaram, outras, viviam em situações precárias, trabalhavam de dia para comer de noite.

— Depois que a senhora e a Duquesa partiram daqui a fome assolou nosso povo, dona Júlia. A gente ficou na miséria. — Revelou o sofrido homem, com um pesar no olhar.

Júlia parou um momento, com as duas mãos na cintura, encarou Zé e todos aqueles pobres homens, almas sofridas, ela sentia um peso enorme na consciência, no entanto, sabia que naquela época nada poderia ter sido feito, até para ela mesma a vida foi cruel.

— Ficamos esquecidos — continuou ele.

— O Zé está certo, dona Júlia, desculpe me meter na conversa, mas ainda hoje sentimos o peso da sua partida. — Interveio outro trabalhador.

— Muito bem, vamos começar com o pouco que temos. Precisamos ir até o cafezal, quero ver como estão as coisas por lá.

— Sim senhora. Podemos ir a cavalo ou a trator, a senhora decide. Ainda temos uns três por cá.

Júlia adorava dirigir trator, se recordava doutras épocas, dirigindo aquelas máquinas colossais por aquele verde, pelo cafezal, épocas maravilhosas, quando dividia a vida entre o campo e seu renomado trabalho como jornalista. Mas as coisas por vezes mudavam num piscar de olhos.

Ela sabia que recomeçar a produção de café envolvia uma série de fatores, principalmente o fator financeiro, mas Zé já a tinha alertado sobre um casal de empresários que gostariam de arrendar terras, então decidiu que após dar uma olhada nas terras do cafezal, sairia para conversar com casal que morava numa fazenda menor, vizinha à fazenda dos Valloni.

—  Zé, vamos comigo em um dos tratores, o restante do pessoal pode ir a cavalo mesmo. De lá, iremos conversar com os empresários.

— Sim senhora, dona Júlia.

Enquanto os outros homens seguiam a cavalo, Júlia e Zé foram pegar um trator azul, com a marca da nobreza Valloni.

Júlia, vestida com uma camisa de linho branca dobrada até os cotovelos e calças de aba justas, dirigia-se ao trator com passos firmes. Os raios dourados do sol filtravam-se pelas copas das árvores, refletindo no metal azul do trator, que ostentava com orgulho o emblema da família Valloni. O nome da marca, gravado em letras douradas e elegantes, reluzia como um sinal de prosperidade.

Zé, um homem já robusto, de rosto marcado pelo sol e pelas lidas no campo, aguardava ao lado da máquina. Usava um chapéu de palha gasto, camisa xadrez e botas sujas de terra. Ele a observava com admiração disfarçada; a jornalista parecia perfeitamente à vontade no ambiente rural, mesmo com sua postura urbana.

Júlia subiu no trator com destreza, segurando firmemente a alavanca para se apoiar enquanto tomava seu lugar no banco do motorista. Ajustou o assento e obteve os pedais, como quem sabia exatamente o que estava fazendo. Zé deu um leve sorriso ao ver sua determinação. Então se acomodou também, num dos lados em que ficava uma das grandes rodas.

— A senhora ainda dirige com a mesma maestria de anos atrás, dona Júlia. — Observou, animado por ela ter voltado.

— Existem coisas que a gente nunca esquece, Zé.

— Ah, isso lá é verdade.

Enquanto Júlia conduzia o trator pelo caminho de terra batida, sentia o motor roncar ritmicamente sob suas botas de couro sujas de terra, um som que combinava com o pulsar tranquilo da natureza ao redor. O vento, que soprava de leve, acariciava seu rosto e balançava com seus cabelos dourados, presos a um rabo de cavalo frouxo. Sob a luz do sol, que começou a se inclinar no céu da manhã, seus fios brilharam como se fossem capturados pequenos fragmentos de ouro. O calor do dia abraçava sua pele, mas o afresco do vento tornava o momento quase agradável, quase suficiente para distrair sua mente.

Quando o trator avançou, os girassóis começaram a surgir ao longo, suas cabeças amarelas externas para o sol, acompanhando seu percurso incansável no céu. O campo parecia um mar amarelo ondulando com a brisa, um contraste vibrante com o azul infinito acima. Havia algo de eterno naquele lugar, como se o tempo não tivesse poder ali, como se as flores sempre estivessem em plena glória. Júlia avançou a velocidade, permitindo-se observar por mais tempo. Era uma beleza que ela admirava desde jovem, mas que agora parecia envolta em uma camada de melancolia.

Em torno de uma milha dali o cenário mudou drasticamente. O antigo cafezal surgia à vista, ou o que restava dele. Árvores que antes se erguiam fortes e altas agora estavam secas, retorcidas, algumas completamente mortas. A terra, antes vermelha e fértil, exibia uma tonalidade pálida, marcada por rachaduras que conheciam de abandono e ausência de cuidado. Júlia sentiu o peso de uma comparação inesperada, o cafezal era o reflexo perfeito de sua vida.

Ela e Amerah tinham sonhos construídos naquele pedaço de terra, imaginando um futuro cheio de colheitas abundantes e dias felizes. Mas, assim como o cafezal, a relação delas tinha sucumbido ao passar dos anos, às tempestades que vieram e às secas que ficaram. A cada estação, parecia que uma parte do amor morria silenciosamente, até que sobraram apenas vestígios do que já foram, e hoje não eram mais.

“Preciso esquecer daquela mulher de vez.”

“Não posso me deixar levar de novo por aquele mar revolto.”

“Ela me odeia agora, e não a culpo, mas também não permitirei que ela me faça sofrer de novo.”

***

A imagem daquela criança de cabelos negros, encaracolados, chamando Júlia de mãe, ficou por muitos dias na mente de Amerah. Perguntava-se constantemente quem seria aquela criança, de onde viera? Seria mesmo filha de Júlia? E se fosse filha do maldito Gustav?

Pensar nisso fez o estômago de Amerah revirar.

Tinha mandado preparar o bimotor com urgência, para que pudesse partir para Sevilha, custava acreditar que Júlia tivera a audácia de morar naquele palacete sem a permissão dos Valloni.

Quem ela pensava que era?

A dona?

Também, o que esperar de uma mulher arruinada.

— Em que está pensando, meu bem? — Bárbara perguntou, enquanto caminhava pela pista de pouso ao lado de Amerah. — E por que me trouxe até o aeroporto? Não me diga que deseja fazer amor comigo dentro do avião? Sei que a Duquesa adora um bom sex*.

Amerah a encarou, séria.

— Não foi você mesma que disse que não estava mais disposta a ser um objeto meu? — Provocou.

Bárbara esboçou um sorriso, enquanto assentia.

— Sim, disse e reafirmo, de hoje em diante seremos apenas amigas. Gosto muito de você, é uma mulher a quem admiro, portanto, quero seu bem, apenas isso. Acho que daremos mais certo como amigas, mesmo.

— Se você diz. — Franziu as sobrancelhas, concordando.

— Não sei por que, mas acho que você, meu bem, ainda ama sua ex-esposa.

— Então sinto dizer que você está achado errado, não sinto absolutamente nada por aquela mulher. — Falou, orgulhosamente.

— Calma, Duquesa, não precisa ficar tão estressada, foi apenas um comentário.

— Um comentário de muito mau gosto. Tudo o que sinto por aquela infeliz é total indiferença.

— Aposto que conviver outra vez com Júlia Salazar vai fazer esse seu orgulho e essa sua indiferença caírem por terra.

— Garanto que não. — Garantiu nada convicta, e altivou o queixo.

As duas mulheres chegaram diante do avião e foram recepcionadas por um homem.

— Duquesa. Senhora. — Fez a elas uma reverência respeitosa.

Elas adentraram a aeronave e a porta foi fechada, fazendo com que ambas ficassem sozinhas lá dentro.

— Bom, quero saber por que tanto mistério. Qual motivo de tanto confete? — Bárbara se serviu com um pouco de uísque. Sentou e cruzou as pernas.

Amerah a fitou por alguns segundos, antes de começar a falar.

— Preciso de que tenha cuidado com Gustav e minha madrasta Isabela. Temo por sua segurança, uma vez que eles sabem que você é minha principal escolha para se tornar chefe de governo deste país. Preciso que já comece a interagir com os deputados, já conversei com Felipe, para que você seja nomeada como a próxima chefe de governo. Somente precisamos deixar tudo ajustado para o processo de investidura parlamentar. Por hora, tenho de ir para Sevilha conversar com Júlia, mas assim que deixar tudo resolvido por lá, estarei de volta. — Passou uma das mãos pelos cabelos e pegou o copo da mão de Bárbara, tomou um gole do uísque dela. — Preciso me preparar psicologicamente para lidar com os brutamontes da mídia. Temos um gigante contra nós.

— Mas...Júlia foi condenada por incriminar o parlamento com mentiras descabidas, Amerah...por pouco ela não causou uma desavença entre os parlamentares e os monarcas. — Sacudiu a cabeça. — Além, claro...do que aconteceu entre ela e Gustav. — Falou observando o maxilar da bela morena enrijecer de raiva. — Não acho que reatar com aquela mulher vá te fazer bem.

A duquesa deu de ombros, mostrando indiferença.

— Júlia nada significa para mim, apenas isso somente permanecerá até que você seja eleita chefe de governo. Depois disso, aquela mulherzinha some da minha vida.

— Bom, meu bem, espero que você saiba o que está fazendo, realmente. Vou tentar tomar cuidado com os meus inimigos.

— Faça isso, e não deixe de me comunicar a respeito de absolutamente nada que você veja de anormal. Não se esqueça de que somos manheiras vulneráveis navegando por mares revoltos.

— Vamos nos falando. — Levantou-se e deu um beijo no rosto de Amerah, logo em seguida saiu do avião.

Pela pequena Janela, a duquesa acompanhava a bonita política, com os olhos vidrados.

Barbara era uma boa mulher e nela confiava cegamente.

Desviou a atenção da janela e ordenou que partissem para Sevilha. Não era de seu agrado encontrar com Júlia, só de pensar nela sentia seu corpo quente, mas era quente de ódio, chegava a borbulhar como lavas prestes a saírem de um vulcão.

Mais uma vez a porta da aeronave foi fechada.

No pequeno rádio, ouviu a voz quase mecânica do comandante de voo, informando que estavam prestes a partir.

Amerah sentia o corpo pesado, a cabeça latej*v*.

Preocupações!

As suas eram inúmeras.

Afivelou o cinto.

Suspirou e fechou os olhos, apoiando-se no banco confortável.

***

Júlia e Zé chegaram à imponente fazenda da família Almonte no meio da tarde, quando o sol ainda pairava sobre as colinas ao redor. O portão de ferro forjado, com o brasão da família gravado no centro, se abriu lentamente, revelando uma alameda ladeada por fileiras de árvores frondosas. No final do caminho, uma mansão de estilo colonial se erguia, com sua fachada imponente pintada de branco e detalhes em tons de azul celeste, refletindo a elegância e o poder dos Almonte.

Os Almonte eram conhecidos por serem empresários astutos e de visão, donos de inúmeras propriedades agrícolas e investidores em diversos setores. Ricardo e Helena Almonte, o casal que comandava os negócios, eram figuras proeminentes na região. Helena, com seu porte elegante e um sorriso calculado, parecia avaliar tudo e todos com um olhar perspicaz. Ricardo, por sua vez, era mais direto, um homem de poucas palavras, mas conhecido por sua habilidade em fazer negócios.

Júlia se mantinha firme e confiante. Ao seu lado, Zé, com um semblante sereno, mas com olhos que revelavam anos de experiência no campo, parecia à vontade, apesar da grandiosidade ao redor. Eles foram conduzidos ao escritório da mansão, onde uma mesa de madeira maciça e uma enorme janela com vista para os cafezais criaram um cenário digno de grandes novelas.

Os contratantes se acomodaram em cadeiras e poltronas, então deram início a uma conversa que os levaria a um fechamento de um grandioso contrato agrário.

Depois de horas de discussão, ajustes contratuais e a revisão cuidadosa de cada cláusula, o acordo foi selado. Ricardo segurou a mão de Júlia com firmeza, enquanto Helena, com um sorriso calculado, anunciou que agora em parceiros de negócio.

Zé saiu da fazenda dos Almonte um pouco antes de Júlia, que somente deixou o local perto do pôr do sol.

Ela dirigia o trator numa velocidade compassada, contemplava toda a exuberante paisagem que a cercava. Depois de dirigir mais um pouco, parou o trator por um momento, descendo para pisar na terra seca. A poeira subiu em pequenos redemoinhos ao redor de suas botas. Ela se agachou, pegando um bocado da terra em suas mãos, deixando-a escorregar entre os dedos. Ali, diante daquele cenário desolado, Júlia sentiu algo se agitar dentro de si — uma mistura de tristeza, arrependimento e, talvez, uma pequena centelha de esperança. Afinal, mesmo os campos mais devastados puderam ser replantados, se houvesse vontade e cuidado. Mas ela sabia que, ao contrário do cafezal, replantar o amor era algo mais profundo e carecia de muita compaixão, perdão e força de vontade.

Observou o belo campo de girassóis, quantas lembranças boas tinha dali.

Fechou os olhos, deixando o vento acariciar seu rosto salgado pelo suor do dia, sem querer, algumas lágrimas escorregaram solitariamente por sua pele.

***

Amerah chegara ao palacete e já foi logo em busca de Júlia, era uma mulher que não tinha tempo a perder.

Lá foi informada de que a jornalista saíra com alguns trabalhadores para visitar o que restou do cafezal.

Sem mais delongas, a duquesa montou um cavalo preto e saiu em busca da ex-esposa.

Cavalgou durante algum tempo, até chegar ao campo de girassóis e presenciar Júlia entre aquelas belas flores.

Nunca tivera dúvidas de que ela estaria ali.

Ainda montada sobre o imponente animal, mirou a loira por algum tempo, até finalmente criar coragem para falar com ela. Olhando-a agora mais de perto, percebia que Júlia nada mais significava para si, poderia ser apenas mais uma pessoa indiferente, não fosse o ódio que sentia por ela. Mas por hora, precisava colocar o futuro da monarquia acima de qualquer coisa. Segurando firmemente as rédeas do valente animal, galopou com velocidade desnecessária até perto de Júlia, como se desejasse causar medo ou quem sabe chamar atenção.

Júlia se assustou com o relinchar do cavalo.

Virou-se para olhar o que era, então a viu!

Imponente, poderosa, uma verdadeira dama que parecia carregar em si a essência de toda a linhagem nobre a qual pertencia, ainda que seus gestos dessem sinais de uma alma indomada. Tentava disfarçar sua natureza selvagem com as roupas formais que vestia, como o conjunto de calça e blazer ajustado que trajava naquele momento, moldurando um corpo magro e de curvas bem definidas. O tecido, elegante e bem cortado, contrastava com a pelagem escura do cavalo que montava, criando uma imagem que parecia saudar tanto a sofisticação quanto a força.

Mirou aquele rosto bonito, a pele branca sendo beijada pelo sol...os lábios exigentes...vermelhos com uma linda rosa que desabrocha na primavera.

Seus olhos, profundos e de um escuro hipnotizante, fitaram o horizonte com intensidade. Havia neles um brilho peculiar, algo que desafiava definições, nem ternura, nem ameaça, mas um misto fascinante de mistério e indiferença, como se guardassem cicatrizes que ninguém jamais fosse capaz de curar.

Júlia sentiu o ar deixar seus pulmões por meros segundos, por um momento pensou estar diante de uma aparição, mas logo se deu conta de que era mesmo Amerah.

— Sabia que a encontraria aqui. — Olhava a ex-esposa altivamente, ainda sobre o cavalo.

— Não me diga. E o que uma mulher tão importante quanto a duquesa faz aqui? Com essas roupas impecáveis, vai se melar de terra. — Falou e a viu descer do cavalo, dando alguns passos em sua direção, ignorando totalmente o que foi dito.  

— Soube que voltou a morar no palacete. Só não entendi que direito você acha que tem sobre aquele lugar.

— Até onde sei, ainda somos casadas, e acho que tenho algum direito de morada aqui.

— Não tem direito a absolutamente nada, nunca teve. — A voz ríspida parecia cortar Júlia em pedaços.

— Você passou mais de seis anos sem vir aqui, o que a traz aqui agora? Veio infernizar minha vida? Por acaso ainda não conseguiu esquecer da sua esposa traidora? Ora, duquesa, não seja tão modesta.

— Nos dias de hoje, você nada significa para mim.

— E nem você para mim. — Júlia a desafiou, encarando-a no fundo dos olhos. Depois fez menção de sair, mas foi detida pela mão de Amerah em seu pulso.

— Ainda não terminei, aonde você vai?

— Mas eu sim, não temos nada para conversar. Nosso diálogo se encerrou há seis anos.

Amerah podia sentir o calor que fluía do corpo da ex-esposa, podia quase sentir a raiva que pulsava em seu coração...sentiu o cheiro fraco do perfume...lembranças que a transportaram para épocas em que a teve nua em seus braços...totalmente entregue ao desejo que a possuía. Mas logo tratou de dissipar aqueles pensamentos intrusos.

Júlia sentia a mão firme e macia em sua pele...o cheiro do perfume bom...o toque feminino.

— Não terminei ainda.

— Mas eu sim.

As duas se encararam por um longo tempo, até que Amerah falou outra vez.

—  Quero que volte a ser minha esposa. — Disse de supetão, causando em Júlia uma espécie de torpor.

A jornalista encarou mais incisivamente a ex-esposa, mas não viu naqueles olhos negros nenhum tipo de emoção, tudo que via era ódio, ressentimentos.

Não compreendeu o que Amerah queria com aquela conversa descabida.

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Vamos ver o que Júlia vai achar dessa ideia de Amerah. rsrs

Bjsss, até o próximo capítulo. 

Thaa : )


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Comentários para 7 - Capitulo 7:
Sissi
Sissi

Em: 23/02/2025

Que coisa! Júlia sendo obrigada aceitar.

Responder

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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 12/12/2024

Oi Thaa.

Será que a Júlia vai aceitar? Ansiosa pelo próximo capítulo. 

 


Thaa

Thaa Em: 14/12/2024 Autora da história
Oi, meu bem.
Será que Júlia terá escolha? rsrs
Bjsss!


Responder

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Dressa007
Dressa007

Em: 28/11/2024

espero ansiosa para o proximo capitulo


Thaa

Thaa Em: 14/12/2024 Autora da história
Oi, Dressa!
Hoje sai..rsrs.

Bjsss!


Responder

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HelOliveira
HelOliveira

Em: 23/11/2024

Julia não vai gostar nem um pouco, mas que escolha ela teria....?

Mas aos poucos quero ver Amerah perder essa marra

Até o próximo 


Thaa

Thaa Em: 14/12/2024 Autora da história
Oi, Hel!
No emaranhado em que se encontra, não vejo muitas escolhas para Júlia. rsrsrs
Bjsss!


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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 21/11/2024

Alguém avisa a elas que vai terminar em reconciliação kkkkkkk.


Thaa

Thaa Em: 14/12/2024 Autora da história
Oi, Marta!

kkkkkk será hein? Vamos aguardar por essa reconciliação.


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Val Maria
Val Maria

Em: 21/11/2024

Olá quridissima autora! 

Espero que a Júlia também trate a Amerah da mesma forma como é tratado, pois a mesma é mais vítima dessa situação que a duquesa.

Esse Gustav e a Isabella é um par perfeito da inveja, mas será que a Júlia nunca desconfiou desse cara?

A Júlia vai ter que aguentar a Amerah por perto, afinal tudo pertence  sua família da arrogante,e a Júlia precisa morar ali.

A o próximo capítulo Thaa.


Thaa

Thaa Em: 14/12/2024 Autora da história
Oi, Val!
Júlia conhece as artimanhas da ex-esposa, vamos ver como ela vai lidar com a Duquesa quando passarem a viver debaixo do mesmo teto. rsrsrs
Bjsss!


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Mmila
Mmila

Em: 20/11/2024

Vai ser a perdição de Amerah.

Para a Júlia, um sofrimento a longo prazo.

Mas. vamos acompanhar o desenrolar da história que está excelente!


Thaa

Thaa Em: 14/12/2024 Autora da história
Oi, Mila!
Tô achando que essa convivência vai dar muito rolo..masss...vamos aguardar rsrsrs
Bjsss!


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Tuka
Tuka

Em: 20/11/2024

Muito bom! 
Aguardando o próximo capítulo 


Thaa

Thaa Em: 14/12/2024 Autora da história
Oi, Tuka!
Tá saindoooo hoje.
rsrs
Bjssss!


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Tuka
Tuka

Em: 20/11/2024

Muito bom! 
Aguardando o próximo capítulo 

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