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ACONTECIMENTOS PREMEDITADOS por Nathy_milk

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Palavras: 5092
Acessos: 613   |  Postado em: 16/11/2024

Capitulo 63

Cap 62 - Acontecimentos Premeditados


Eu estava na aula de prática, olhando para o nada, pensando em qualquer coisa diferente do direito imobiliario que era discutido ali. Meu celular tocou, coisa que não é comum para o horário. Olhei para a tela “Bia S2”. Sai rapidamente da sala de aula, sem pedir licença, sem avisar a Ana Lu. Ela nunca me liga, ainda mais nesse horário. 

- Pronto Bia. Está tudo bem? 

- Flávia, o carro do Ricardo está na frente do prédio - comecei a andar em direção a saída da faculdade. 

- Certeza que é o dele?

- Tenho. “To com medo Flávia” - mesmo que ela não verbalizasse, era palpável pelo tom de voz. 

- Bia, você está onde? Fica calma.

- Estou na esquina de casa, uns 50 metros do prédio. 

- Me escuta - eu falando com ela, tentando manter a calma e acelerando o passo - sai daí, vem em direção a faculdade. Não vai pra casa. 

- Tá, tá, eu estou indo 

- Vem vindo. 

- É ele mesmo, é ele mesmo. Está parado na frente do nosso prédio. É ele.

- To indo ai Bia, sai dai, vem vindo para a Faculdade - meu apartamento fica na rua de baixo da faculdade, em um trajeto de 300 ou 400 metros. Eu sai correndo esse caminho que é coisa de meio quarteirão praticamente.  Claro que não foi dando tiro, mas fui trotando o mais acelerado que consegui. Virei a esquina quase escorregando, segurando na parede. 

A Beatriz estava parada no meio da calçada, com sacolas de mercado penduradas nas duas mãos. Ela estava travada na mesma posição, acredito que por medo, ansiedade. De onde eu estava era possível ver o mini cooper azul do Ricardo, o mesmo que eu havia rasgado os pneus tempos atrás. Eu dei uma olhada em volta, mas correndo não consegui ser tão detalhista, eu não vi o Ricardo fisicamente por perto. Sabemos que o modus operandi dele é aparecer sem ser visto, assustar, deixar a Bia em alerta e depois ele volta para “acertar as contas”. Me aproximei da Bia, sem gritar, mas falando em bom tom. 

- Cheguei Bia, cheguei - encostei a mão em seu ombro, mesmo assim assustando com ela - Tô aqui linda - ela estava travada mesmo, olhando para o carro dele, sem nem se mexer - Vem comigo, vamos lá no sr. Olimpio. 

Estiquei a mão e com cuidado fui pegando as sacolas que estavam com ela. Com cuidado empurrei ela com meu braço, para que ela virasse, mudando a direção. Depois empurrei mais um pouquinho, para que começasse a andar. Ela não estava chorando, não estava rindo, só estava travada, tensa, esticada. 

A caminhada até o bar, que fica a menos de 100 metros de onde ela estava foi complicada, eu estava quase pegando a Beatriz no colo. Acho que seria mais rápido. O barrigudinho do Sr. Olimpio estava parado na frente do bar, olhando o movimento da rua, esperando acabar as aulas da universidade para ele começar a trabalhar. 

- Oi menina, tudo bem?  - ela falou olhando pra gente, um pouco preocupado com a situação, eu estava praticamente empurrando a Bia. 

- Sr. Olimpio, arruma um copinho de água pra gente? - fui conduzindo a Bia até uma cadeira dentro do bar. A ironia é que é o mesmo bar que ela teve uma puta crise de ansiedade vendo o carro dele, logo quando nos conhecemos. Coloquei as compras do mercado do ladinho dela - Bia, olha pra mim, vem cá! - com cuidado levantei o rosto dela com a minha mão, permitindo que ela olhasse diretamente pra mim. O olhar dela foi centralizando, centralizando, como se ela estivesse voltando ao corpo, a consciência. Quando ela entendeu que eu que estava ali, estava cuidando dela, sacudiu pra cima e para baixo o rosto, como se provasse a si mesmo que estava segura - Bia, está segura, tudo bem - Tô, bebe essa água.

Levantei do lado dela e dei alguns passos até o Sr Olímpio: Cuida dela para mim? 

- Menina, onde você vai? Não é melhor ficar aqui com ela? 

- Coisa rápida Sr. Olimpio, já volto  pra pegar ela. Cuida dela. - fui andando  e falando, nem olhei para ver se ele havia compreendido a mensagem. Não fui correndo, mas andei rápido em direção ao carro do Ricardo. O mini cooper azul piscina se destaca entre os carros pretos e prata estacionados na rua. 

Andei em volta do carro, como se eu procurasse algo. Os pneus rasgados realmente foram trocados, até porque não daria para andar com ele no estado que ficou. O carro estava impecável como sempre, limpíssimo, lustrado e detalhe do boné no painel. Me passou pela cabeça: esse idiota deve tratar melhor o carro do que a mulher, no caso da Beatriz. 

- Você mesmo que eu estava procurando, investigadora Flávia - me assustei com a voz dele, automaticamente coloquei a mao na minha pistola - também estou armado Flávia, fica em paz.

- Não ouviu que estava procurando você?

- O que você quer comigo? 

- Nossa, tanta coisa. A primeira coisa é que vim buscar o que você me deve. 

- Eu te devo? - ri na cara dele - desde quando eu to te devendo? 

- Ah Flávia, você rasgou os pneus do meu carro, arranhou  minha lataria. Achou que isso sairia de graça? Não, não, está me devendo 7 mil. 

- Eu não tenho nada a ver com isso. Seu carro é sua responsabilidade. 

- Acha que vai estragar meu carro e vai ficar assim. Vim cobrar sua dívida. 

- Ricardo, eu não tenho negócios com agiota, eu não mexo com matador de aluguel e mais ainda, não ando com corrupto. Não te devo nada, pode “zarpa”. 

- Aí que você se engana Flávia. Está me devendo e eu vou cobrar. Eu não sou tão calmo como a Das Letra não, eu sou mais agressivo. 

- Continuo sem te dever nada. 

- Eu até perdoaria sua dívida se fosse só isso, mas aí você se meteu com a Beatriz. A Beatriz não é negociável. 

- O que você quer com a Beatriz? Não tá bom o que já fez com ela? Não tá na hora de deixar ela livre? 

- Flávia, Flávia. Eu vim confirmar uma informação que a Das Letras me passou. Juro que não tava acreditando que a Beatriz virou sapatão. Tá achando difícil isso. Ela sempre gostou de piroca.

- Cala a boca cara, Ricardo - Falei perdendo um pouco a paciência, subi o tom de voz - Consegue entender que ela não quer nada com você. Que você só machuca ela, idiota.

-  A Beatriz é minha. Eu até aceito ela não me querer, isso até é uma escolha dela. Mas estar com outro não. Quando estava lá com a marica do Cantão, até deixei.

            - Nossa, deixou. Deixou batendo nela, perseguindo, ameaçando. 

- E você acha que pode proteger ela, cuidar dela? Ah Flávia, você não conhece a Beatriz. Ela não é esse alecrim dourado não. Beatriz é ardilosa, é dada. Daqui a pouco ela coloca outro no seu lugar. Ou já que virou sapatao, coloca outra. Ela acha que é livre pra escolher, livre - ele gargalhou, risada sádica - ela é minha, eu controlo com quem ela vai estar, onde ela vai estar. 

- Ganha o que com isso? Deixa ela livre Ricardo. 

- Ela é livre pra ficar comigo. Sabe, agora eu entendo você ter estragado meu carro. Não fazia sentido alguém proteger a Beatriz. Você dando casa pra ela, sendo amiguinha. Já tava querendo ela né fanchona, não é isso?! A Beatriz é uma ardilosa, uma rameira e você uma imbecil que caiu no papinho dela. 

- Cara, se ela é tão ruim assim porque insiste nela? Só deixar ela ir embora. 

- Eu já falei que ela é minha - ele falou se aproximando mais de mim, ficando realmente muito próximo. A “conversa” toda, foi em um tom bem ríspido, mas com uma certa distância, depois desse momento estávamos tão próximos que eu conseguia sentir seu hálito cetônico - Se não for minha, não vai ser de ninguém - respirou mais próximo de mim, posso jurar que ele estava alcoolizado. 

- Mas é comigo que ela dorme. E eu.. não… abro… mão… disso  - falei firme, com a cara fechada, sem desviar o olhar, quase que rangendo os dentes. Acho que ninguém colocou o Ricardo no lugar dele, ninguém deve ter ido pra cima dele defender a Beatriz ou qualquer coisa assim. Eu não sou de fugir. E faço isso não por estar namorando ela, e sim pela pessoa que ela é, precisando de cuidado, proteção, que já sofreu muito. 

- Não vou cair nesse seu drama não Flávia, você é agressiva, não sabe conversar - me mantive com a cara fechada, firme - Eu só vim pessoalmente cobrar sua dívida - desviou o olhar e mudou o tom, voltando a um “amigável” -  e te dar o recado de deixar a minha mulher livre - deu mais uns passinhos para trás -  Eu não dou muitos recados. Na próxima eu vou querer meu dinheiro e a minha mulher. Está avisada. 

- Humm, vou tratar seu recado como você trata a Bia, com desprezo. 

- Ah, vai brincando comigo, o próximo recado não vai ser  na moral - Apertou o alarme do carro e continuou me encarando por alguns segundos. Só desviou o olhar quando virou de costas para entrar no mini cooper. Ligou o carro e ainda me encarou alguns segundos pelo retrovisor. Me mantive com a expressão de puta, cara fechada. Na minha cabeça de certo modo ele fugiu da minha cara feia e do risco de apanhar de mim, não custa acreditar. 

Acompanhei o carro dele seguindo o caminho até eu perder ele de vista. Puta que pariu! O que aconteceu com a minha vida? Eu estava vivendo um luto, trabalhando, estudando, em paz e agora estou em pé de briga com agiota e matador de aluguel, com traficante de pessoas. Acho que depois dessa eu devo me enfiar em serviço burocrático, me esconder em uma tonelada de papeis, talvez seja mais seguro. Acho que quem precisa de um copinho de água sou eu. 

Caminhei em direção ao bar do  Sr. Olimpio, tentando acalmar minha respiração. Não quero deixar a Beatriz mais ansiosa do que ela já está. Ela estava sentadinha dentro do bar, no mesmo lugar que eu havia deixado ela. Estava bebendo um refrigerante e aparentemente um pouco mais calma, só sacudindo as pernas. Cheguei perto dela, tentando não assustá-la. Encostei a mão em seu ombro, chamando sua atenção. Quando a Bia me viu, levantou e veio me abraçar, de imediato. Retribui o abraço  e fiquei falando, algumas vezes: tá tudo bem, tá tudo bem amor. Me mantive no abraço até o momento que ela se soltou de mim, sutilmente aliviada. 

- Onde você foi? Não foi discutir com ele não né?

- Fui ver se ele já  tinha ido embora. Está tudo bem! Estou aqui com você amor. Fica tranquila. Vem, senta um pouquinho aqui - me afastei dela - preciso ligar pra Ana Lu, sai da aula e deixei tudo lá - fui mexendo no celular - Você chegou a jantar? Não quer pedir alguma coisa? Eu não comi nada. 

- Pode ser, eu comprei umas coisinhas pra cozinhar, mas não estou em condiçoes. Desculpa Flavinha - Estiquei minha mao sobre a dela, dando carinho, enquanto atendia o celular.

- Onde você está Flávia? Saiu correndo cara. 

- Estou no Sr. olimpio, tive um problema. 

- Está tudo bem? 

- Agora está sim, preciso pegar minha mochila que deixei ai. 

- Já fomos liberados, levo pra você aí no sr. Olimpio. Está sozinha? 

- Não, estou com a Bia. Ela está tomando um suco. Vou esperar você aqui, pode ser? 

- Tá, daqui a pouco chego ai.

- A Ana Lu vai passar aqui rapidinho para eu pegar minha mochila e meu material. Tudo bem? 

- Ai amor, desculpa, atrapalhei sua aula - a Bia voltou a falar. 

- Bi, perderia mais mil aulas. Não perdi aula de bobagem, perdi vindo ver você, cuidar de você. Não tem o que se desculpar. 

- Sério desculpa. Você já perdeu um monte de aula esse semestre. 

- Isso é verdade. Estou quase reprovando de falta. Bi, pega alguma coisinha para você jantar, um lanche. A Ana Lu chegando, já vamos. 

- Vai levar ela na casa dela? 

- Não estava planejando isso não. Dependendo de como ela estiver, ofereço nosso sofá. 

- Ela pode dormir no meu quarto, agora que durmo com você - ela tentou fazer uma graça, sorriu, mas era nítido o quanto está abalada pelo ocorrido. 

- Está de pé a nossa pizza amanhã? - perguntei tentando distrair ela, puxar papo. 

- Sim, claro que está em pé. Até comprei uma roupa nova, você falou que é um encontro. 

- Sério? Vish,vou com as minhas antigas mesmo. Mas prometo que coloco aquela camisa verde que você gosta. 

- Adoro você com essa camisa. 

- Humm, com a camisa? Achei que preferisse sem - consegui uma risada verdadeira dela, leve - A Ana Lu chegou, vai pegando um lanche pra levar. Pega um empadão pra mim - levantei e fui rapidamente para fora da lanchonete, em direção a Ana Lu - Obrigada por trazer pra mim. 

- Tá tudo bem? Você saiu e não voltou mais. 

- Ah, desculpa. A Beatriz me ligou e eu precisei sair. 

- Flávia, eu te conheço, você não perde aula de bobagem, muito menos por mulher. Isso é raro. 

- Ela me ligou em uma crise de ansiedade, travou no meio da rua, não ia nem voltava. Só conseguiu me ligar. Estava quase na porta do nosso prédio. 

- Não tem nada a ver com aquele carro que você rasgou os pneus não? Eu ainda não entendi aquilo. 

- Ana Lu, nem é pra você entender. Esquece isso. 

- Ela está melhor? 

- Sim, está tomando uma coquinha, um lanche. Já vou levar ela pra casa. A Doutora percebeu que eu dei um perdido ? - perguntei sobre a professora. 

- Ah, ela percebeu. Mas você tem uns pontos com ela, sabe disso. Fica atenta que na próxima aula, ela vai passar o caso final de cada aluno. Valendo metade da nota do semestre. Falou que não vai aceitar atestado, morte de mãe, nada. 

- Puta merd*, não posso faltar de jeito nenhum. Estou com uma nota legal, mas não dá pra fechar sem o caso. Só quero que acabe logo a faculdade. 

- Dá pra perceber, você tá só o pó cara. Olha suas olheiras. 

- Ai Ana Lu, esse caso que eu estou agora, está me drenando. Sabe quando não consegue desligar? Chego a sonhar com o caso. 

- Fla, sábado tem a festinha de formatura, você vai relaxar um pouco, se divertir. Fica em paz, está fazendo seu melhor. Vai levar a Bia?

- Sim, já convidei ela. Vamos sair acho que umas 9 horas. 

- Vai de moto até lá? 

- Acho que sim. Vou tranquila, sem correr. Não bebo mesmo. 

- Eu vou ir com a Tuca, ela ofereceu carona, ajudo no combustível.

- Ela é gente boa, vale pegar a carona. 

- Você está indo embora? Vai dar tempo de pegar o ônibus? Quer ficar aí em casa? 

- Não, não - ela ficou meio sem graça. 

- Alguém veio te buscar hahahhaha - ela olhou pro chão - tá até vermelha.

- Não, é que… é… 

- Tudo bem Ana Lu, nada de errado cara. Não quer chamar ele pra tomar um refrigerante com a gente? 

- Acho que não é o caso - na hora eu entendi. 

- Figurinha repetida é a que cola melhor. 

- Vai que dessa vez dá certo. 

- Tenta colocar na cabeça dele que eles já tinham terminado. 

- Eu nem entro nesse assunto. Dá um tempo pro delegado, isso é ego ferido, daqui a pouco melhora.  

- Espero que entenda um dia. Sinto falta do meu amigo. Mas… Tudo ao seu tempo. 

- Relaxa, daqui a pouco ele pega no tranco. Eu vou indo que ele já chegou. Se cuida tá?! Tô te achando muito abatida por causa de um caso só. Se quiser conversar, estou aqui. Você sabe. 

- Obrigada Ana Lu. Vai lá, juizo! Não façam nada que eu não faria!

- Ah Flávia, vou fazer é bastante coisa - ela própria deu risada do comentário dela - me mandou um beijo e seguiu em direção a porta da faculdade. 

Voltei para a Beatriz. 

- Linda, vamos indo? 

- Já pegou seu material? 

- Sim, tudo aqui. Pegou os lanchinhos? Vou pagar o sr Olimpio. 

- Já paguei. 

- Certeza? 

- Sim amor. Já tá pago - Confirmei movimentando a cabeça. Fui até o Sr. Olimpio e agradeci pelo cuidado dele comigo e com a Bia, é um senhor que tenho um grande apreço. Coloquei a mochila nas costas, pendurei nas mãos as sacolas de mercado dela e convidei ela a irmos. 


Chegamos em casa rapidinho, o caminho não é longo, vocês bem sabem, mas era nítido o quanto a Bia estava assustada, olhando para todos os lados, tensa. Eu cheguei a segurar todas as sacolas em uma mão só para poder dar a outra pra ela.  Ela estava com as mãos geladas. Conseguiu se acalmar um pouco depois que passamos da portaria, acho que se sentiu um pouco mais segura. Chegamos em casa sem conversar nada, fomos em silêncio. Só houve som quando passamos pela porta do apartamento. 

- Fla, você pode guardar essas compras? Eu queria ir tomar um banho. Pode ser? - ela me perguntou, pedindo na verdade. 

- Claro amor, vai lá. Aqui eu dou conta - eu senti que ela precisava de um tempo sozinha. Eu fico pensando o que ela já deve ter sofrido com ele para a simples presença do seu carro ter causado isso. Sei que ele já agrediu ela verbalmente e fisicamente algumas vezes, nem consigo imaginar o que deve ter sofrido com pensamentos negativos, pejorativos, xingamentos, essas coisas. 

Guardei as compras na geladeira e como forma de carinho e de cuidado fui passar um café pra mim e para ela. Acabei encostando na pia e pensando um pouco: E se o Ricardo cobrar mesmo esse valor do carro? Onde vou arrumar 7 mil pra dar pra ele. No fundo, no fundo eu estraguei o carro dele, por bel vontade. Ah, mas foi vingança, foi pra defender ela, não muda, eu estraguei o carro dele. Se ele comprou pneu novo, enquadrou, arrumou pintura, é esse valor mesmo. Vou fazer o que? Pedir dinheiro a um agiota pra pagar um agiota? Já sei, vou pedir dinheiro pra um agiota, contratar um matador de aluguel, mandar matar o Ricardo e o agiota! Como vou resolver essa merd*? Não paguei nem minha festa de formatura porque não tenho essa grana, imagina eu pagar 7 mil de sacanagem para um cara perigoso. 

E na minha cabeça não entra essa história de fulana é minha, se não for comigo não é com ninguém. Que arrume outra pessoa e sejam felizes, como alguém se sente no direito de privar a outra de algo? Não é honesto, não é humano. Eu amo a Fabi, mas quando tivemos nosso breve término, eu queria mais que ela estivesse bem, seguisse em frente. Amar alguém desse jeito doentio é estranho, sujo. 

E tem o lado Beatriz dessa história, como ela se meteu nisso? Porque nunca denunciou ele? Normalmente, o padrão do homem agressivo, de violência doméstica, é iniciar carinhoso, amoroso e depois restringe uma roupa, torna-se ciumento, inicia agressão verbal, até evoluir para a agressão física. Mas eu não posso e nem vou julgar. Tenho certeza que ela teve os motivos dela para não denunciar. Eu como namorada cabe cuidar, proteger e dar carinho, dar amor, deixar ela livre e saudável para suas decisões. 

- Bi, passei um cafezinho  - falei assim que ouvi a porta do banheiro abrindo. 

- Ah, tudo bem, já vou - levou uns 10 minutos, ela apareceu na cozinha, nitidamente com o rosto inchado, de quem deve ter chorado. Só olhou pra mim e entendi que ela precisava de abraço, dei uns passos em sua direção  e abracei-a. Ali mesmo ela voltou a chorar. Não tomamos café, nem comemos nada. Apenas fui com ela para o quarto, onde chorou baixinho no meu colo até cansar e dormir. 


- Isa, posso conversar com você um pouquinho? Coisa rápida - parei na frente da sala da Isabele, delegada. 

- Entra Flávia. Senta aí, o que foi? Tá abatida. Quer um café? 

- Aceito um café cara - eu mesmo fui n a cafeteira dela, atrás da gente, enchi uma xícara pra mim - Quer também? - Ela acenou com um sim - entreguei uma xícara pra ela e sentei com uma na mão. 

- Qual a bomba? A Mayra ameaçou de novo? 

- Depois do dia da padaria não. Mas nesse dia da padaria ela me disse que me mandaria um presente. 

- E? 

- Ontem o Ricardo estava na porta de casa. A Beatriz tá que não se aguenta de chorar. Me ligou falando que ele estava lá no prédio, eu sai fugida da aula pra ir ajudar ela. 

- Puta que pariu. Ele agrediu ela? 

- Não. Só estava o carro dele na frente do nosso prédio. Ela me ligou, resgatei ela. Deixei ela em um bar e desci de novo.

- Claro que você não consegue ficar quieta Flávia, porr*. 

- Não, desci  pra tirar satisfação. E aí se fez a merd*. 

- Ele te bateu? Não - ela me olhou mais ou menos - não tem nada aparente. 

- Não me bateu, só tivemos um bom bate boca. Ele está me cobrando 7 mil pelo dia que estraguei o carro dele, lembra, que eu rasguei os pneus e arranhei a lataria. Falou que vai vir me cobrar, que não é tão simpático quanto a Das Letras. E que ele iria até perdoar minha dívida, mas agora que estou com a mulher dele, faz questão de não perdoar. 

         -  Puta que pariu. Agora você tem problema com um matador de aluguel e agiota também. Vou tirar você do caso e pedir proteção pras duas- falou firme pegando o celular - vou ligar pro Alcino. 

- Não Isa. Não posso sair do caso agora. 

- Ah pode sim, não tô afim de ir no velório de mais ninguém, muito menos alguém da minha equipe, muito menos do seu  Flávia.

- Isa, olha pra mim - me apoiei na mesa, olhando sério pra ela - abandonar o caso não vai fazer eles pararem de me perseguir. Continuo devendo pro Ricardo Juba e continuo tendo acesso aos documentos da Mayra, que na cabeça dela pode parar o caso dela. E ainda dá o recado que estão no caminho certo, me ameaçaram e eu perdi o caso, continuem ameaçando. 

- Ta, então deixo você assim? Sendo ameaçada, risco de apanhar, risco de morrer. Olha a merd* Flávia. Esquece esse caso. Não o caso em si, esquece você nele. Tá envolvida demais Flávia. 

- Isa, claro que estou envolvida. É continuação do caso do tráfico de órgãos, estou há mais de 6 meses trabalhando nisso. Foca no que importa com essas ameaças temos certeza que a Mayra tem culpa bem mais do que o “simples” trafico de pessoas. O Juba, precisamos procurar. Ele que dá a missão da Mayra de levar as pessoas, mas ele que arruma as pessoas? Ele quem falsifica passaporte?  Ele está envolvido no caso em si ou só é um acessório que oferece a vítima vítima?

- Flávia, não é seguro pra você ficar nesse caso. Sério. Eu estou preocupada. 

- Não fica, eu sei me virar. Agora precisamos correr atrás de achar coisas que liguem o Ricardo ao caso. Já temos o depoimento do Grilo e da Mayra, mas isso não é nada consistente. Eu acho que podemos começar a colocar um grampo nele e olhando movimentações do banco. Na minha cabeça, quem entrega os passaportes para a Mayra é o Ricardo, entrando também em falsificação de documentos. Vou na informática olhar de novo o pen drive e o computador do Evangelista. Deve ter alguma coisa escondida. 

- Flávia - olhei pra Isa - toma cuidado! Sempre armada! Olhando pros lados! Não quero você sozinha fazendo diligências. Sempre acompanhada de outra pessoa também armada, de preferência ficar mais no interno e administrativo. 

- Está tudo bem Isa. Estou te avisando pra não passar por cima de você, mas está tudo bem.  

- Se estivesse tão suave assim, você não estaria abatida e preocupada. E te conheço, você não está plena. 

- Eu estou mais preocupada com a Beatriz que comigo. Não sei o que ela sofreu e viveu como Ricardo, mas ela está arrasada desde ontem. Chorou a noite toda. 

- Flávia, sabemos que relacionamentos com violência contra a mulher são dilacerantes. As vítimas levam anos e anos para superar e seguir em frente. Nesse momento ela não tem machucados físicos, mas tenho certeza que o emocional ainda está cicatrizando. Continua sendo carinhosa, fofinha que vai dar certo. 

- Eu estou sendo, estou cuidando, tentando acalmar e tals, mas me doi ver ela assim, mal. 

- Claro que doi, você tem um coração enorme Flávia. Bocó? Boco! Mas coração grande. E machucado emocional leva uma vida para corrigir. Chega de choro, só continua apoiando ela. Vai dar certo. 

- Tá… tá. 

- Vai trabalhar, não sai do DP. Não quero você na rua sozinha. Se achar alguma coisa nas provas que já colhemos me avisa. 

- Sim. Obrigada Isa, está me ajudando muito, de verdade. 

- Flávia, você faz parte da minha terapia diária - ela riu e voltou ao computador. Saí da sala da Isa e fui andando de volta para a sala dos investigadores, quando tive um insight. A imagem do caderninho do Belck e do Dinho veio na minha cabeça. Esse caderninho, estava no carro desses dois elementos, que estavam desovando os corpos na represa, quando começamos o caso do matão de dentro. Na ocasião era o Migalha, funcionário do Grilo, que dava a missão de descartar os corpos. Eu li inúmeras vezes esse caderninho, sem achar um vínculo ou seguimento. 

Eu sou uma investigadora muito metódica, tenho cópia de absolutamente tudo, separado e arquivado, sendo assim, abri a pasta que tinha as imagens desse caderninho. Fui procurando, procurando, até que achei uma lista com nome de doadores/vítimas do tráfico de órgãos e havia várias siglas e símbolos que eu não conseguia entender até esse momento DL e Jb, que ao meu entendimento pode ser DL- Das Letras e Jb - Juba. 

Lembram que teve um empresário que estava na fila de transplantes e ele incrivelmente foi transplantado sem ser pela lista nacional de órgãos? Esse cara se reunia frequentemente com o Puca, para dar continuidade ao tratamento, não ter rejeição de órgãos. Em frente do nome desse gente boa havia um DL e logo após o nome dele um Pc. Acredito que Pc é Puca, se seguirmos essa lógica. 

Nesse contexto, havia três páginas com vários com vários nomes e combinações. Muitos tinham DL na frente, esses nomes eram na maior parte pessoas vivas que investigamos e não achamos muitas informações, mas pessoas de boa renda. 

Outro grupo começava com Jb, esses tinham alguns DL no final e outros um + no final. Eu não tinha raciocinado ainda com esses dados. Será que + é morreu? Será que as letras da frente representam quem trouxe o doador ou o receptor? Será que a letra no final bate com o destino? 

Fui analisando novamente cada nome, cada identificação, até que no meio da segunda página achei “DL → Marcius Evangelista → +”. Ou consideramos isso como item da teoria da investigação ou a Isa vai ter que pedir para ir falar com o Grilo novamente ou com o Belck. Preciso falar com a Isa. Levantei rapidinho, com todos os meus papeis e fui, não correndo, mas rapidinho até a sala dela na outra ponta do DP. 

- Isa, olha o que achei - falei entrando na sala dela. 

- Cara, vem cá. Olha o que chegou agora. Já “ia” te chamar. Senta ai  - apos eu sentar na mesma cadeira de horas atras, a Isa soltou um audio, pouco tempo depois entendi que era uma conversa da MAyra com o Ricardo:

- Mano, ela tá em cima de mim.

- Já dei um recado bom ontem. A puta fudeu meu carro um tempo atras, vai pagar. 

- Juba, não pedi pra cobrar dinheiro dela, mandei você dar um recado só. 

- Não tem recado comigo. Ela tá com a minha mina. Fiquei “loco”.

- Foco Juba! Não pode lidar com ela igual você lida com seus clientes de agiotagem. 

- Quem deve pra mim eu mato, é muito simples Das Letras. 

- Para de fazer idiotice por causa de mulher. Se ela continuar em cima, fazemos o que? 

- Porr* Das Letra, facil. Vou te fazer um passaporte novo né?! Você mete o pé daqui. Sabe que faço os melhores. 

- Realmente, tem talento com passaporte falsos. Dá até para parar de ser agiota. 

- Não, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.


 A conversa entre os dois  continuou, mas a Isa me perguntou com o olhar se poderia desligar, acenei com um sim.

- O que achou? 

- Uma coisa não encaixa!

- O que? 

- Ela sabe que o celular dela está grampeado. No último dia que me abordou, que perguntou meu preço, falou que poderia responder no celular dela, que como eu tinha grampeado, eu sabia qual era. 

- Será que esqueceu? Escorregou? 

- Não é o perfil dela, apesar dos pesares, a menina é jornalista, sabe induzir uma conversa, sabe direcionar uma resposta. Ela me prometeu um presente, falou que eu saberia que era dela. 

- O Ricardo é o presente. 

- Doentiamente é. Ela está me dando ele como responsável pelo trafico de pessoas e acabou de dar a confissão dele de agita e falsificador de documentos. Ela está me dando alguém, que eu quero quebrar, pra assumir as merd*s dela. Ela é inteligente e ardilosa, sabe que um relato dele desse jeito, em um grampo abre caminhos, vale como prova. Ela me deu um jeito de livrar ela. 


Fim do capítulo


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Comentários para 63 - Capitulo 63:
Mmila
Mmila

Em: 16/11/2024

E agora Flavinha!?!?!? Nada de negociar com essa bandida da Mayra.

Tem que colocar esses bandidinhis todos na cadeia sem apelação.

Tô com pena da Bia.

Isa, bota quente com esses bandidos.

Obrigado autora, tá muito boa a história.

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