A história parece lenta, mas é uma história verdadeira e muita coisa precisa ser dita.
VEM PARA O VALE
Antes do fim do ano houve um evento para as crianças no parque da cidade,10 de outubro. Todos estavam convocados para trabalhar, inclusive uma colega lésbica que era treiandora de futsal, Lúcia.
Nesse evento, as três ficaram juntas e em determinado momento Lúcia questiona Dill.
- Você é casada? - perguntou enquanto carregava umas cadeiras.
- Não sou mais, moro com meu ex mas, já não estamos juntos a muitos anos.
- Achei que você era lésbica. Não é do babado?
Juliana arregalou para Júlia. Morreu de vergonha pela colega, porque ela mesma nunca teve coragem de perguntar.
- O que foi Juliana? - riu Lúcia.
- Mulher! Eu que a conheço a tempos, nunca sequer falei sobre isso.
- Ué o que que tem demais? É só ela responder que não.
Dill rapidamente responde.
- Eu não sou nada. Não quero mais me privar de nada. Quero experimentar o que vier pela frente.
- Quem não é nada, é tudo. Olha lá. - soltou Juliana sem pensar.
- Pode ser, só cansei de não fazer as coisas. A vida está passando e não posso perder mais nada.
- Viu Juliana! Ela está aberta a experimentar tudo. Só não vou te cantar agora, porque estou namorando sério e amo minha mulher, apesar de só brigar com ela. - todas riram e continuaram seus trabalhos.
Mal elas sabiam que esse dia seria o inicio de uma mudança na vida dessas duas.
JULIANA POV
"Eu sempre desconfiei dela, mas se ela quer experimentar quem sabe, agora eu poderia tentar. Afinal isso era uma abertura. Mas ela é do meu grupo de corrida, se me der o fora, vou ficar muito constrangida, vou monitorá-la de perto." Vou repetindo para mim mesma enquanto guio minha moto em direção à minha casa. "Caramba! Desde que ela jogava e eu era atleta, ficava com essa curiosidade sobre ela. Agora posso tentar comprovar".
Durante a semana nos aproximamos mais e ela se abria um pouco sobre sua vida. Falava da dificuldade que seu negócio vinha enfrentando e um pouco sobre sua vida particular. Falou também sobre não ter muitos amigos que pudesse contar tudo. Eu a olhava e via que aquela pessoa tímida, na verdade era uma pessoa sofrida pelo relacionamento e as lambadas da vida. Estava me apegando a ela, e isso poderia ser perigoso. Também tinha meus anseios. Minha última tentativa de relacionamento, minha ansiedade, estragou tudo e eu sofri. Não por não ter dado certo, porque acredito que o que é nosso nos encontra, mas sofri porque, entendia de onde vinha minhas crises e não consegui parar, o medo era não ter mais ninguém por conta disso. E com Dill não era diferente. Ela era uma pessoa muito legal, honesta, trabalhadora. Do jeito que eu queria, mas sua vida me fazia questionar se valeria a pena.
Nossa amizade foi crescendo, todas reuniões, sentávamos próximas uma da outra, eu porque queria ficar perto dela e ela, por ser tímida, sentava ao lado de quem conhecia. Nada dizia que um dia poderíamos ficar juntas.
DILL POV
Saio do evento pensativa, será que fiz certo em falar aquilo para elas. Minha família é tão preconceituosa que se soubesse que eu poderia vir a ficar com uma mulher, não sei o que aconteceria. Mas agora já foi.
Volto minhas atenções para meu negócio, que vem vertiginosamente caindo as vendas. Esse era um negócio antigo de família, meu pai havia deixado para que eu cuidasse. Sob o meu comando, já se passavam 10 anos. E com tudo que foi acontecendo com o Brasil, crises, pandemia, muitos negócios iguais na minha cidade. Perdi a mão e as vendas, parecia que o buraco das dívidas era grande e eu precisava de ajuda, nem que fosse psicológica.
Nesse tempo, meu filho terminou com a namorada e descobriu uma depressão. Agora viviam num termina e volta que estava acabando com o meu psicológico. Pois as crises de depressão eram mais frequentes depois de cada briga.
Minha vida estava de ponta cabeça, eu me sentia sozinha e sem rumo. As palavras da cigana, pareciam distantes, já que meu pensamento agora era, cuidar do meu filho.
Vi em Juliana uma amiga muito boa para desabafar. Ela não sabia, mas eu de certa forma tinha um enorme respeito por ela. Solteira, corria atrás de suas coisas, morava sozinha, viajada e descolada. Tudo que eu não era e até de certa forma queria ser. Nunca soue de nada dela, sabia que já havia namorado um monte de mulher, mas sempre fora uma pessoa discreta. Isso me dava segurança para falar sobre tudo. Até que já havia feito um menage e também que gostaria de sair com uma mulher. Estava se tornando uma grande amiga.
Dezembro se aproximava e meu filho, estava muito mal. Crises e crises de depressão, nada estava bom. Haviam dias que eu nem conseguia trabalhar, pois ficava em casa cuidando dele.
- André por favor! Você precisa vir me ajudar! - implorei para que ele viesse.
- Você sabe que não posso sair assim. Dá seu jeito aí. - falou nervoso. - Não sou dono de negócio como você.
- Você é efetivo no emprego. Por favor eu preciso de você!
- Não posso! É frescura do Alan. Deixa ele que logo se acalma.
- Não aguento mais essa situação. - falei aos prantos. Você nem perguntou o que seu filho fez. Ele deu um soco na janela. Ela quebrou e ele está com o braço sangrando. Será que dá para você vir me ajudar.
- Nossa! Tudo bem, vou dar um jeito e já estou chegando aí.
Desligou o telefone, juntei forças para não chorar na frente de Alan. Peguei caixa de primeiros socorros. Alan estava sentado na cama, abraçados à seu joelho, com o sangue escorrendo pelo braço.
- Me perdoa mãe. Eu não vou fazer mais isso. Só quero que essa dor passe. - ele olhava paa o braço em sangue.
- Depois a gente conversa sobre isso. Deixa eu limpar seu braço. - comecei os primeiros socorros. - eu sentia raiva dele, pois sempre teve tudo, nunca lhe faltou nada, sempre fui uma mãe amiga. Mas a raiva maior eu sentia de mim, talvez a culpa fosse minha, fui mãezona demais, nunca deixei faltar nada.
Logo André chegou e veio conversar com o filho. Eu os deixei a sós, mas logo pude ouvir uma discussão forte vindo do quarto e eles estavam quase saindo no braço. Fui correndo apartar e não me contive em lágrimas, aquilo tudo era absurdo. O que estava acontecendo? Como minha vida virou de ponta cabeça da noite para o dia. André foi para o quarto dele e Alan veio chorando me abraçando.
- Você acha que eu queria fazer isso mãe? Eu não queria sentir essa dor. - ficamos os dois ali abraçados chorando.
Depois de tudo calmo, André continuou no quarto e Alan já estava mais calmo e dormindo. Recebi uma mensagem de Juliana.
"!Dill. E aí tudo certo?"
"Quase"
" O que aconteceu?"
No começo não queria comentar mas com já estava tão arrasada, que senti necessidade em conversar com alguém. Liguei para ela e do meu quarto contei tudo que havia acontecido. Chorei sem querer algumas vezes, mas o principal, consegui me abrir.
Ela ouviu tudo com atenção e tentava me animar dizendo que tudo iria se ajeitar, que eu era forte e conseguiria superar. Sei que seria muito complicado, mas ouvir alguém dizer faz bem.
- Olha você não esqueceu que amanhã tem encerramento la´do grupo escolar né?
- Verdade! Quase me esquecei. Mas também com tanta coisa acontecendo.
- A Lúcia vai estar aqui. Depois do encerramento, vamos tomar uma?
- Se tudo estiver calmo por aqui vou sim. Bom agora preciso desligar, vou deitar perto do Alan.
- Tá bom! Mas se der vai sim vai ser bom para você. Até amanhã.
- Até.
Fim do capítulo
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mtereza
Em: 16/11/2024
Poxa a vida da Dil não está fácil ela precisa realmente de uma dose cavalar do vale com urgência rsrs Juliana precisa tomar coragem kkkk
lorenamezza
Em: 16/11/2024
Autora da história
Tudo vai acontecer ou tudo pode acontecer rs
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lorenamezza Em: 03/02/2025 Autora da história
Ele é uma peça fundamental para a história.