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Bodas de Odio por Thaa

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Palavras: 6462
Acessos: 1194   |  Postado em: 27/10/2024

Notas iniciais:

 

Capitulo 5

 

Capítulo 5

 

O palácio se erguia imponente com as suas paredes de pedra cinzenta. As janelas arqueadas, emolduradas por delicadas molduras douradas, refletiam o brilho do sol da tarde, enquanto a grande porta de entrada de madeira talhada aguardava a chegada das novas moradoras.

Aurora desceu do carro com uma moda inata da nobreza. Seu vestido de cetim azul marinho ondulava suavemente ao vento, e seus olhos brilhavam de curiosidade, observando o local que conhecia apenas por memórias difundidas da infância. Ao lado dela, Maria jazia, sempre atenta e silenciosa, oferecia a segurança de uma presença familiar em um momento carregado de confusões e incertezas sobre ela mesma.

Os empregados dos nobres de Valloni, em trajes formais e postura impecável, moviam-se com eficiência, retirando as malas com gestos rápidos e silenciosos, quase como se fossem parte da própria coreografia do ambiente aristocrático.

À frente do palácio, na escadaria, Cândida aguardava. Seus olhos cheios de ternura, ao avistar Aurora e Maria. Fora avisada alguns dias antes, que a filha mais nova do Duque passaria a morar no palacete. Isso não foi nenhuma surpresa. A única surpresa foi o retorno de Júlia, para aquele lugar, mas precisaria lembrar a si mesma de que, naquele mundo de reviravoltas, as surpresas vieram desacompanhadas de grandes mudanças. A vida, afinal, estava sempre à beira de revelar nuances que nem mesmo o olhar mais atento conseguia prever.

Desde que Aurora viu Júlia pela última vez, muitos anos se passaram. A jovem Duquesa não passava de uma menina naquela época. Certamente, não se recordaria com clareza, do rosto da ex-esposa da irmã mais velha, apesar de Júlia sempre ter tratado a garota com um amor maternal, o tempo a tornara para a adolescente uma figura quase mítica em suas lembranças.

***

No quarto, Júlia se preparava mentalmente, para receber a ex-cunhada. Sabia que seria inevitável notícias a respeito de Amerah. E isso causava um frio cômodo em sua barriga e tremores simultâneos em suas pernas. Temia não se sustentar de pé. Mas não havia outro jeito, estava naquele lugar porque simplesmente não tinha outra opção, para sua desgraça. Claro que se tivesse em condições, jamais teria retornado ali. Dadas as circunstâncias, tinha uma filha para proteger. E por ela moveria céus e terras. Não havia razão para que Amerah pisasse os pés naquele lugar, não depois de todas as coisas que Cândida falou a respeito dela. Conhecendo bem aquele temperamento impulsivo e os atos arrogantes, sabia que a Duquesa, se pudesse, já teria ruído aquele palácio de cima a baixo, porém, Arthur jamais permitiria que a filha fizesse isso com um lugar que guardava simbólica relação com a história dos nobres da Casa Valloni e Lutero.

Olhou-se mais uma última vez no espelho e decidiu finalmente sair. Não estava no quarto principal, pois as lembranças de quando era casada com Amerah não lhe permitiram tal audácia. Preferiu ficar em outro quarto, bem distante daquele quarto principal. Com Alice em seus braços, deixou o aposento e desceu a escada, corpo gélido, mãos trêmulas, nada preparada para rever a irmã da ex-esposa, mas não havia como evitar o inevitável. Aurora sempre foi uma criança adorável, assim como Amerah também foi...um dia. Mas esse tempo já passou, ficou distante e esquecido para sempre. Não havia futuro que apagasse o passado. E pensar que tudo o que fez foi pensando em proteger a família de Amerah. Nunca em sua vida imaginou que as coisas pudessem tomar aquele rumo tão esdrúxulo que tomaram.

Segurando firme a pequena mão de Alice, Júlia desceu a imponente escadaria do palácio, cada degrau de mármore ecoando com o som preciso de seus sapatos. A luz suave do dia entrava pelas amplas janelas, iluminando os detalhes rebuscados da escadaria, onde corrimões de ferro forjado e adornos dourados refletiam um brilho cálido, quase nostálgico. O ambiente ao redor parecia impregnado com o peso da história, como se as paredes guardassem segredos antigos. Cada passo que Júlia dava, a aproximação da realidade, que evitava por tanto tempo, se tornava mais sólida, e ela sabia que aquele retorno não seria fácil.

Lá embaixo, Aurora e Maria tinham acabado de ser recebidas por Cândida, que se movia com a graça e a segurança de alguém que esteve ali há décadas. Seu rosto, ainda bonito apesar da idade, mantinha um sorriso gentil, mas seus olhos ainda carregavam uma expressão sutil de surpresa com a presença de Júlia. O reencontro com as visitantes foi uma formalidade que ela cumpriu com facilidade, mas o retorno inesperado da ex-esposa da filha mais velha do Duque trazia uma nova camada de tensão ao ambiente. Ficou a imaginar se a Duquesa Amerah resolvesse algum dia aparecer por ali, em que pese achasse isso tão impossível quanto um camelo passar num fundo de uma agulha, como bem diziam os mais velhos.

Aurora, por outro lado, estava alheia a essa dinâmica. A adolescente se sentiu completamente deslocada naquele cenário aristocrático e antiquado. O palácio, com suas tapeçarias opulentas, móveis de época e enormes brilhos de cristal, parecia uma prisão de luxo para alguém de sua idade. Ela suspirou profundamente, sentindo o tédio e a frustração tomar conta do seu corpo. Com um gesto exagerado, se jogou em um dos sofás de veludo, afundando nas almofadas macias e, sem muito interesse, pegou seu celular, na esperança de que a distração digital a tirasse naquele momento que parecia se arrastar pela eternidade.

Enquanto Maria e Cândida conversavam sobre assuntos triviais — a vida no palácio, o clima recente, pequenas atualizações sobre as rotinas diárias —, Júlia descia lentamente, sentindo cada movimento como se fosse observada com atenção. Ela mantinha a cabeça erguida, mas sua mente fervilhava, repleta de pensamentos conflitantes. Sabia que sua chegada era inesperada e seria marcada pela surpresa.

Finalmente, seus pés tocaram o último degrau, e ela caminhou em direção ao centro do salão. Quando chegou perto de Aurora, seus olhos captaram os traços de jovem, que agora estavam mais expressivos, com um ar mais maduro, embora ainda guardasse algo da menina que conheceu tantos anos atrás.

— Olá. — Júlia disse, sua voz soando calma e familiar, mas transmitindo uma emoção que só quem a conhecia bem poderia perceber. Era uma saudação simples, mas carregava o peso do inesperado. Temores antigos, que alcançavam o mais ínfimo de sua alma, os lugares mais recônditos de sua memória.

Aurora tirou os olhos do celular, seus dedos parando de deslizar pela tela. Ela estreitou o olhar, tentando encaixar o rosto daquela mulher em algum lugar de sua memória. Sabia que a conhecia, mas a lembrança estava distante demais, para se recordar de imediato.

— Olá... — respondeu com hesitação, a voz baixa e meio confusa.

Havia algo na expressão de Júlia que provocava uma estranha sensação de déjà vu, mas Aurora não conseguia definir o que era, precisamente.

Nesse momento, Maria, que estava profundamente envolvida na conversa com Cândida, captou o nome que Aurora acabou de murmurar. Ela virou-se bruscamente, o rosto expressando uma incredulidade pela presença da jornalista.

— Dona Júlia? — exclamou Maria, seus olhos arregalados ao considerar a mulher loira que agora estava diante delas. A voz de Maria, embora calorosa, trazia uma mistura de surpresa e colapso, como se estivesse vendo um fantasma do passado.

Júlia sorriu gentilmente, seu rosto relaxando um pouco ao ver Maria. Havia algo reconfortante em encontrar alguém familiar no meio do turbilhão de emoções que aquele lugar transmitia.

— Maria, como você está? — respondeu Júlia, sua voz agora mais quente, cheia de uma proximidade antiga. O tempo parecia recuar, e a formalidade que permeava o salão dissipava-se entre as duas, dando lugar a uma intimidade que só o tempo e a convivência podiam solidificar.

— Por onde andou esse tempo todo, dona Júlia? — Maria disse, agora se aproximava dela com o semblante mais descontraído, mas ainda curioso. Os olhos de Maria brilhavam com perguntas não ditas, memórias do tempo em que Júlia fazia parte da vida cotidiana do palácio. A ausência prolongada deixou muitas lacunas, e agora, com o retorno de Júlia, Maria parecia ansiosa para preenchê-las.

O salão, antes dominado pelas conversas triviais e o tédio de Aurora, agora estava carregado de uma nova energia. O reencontro inesperado de Júlia com aquelas paredes familiares, e as pessoas que ainda viviam dentro delas, foi apenas o início de uma série de revelações e reconciliações que o tempo não podia mais adiar.

— Estive trabalhando muito, mas decidi voltar ao palacete devido a alguns probleminhas pessoais. — Explicou, ficando vermelha. Maria era uma pessoa bastante querida, com quem teve a oportunidade de conversar algumas vezes, sempre que ia à propriedade dos Valloni, em Madri.

— Ora, então veio na hora certa, tenho certeza de que este lugar ficará bem mais descontraído com a presença da senhora.

— Eu penso que sim, mas passarei apenas uma temporada por aqui, Maria. Até que eu consiga resolver minhas coisas e finalmente regressar ao Brasil.

Maria sorriu, assentindo. O desconforto na expressão de Júlia era visível e não queria deixar a situação ainda pior.

— Seja muito bem-vinda de novo a este lar que sempre lhe pertenceu.

— Nada aqui nunca foi meu, Maria. Até eu deixei de pertencer a mim mesma, no tempo em que estive aqui. — A expressão agora era de uma profunda tristeza que se transcendia em angústia.

— Este lugar perdeu o brilho quando a senhora partiu, assim como a Duquesa Amerah. Vocês deveriam conversar, um dia. Após o fim de um casamento, as pessoas não precisam se tornar inimigas. Todo término é doloroso, há sempre aqueles que saem machucados, mas isso não precisa ser transformado em uma guerra sem fim.

— O meu tempo e o de Amerah já passou.

— Mamãe, vamos lá... — Alice puxava a mão de Júlia, apontando para fora da propriedade, onde via alguns pássaros sobre a fonte de água que havia na frente do palacete. Alice adorava água, ou melhor, bagunçar na água.

— Já vamos, meu amor. — Falou de maneira amável, acalmando a euforia da criança.

— Mas...é sua filha? A senhora se casou de novo?

Júlia riu, diante da expressão de surpresa de Maria.

— É uma longa história, Maria, em breve te conto. — Olhou para Aurora. — Você cresceu bastante, tonou-se uma linda jovem mulher.

— Aurora, essa é Júlia, você não de se lembrar, era uma menina quando a viu pela última vez...

— Eu tenho uma vaga lembrança do rosto da Júlia — falou de uma maneira bastante familiar. — Então você é a mulher que a minha irmã odeia? Ou ama? — A jovem riu, fazendo Júlia ficar nervosa.

— Sim, Aurora, sou eu, a mulher que a sua irmã odeia.

— Caramba! Mas você parece tão legal! Tão gente boa.

— Aurora, filha, isso é entre a Júlia e a sua irmã.

— Ah, tudo bem. Desculpe, Júlia, não quis ser inconveniente.

— Não se preocupe, querida. Está tudo bem. —  Sorriu, com a gentileza que lhe era inerente. —  Agora se me derem licença, vou dar uma volta com a minha filha.

***

Alguns dias depois.

Amerah se sentou à cabeceira de uma longa mesa de vidro, no escritório localizado no 35º andar da sede da empresa de radiodifusão a qual presidia. O ambiente exala modernidade e poder. As amplas janelas, que iam do chão ao teto, ofereciam uma vista panorâmica da cidade abaixo, com arranhões-céus e tráfego movimentado que pareciam se mover ao ritmo de sua liderança. O espaço era decorado com móveis minimalistas e luxuosos: cadeiras de couro, paredes adornadas com arte contemporânea e discretas telas digitais exibindo gráficos e estatísticas da empresa

Amerah estava no centro das atenções, vestida num terno feminino preto, exalava mais poder do que todos aqueles homens juntos. Seu cabelo estava impecavelmente preso, e suas joias discretas refletiam a luz suave do ambiente. Diante dela, os executivos da empresa, uma equipe de conselheiros e diretores de várias divisões, aguardavam atentamente suas palavras, enquanto documentos e tablets estavam organizados na mesa.

Ela se inclinou levemente para frente, olhando para cada um deles, transmitindo uma confiança inabalável. Em sua voz, firme e sem pressa, ressoava a autoridade de alguém que conhecia profundamente as artimanhas dos negócios. Ninguém duvidava de que aquela mulher já viera ao mundo predestinada ao sucesso.

— Temos uma oportunidade única de expandir nossa presença no mercado digital e de streaming, e precisamos ser ágeis. — Amerah começou, seus olhos brilhando com a visão que já estava clara em sua mente. — A radiodifusão tradicional está mudando, e nós não podemos ficar para trás nessa corrida. Não podemos nos esquecer do quanto a internet e a inteligência artificial têm revolucionado o mundo.

Enquanto falavam, gráficos e relatórios sobre as tendências da indústria global eram exibidos nas telas ao redor. Ela gesticulou com soluções, explicando estratégias de investimento em novas plataformas, negociações internacionais e parcerias tecnológicas que poderiam redefinir o futuro da empresa.

— Precisamos não só ampliar o alcance, mas liderar a inovação. Temos o capital, temos o talento. Agora, quero saber como cada setor vai contribuir para isso — continuou, seu tom exigente, mas com uma leveza que incentivou toda a equipe.

Os diretores a apresentaram suas ideias, mas todos sabiam que Amerah já tinha uma visão clara do que queria. Ela ouvia atentamente, suas expressões mudando de leve, ao considerar cada proposta. Quando necessário, ela interrompia com perguntas incisivas, testando a profundidade de conhecimento de cada executivo e a previsão dos planos.

Ao final da reunião, ficou claro que Amerah não estava apenas preocupada com o presente, mas com a construção de um legado duradouro para a empresa. Sua liderança, marcada por orientação e inteligência estratégica, guiava a empresa rumo a um futuro inovador, onde a radiodifusão continuaria a evoluir sob seu comando visionário.

Ela ficou de pé e finalizou a reunião com uma frase.

— Arrisque sempre mais do que a maioria; sonhe sempre mais alto do que os outros-Howard Schultz.

E saiu.

***

— Lady Isabela, tem um homem lá fora. Ele deseja falar com a senhora. — A secretária anunciou, após bater discretamente na porta do escritório de sua patroa.

Isabela, que estava lendo um extenso relatório na tela do computador, pausou a atividade e extraiu o olhar. Seus olhos frios encontraram os da secretária, uma mulher de meia-idade, sempre impecável em sua postura, que aguardava paciente.

— E quem é? — Isabela falou, estreitando os olhos em desagrado, sua voz relacionada a uma arrogância que intimidava. — Não me lembro de ter marcado nenhuma reunião para hoje.

— Ele se apresentou como Joel Baltazar, disse que era um assunto importante.

— Hum... — murmurou, seus lábios se curvaram num sorriso discreto e enigmático. — Mande-o entrar.

— Sim, senhora. — A secretária saiu sem mais delongas, avançando-se com a eficiência habitual.

Poucos instantes depois, a porta se abriu novamente, revelando a figura de Joel Baltazar. Ele era um homem nos seus quarenta e poucos anos, alto e robusto, com os cabelos ruivos impecavelmente cortados e barba aparada. Seus olhos, de um azul gélido, encontraram os de Isabela assim que ele adentrou o ambiente. Vestido com um terno preto, sob medida, exalava uma confiança tranquila, quase perigosa, enquanto caminhava lentamente na direção da Duquesa.

Isabela, sem esboçar nenhuma expressão de surpresa, cruzou as pernas, observando-o com um interesse silencioso, como se estudasse cada movimento dele.

— Joel Baltazar — disse ela, sua voz firme e calculada. — Que surpresa inesperada.

Joel sorriu de forma enigmática, mantendo o olhar firme.

— Lady Isabela —respondeu, com um tom de voz que misturava respeito e astúcia. — Tenho certeza de que nossos encontros são sempre eivados de surpresas e conversas importantes.

A tensão não era palpável, como se ambos soubessem que aquele encontro marcaria o início de algo muito maior do que uma simples visita de um velho amigo a uma velha amiga.

— Bem, sente. Sei que deve trazer coisas importantes para mim. Afinal, você recebe muito para trabalhar muito. — Esboçou um sorriso sádico.

— É claro. — Ele se sentou numa cadeira antagônica à dela.

— E quais são as notícias? — Já foi direto ao ponto, odiava rodeios e não tinha tempo a perder. — Diga-me, secretário real? — Insistiu ela.

Joel coçou a garganta antes de começar a dar as notícias que trazia na mente. A ansiedade pulsava como um coração retumbante, prestes a saltar de seus olhos vidrados na figura feminina à sua frente.

— Sua enteada foi visitar o futuro rei, na semana passada. — Falou, coçando a garganta.

Isabela arregalou os olhos, surpresa.

— Amerah. —  O nome foi pronunciado com certo ódio.

—  Sim, a própria Duquesa de Valloni.

— Você fala o nome dessa maldita com tanto orgulho que me dá até asco. —  Retrucou com voz de raiva e cara de nojo. Espalmou a mão com força na escrivaninha, fazendo o homem tomar um inesperado susto. — O que ela queria com o futuro rei?

— Foi tratar sobre a escolha do próximo líder de governo.

— Como assim? — Indagou, escandalizada.

— Ela sugeriu uma mulher, e Felipe disse que iria levar em consideração a sugestão da Duquesa. Como nós dois bem sabemos, Felipe tem uma admiração questionável pela sua enteada.

— Com certeza, ele deve ser apenas mais um macho escroto atrás de ir pra cama com aquela maldita. Será que ele não sabe, que da fruta que ele gosta ela ch*pa até o caroço? — Respirou profundamente, furiosa.

— Não acho que seja, isso, afinal, o futuro rei tem uma família linda, uma esposa linda e três filhos maravilhosos. A admiração dele pela Duquesa Amerah é livre de qualquer segunda intenção.

Isabela gargalhou de maneira irônica.

— Ora! Isso é você que diz. Além disso, eles conversaram mais alguma coisa que seja relevante?

— Nada de tão importante, além disso. A Duquesa não costuma demorar com o primo.

— Certo. Pode sair. Se tiver mais alguma notícia, traga imediatamente para mim.

O secretário real assentiu e logo saiu da sala, deixando a mulher sozinha, imersa aos próprios pensamentos.

Isabela pensava em um jeito de tornar o amante, Gustav de Lutero, presidente do país e em uma maneira de tornar a irmã a futura rainha. Assim, teria um monopólio, poderia controlar tudo, sem precisar mostrar sua face. Mas para isso teria de tirar do seu caminho a mulher de Felipe VII, o atual rei Edward e, obviamente, a maldita Amerah.

Como faria isso? Bem, teria de pensar com cautela em um bom plano.

***

Júlia acordou ao som suave do canto dos pássaros que ecoava pela janela aberta. A luz do sol da manhã banhava o quarto com tons dourados, e ela se espreguiçou devagar, sentindo o calor suave aquecendo sua pele. Ao seu lado, Alice ainda dormia, com o rosto angelical em paz sob as cobertas. Júlia contemplou a filha por alguns momentos, um sorriso tranquilo nos lábios. Era uma nova manhã, e havia muito a fazer.

Levantou-se silenciosamente para não acordar Alice, indo até o banheiro para se refrescar antes de começar o dia. Depois de se vestir rapidamente com uma camisa simples e jeans, voltou ao quarto e, com um toque suave no ombro da filha, sussurrou.

— Hora de acordar, minha flor.

Alice abriu os olhos lentamente, piscando contra a luz do sol, e sorriu ao ver o rosto da mãe. Júlia pegou a menina nos braços e a levou ao banheiro, onde preparou um banho matinal. Alice brincava com as bolhas de sabão enquanto Júlia lavava cuidadosamente os cabelos cacheados da filha, vez ou outra rindo das pequenas travessuras que a menina fazia.

Depois de secar e vestir Alice com um vestidinho colorido, as duas foram para a cozinha, onde Cândida preparou um café da manhã simples, mas nutritivo. Torradas, queijo fresco e suco de laranja estavam na mesa. Alice mastigava feliz enquanto contava histórias inventadas sobre os pássaros que tinham cantado do lado de fora, enquanto Júlia a ouvia, seus pensamentos começando a se afastar.

Há algum tempo, Júlia vem pensando em formas de garantir um futuro algum dinheiro para ela e Alice, uma vez que suas economias estavam acabando, e as oportunidades como jornalista tinham diminuído. Foi então que uma ideia começou a amadurecer em sua mente. Todo ano, mais de cem mil turistas vinham à região da Andaluzia, atraídos pelas belezas históricas e culturais de Sevilha. Ela sabia que havia potencial ali — algo simples, mas com forte tendência ao crescimento e aos negócios.

Queijos.

Ela se lembrou da fazenda dos Valloni, dos bovinos, cujo leite poderia produzir queijos artesanais de excelente qualidade. Júlia adorava cozinhar, e conhecia bem do gosto dos turistas que vinham da América, da Europa e de outros lugares do mundo. Com os recursos certos e uma boa estratégia, vender queijos frescos e artesanais podia ser lucrativo. Ajudaria a tocar aquela fazenda ao lado de Zé.

Enquanto Alice terminava seu café da manhã, Júlia já visualizava o plano tomando forma. Montar uma barraca no mercado da vila, criar embalagens que se destacasse, nos queijos e talvez até oferecer degustações com vinhos regionais…A ideia a animava. Seria um jeito de ganhar dinheiro e, ao mesmo tempo, oferecer algo genuíno para os turistas que lotavam a vila todos os anos.

Ela olhou para Alice, que agora brincava com um brinquedo pequeno. Sim, era uma boa ideia. E faria isso por ela, pela filha que era sua maior motivação.

Pegou a mão da menina e já decidida a colocar seu plano em prática, caminhou pela vila em direção à casa de Claudinha, que tinha habilidades herdadas das gerações passadas da Andaluzia, e sua fama de preparar queijos artesanais e outros caseiros corria pela pequena vila de produtores. Era a pessoa perfeita para ajudar na nova empreitada, como bem aconselhou Cândida.

Ao chegar à casa de Claudinha, uma casa simples com paredes brancas e janelas de madeira pintadas de azul, Júlia bateu na porta. Não demorou a ser recebida.

— Júlia! O que te traz aqui tão cedo? — Disse com um sorriso caloroso, enquanto secava as mãos no avental florido que usava.

— Claudinha, preciso conversar contigo, conversei com tua mãe lá no palacete e ela disse que você concordaria com esse meu plano meio louco. — Júlia respondeu, entrando e sendo recebida pelo aroma delicioso de pão recém-assado. — Estou com uma ideia de negócio aqui na vila.

Claudinha franziu a testa de um jeito curioso e indicou a mesa da cozinha, onde o sol da manhã entrava pelas cortinas leves. As duas sentaram-se, e Júlia começou a explicar sua ideia, com um brilho de animação compartilhado também por Claudinha.

— Você sabe que todo ano vêm milhares de turistas para a vila. E eu estava pensando em como poderia aproveitar isso para ganhar dinheiro. A ideia é simples: queijos! Queijos artesanais, feitos aqui, com produtos locais. Sei que você é a melhor para isso. E eu adoraria que me ajudasse a produzi-los para venda. O que você acha?

Claudinha cruzou os braços, pensando por um momento, mas o sorriso que surgiu em seus lábios indicava concordância.

— Queijos artesanais, hein? Acho uma ótima ideia. — disse, com os olhos brilhando. — Tenho receitas antigas da minha avó que fazem sucesso até hoje. E com a quantidade de turistas que vêm para cá, tenho certeza de que seria um bom negócio.

Júlia assentiu, animada.

— Sim, estava pensando em montar uma barraca no mercado da vila, talvez até em outros pontos turísticos. Os turistas adoram os produtos locais, e se colocarmos uma boa embalagem e fizermos degustações, acho que podemos chamar atenção deles.

Claudinha deu uma risada leve, já animada com a possibilidade de ser sócia de Júlia.

— Mas...e o teu trabalho de jornalista, Júlia?

— A gente se conhece faz um tempo, Claudinha, e bem sabes qual foi meu fim aqui, não tenho levado uma vida fácil, estou em liberdade, mas em compensação não posso deixar o país até o final da minha pena, por pouco não fui pra cadeia. De lá pra cá as emissoras me rejeitaram, por medo de represálias do rei, do governo. Enfim... — deu um suspiro prolongado. — Você sabe, as opressões. Fui vista como uma traidora da pátria.

— Você só quis defender a sua esposa e a família dela de um ataque.

— Amerah não viu assim. Mas...isso já passou, não posso apagar o passado. Só posso mesmo lutar por um futuro melhor. Ela nunca mais veio aqui, né?

— A Duquesa Amerah? Não, já tem mais de seis anos.

— Assim me sinto mais tranquila.

— Se não fosse minha mãe, eu e o Zé, tudo teria se acabado no palacete. Mas que bom você ter retornado, Júlia, vai dar vida aquele lugar. E pode contar comigo para sua ideia de negócio.

As duas riram.

— Eu sei que vai ser um desafio, mas preciso de dinheiro, e tenho uma filha, por ela que quero tentar. Se conseguirmos fazer isso certo, será uma fonte de renda estável, até que minha pena acabe e eu retorne ao meu país.

Claudinha ficou em silêncio por um momento, observando a seriedade no olhar de Júlia. Então, coloque a mão sobre a dela, num gesto de apoio.

— Você é uma mulher incrível, Júlia. É claro que estou dentro dessa parceria. Podemos começar com pequenas produções e, se tudo der certo, aumentarmos conforme a demanda. Vou te ensinar todos os segredos dos queijos, desde a escolha do leite até o ponto ideal para a cura.

Júlia respirou aliviada, sentindo um peso sair de seus ombros. Com Claudinha ao seu lado, tinha certeza de que o plano de vender queijos artesanais seria um sucesso.

— Obrigada, Claudinha.

— Bem, você vai precisar aprender a mexer com o coalho e com as formas de madeira, mas eu te garanto que, quando provarmos o primeiro queijo, você vai se sentir uma verdadeira especialista! — Claudinha respondeu, rindo, já apresentando os próximos passos.

***

Amerah estava sentada a sua escrivaninha, em seu escritório. Os olhos fixavam o presente delicadamente embalado à sua frente, um gesto de cuidado. Era uma caixa de veludo azul marinho, contendo uma pulseira de prata fina com pequenos diamantes incrustados. Um presente que transmitia não apenas sua generosidade, mas também a preocupação com uma adolescente de 15 anos que havia quebrado o braço — uma consequência infeliz de um incidente envolvendo a pirralha da sua irmã.

Pegou a caixa com delicadeza, observando o brilho discreto da joia à luz suave que preenchia o ambiente. Era o tipo de presente que encantaria qualquer garota de 15 anos: sofisticado, mas não extravagante. Colocou a caixa de volta sobre a mesa e respirou fundo. Precisava garantir que o presente chegasse pessoalmente, junto com uma palavra de conforto. Decidida, ela estendeu a mão para o telefone sobre a mesa e, com a calma habitual, discou rapidamente o número de um rapaz chamado Martins.

— Martins? Quero que prepare o avião bimotor para uma viagem a Sevilha. Preciso para a sexta-feira da próxima semana.

Ela fez uma pausa enquanto ouvia a resposta do outro lado da linha, observando a caixa de veludo mais uma vez.

— Sim, pode deixar comigo, Duquesa, deixarei tudo pronto.

Ela desligou o telefone com um leve clique, levantando-se em seguida. Seu olhar se voltou para a paisagem além das grandes janelas de seu escritório, onde o céu estava claro, prenunciando um dia tranquilo. Estava pronta para cuidar pessoalmente do assunto e mostrar, à sua maneira, que as ações de Aurora seriam redimidas com delicadeza e respeito.

***

Um mês depois.

Era uma manhã luminosa na pequena vila medieval, com suas casas de pedras antigas que contavam histórias de séculos passados. As ruas estreitas, ladeadas por flores coloridas e varandas de ferro forjado, estavam começando a encher-se de turistas que exploravam cada canto do encantador vilarejo no coração da Andaluzia. O som suave de conversas em vários idiomas e o cheiro das padarias locais enchiam o ar, criando um cenário perfeito para um dia de vendas aos aldeões.

Júlia estava sentada num banco de madeira, estrategicamente colocado na pequena praça da vila. À sua frente, uma mesa coberta com uma toalha branca exibia queijos artesanais, cuidadosamente embalados e organizados, que ela e Claudinha produziram nas últimas semanas. A textura e o aroma dos queijos, feitos com o leite fresco da fazenda dos Valloni, chamavam a atenção dos passantes, que se aproximavam curiosos.

Ao lado de Júlia, Alice estava sentada com seu ursinho de pelúcia nos braços. A menina observava o movimento ao redor com olhos curiosos, balançando as perninhas enquanto mantinha o ursinho em seu colo. Ela sorria , um leve  sorriso tímido, para os turistas que paravam para conversar com sua mãe, e às vezes ajudava com pequenos gestos, como oferecer uma fatia de queijo.

Durante aquele mês, Júlia tinha mudado todo o palacete, a fazenda, e sempre que tinha tempo ia com Alice ao campo de girassóis, seu lugar preferido.

— Venham, experimentem um pouco de queijo! — dizia Júlia com um sorriso acolhedor, enquanto entregava pequenas porções em bandejas de madeira. — Queijos frescos, feitos com amor e tradição daqui da vila.

Os turistas se aproximavam, atraídos pela excitação de Júlia e pelo aroma tentador dos queijos. Alguns compraram imediatamente, encantados com a simplicidade do produto, enquanto outros faziam perguntas sobre como eram feitos. Júlia explicava, com um brilho nos olhos, sobre o processo artesanal, desde o leite fresco até a cura cuidadosa, mencionando o trabalho em equipe com Claudinha.

Depois de cada venda, Júlia separou parte do dinheiro com cuidado, reservando o lucro que seria dividido com Claudinha. As duas estabeleceram um acordo justo, metade dos lucros para cada uma, como recompensa pelo trabalho árduo de produção dos queijos. Era uma parceria que havia começado com amizade e confiança, e agora, parecia estar dando bons frutos.

Alice, de vez em quando, puxava a saia da mãe para mostrar um turista novo que se aproximava, e Júlia ria.

— Obrigada, meu amor, você está me ajudando muito hoje — disse ela, antes de se voltar aos visitantes da barraca.

Enquanto o sol subia no céu, iluminando as pedras antigas e dando um brilho dourado à vila, Júlia sentiu-se contente. Vender queijos ao lado de Alice, sob o céu azul de Sevilha, era maravilhoso. 

E, à medida que o dia continuava, as risadas e vozes dos turistas misturavam-se com o leve murmúrio da vila, onde cada venda era um passo mais próximo de algo maior.

Júlia estava muito feliz, sua ideia havia dado certo e o trabalho duro estava valendo à pena.

***

Ainda bem que esse presente não é perecível, pensou Amerah, recordando de que seus planos de viajar para a Sevilha e entregar aquele presente foram frustrados um mês atrás, devido a uma viagem de negócios que teve de fazer. Mas agora que tudo estava resolvido, enfim ela já estava alojada no bimotor e em alguns instantes decolaria. Faria um formal pedido de desculpas à família da garota, entregaria o presente e regressaria o mais rápido possível para Madri.

O bimotor rugiu suavemente ao se preparar para decolar. Sentada na cabine confortável, Amerah olhou pela janela enquanto as asas da cabine refletiam o brilho suave do sol da manhã. O céu estava claro, perfeito para a curta viagem até Sevilha. Um leve sorriso apareceu em seu rosto enquanto pensava no presente que levava consigo, a pulseira de prata que seria um gesto de desculpas à família da menina. Um mês havia se passado desde o incidente, e apesar do atraso, agora era o momento de resolver as coisas.

O avião ganhou velocidade na pista, e logo a leveza da decolagem indicava que estava subindo, deixando Madri para trás. Amerah relaxou em seu assento, observando a paisagem abaixo se transformar em campos e colinas. Em poucas horas, o bimotor aterrissaria, e ela teria o prazer de revisitar uma vila que carregava tantas lembranças de seu passado, nada boas.

Ao chegar à vila, Amerah foi recebida pela familiaridade reconfortante das ruas de pedras e das casas com arquitetura medieval. O ar fresco e o som distante de risos de turistas ecoavam pelas ruas estreitas. Já não havia tensão inicial em seu peito. Ao chegar à vila foi direto para a casa da família, sendo recebida de forma cortês. O clima na sala de estar era amigável, e a adolescente, com uma atadura leve no braço, sorriu admirada pela figura aterradora da Duquesa de Valloni. “Como ela é ainda mais bonita pessoalmente e cheirosa, pensou a jovem.”

— Vim trazer este presente como um pedido de desculpas pelo que aconteceu — disse Amerah, abrindo a pequena caixa de veludo e revelando a pulseira. 

Os olhos da jovem brilharam de emoção, e sua mãe, que estava ao lado, agradeceu com um olhar.

— Não precisava se incomodar, Duquesa. O mais importante é que nossa filha esteja bem.

Amerah sorriu.

— Mesmo assim, gostaria de me desculpar formalmente. Fico muito feliz em ver que você está se recuperando bem. — Disse ela, com um tom suave, antes de se despedir.

Depois de cumprir sua missão, saiu pela porta da casa com uma sensação de leveza. Decidiu aproveitar o tempo que tinha antes de regressar a Madri para caminhar pela vila, que ainda guardava uma atmosfera nostálgica que a tocava profundamente. As ruas de pedras irregulares, as janelas adornadas com vasos de flores coloridas, e os pequenos comércios locais traziam à tona memórias de sua juventude, quando passeou por aquelas mesmas ruas com Júlia, que se encantava com a simplicidade autêntica.

Irritada, sacudiu a cabeça.

“Não acredito que ainda penso naquela infeliz.”

Semicerrou os olhos.

Enquanto caminhava, viu turistas explorando as lojinhas de artesanato que vendiam cerâmicas pintadas à mão, tapeçarias tradicionais e souvenirs que capturavam a essência do lugar. O cheiro dos doces típicos saindo de uma padaria local fez Amerah parar por um momento, observando as vitrines que exibiam pães e bolos, alguns decorados com flores de açúcar. Ela parou em uma pequena loja de bebidas e viu garrafas de vinho artesanal em exposição, algo que sempre se associava à região.

Ela não se hospedou no antigo palácio da família, como costumava fazer. Desta vez, ficou em um dos hotéis, conhecido por seu luxo discreto e conforto excepcional. O hotel, rodeado por oliveiras e jardins bem cuidados, era o refúgio ideal para uma estadia breve, e o que não faltavam naquela região eram opções de hospedagem de alta qualidade.

Após se hospedar, decidiu regressar ao vilarejo e tomar uma cerveja em alguma taberna. As coisas evoluíram bastante desde sua partida há seis anos. Vez ou outra sentia olhares sobre ela, mas não se importava com isso, já estava acostumada.  As pessoas olhavam para a bela morena como se estivessem a olhar para alguma deusa da antiga Grécia. Por onde quer que ela passasse sempre arrancava olhares de curiosidade.

À medida que caminhava, um aroma delicioso de queijo pairava pelo ar, atraindo-a. Mas o que chamou sua atenção foi a barraca peculiar. Vários turistas estavam reunidos ali, provando os queijos frescos, com suas embalagens simples, que capturavam o espírito da vila. Amerah observou a excitação nos rostos dos turistas ao degustarem os produtos locais. Havia algo especial naqueles momentos simples, uma conexão com a terra que fazia aquele lugar ser único.

Ouvia uma voz suave como cânticos dos rouxinóis sussurrando na dança do vento. A voz dizia “venha provar do melhor queijo artesanal da Vila!” Logo em seguida ouviu uma voz infantil, quase que angelical que parecia querer chamar sua atenção “olha o queijo. Olha queijo, moça.” A voz angelical de uma criança fez a Duquesa parar num rompante E olhar mais precisamente na direção da barraca. Foi naquele momento que pensou estar diante de uma miragem. Seu coração errou todas as batidas num flash inesperado.

“Não!”

“Não poder ser ela!”

Júlia estava de pé atrás do banco de madeira, vendendo seus queijos artesanais, com um sorriso caloroso nos lábios enquanto explicava aos clientes sobre os sabores e a origem dos produtos. Ela estava mais confiante do que da última vez que Amerah a viu, seus cabelos loiros natural presos num rabo de cavalo mediano brilhavam sob a luz do sol, e ela estava mais magra.

Uma garotinha sentada sobre um banco de madeira ao lado da mesa, com um sorriso adorável, também chamou a atenção de Amerah.

— Mamãe, aqui! — Chamou a criança, segurando um prato de madeira em mãos, com alguns pedaços de queijo.

Júlia se abaixou, com um sorriso caloroso, e pegou o prato que ela entragava.

— Aqui está, para provar. — Falou para um dos turistas.

Amerah ficou parada, observando a cena, sentindo uma onda de emoções que tomava proporções gigantes. O que ela fazia ali? E quem era aquela criança que a chamava de mãe?

A ex-esposa, que um dia havia sido uma mulher cheia de glamour e sofisticação, agora apresentava uma aparência totalmente diferente. A calça jeans surrada, que vestia, tinha manchas de terra e evidenciava um desgaste visível, como se fosse usada em dias de trabalho árduo. A blusa social de mangas compridas, branca, estava toda amarrotada, embora limpa. Nos pés, usava botas velhas de cor marrom, que estavam em péssimas condições, com marcas de desgaste de um trabalho contínuo, de uma vida que a evitava dos confortos que uma vez conhecera.

Para Amerah, a imagem de Júlia era de uma fazendeira rústica, alguém que havia abraçado um estilo de vida simples e duro, distante do glamour e da elegância.

O contraste entre as duas mulheres era evidente, enquanto Amerah se apresentava com uma aura de sofisticação, naquele terno feminino azul marinho, bastante formal, sempre fora uma mulher linda e agora parecia estar ainda mais linda, alta, magra, os cabelos negros estavam mais curtos do que de costume, pouco abaixo dos ombros, caindo de maneira virtuosa, moldurando um rosto que parecia esculpido por um pintor magistral, Júlia parecia ter se moldado à vida no campo, ao sol ardente e ao trabalho árduo, como era a vida dura dos pequenos produtores rurais.

A Duquesa sentiu um click no coração, jamais admitiria o quanto a ex-mulher permanecia linda em todas as suas vertentes. Foi invadida por um misto de emoções conflitantes, umas que a levava a querer sair imediatamente dali outras, a ficar.

Júlia, que até então sorria animada ao vender mais um queijo ao cliente, virou de lado para guardar o dinheiro, e foi naquele momento em que ela encontrou os olhos inesquecíveis da ex-esposa. As pernas ficaram bambas, depois o corpo todo entrou em um estado de torpor, achou que fosse desmaiar.

Amerah!

Não podia ser, Deus!

Pensou, nervosa.

Viu o rosto da bela morena se inclinar de maneira orgulhosa. 

Engoliu seco. 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Bom domingo, meninas. 

Até o próximo capítulo. 

Bjs, Thaa :)


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Comentários para 5 - Capitulo 5:
Sissi
Sissi

Em: 23/02/2025

Caramba. Que encontro!

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 01/11/2024

Misericórdia!


Thaa

Thaa Em: 10/11/2024 Autora da história
Oi, Marta!

Agora sim! rsrsrs

Bjsss! :)


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Val Maria
Val Maria

Em: 28/10/2024

Olá Thaa!

Esse reencontro foi muito bom para nós leitoras, mas melhor ainda para ambas, pois o sentimento que as uniu ainda está muito vivo. Na verdade ela vai maltratar a Júlia, porém seu coração vai querer ficar por ali.

Estou meg ansiosa para o próximo. 

É por isso que amo tanto tuas histórias.

Até mais! Bjs.

Val 


Thaa

Thaa Em: 10/11/2024 Autora da história
Olá, Val!
O reencontro finalmente aconteceu, vamos ver o que acontecerá a partir daí. rsrs. ódio? Amor? Veremos.
Bjss! :)


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Mmila
Mmila

Em: 27/10/2024

Nossa!!!!

Se amam, fato.

Amerah não é fácil. Será que dará o braço a torcer um dia em nome do amor?!?!?!?

Júlia, que mulher resistente.

Adorando.


Thaa

Thaa Em: 10/11/2024 Autora da história
Oi, Mila!
Amerah é uma mulher difícil, mas a Júlia também não deixa nada barato. rsrs.

Bjss! :)


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