ALMOÇO
DILL POV
Meu Deus! Estou parecendo uma criança com essa ansiedade. Não tenho mais idade para sentir isso. - pensei enquanto olhava na internet procurando telefone de clínicas para Alan. Entre mensagens para Juliana, eu procurava sobre um novo tratamento para depressão. Mas todos, eram uma fortuna e minha condição financeira não ajudava. Precisava dar meus pulos. Desde a pandemia não consegui me recuperar. Pedi ajuda a meu pai, mas ele se recusou. Não tinha tempo de ficar reclamando, as contas não paravam. De verdade, pensar em sair com Juliana, apesar do medo, era a única coisa que me alegrava.
Perdi a noção da hora e quase esqueci que tinha terapia. Deixei minha funcionária cuidando da loja e saí apressada.
- Boa tarde Adriana! Como passou a semana?
- Bom dia! Semana complicada. Meu filho teve outra crise, o peguei com frascos de remédio. Não sei mais o que fazer? O que fiz de errado na criação dele? - falei baixo tentando não chorar.
- Porque você acha que a depressão dele é sua culpa?
- Porque ele se sente fraco perante as dificuldades da vida; e como eu sempre dei tudo à ele, não passou por sofrimentos, agora está assim.
- Novamente te pergunto: Porque você acha que é culpa sua. Depressão é uma condição que une várias condições, não apenas uma. Além de também ser uma condição física. O fato de vocês. - ela frisou verbalmente essa palavra. - O fato de vocês terem facilitado a vida dele, não significa que isso causou a doença. Atrapalha em como ele enfrenta a doença, por isso ele também não pode mais parar a terapia.
- Eu sei, mas ele fica relutante. Estou ficando sem forças. - eu esfregava as mãos, demonstrando nervosismo, minha voz começava a ficar embargada.
- É uma luta que vocês terão de lutar juntos, vocês três. Mas agora me fala de você e suas coisas. Como anda a história com Juliana?. - a pergunta me fez olhá- la de frente e abrir um leve sorriso.
- Eu quero ver como é sim. Conversamos bastante e chamei ela para almoçar. Quero ver como vai ser nosso cara a cara, afinal só falamos por mensagens até agora. Estou ansiosa!
- Que bom! Fico feliz que esteja realizando suas vontades.
- Mas não é fácil. Vem um turbilhão de coisas na cabeça.
- Deixa para pensar nisso depois. Aproveite o agora.Depois de mais algumas conversas e umas lágrimas que tentei esconder, saí de lá ainda mais ansiosa, mas corajosa. Pego o celular e confirmo o almoço.
JULIANA POV
Eu tentava aproveitar os poucos dias de férias que teria, já era 2022, e as últimas férias que tive, foram em 2017.Estava cansada, mas ficar em casa também cansava. Cuidava da casa, dos bichos e procurava uma forma de ainda continuar a morar naquela casa. Buscava empréstimos, minha casa, minha vida, mas haviam débitos em meu nome e recebendo metade do que recebia antes, seria complicado. Nesse meio tempo, pensar que iria sair com a Dil, me alegrava. Sempre fui muito “emocionada”, e como ela já havia me dito que não queria nada com ninguém. Eu não queria me animar demais. Logo que pensei, recebi sua mensagem: Preciso fazer compras no supermercado do shopping. Você quer me acompanhar e depois almoçamos?. Respondi rapidamente que sim, nem sequer fiz aquele joguinho de demorar a responder.
- Podemos sim, me fala a hora que te encontro lá.
- Vou às 11:30.
- Tudo bem! Pode ser . Até amanhã.
Foi uma tarde e uma noite longa, fiquei muito ansiosa, quase não dormi. Como boa TDAH, passei a noite imaginando a conversa, e também já pensando que daria tudo errado.
Pontualmente cheguei ao supermercado, mas como ele era grande, não a encontrei de primeira. Precisei mandar uma mensagem perguntando em qual corredor ela estava. Descobri que estava a dois corredores de mim. Tentava segurar o sorriso de tão nervosa que estava.
A avistei empurrando um grande carrinho, com compras que imaginei serem para sua loja. Estava usando uma blusa verde claro, com o logo da loja, calça da mesma cor de linho. Mesmo estando de uniforme, estava elegante. Cabelos loiros lisos até a altura do ombro, olhos castanhos claros. Me encantei ao vê-la.
-Oi! - a cumprimentei com um leve abraço e um beijo rápido no rosto.
- Oi! Tirei você de suas férias, para me ajudar a fazer compras. - senti seu nervoso pela forma que falou.Durante as compras, falamos sobre a loja, as férias, o projeto que teríamos pela frente. Depois fomos para uma lanchonete na praça de alimentação e fizemos nosso pedido e não enrolei para perguntar.
- Qual sua ideia?
- Olha! Minha vida é uma bagunça, estou separada a quase 5 anos e não tive ninguém desde então. Pensar que a primeira pessoa que. - não conseguiu terminar a frase.
- Como assim você não saiu com ninguém desde a separação? - arregalei os olhos espantada.
- Meu ex ainda mora em casa e eu fui deixando as coisas, parecia que tinha de dar satisfação para ele e como ele também não sai com ninguém, sei lá.
- Não digo que estou espantada, porque passei 4 anos sem sair com ninguém também. Nem sequer beijo na boca teve.
- Fui deixando as coisas para depois e quando vi, já haviam se passado 5 anos. Mas decidi que não posso mais deixar minha vida passar.
- Acredito Dill, porque levei tanto na cabeça que me isolei e o tempo acabou passando e nem vi. - ri dando um belo gole de refrigerante. - E sobre a gente?
- Ju! Minha família é extremamente preconceituosa, aliás eu ainda não digeri que quero experimentar. Então, hoje só quero experimentar, não quero nada sério com ninguém.
Balancei a cabeça como que assentindo com suas palavras, lembrei do meu terapeuta, que estava forte com meus sentimentos.
- Tá certa você! Também não quero rolo para minha vida. Aliás, tenho vergonha da minha casa. Ela tem gatos e cachorros, mesmo que eu limpe, não consigo me livrar de todos os pelos. Ela é velha. Por isso falei para irmos ao motel, mas se quiser ir lá em casa. Já estará sabendo. - joguei a real, porque eu realmente tinha vergonha de casa e tentar esconder isso me causava estresse e por conta disso, agia estranho com as pessoas.
- Não ligo para essas coisas. Prefiro que a gente se encontre lá pode ser? Pra mim é complicado, você entende?
- Sim! ninguém precisa ficar sabendo de nada.
- Então posso ir amanhã, mas só tenho o horário do almoço, tudo bem?
- Sim. Vai lá em casa e a gente conversa um pouco mais à vontade. Vamos ver o que rola.
Nos despedimos e saímos, nossa conversa sobre o encontro não foi romântica, eram duas pessoas que iriam apenas matar sua vontade. Ela queria experimentar e eu matar uma vontade que já durava quase 30 anos. Afinal seria só uma ficada.
No dia seguinte, me preparei com carinho para recebê-la, passei um bom perfume, casa arrumada, roupa de casa, mas ainda assim bonita. No horário marcado ouvi seu carro parando em frente à minha casa. Respirei fundo, sorri sem graça. Abri o portão e ela rapidamente entrou, parecia que queria se esconder. Estava com as bochechas ruborizadas, ri por dentro de seu nervoso. Mostrei rapidamente os meus bichos, ela sentou-se mais que depressa no sofá.
Fim do capítulo
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ropretinha
Em: 06/04/2025
Lea, eu e minha esposa tivemos o mesmo pensamento, eu sem marido e filho, e ela com 1 zoológico, kkk
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Mmila
Em: 16/11/2024
Situação mais que estranhas dessas duas.
lorenamezza
Em: 16/11/2024
Autora da história
Uma depois de anos quer ser descobrir e a outra não quer perder uma oportunidade. O que pode acontecer rs. E sim parece uma situação estranha, ainda mais sendo real.. Concordo com vc kkk
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lorenamezza Em: 06/04/2025 Autora da história
Então, olha q nem coloquei todos os bichos na história rs