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Bodas de Odio por Thaa

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Palavras: 4073
Acessos: 1242   |  Postado em: 10/11/2024

Capitulo 6

 

Capítulo 6

— O que você pensa que faz aqui? — Amerah perguntou baixinho, ao se aproximar da barraca de Júlia.

Júlia achou que fosse ter um infarto. Seu coração estava aos pulos, a garganta totalmente seca. As mãos suavam e as pernas tremiam. Aquilo só podia ser um karma. Um castigo. O que aquela mulher fazia ali? Perguntou-se mentalmente. Será que teria ido ao palacete? Era muito azar para sua vida, desesperou-se.

— Bem, isso não é da sua conta. Até onde sei, sou uma mulher “livre” dentro deste país. — Enfatizou a palavra livre, pois apesar de poder andar livremente por todo o País, não poderia sair dos limites dele até que sua pena terminasse.

— Foi considerada uma traidora. Tivéssemos em tempos medievais, com certeza, você teria sido decapitada igual a rainha Ana Bolena.

— Por quem? Por uma tirana feito você? — Júlia ironizou. — Ah, por favor.

— Por tantas pessoas que você nem ousaria imaginar. — Falou entredentes e se aproximou mais da barraca. — Agora, quem te deu permissão para vir até este lugar?

— Não sabia que a Duquesa também era dona da vila. — Falou, irritada.

— Mando em muita coisa neste país.

— Só não manda em mim. — Procurou se afastar, e já percebendo que as pessoas começavam a notar a confusão, disse — aposto que você não deseja outro escândalo para sua família perfeita, Amerah, afinal, não foi também por isso que você me chutou da sua vida como se eu fosse um vira-lata?

As duas mulheres se encararam por alguns segundos, como que relembrando memórias antigas de um passado bom. Mas Júlia já não estava disposta a perdoar a ex-esposa, assim como Amerah não estava igualmente disposta a perdoar Júlia. O casamento feliz que antes as unia se tornou em “bodas de ódio”.

— Você nunca honrou minha família, nunca esteve à altura da realeza.

— E você sente tanto orgulho de si mesma e da sua família, mas não passa de uma cretina.

— A traidora aqui não sou eu, ou você, com essa cara de virgem escandalizada, já se esqueceu daquele episódio, portanto não me culpe pelos erros que você cometeu.

— Não cometi erro nenhum! — Júlia falou em alto tom de voz. — Minha consciência está limpa.

— Basta! Se eu pudesse nunca teria te conhecido. Aquele casamento ainda amarga em minha boca como se fosse fel.

— E por que você não me dá o divórcio, já que me odeia tanto assim? Ah, nem me diga, eu já sei! Certamente, a Duquesa não quer mais causar escândalo na família real. — Júlia enfrentava a ex-esposa como se fosse Davi enfrentando Golias.

— Não se preocupe, tenho esperado por esse dia tanto quanto você. Em breve farei os preparativos e aí você some de vez da minha vida. Foi um grande erro ter te conhecido.

Júlia mirou aqueles olhos negros da ex-esposa, recordou-se dolorosamente do quanto eles foram felizes um dia, agora nada mais eram do que dois poços de ódio prestes a consumi-la por inteiro. Ainda a amava, isso não podia negar, mas não queria ser tragada pela fúria cega daquela arrogante e orgulhosa mulher.

Ergueu a cabeça, tentando não ser traída pelas próprias emoções.

— É, em breve você vai ser ver livre de mim, e será também livre para ter suas amantes ao seu bel prazer.

Amerah semicerrou os olhos e respirou fundo. Aproximou-se de Júlia e falou com a boca praticamente colada à orelha dela.

— Quem está ou deixa de estar na minha cama, não apetece a você, uma vez que não temos mais nenhum tipo de compromisso, ou não vá me dizer que ainda sente falta do meu corpo junto do seu? — Ironizou, causando uma fúria cega em Júlia.

— Você não passa de uma safada, cretina. — Pronunciou baixinho, para que as pessoas não a ouvissem.

— Suas “belas” palavras não me ofendem.

— E por que ofenderiam, se isso é o que você é?

— Trate de sair desta vila, ou mesma farei com que te expulsem daqui. — Dito isso, Amerah se afastou e seguiu seu caminho. Andava rapidamente, como se fosse o diabo fugindo da cruz. Dentro dela, ainda havia uma chama antiga, teimando acender a qualquer momento. Soltou uma respiração exasperada, passou uma das mãos pelos fios negros e macios, que reluziam sob a luz do sol.

“O destino só pode estar de brincadeira comigo”, pensou furiosamente. Respirava de maneira tão profunda que era como se seus pulmões fossem explodir a qualquer momento.

Não conseguia compreender por que a ex-esposa ainda mexia tanto com ela, mesmo depois de decorrido tantos anos.

“Que tipo de maldição os deuses jogaram sobre mim?”

Questionou-se em pensamentos.

***

Júlia ainda tremia o corpo todo. Soltou um suspiro de exasperação e se abaixou para abraçar Alice, na tentativa de se acalmar.

Claudinha presenciara toda a sena, uma vez que estava numa outra barraca ao lado da barraca de Júlia, então logo se aproximou para perguntar se amiga gostaria de beber uma água para se acalmar.

— Obrigada, Claudinha.

— Por nada, Júlia. Acho melhor você voltar ao Palacete e tentar esfriar a cabeça.

— E se ela estiver lá?

— A Duquesa deve estar hospedada em algum hotel. Há anos ela não vem a este lugar.

Júlia suspirou e se levantou.

— Então...não entendo por que ela apareceu aqui. — Falou de maneira exasperada.

— Deve ter vindo resolver algo de muita urgência, conhecendo bem a Duquesa, ela gosta de fazer tudo certo.

— Ou apenas finge fazer tudo certo. — A voz de irritação era indisfarçável. — De qualquer forma, terei de enfrentá-la, se por acaso estiver no palacete.

— Pode ir tranquila, Jú, eu termino de fazer tudo por aqui, e à noite ou amanhã, a gente conversa melhor sobre as continuações das vendas.

— Obrigada, Claudinha.

— Vá tranquila, amiga. Eu cuido das coisas aqui.

Júlia retornou ao palacete com o coração na mão. Mal conseguia andar direito de tão nervosa que estava. Um reencontro com Amerah foi capaz de causar nela inúmeras sensações e um destas sensações foi a mais triste de todas, perceber que ainda a amava, apesar de tudo o que Amerah a fez passar.

O amor às vezes era mesmo uma tragédia prenunciada.

***

Amerah chegou ao hotel e logo subiu as escadas que levavam até o seu quarto. Adentrou o cômodo e trancou a porta com a chave, não desejava ser incomodada por absolutamente ninguém. Júlia? O que ela fazia ali? Essa pergunta não saía da sua cabeça, ficava ali atentando, como se fossem pequenos diabinhos persistentes e vestidos de uma maldade sobrenatural. Caminhou até uma poltrona de couro marrom, perto da janela, e ficou a contemplar o horizonte, o verde que se perdia de vista ao longe. Cruzou as longas pernas, de maneira paciente, ficou em silêncio, apenas ouvindo o som da própria respiração e dos pássaros que cantarolavam do lado de fora da grande janela do hotel. O destino às vezes era o pior traidor, disso não tinha a menor dúvidas. Passivamente, mexia os dedos sobre a pena, como uma pianista mexe com maestria sobre as teclas de um piano.

Maldita Júlia, como gostaria de fazê-la sofrer, assim como ela um dia lhe fez, traição, tramou pelas suas costas, como pôde um dia confiar no amor daquela mulher? Apesar de ser uma víbora, Isabela nesse ponto sempre tentou lhe alertar a respeito de Júlia. Uma pobre e miserável jornalista brasileira, que somente casou uma Duquesa por dinheiro, mas no fundo, foi a um homem que ela sempre amou. Como aquela infeliz pôde se prestar aquele papel? Casar-se, deitar-se, ser tocada por outra mulher apenas por puro interesse? As lembranças a fez bater o punho fechado sobre a própria perna. Fechou os olhos e pensou naqueles olhos verdes, belos, mas traiçoeiros. Um dia a amara tão intensa e profundamente, que achou que fosse morrer ao saber do que ela fez junto com o maldito do Gustav, seu primo, dava-lhe asco pensar que aquele maldito tinha o mesmo sangue que o seu. Outra vez bateu o punho fechado, mas agora na parede. Queria dissipar a raiva que parecia consumir seu interior como fogo vivo.

Como pôde ser tão cega durante aqueles anos todos.

Será que o amor cegava as pessoas?

Sentia o ódio consumindo seu corpo, como as chamas consomem a madeira.

Passou uma das mãos pelos cabelos.

Respirou fundo.

Pensando no que faria.

***

Júlia não sabia descrever o alívio que sentiu ao saber que Amerah não apareceu no palacete.

“Graças a Deus.”

Fez uma prece silenciosa e sorriu.

Agora se sentia um pouco mais em paz.

— Mas por que você chegou perguntando por minha irmã, Júlia? — Aurora ficou curiosa para saber.

— Por nada, querida, apenas achei que tinha visto alguém parecido com ela, lá na vila.

— Ahh, sim! — A adolescente sorriu meneando a cabeça, como que achasse mais do que impossível Amerah aparecer por ali. — Deve ter sido engano seu. Minha irmã jamais viria aqui se não fosse por alguma causa bastante séria. Ainda mais com o tanto de compromissos que aquela mulher tem. — Revirou os olhos em sinal de tédio. — Papai deixou tudo nas mãos dela e nas mãos da minha madrasta Isabela. Desde então elas vivem em pé de guerra. — Esboçou um sorriso achando patética toda a situação.

Júlia assentiu, pensando em que tipo de assunto poderia ter levado Amerah até a vila.

— É...sua irmã deve ser uma mulher muito ocupada, além da empresa, ela ainda cuida dos assuntos da realeza.

— Ela sempre fez de tudo para não manchar o nome da nossa família. A doutrina que ela prega é a de que a monarquia sempre será mais virtuosa para um país, mais moral e mais justa, sem tanta corrupção. É mais fácil para o povo acompanhar um único rei, do que vários políticos, esses charlatões só pensam em si mesmos.  

— Nessa parte sua irmã está certa. Mas por que veio morar aqui?

— Ah, isso é uma longa história, Júlia.

— Dizem que sou uma boa ouvinte.

Júlia sentou no sofá.

Aurora sorriu, assentindo.

— Na verdade, eu estava no colégio com o meu grupo de amigos, então eles começaram a zombar de uma garota por ela ser bolsista, nisso, a garota acabou caindo e quebrando o braço, então colocaram a culpa em mim. Foi isso.

— Mas zombar das pessoas é feio, Aurora.

— Eu sei, mas não foi eu, Júlia, juro.

— Acredito em você, mas não devemos nos juntar com pessoas que não respeitam os outros, mocinha.

— Não vou mais me juntar com eles. Ficarei neste lugar decadente até completar meus 18 anos, pior de tudo foi meu pai ter concordado com essa palhaçada. Ele sempre faz tudo o que a minha irmã quer. Naquela casa eu era um zero à esquerda, nunca me senti parte da família. — Os olhos da jovem se encheram de lágrimas, então Júlia a abraçou com carinho.

— O tempo passa rápido, Aurora. Logo você estará de volta a Madri.

— Eu acho que sim. — Sorriu meio desanimada. A tristeza em seu olhar era visível, denotava a sensação de abandono que sentia por dentro.

— Enquanto isso, podemos facilmente arranjar algo para fazer, tem bastante coisa por aqui. Se você quiser, claro.

— Quero sim, assim não me sinto tão entediada neste lugar. Não entendo como você e a minha irmã conseguiram morar nisso aqui por tanto tempo. — Entediada, a jovem se jogou no sofá. Não largava o celular das mãos.

— Eu amo este lugar, tem muitas coisas lindas por aqui, parecem saídas de um belo conto de fadas.

— O que, por exemplo?

— O campo de girassóis, o cafezal. Muitas coisas lindas. Coisas simples as quais não encontramos nas grandes cidades.

— Você parece mesmo amar este lugar.

Júlia sorriu assentindo.

— Posso brincar lá fora com a Alice?

— Claro que sim, só tenham cuidado para não ir muito longe.

— Nem se eu quisesse eu poderia ir a outro lugar, Júlia, não com aqueles dois brutamontes lá fora, minha irmã os colocou para cuidar de mim. Então... — deu de ombros.

— Tudo bem, qualquer coisa me chame. Estarei no escritório resolvendo algumas situações do palacete.

— Certo! — Com Alice nos braços, Aurora saiu da residência.

Após observar as meninas seguirem para fora do palácio, as risadas das duas ainda ecoando pelo corredor, Júlia suspirou. O dia parecia simples diante daquela imagem, mas dentro de si, ela carregava o peso de preocupações que não podiam ser ignoradas. Decidida, clamou-se com agitação pelos corredores antigos, cujas paredes eram adornadas por tapeçarias e quadros emoldurados, rumo ao escritório.

Ao entrar no espaço, Júlia sentiu uma onda de nostalgia. O escritório era amplo, com janelas altas que deixavam a luz natural banhar o ambiente em tons dourados. As estantes de mogno estavam repletas de livros antigos, que ela mesma colecionou durante sua carreira como jornalista conceituada. No centro do cômodo, dominando a sala, havia uma escrivaninha imponente, nada rebuscada, mas feita de madeira nobre e decorada com consagrações feitas nas bordas, mostrando uma habilidade artesanal que remontava aos tempos da antiga nobreza.

Ela se acomodou atrás da escrivaninha, sentindo o toque frio da madeira sob os dedos enquanto ajeitava alguns papéis. Por um momento, fechou os olhos, tentando se reconectar com aquela versão de si mesma quando fora uma profissional admirada e temida nos círculos jornalísticos. Inspirou profundamente antes de pedir para que Cândida, Claudinha e Zé adentrassem o ambiente.

— Aqui estamos, dona Júlia. — Cândida já foi logo dizendo ao entrar.

— Que bom, preciso conversar com vocês. — Sorriu de maneira gentil. — Chamei-os aqui porque quero saber como está o andamento das coisas por aqui, o campo de girassóis, o cafezal, o gado, o pasto. Nestas terras ainda existe muita vida?

— Depois que a senhora e a duquesa foram embora, restaram poucas vidas por aqui. — Respondeu Zé, com certo pesar nos olhos decadentes.  

Júlia comprimiu os lábios e apenas fez um gesto positivo com a cabeça.

— Então vamos trazer vida de novo a este lugar. — Falou observando a expressão de alegria no rosto dos três.

— Aqui, como a senhora bem sabe, eu cuido dos afazeres domésticos do palacete, Claudinha me ajuda também, assim como minha neta Camila. Já o Zé, cuida da parte mais campestre junto com outros poucos homens que trabalham em troca de comida e leite para as famílias.

— Entendo. E quem são esses homens, Zé?

— São uns conhecidos meu, dona Júlia.

— Quantos são?

— Uns dez, às vezes um pouco menos que isso.

— Compreendi, vou precisar que você os chame para uma reunião amanhã aqui comigo, às três da tarde.

— Sim senhora. Pode deixar que amanhã mesmo eles estarão por aqui. Mas não os demita, eles precisam desse trabalho.

— Eu não faria uma coisa dessa, Zé. E te agradeço pelos cuidados neste lugar. Por enquanto, é somente isso, obrigada por terem vindo. Claudinha, se você puder ficar, preciso conversar contigo.

— É claro, Júlia.

Zé e Cândida deixaram a sala.

A sós com Claudinha, Júlia passou as duas mãos pela face vermelha.

— As vendas deram certo, tivemos um lucro até razoável, Júlia.

— Ótimo, mas...e Amerah, o que ela veio fazer aqui?

— Os boatos que correm na vila são de que a duquesa veio se desculpar com a família de uma menina. As más línguas dizem que a irmã mais nova da duquesa foi culpada pela quebra do braço de uma garota, na escola onde estudavam. Então a sua ex-esposa veio trazer um presente como pedido de desculpa.

— É...ela acha que presentes resolvem as coisas. — Sacudiu a cabeça negativamente.

— A duquesa está ainda mais linda do que me lembrava, bastante séria também. Ela sempre foi de dar medo.

Júlia fechou os olhos, recordando-se do momento em que a viu. Sim, a ex-esposa estava linda demais. O cheiro do perfume, os lábios macios quase tocando sua pele, que tentação, que pecado, ainda amar aquela mulher arrogante.

— Sempre foi uma mulher muito bonita, não à toa tem inúmeras amantes. — A voz mudou de tom, enfatizava um ciúme que nem ela mesma percebia ou apenas se negava a perceber. Sentia-se furiosa só de imaginar outras mulheres nos braços de Amerah. Mas isso já não era um problema seu. Levantou-se exasperada, com as duas mãos na cintura.

— Bom, Júlia, de qualquer forma, a duquesa agora é uma mulher solteira, livre, desimpedida.

— Ai, amiga, você sempre uma pessoa tão franca.

Claudinha sorriu.

— É bom sermos verdadeiros, o que não é bom é sermos mentirosos apenas para agradarmos aos outros.

— É...isso é verdade.

— Você pensa em tocar a fazenda, Júlia? E o cafezal? — Inquiriu Claudinha, os olhos brilhando com um interesse genuíno.

Júlia respirou fundo, voltando a sentar na cadeira, recostando-se na nela enquanto encarava a mulher à sua frente. Havia uma determinação clara em seu olhar, um sinal de que já havia pensado muito sobre o assunto.

— Sim, farei isso — falou confirmando com um aceno firme. — Por isso pedi para que Zé trouxesse os trabalhadores avulsos aqui. Vamos revitalizar o cafezal, torná-lo produtivo novamente. É um desafio, mas estou disposta a fazer dar certo.

Claudinha, inclinada para frente, os cotovelos apoiados na mesa de Júlia, esboçou um sorriso positivo.  

— Você realmente é uma mulher incrível, braçal...linda e atraente, esses cabelos cor de ouro e esses olhos cor de azeitona, são de dar inveja.

Júlia, pega de surpresa pelo elogio direto, soltou uma risada tímida. Ela não estava acostumada a ser o centro de atenções dessa forma, especialmente quando se tratava de elogios à sua aparência. Suas bochechas coraram imediatamente, um rubor suave a deixou ainda mais encantadora sob a luz suave que entrava pelas janelas.

— Aos teus olhos, Claudinha, é que sou tudo isso.

— Aos olhos de muitos, minha amiga.

Elas continuaram conversando por mais alguns minutos, suas vozes baixas preenchendo o escritório com confiança suave. Falaram sobre os planos para a fazenda, as possibilidades de expandir o cultivo do café e até mesmo sobre alguns projetos pessoais que Júlia tinha deixado de lado, mas que agora considerava retomar. Claudinha ouvia com atenção, intercalando a conversa com sugestões.

Falaram detalhadamente sobre os planos, traçando estratégias para revitalizar o cafezal, que nos últimos anos foi deixado de lado. Júlia, em seu tom firme e determinado, explicou suas ideias, contratar mais trabalhadores sazonais, reutilizar o maquinário antigo, e, quem sabe, até diversificar as plantações com cultivos alternativos que pudessem complementar a produção de café. Claudinha ouvia com atenção, os olhos brilhando com uma excitação que refletia o da própria Júlia.

— Já que minha carreira de jornalista renomada foi arruinada, vou tentar pelo menos fazer algo bom enquanto estiver por aqui. —  Júlia falou, e havia uma leveza melancólica em seus olhos, como se estivesse revivendo os sonhos que um dia guardou no fundo do coração. — Às vezes sinto falta daquela parte de mim, da mulher que eu era antes de tudo isso acontecer. Mas a vida aqui, a fazenda... elas também fazem parte de mim agora — refletiu, enquanto mexia distraidamente com a caneta.

Claudinha assentiu com compreensão, sabia do peso que Júlia carregava em equilibrar seus sonhos pessoais com as responsabilidades que assumira. Ela se inclinou levemente para frente, como se quisesse enfatizar seu apoio à grande amiga.

— Você sabe que pode contar comigo.

— Eu sei...obrigada, amiga.

Trocaram mais algumas palavras e se despediram.

***

Isabela segurava as fotos em suas mãos como se estivesse a segurar a joia mais valiosa do mundo, segurava com um cuidado quase reverente, como se fossem relíquias preciosas, seus dedos finos deslizando pelo papel fotográfico com um toque suave. A cada imagem que revisava, seus olhos se estreitavam, brilhando com um misto de malícia e triunfo. Aquelas fotos eram, sem dúvida, uma chave para sua vingança, uma coleção de momentos incriminadores que, uma vez expostos, iriam despedaçar a vida de alguém. Ela sabia o poder que tinha em suas mãos, e o sabor da vitória iminente.

O destino só podia ter sorrido para ela.

De repente, uma gargalhada sádica escapou de seus lábios, um som que ecoou pelo ambiente silencioso. Foi uma risada compartilhada de crueldade e autossatisfação, como se o próprio destino tivesse conspirado para colocar aquelas provas em suas mãos. Ela podia quase ouvir as histórias de escândalo que iriam circular em breve, os rostos chocados e sua amada enteada arruinada.

Imediatamente, pegou um telefone e discou um número de um diretor de jornal famoso, pediu para que ele publicasse a matéria com uma manchete bem escandalosa.

Com um suspiro satisfeito, a lady se recostou na sua cadeira de couro cor de vinho, afundando-se no estofado macio. O ambiente ao seu redor era um reflexo de sua personalidade, luxuoso, imponente e cheio de toques extravagantes. As paredes eram adornadas com obras de arte contemporâneas, e uma estante cheia de livros de capa dura ocupava um dos cantos, dando ao escritório um ar sombrio e nobre...igual ela.

***

— A senhora precisa ver isso, duquesa. O seu pai mandou chamá-la agora mesmo. — Falou um dos empregados mais antigos da propriedade dos Valloni, ao ver Amerah descer devagar pela escada curvilínea que enfeitava a esparsa sala da propriedade da família.

— Ora, mas que escândalo é esse, homem? Até parece que estão tocando fogo neste lugar. — Ironizou.

— Acho ser bem pior que isso, senhora.

Pela expressão de euforia, Amerah sabia que a coisa era séria. Ajeitou o laço do robe preto e foi até o escritório do pai, que já a esperava sentado numa poltrona, enquanto fumava seu charuto, na tentativa de dissipar a preocupação.

— Papai, mandou me chamar? — Caminhou lentamente até perto de Arthur.

— O que isso significa, Amerah? — Estendeu um dos jornais mais famosos do país, e declarado inimigo capital dos Valloni, para a duquesa, que parecia alheia a tudo o que passava naquele momento. Poucas vezes viu o pai com aquela cara de sério.

Ela pegou o jornal das mãos do duque de maneira quase abrupta. Fixou os olhos na manchete enorme onde tinha escrito “ESPOSA OU AMANTE?” Logo em seguida, abaixo da manchete, havia sua foto e a de Júlia no banco de queijo, no exato momento em que aproximou os lábios da face de Júlia, como se fosse beijá-la.

— Isso aqui é culpa da maldita da sua esposa! — Amerah vociferou entredentes e amassou todo o jornal, depois pegou o isqueiro do pai e tocou fogo no papel.  

— Não meta a Isabela nos problemas que você mesma arranja, Amerah. — Arthur falou em tom de voz firme. — Estamos a poucos dias de escolhermos e novo presidente do país e você me aparece com isso? Numa manchete de jornal com aquela mulher? — Meneou a cabeça resignado. — Agora escolha, ou você reata o casamento com a sua ex-esposa ou você arranja um jeito de colocá-la de volta na cadeia ou então quem sabe dar um fim a ela.

— Jamais me submeteria reatar um casamento com uma mulher a quem odeio com todas as minhas forças! — Bateu o punho fechado sobre a escrivaninha do pai.

—  Escolha! Das duas uma. Ou você escolhe ou arranjaremos mais um escândalo e estaremos arruinados! Ou você inventa uma história convincente e diz que foi reatar o casamento com a sua ex-mulher ou você diz que foi declará-la como inimiga. Nessas artimanhas você é mestra, minha filha. A escolha é sua.

A duquesa passou uma das mãos pelos cabelos úmidos.

Respirou exasperada.

Maldição!

Estreitou os olhos sabendo que sua madrasta Isabela estava por trás de tudo aquilo.

— O senhor está cego, não vê que sua esposa é uma cobra peçonhenta, das piores e mais venenosas que existem.

—  Ao menos não foi a minha esposa que me traiu.

—   Basta, papai!

—   Ou quem sabe posso mandar dar um fim a vida dela eu mesmo.

Amerah o fuzilou com os olhos.

— Não ouse tocar o dedo naquela mulher, papai. Dos meus problemas cuido eu. — Furiosa, deixou o escritório do pai e bateu a porta com toda força.

Precisava resolver aquilo imediatamente.  

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Olá, meninas. Demorou um pouco, mas saiu. Em breve, o próximo. 

Amerah precisa fazer uma escolha, então...rsrs. 

Bjss, Thaa. 

:)


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Comentários para 6 - Capitulo 6:
Sissi
Sissi

Em: 23/02/2025

Coitada da Júlia! Até quando?

Responder

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Val Maria
Val Maria

Em: 12/11/2024

Coitada da Júlia viu, não dá sorte mesmo, mas vai ser show elas dividirem o mesmo teto. Só espero que a Júlia não baixe a cabeça para Amerah e aceite suas maldades. Sabia que essa megera,ou Isabela têm todos os dedos podres nesse separação. 

Ansiosa estou para o próximo capítulo.

Amo demais as suas histórias, pois são envolventes e a ansiedade é grande para saber o próximo passo das personagens.

Beijos autora.


Thaa

Thaa Em: 20/11/2024 Autora da história
Boa tarde, Val. Vamos ver como se dará essa convivência, não penso que será tão fácil para elas, depois tantos desentendimentos, mas espero que se ajustem. rsrs

Bjss!


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HelOliveira
HelOliveira

Em: 11/11/2024

Só acho que Amerah com todo ódio/amor vai reatar de mentira com a Julia, que coitada as coisas só pioram pra ela ou não.....ansiosa pelo próximo capítulo 

Bjos 


Thaa

Thaa Em: 20/11/2024 Autora da história
Boa tarde, Hel. A vida de Júlia deu um giro de 180 graus, tudo isso por causa de uma matéria de jornal. Massss. vamos ver como se dará os próximos trâmites entre elas. rsrs
Bjsss!


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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 11/11/2024

 Tu é cagada viu Júlia Misericórdia. 


Thaa

Thaa Em: 20/11/2024 Autora da história
Oi, Marta.
Júlia coitada, parece que o karma dela era o palacete. rsrs
Bjss!


Responder

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Brescia
Brescia

Em: 10/11/2024

.   Boa noite autora.

Pelo jeito essas duas terão que ficar juntas. Sem perceber, ela demonstrou o quanto ama a Júlia.


Thaa

Thaa Em: 20/11/2024 Autora da história
Boa tarde, Brescia.
Talvez, no fundo, o amor nunca morreu. rsrs

Bjsss!


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Zanja45
Zanja45

Em: 10/11/2024

Isabella é uma megera mesmo, já não bastava ela ter feito a cabeça de Amerah, noutros tempos contra Júlia. Agora ela apronta umas dessas novamente, mas agora contra a própria Amerah. Acredito que Amerah vai colocar ela direitinho no lugar dela. Do jeito que ela conhece as artimanhas da esposa do pai não vai deixar barato.

Responder

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Zanja45
Zanja45

Em: 10/11/2024

Quer dizer que Amerah acredita que Júlia só ficou com ela por interesse, pois a traiu com seu primo August?


Thaa

Thaa Em: 20/11/2024 Autora da história
Boa tarde, Zanja.
Há muitos acontecimentos obscuros entre elas, espero que possam superar esse obscurantismo que as cerca.

Bjsss!


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Zanja45
Zanja45

Em: 10/11/2024

Oi, eu quero ver qual será a escolha dela, o do reatar com a ex ou destruí - lá mais ainda? Mas, tudo leva a crer que tomará a decisão mais viável, livre de escândalos, mesmo que para isso tenha que dividir o mesmo teto com a esposa novamente.(Será na força do ódio?) Espero ansiosamente, pra vê essas duas juntas, com certeza será bem explosivo.


Thaa

Thaa Em: 20/11/2024 Autora da história
Amerah é uma mulher que preza pela monarquia como forma de governo, então, bem provável que prefira reatar com Júlia, a fim de evitar escanda-lo num momento que ela considera crucial para eleger um chefe de governo que esteja ao lado dos monarcas, ou seja, a família dela. Essa convivência, vamos ver como se dará. rsrs

Bjss!


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Em: 10/11/2024

Oi, eu quero ver qual será a escolha dela, o do reatar com a ex ou destruí - lá mais ainda? Mas, tudo leva a crer que tomará a decisão mais viável, livre de escândalos, mesmo que para isso tenha que dividir o mesmo teto com a esposa novamente.(Será na força do ódio?) Espero pra vê essas duas juntas, com certeza será bem explosivo.

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Mmila
Mmila

Em: 10/11/2024

Agora Amerah vai ter que fazer um pacto com a Júlia........

 


Thaa

Thaa Em: 20/11/2024 Autora da história
Boa tarde, Mila.
Vamos ver se esse pacto vinha. rsrs

Bjsss!


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