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Ela não é a minha tia por alinavieirag

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Palavras: 6449
Acessos: 2188   |  Postado em: 03/11/2024

Notas iniciais:

Boa tarde, leitoras!


Boa leitura! E não deixem de comentar! 


OBS: Esse capítulo contém os dois pontos de vista (primeiro o da Júlia, depois o da Sofia, logo a baixo)

Capitulo 43 – Todos os nossos demônios

 

Júlia

 

Algumas horas antes

 

 

Eu simplesmente não posso bater o carro – ainda mais o carro do Seu Olavo – na minha primeira vez dirigindo, oficialmente. Mas é isso o que vai acontecer se eu não controlar os meus nervos.

Ok, Júlia, você já fez coisas mais difíceis do que isso.

Fico tentando me convencer com esse pensamento, mas a verdade é que nada nesse mundo parece mais difícil do que recuperar o amor da pessoa que você mais amou nessa vida, e que ainda ama.

O Seu Olavo não acreditou quando eu liguei perguntando se ele poderia me emprestar o carro, no hotel onde está hospedado. É claro que tive que explicar que eu tinha feito auto escola, nos últimos meses – escondido da Sofia, porque era para ser uma surpresa, de qualquer maneira – e que tinha ido buscar a minha carteira hoje, mais cedo.

Eu resumi tudo dizendo que precisava falar com a Sofia – porque ele jamais entenderia o motivo de eu precisar chegar lá de carro – e não questionou mais nada a partir daí, apenas me disse que eu podia passar lá depois das cinco da tarde.

Porque o Seu Olavo é esse tipo de pessoa.

Abro o portão com o controle remoto que ainda estava comigo – acho que a Marta simplesmente tinha se esquecido de que eu tinha uma cópia, até porque eu também não havia feito nenhuma questão de lembrar – e sinto o meu coração acelerar.    

Droga, eu só espero que ela me escute, que ela me entenda.

Não demora muito para os faróis iluminarem a varanda e toda a escadaria. O jardim está iluminado – já que passa das sete – assim como a área interna da casa. Bato a porta do carro, suavemente, para não fazer muito barulho, e subo os degraus com as pernas bambeando.

Ótimo.

Aperto a campainha e fico esperando alguns segundos até perceber a movimentação lá dentro, e por último, ver a porta se abrindo.

– Júlia? O que você está fazendo aqui? – A Marta me pergunta, surpresa.

Ela está bastante arrumada, com um vestido preto que lhe cai perfeitamente bem, assim como um conjunto de brincos e colar que chama a atenção na medida certa. Não que aquilo fosse algo inusitado, já que ela sempre procurou se manter arrumada mesmo para ficar em casa.

– Eu quero... eu preciso, falar com a Sofia. – Decido ser mais incisiva, de última hora.  

– Olha, Júlia... – Vejo quando ela encosta a porta atrás de nós duas, nos colocando para fora da casa. – O meu... o Olavo, me disse que você está indo embora. – Ela me lança um olhar cheio de pena, e sinto o meu estômago revirar. – Com certeza é uma atitude desesperada, não? – Ela usa aquele tom superior que eu já estava bastante familiarizada. – Quero dizer, você também não precisa fazer isso. – Ela faz uma pequena pausa. – Eu estive pensando e... eu estou disposta a me esquecer de tudo. – Olho para ela, perplexa. – Disposta a passar uma borracha em tudo o que aconteceu... afinal, quem não erra, não é mesmo? – Ela, ela nunca erra. – Se você prometer que vai voltar a ver a Sofia da forma que via antes, como a sua afilhada e mais nada, vai ficar tudo bem... Ainda pode ser como era antes, Júlia. – Ela segura a minha mãe e eu estremeço com o contato. Aquele era muito mais um gesto de ameaça do que de afeto, pena que eu tinha demorado muito tempo para perceber.

A Marta estava mesmo disposta a “passar uma borracha” em tudo? Até onde iria para manter as aparências?

As suas palavras me espetam e sinto vontade de gritar. Um dia, ouvir o que ela acabou de me dizer já foi tudo o que eu poderia querer. Mas agora, pensar em ser o que éramos antes me fazia sufocar.

– Não, eu não quero.

– Quê? – Ela me olha em choque, sem acreditar, seu sorriso sumindo em questão de segundos.

Tanto eu quanto a Sofia sabíamos que não teria mais como voltar atrás. Que nunca voltaríamos a ser o que já fomos um dia. E eu nem quero. Eu não quero que a gente seja outra coisa.

– Eu não vou fazer isso, Marta, eu não vou passar uma borracha no que aconteceu, porque eu não me arrependo de nada do que aconteceu. – O meu único arrependimento é de não ter tomado essa atitude antes. – Eu não vou mais fazer o que você quer que eu faça, não mais, então, se você não se importa, eu prefiro esperar lá dentro... – Desvio dela e abro a porta que estava segurando, mas o que encontro lá dentro, no entanto, me pega desprevenida.

Um pouco mais de meia dúzia de mulheres estava distribuída pela sala, sentadas nos sofás enquanto seguravam um par de pires com suas respectivas xícaras. Não eram rostos desconhecidos, pelo contrário, eu os conhecia muito bem.

A Marta estava dando um daqueles seus encontros regados a chá e café que ela normalmente me obrigava a participar. É claro que aquilo não iria me impedir de falar com a Sofia, mas tinha que ser logo hoje? E onde estão os carros? Provavelmente no jardim dos fundos, perto da garagem, por isso não notei nada antes de entrar aqui.

Merda.

– Então você não vai embora? – Ela provoca, sabendo o quanto aquela situação toda poderia me deixar desconfortável.

– Não... Não vou. – Diminuo um pouco o meu tom, mas sigo firme na minha posição.

– Não vai? – Ela me olha, enfurecida, falando mais alto do que eu, de propósito. – Então por que não explica para as minhas amigas o motivo de você não ser mais bem-vinda nessa casa?

Mas que porr* ela estava fazendo?

– Marta... – Tento a impedir do quer que estivesse pensando em dizer, mas...

– Porque ela simplesmente assediou a minha filha... – Ela diz em alto e bom som, se inclinando para as amigas. – É por isso que ela não pode mais vir aqui.

Ela tenta me atingir com as suas palavras, mas percebo que elas não têm mais o mesmo efeito, só me deixam mais irritada.

Então era isso? Ela queria me expor? Tentar me desmoralizar? Pior do que isso, expor a própria filha?

– Você sabe que eu não fiz isso. – Olho apenas para ela, porque é o que importa, ou pelo menos o que ainda importava.

Aquilo era entre eu e a Marta e foda-se se aquelas mulheres provavelmente estão me endemonizando com olhares agora.

O problema nunca foi os outros, por mais que eu tenha achado que a minha maior preocupação era a Marta – o que até certo ponto realmente foi – na realidade, sempre foi eu mesma, os meus próprios medos é o que falavam mais alto.

Esses medos que ela sempre fez questão de alimentar.

– Você só está querendo me atingir, querendo fazer com que eu acredite nisso, como você sempre fez... mas isso não funciona mais. Sabe porquê? Porque hoje eu sei que não tem nada de errado comigo. – É a primeira vez que digo aquilo em voz alta, e sinto uma mistura de alívio e tristeza, por ter demorado tanto a entender aquilo. – Eu só sou humana, cheia de falhas, como qualquer um, mas cheia de amor para dar, porque eu me importo, porque eu cuido, porque eu protejo a minha família. – Ao contrário de você, tenho vontade de acrescentar, mais ainda guardo aquilo para mim.

– Olha, Marta, nós podemos voltar uma outra hora... – Uma das mulheres ali presentes se manifesta, se levantando do sofá.

A mesma que disse que eu tinha a voz de um anjo, no dia da cerimônia de Crisma do João e que provavelmente deve pensar que tenho a voz do próprio Diabo, agora.

– Não, podem ficar, eu faço questão que vocês fiquem. – Digo aquilo e a Marta me olha com medo pela primeira vez desde... desde que nos conhecemos, eu acho. Tenho certeza de que nunca a vi com essa expressão antes. – Assim eu posso ser sincera pela primeira vez... E dizer que eu nunca gostei dessa “tarde de chás”. – Faço aspas no ar enquanto deixo escapar uma risada sarcástica. – Eu nem gosto de chá... Nunca gostei dessas conversas, fúteis pra caralh*, nunca gostei de administração. – Vou despejando uma coisa atrás da outra, simplesmente não consigo parar. – Sempre odiei ter que inventar uma personalidade para cada ocasião dessas, tendo que fingir que tenho cinquenta ou sessenta anos e que sou frustrada com a vida... enquanto sou apenas uma mulher de trinta e poucos descobrindo o que eu gosto, e o que eu não gosto... – Faço uma pequena pausa, pensando sobre aquilo. – Ou melhor, uma mulher de quase quarenta que está tendo a coragem de sustentar isso agora.

– Você está bêbada, Júlia? Não pode estar falando sério... – A Marta começa a encenar.

– Não, bem que eu queria, mas precisava fazer isso sendo eu mesma.

– Eu acho melhor nós realmente... – Uma segunda mulher tenta se levantar, mas é interrompida.  

– Não! Vocês vão ficar aí! – A Marta aumenta ainda mais o tom, saindo um pouco da postura calma que sempre procurou manter. – E o que você entende sobre família? – Ela volta a sua atenção para mim. – Se a única coisa que você conhece por família foi graças ao que eu te dei? – Minha garganta aperta, mas me mantenho firme. – Ou você se esqueceu de que não tinha mais nada antes disso? – Ela me atinge onde sabe que doeria mais.

– Eu posso não saber muito sobre o que é ter uma família, é verdade... mas tudo o que eu sei é que você não merece a que tem. – Largo aquilo, sem medir as consequências. – Ou você acha que a sua filha merece ser tratada como lixo? Ou que o seu marido, simplesmente o homem mais bondoso que eu já conheci, mereceu ser traído por você e pelo ex-namorado da sua melhor amiga?

Vejo, pela minha visão periférica, algumas das amigas da Marta se ajeitando no sofá, ou desviando o olhar para as mãos ou para os próprios pés, enquanto a dona da casa, no entanto, nem pestaneja, ou muda a postura. Apenas permanece intacta, me crucificando com o seu olhar.

– Bem, nós já vamos... Acho que vocês duas têm muito o que conversar. – Uma outra mulher se levanta e dispara pela sala com um pouco mais de urgência, sem dar brechas para novas interrupções.

Uma a uma, vão saindo da sala, se despedindo com olhares ou palavras curtas.

– Vamos marcar o próximo encontro na minha casa, o que você acha? – A última mulher diz antes de sair, enquanto a Marta apenas dá um sorriso amarelo, sem mostrar os dentes.

E, em segundos, estamos sozinhas outra vez.

– Você também precisa ir embora. – Ela tenta me intimidar com as suas palavras.

– Não, eu não vou. Não antes de falar com a Sofia, eu vou esperar ela chegar. – Ela quem diria se eu deveria ou não sair daqui. – Você entrou na minha casa inúmeras vezes sem nem pedir licença... Acho que isso me deu livre acesso para estar aqui agora, não acha? – Provoco. – Na última vez que esteve lá, você falou tudo o que queria, aliás... – Digo enquanto me lembro daquilo. – Está na sua vez de ouvir certas coisas.

– Por que está fazendo isso, Júlia? Não basta tudo o que você já me causou? – Ela dramatiza, se colocando como a vítima perfeita que ela definitivamente não é.

– Não precisava ser assim, mas você meio que pediu por isso. – Aquilo era verdade, nunca pretendi expô-la daquela maneira, mas ela não tinha me deixado muitas opções.

E a paciência de alguém – por mais contida que essa pessoa seja – só vai até um certo limite.

– Por que está arruinando com tudo? – Ela insiste em assumir aquele papel. – O que você ganha com isso?

O que eu ganho com isso? Não sei ao certo, o que eu sei é que já tinha perdido coisas demais. O que me faz pensar que talvez esteja na hora de começar a ganhar alguma coisa.

– Eu não estou arruinando com nada, Marta, e você não pode me julgar por isso... por uma só vez na minha vida eu decidir não fazer as suas vontades. – Despejo. – Eu passei a minha vida inteira tentando agradar... Quando deixou de ser com a minha mãe, passou a ser com você. Por muito tempo eu fui quem você queria que eu fosse, mas eu não vou mais ser essa pessoa. Não vou mais ser esse fantoche que você faz o que bem entende... sendo a pessoa perfeita aos seus olhos, a pessoa perfeita que você não consegue ser.

– Como você pode ser tão ingrata? Você é tão ingrata quanto a Sofia! – Ela eleva um pouco mais o tom. – Eu fiz tudo o que eu podia por você... Te tratei como uma filha...

– Acontece que eu não sou a sua filha, Marta, a Sofia quem é, e... amor, não tem nada a ver com controle... Você precisa parar de tentar controlar as nossas vidas, ou tudo... Isso só faz mal a você mesma, será que não percebe?

– Eu pensei que você fazia o que fazia porque me considerava no mínimo como a sua melhor amiga, Júlia, não porque eu te... obrigava?... É o que você está querendo dizer, não é?

– Você tem razão... Eu te considerava pra caralh*, Marta, se é o que quer saber...

Eu sei que tive a minha parcela de culpa, não estava dizendo que só ela era culpada por essa nossa relação tóxica, afinal, de certa forma, eu deixei com que ela me usasse, me manipulasse ou me tratasse da forma que bem entendia. Mas estava na hora de alguém colocar um fim nisso, e, se não fosse ela, precisaria ser eu. Só poderia ser eu.

– Só que em nome dessa “amizade” eu passei por cima de muita coisa... De mim, principalmente, mas... por você ser a minha melhor amiga e justamente por ser grata por tudo o que você me deu, eu deixei com que falasse qualquer merd* em relação a Sofia, sem quase nunca me manifestar, não como eu deveria... – Nunca me perdoaria por isso.

– O que você entende sobre ser mãe, Júlia? Pelo amor de Deus...

– Eu não sei o que é ser uma mãe, mas eu entendo o que é ter uma... Uma mãe como você. – Minha voz sai engasgada e não consigo continuar.

– Isso faz bem o seu tipo mesmo, jogar na minha cara o quanto eu fui uma péssima mãe e o quanto você foi tão, tão boa pra ela. Cuidou dela direitinho, né? – Ela ironiza, colocando uma dualidade ridícula em suas palavras. – Ah, faça-me o favor.

– Não foi o que quis dizer. – Digo, de forma automática.

Mas não era o que eu estava fazendo? Uma parte de mim estava certa do que eu representei na vida da Sofia. E de como tudo poderia ter sido diferente se eu não estivesse lá, fazendo o papel de amiga, confidente, do adulto confiável que a Sofia sempre precisou e que nunca teve. Com exceção ao pai dela, era eu quem sempre estava lá.

Era tão fácil apontar os meus erros agora, como se eu não tivesse acertado uma única vez.

– Ai, Marta, quer saber? Você está certa, foi exatamente o que eu quis dizer. A verdade é que eu sempre achei sim que você era uma péssima mãe. – Me livro daquilo de uma vez por todas. – E se você não consegue, se você não quer enxergar tudo o que eu tentei te mostrar agora, tudo o que eu posso querer de você é a sua filha, a pessoa mais incrível que eu já conheci... – Digo, emotiva. – No fundo... você sabe disso, não sabe? Por isso que sempre a tratou tão mal... Porque você sempre a viu como uma parte melhorada de você, nunca conseguiu vê-la como uma pessoa separada, da forma que ela merecia ser vista... por você.

– Da forma que você sempre a viu? – Ela provoca de volta. – É do que se trata, não é? De uma competição? Você é boa em tudo, afinal... No fundo você sempre quis tomar essa família pra você...

– Não, Marta... Não é sobre uma competição porque nem todo mundo é como você, porr*. – Digo, exausta.   

– Você quer que eu realmente acredite nisso? – Ela dá uma meia risada sarcástica. – Que é tudo por... paixão? – Ela cospe a palavra, de forma debochada. – Que vocês estão apaixonadas? Ou melhor... Que você está apaixonada por ela?

– E por que eu não poderia estar? – Rebato, sem pensar duas vezes.

– Não me faça rir, Júlia.

– Eu sempre a amei, apenas de formas diferentes com o passar do tempo...

Afinal, era disso que se tratava, não era? O que eu fiz, se não foi amá-la durante todas as suas fases, de todas as formas possíveis?

– Por que você acha que sua filha não poderia ser amada? Só por que você não consegue fazer isso? – Digo, entre uma lágrima e outra. – Quando você foi até a minha casa, você disse que eu seria uma decepção para a minha mãe, mas... Você já se perguntou o que você é para a sua filha? – Ela desvia o olhar do meu pela primeira vez desde que estamos aqui. – Você tem razão... provavelmente minha mãe não estaria nada orgulhosa de quem eu me tornei e, talvez você nunca entenda, mas, pela primeira vez, eu me sinto orgulhosa dos caminhos que escolhi para a minha vida.

E isso basta.

            Viro a cabeça assim que escuto o barulho de uma chave na fechadura, meu coração errando a batida quando a porta se abre e ela aparece no meu campo de visão. Nossos olhos se encontram daquela velha forma automática, como se mais nada ao redor importasse, e ela me examina por alguns longos segundos.

– Você tá indo embora? – Ela pergunta com urgência. – Não acredito que você vai fazer isso, Júlia, não acredito que está me deixando de novo... – Sua voz sai bastante comprometida conforme algumas lágrimas escorrerem pelo seu rosto.

Sorrio, sabendo que eu não ia mais machucá-la.

– Não, meu amor. – Digo com todo o meu sentimento, por um momento me esquecendo de toda a conversa com a Marta e de que ela continuava aqui. – Sofi, eu finalmente tirei aquela maldita habilitação... – Sorrio, entre as minhas próprias lágrimas, me libertando de todos os meus infernos pessoais.

Estou nervosa, mas também nunca tive tanta confiança, tanta esperança.

– Eu estou aqui porque quero que você venha comigo dessa vez. – Faço uma pequena pausa, avaliando a sua reação. – Se você quiser... Eu... estou te escolhendo dessa vez.

– Sua desgraçada de merd*, você só pode estar de brincadeira. A Sofia não vai sair dessa casa. – A Marta começa a ensaiar alguma coisa, mas só tenho olhos para ela.

Ela e somente ela é tudo o que me importa.

– Mas você disse... – A Sofia tenta dizer, com a voz ainda comprometida.

– Eu sei o que eu disse, mas... Eu te amo, Sofi. Não como a minha quase afilhada, pelo menos não só como isso. – A gente compartilha um sorriso. – Eu sei que você sabe disso, que você pode sentir o meu amor. Me desculpa se em algum momento eu te fiz acreditar no contrário. Se... – Paro no meio do caminho.

Depois de tudo o que aconteceu, eu não me importava mais de falar aquelas coisas na frente da Marta, mas têm certas coisas que eu só queria compartilhar com ela, porque só pertencia a nós duas.

– Vem... vamos lá pra cima. – Ela acena para as escadas, com a cabeça, como se lesse os meus pensamentos.

Não consigo conter o meu sorriso, ela também queria aquilo.

– Você só pode ser mesmo muito estúpida, Sofia! – A Marta diz, com a voz alterada, e sinto o meu corpo todo estremecer. – Como pode ser tão...

– Cala a sua boca, Marta! – A interrompo, transtornada. – Eu posso ter sido passiva antes, mas eu nunca mais vou deixar com que você fale assim com a Sofia de novo, ouviu?

– Quem você pensa que é pra falar assim comigo? – Ela me encara, incrédula. –

Essa casa ainda é minha, Júlia!

– Quem eu penso que eu sou? Apenas a pessoa que colocou tudo em ordem quando você não foi capaz de fazer... – Digo, firme. – Eu amo a sua filha, Marta... e não vou mais abrir mão dela por sua causa.

Não mais.

Pela primeira vez, eu não achava que algo horrível aconteceria caso eu dissesse aquelas coisas. Se houvesse algum acidente, nunca seria por minha causa, porque nunca foi.

Eu não fiz com que o nosso carro passasse aquele sinal. Minha personalidade não provocou aquela batida. Minha mãe ter morrido não foi minha culpa e eu não poderia estar me sentindo mais aliviada por ser capaz de reconhecer aquilo, depois de anos.

E, finalmente... finalmente me sentindo livre.

 

 

Sofia

 

Espera... A Júlia acabou mesmo de dizer aquelas coisas?

Fico pensando conforme subimos as escadas e percorremos o corredor, sem acreditar.

É estranho estar com ela do meu lado agora, principalmente depois de...

– Eu cheguei a pensar que nunca mais entraria aqui de novo. – Ela completa os meus pensamentos assim que entramos no meu quarto.

– Eu também. – Digo, sincera.

Afinal, foi acreditando nisso que eu passei inúmeras noites em claro, chorando.

– Você não tirou as nossas fotos... – Diz enquanto olha para o painel de fotografias que ficava no meu quarto, o que tinha fotos desde quando eu era bebê, a maior parte delas com a Júlia do meu lado.

– Você fez parte da minha vida, Jules, nem se eu quisesse eu poderia apagar algo assim.

Afinal, ela não era apenas uma ex-namorada. Acho que a Júlia jamais poderia ser uma coisa só.

Ela olha para os próprios pés enquanto arruma uma mecha do seu cabelo, sorrindo. Não pareceu nervosa lá embaixo, mas parecia agora, tão nervosa quanto eu estou me sentindo.

– Então... Você estava dizendo que... – A incentivo, com um pequeno sorriso.

Droga, eu estava feliz demais para ser orgulhosa.

– Acho que você deve ter percebido da pior forma possível que eu não sou uma pessoa perfeita... Eu errei com você, Sofi, eu nunca devia ter te magoado... Nunca deveria ter sido tão submissa, porque isso não afetava só a mim, afetava a você também, e eu fui um pouco egoísta de não ter percebido isso antes. – Ela declara, vulnerável. – Acho que ainda tô aprendendo a ser uma boa pessoa... – Nós acabamos compartilhando um sorriso.

Mas eu não podia deixar de pensar...

– Por que você não me falou isso antes, Júlia? O que mudou em um mês?

Ela não me pareceu pronta quando conversamos da última vez, como poderia estar agora?

– Acho que eu tive que perder o amor da minha vida pra entender o quanto agir como eu agia me fazia mal. – Ela confessa. – Sofi... eu pensei em você todas as noites e... eu vou entender se você não quiser lidar com isso de novo... Mas eu não podia ir embora sem falar com você. Eu só precisava que você soubesse que... Depois de tudo o que vivemos nesses últimos meses, eu encontrei uma razão para não ser mais aquela pessoa que eu vinha sendo... Uma razão pra tentar começar tudo de novo...

– Uma razão? – Brinco com ela, chegando mais perto. Seu hálito batendo no meu rosto a uma distância nada segura.

– Uma porção delas, na verdade. – Ela sorri, daquele jeito tímido e tentador, na mesma medida.

– O que você me disse lá embaixo... – Meu coração bate mais rápido apenas com a lembrança. – Eu estava esperando por isso desde os meus seis anos, Júlia. – Confesso.

– Então, você... – Ela se certifica, parecendo não estar muito certa do que tinha acabado de ouvir.

– Me leva com você. – Peço da mesma forma que havia feito há trezes anos atrás.

A mesma frase, o mesmo sentimento, apesar de sermos pessoas completamente diferentes hoje.

– É tudo o que eu mais quero. – Ela termina de encurtar o micro espaço entre nossas bocas e a encara por um milésimo de segundo antes de me beijar como se estivesse morrendo.

Porr*...

Acho que eu também estava, tanto que a agarro pela nuca, trazendo-a para mais perto.

– Droga... Eu tive tanta saudade disso... Tanta saudade de você... – Ela sussurra na minha boca e me sinto perdidamente embriagada.

– Eu também... – Sussurro de volta. – Saudade da sua boca... – Lambo os seus lábios. – Saudade do seu cheiro... – Roço o nariz pelo seu cabelo. – Do seu gosto... – Passo a língua pelo seu pescoço e enlouqueço com a pulsação. – Da sua... – Completo a minha linha de raciocínio enfiando a mão dentro do seu short jeans, sentindo a textura fina da sua calcinha na ponta dos dedos, e a camada fina de pelos por debaixo do tecido rendado.  

– Sofi... – Ela arfa e joga a cabeça para trás, se contorcendo na minha mão. – Não faz isso comigo, amor... – Pede, manhosa, enquanto seu peito sobe e desce com certa urgência, como se estivesse com tanto tesão que chegava a doer e, Deus, que vontade de arrancar essas roupas e fodê-la de um jeito que ela jamais seria capaz de esquecer, mas...

– Nós não temos muito tempo, Sofi. – Ela nos joga de volta a realidade. – Sua mãe não vai me deixar ficar aqui por muito tempo.

– Eu sei. – Tento me endireitar, me concentrando no que importava. Não que recuperar o tempo perdido com a mulher da minha vida não fosse realmente muito importante, mas... – Eu só preciso arrumar algumas coisas antes...

– Tudo bem. – Diz, paciente.

– Você, hm... – Limpo a garganta. – Se importa de me esperar no carro?

– Tem certeza de que precisa fazer isso sozinha? – Ela parece entender do que se tratava sem que fosse necessário dizer em palavras, como sempre foi entre nós duas. – Eu posso ficar aqui com você...

– Tenho... Acho que eu preciso disso.

– Tudo bem, mas... Acho que você deveria conversar com a sua mãe, antes de ir, dizer tudo pra ela, não guardar mais nada. – Ela me surpreende com aquelas palavras. – Eu sei... você deve estranhar que eu te fale isso, logo eu, e logo pra você que sempre foi tão transparente, mas... eu falei tudo o que eu queria falar pra sua... pra Marta, e não pensei que poderia ser tão bom, que poderia ser tão bom pra mim... pra nós duas, pra nós três... Então... seria bom falar o que você sente de verdade, sem ironias. – Ela diz e eu abaixo a cabeça antes que ela veja uma lágrima cair. – Eu sei que você as usa pra se proteger, pra proteger ela, mas... A sua mãe vai aguentar, ela precisa aguentar.

– Eu vou ficar bem. – Digo aquilo mais pra mim mesma do que para ela.

– Eu sei que vai. ­– Ela sorri enquanto limpa algumas lágrimas do meu rosto. – Afinal, você é a minha garota, e eu sei o quanto você é forte. – Levanta o meu queixo, para que eu olho bem nos seus olhos.

Eu a abraço forte, tentando buscar um pouco de conforto.

– Nós vamos ficar bem. – Ela me assegura. – Eu prometo. – Sussurra enquanto ajeita o meu cabelo.

Eu sei que vamos, porque nós sempre ficamos quando ela me disse algo parecido.

Ela sai do quarto e eu encaro o espaço por alguns instantes: o tapete bege e felpudo, minha colcha lilás, as diversas almofadas, muitas delas da Taylor... as fotos e os alfinetes coloridos, a minha cômoda e os vários esmaltes, um de cada cor... minha estante com todos aqueles DVDs e a TV de tubo com o aparelho de Videocassete que o Seu Afonso tinha me dado.

Minha garganta aperta e algumas lágrimas escorrem de forma involuntária.

Deus... Eu estava mesmo fazendo isso?

Deixar tudo para trás e ir para outro país? Porr*... Eu só podia estar louca, mas a verdade é que eu preferia ir para outro planeta – se fosse necessário – do que ficar aqui sem ela.

E eu me sentiria segura com a Júlia, onde quer que estivéssemos.

É com esse pensamento que começo a tirar algumas roupas de dentro do guarda-roupa e espalhar pela cama. Não sabia nem por onde começar, mas era melhor eu começar por alguma coisa. Pego a minha mochila e começo a colocar algumas coisas dentro dela, depois, olho ao redor, pensando onde eu poderia ter guardado a minha mala, quando...

– Você não vai levar nada daqui. – Escuto aquela voz atrás de mim e estremeço. Respiro fundo, porém, e olho para trás.

– A maior parte do que está nesse quarto nem saiu do seu dinheiro. – Apesar de ter falado de maneira ríspida, tento manter a calma ao mesmo tempo.

Sei do que minha mãe é capaz, e já conhecia as suas estratégias. Não ia deixá-la me desestabilizar, não mais.

Sem falar que a maioria das coisas eu tinha comprado com o meu próprio salário, que havia recebido lá no Sebo, e outra parte a Júlia quem tinha me dado ao longo de todos esses anos. Apenas os móveis não tinham saído do nosso dinheiro, mas se levarmos em conta que o dinheiro não era exatamente da minha mãe, e sim do meu pai, então...

– Mas estão dentro da minha casa, Sofia, minha. – Ela enfatiza, e eu respiro fundo mais uma vez. – Não se esqueça disso.

Como eu poderia me esquecer se ela fez a minha vida um inferno nos dezenove anos que moramos debaixo do mesmo teto, porr*?

– Se você quer ir atrás daquela... daquela traidora, mentirosa... vai. – Ela diz, amarga. – Mas você não vai levar nada do que está nesse quarto.

Ótimo, mas a mochila com as poucas coisas que coloquei dentro vai comigo e ponto final, penso comigo mesma.

– Você sabia que os momentos que eu mais me senti em casa dentro desse quarto, foi quando a Júlia estava aqui? – Digo, visualizando uma enxurrada de lembranças: a Júlia me colocando para dormir, cantando alguma música enquanto eu ficava no seu colo até os meus olhos se fecharem... Quando jogamos videogame até de madrugada...

Quando ela me trouxe aqui e disse que ia cuidar de tudo e que estava tudo bem se eu não sentisse vontade de comer às vezes, ou se sentia vontade de comer demais, que ela ia dar um jeito, que ela já tinha dado, que o médico estava marcado e que ela iria comigo, que estaria comigo, sempre.

Quando ela me disse que me aceitaria do jeito que fosse, porque eu continuaria sendo a Sofia que ela conhecia, independentemente de qualquer coisa.

De todas as vezes que ficamos aqui, sozinhas, com a desculpa de que ela não poderia fumar em outro lugar... enquanto sabíamos que ela poderia e que aquilo era apenas uma desculpa perfeita para quando queríamos ou precisávamos do nosso frágil, mas precioso, refúgio, porque tivemos que aprender a ser a nossa própria família.

– Então... eu prefiro estar com ela, do que em um quarto em que eu não consigo mais me sentir em casa. – Jogo as palavras para ela. – Pode jogar tudo fora, se quiser. – Digo, enquanto empurro algumas roupas que havia colocado em cima da minha cama.

– Meus Deus, como você pode ser tão petulante... – “Petulante”, ‘estúpida”, “sem noção”, “inadequada”, “difícil”, “vulgar”. Provavelmente, aos olhos da minha mãe, eu nunca passaria disso. – Não é possível que ninguém veja o quanto essa relação, essa coisa, que vocês estão fazendo, é problemática. – Ela faz questão de fazer com que aquilo soe o mais repugnante possível. – Pelo amor de Deus, Sofia, a Júlia te segurou no colo quando você era um bebê, isso é tão perverso...

– “Problemático”, “perverso”... – Repito as palavras com certa apatia e termino tudo com um sorriso amargo. – Problemático foi ter apenas quatro anos e já ser capaz de enxergar a diferença entre você e as outras mães... E não entender porque a minha não me tratava daquele jeito doce, carinhoso, como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo inteiro. Porque eu era... porque eu deveria ser. – Os meus olhos começam a lacrimejar enquanto um sorriso agridoce se forma na minha boca.

– Perverso foi ter passado mais da metade da minha vida pensando que eu era a culpada por isso, por ainda achar... – Limpo as lágrimas e a coriza que está arruinando o meu rosto nesse exato momento. – Por acreditar que eu era uma criança difícil, que eu era uma criança estúpida demais, ou que era uma pessoa que não fazia nada direito, que não fazia com aquela perfeição... com aquela perfeição que seria sempre inatingível... Porque nada nunca estava ao seu alcance, não é, mãe? – Faço quase uma pergunta retórica, porque minha mãe parece estar em qualquer lugar, menos aqui. Pelo menos é o que ela estava tentando encenar: indiferença. – Nada nunca estava ao alcance dessa pessoa perfeita e inalcançável que eu pensei que você era... – Despejo aquilo tudo, do fundo da minha alma.

Algo que nem pensei que precisasse falar, porque já estava cansada de conviver com aqueles sentimentos diariamente. Só queria guardá-los em um baú, em algum canto seguro da minha mente. Mas a Júlia tinha razão e, se ela conseguiu, eu também conseguiria.

– Perverso foi eu, desde criança, sempre ficar esperando algo positivo de você, alguma palavra de afeto, de conforto, de acolhimento, de amor... Mesmo sabendo que essas palavras nunca vieram, que nunca viriam... E ainda assim, continuar me decepcionando com o que vinha... – As lágrimas escorrem conforme penso naquilo.

– Apesar de você, a Júlia me deu motivos para sorrir. – Meus lábios curvam para cima, de forma involuntária. – E ainda bem que ela estava lá.

– A Júlia... – Ela cospe a palavra, com desdém. – Maldita hora que ela entrou nessa casa.

As suas palavras doem, doem demais, mas eu já estava acostumada. Tive que estar.

– Como pode querer me afastar da melhor coisa que você já fez por mim? – Sinto minha garganta apertar. – Deixar a Júlia participar da minha vida, foi o maior ato de amor que você já demonstrou comigo... Como pode querer tirar isso de mim? – Ela pode até tentar, mas não vai conseguir.

Não espero por uma resposta, apenas pego a minha mochila e aperto as alças nos meus ombros, por reflexo, conforme começo a atravessar o corredor.

– Se você entrar naquele carro, Sofia... – Escuto os seus passos atrás de mim.

– O quê, mãe? – Pergunto, parando no meio do caminho. – Você vai me bater como bateu na Júlia? – Ela poderia me bater agora mesmo, mas a dor física nunca doeria mais do que a dor silenciosa e invisível que ela me causou sem precisar encostar um sequer dedo em mim.

– Pode esquecer que tem uma mãe, pode esquecer dessa casa. Aqui você não entra mais. – Ela diz, irredutível.

– Acho que eu já venho me esquecendo, Dona Marta. – Sinto uma ferroada na garganta.

Na verdade, eu precisei.

– Só diz pro J.P que eu queria ter me despedido. – Minha voz engasga ao dizer aquele nome.

– Sofia! – A sua voz vacila pela primeira vez.

Tudo o que ela não conseguia ser ou demonstrar parece estar ali, presente naquele último grito desesperado.

– Tchau, mãe. – Minha voz tremula conforme eu viro as costas e dou os passos mais decisivos da minha vida.

Disparo para a saída, descendo os degraus da escadaria sem olhar para trás.

– Ei... você tá chorando, amor? – A Júlia pergunta, preocupada, assim que me sento ao lado dela. – Como foi lá dentro? O que a Marta fez dessa vez?

– Nada... Nada além do que eu já esperava, mas... eu consegui, disse tudo o que eu queria, tudo o que eu precisava...

– Eu tô muito orgulhosa de você, Sofi, de verdade, mas... olha, você não precisa fazer isso... Sabe, a gente pode dar outro jeito... – Ela tenta me fazer mudar de ideia, ao reconhecer a minha dor.

– Não, eu já me decidi. – Digo, firme. – E estou em paz com a minha decisão. E você? – Ela avalia as minhas palavras por alguns instantes.

– Vamos sair daqui. – Ela diz enquanto coloca o cinto, e faço o mesmo.

O carro avança, pouco a pouco, e não consigo evitar de olhar para trás, pelo vidro, antes de passarmos pela entrada principal da casa.

Vejo a piscina, o bar molhado, as espreguiçadeiras que eu tanto amo, porque são coloridas, rosa e roxo. As noites de pizza e de cinema que fazíamos quando eu era muito pequena, quando acreditava que poderíamos ser uma família perfeita, como as dos filmes. O jardim iluminado com todas as memórias boas que já tinha tido aqui... com o João, com o meu pai, com uma versão estranha que eu tinha da minha mãe, antes de me dar conta da realidade, e principalmente, com ela.

Olho para a frente e vejo que a Júlia também olhava tudo pelo o retrovisor, as lágrimas escorrendo, me mostrando que compartilhávamos do mesmo sentimento, doce e amargo.

Mas tinha algo que não ia ficar para trás, algo que ia comigo nessa viagem. A Júlia era a principal razão de eu lembrar de todos esses momentos e lugares com saudade e alegria. E ela estava bem aqui, do meu lado, dirigindo esse carro enquanto exorcizávamos todos os nossos demônios.

Fim do capítulo

Notas finais:

Boa tarde, Sojulovers do meu coração! 

Reta final da história, e o coração da autora tá como?

Finalmente veio aí, a Júlia "virou essa mesa" e disse tudo o que queria dizer há um bom tempo!

O que acharam de tudo o que ela falou? Lembrando que me inspirei muito no que vocês mandaram na caixinha que eu tinha aberto, lá no meu Instagram (além do que eu já pensava que ela falaria).

E sobre o que a Sofia falou para a mãe? Confesso que fiquei pra chorar (e chorei) em muitos momentos.

E a reconciliação de Soju?? Na verdade foi uma pré-reconciliação, pois ainda teremos uns bons momentos entre as dua!

Falando nisso, ainda teremos uns 3 ou 4 capítulos pela frente. Vão ser 4 se eu decidir fazer um POV narrado pela Marta, ainda tô refletindo sobre o assunto kkkk 

Espero que fiquem comigo até o final, hein?

Ah, também queria agradecer a todo mundo que ficou animado com a participação da Kate e da Suzana, no último capítulo. Fiquei muito feliz com a recepção de vocês, realmente significa muito pra mim!

E não esqueçam de favoritar a história!

E de me favoritar como autora!

E de comentar! 

Como vocês já sabem, leio todos os comentários e fico extremamente feliz com cada um deles, com todas as teorias e por todo o carinho. Além de ser, de fato, o melhor termômetro para me ajudar a saber e entender como a história está chegando para vocês! Ainda mais se tratando de uma reta final!

Mais uma vez, obrigada por estarem comigo durante todo esse tempo! De verdade mesmo!

E obrigada pelas leitoras/leitores que estão chegando agora!

Obrigada pelos comentários, pelo engajamento, pelo carinho e por tudo!

Então é isso, até o capítulo 44! 

 


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Comentários para 45 - Capitulo 43 – Todos os nossos demônios :
patty-321
patty-321

Em: 13/11/2024

Uau, uau, uau.

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S2 jack S2
S2 jack S2

Em: 08/11/2024

Enfim a Júlia e a Sofa colocaram para fora tudo que estava entalado desde sempre...
Que essa reta final da história seja regada com muuuuuito amor.
Parabéns Autora!

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Zanja45
Zanja45

Em: 05/11/2024

Quando no trecho Júlia fala que Sofia usa de ironias para se proteger e também uma forma de proteger a mãe.Ela aconselha Sofi antes que vá embora converse com a mãe, que ela aguenta.


Um ponto mais a frente do capítulo, Sofia está arrumando as coisas dela pra deixar de vez aquela casa pra seguir sua vida com Júlia, nesse interim a mãe de Sofia chega, e como sempre começa a rebaixar a filha, xingando-a e tal ( tentando - a  demover de ir com Júlia). Só que Sofia começa a descascar todos os adjetivos que Marta a chamou e acaba desabafando todos os sentimentos que estavam ali presos dentro dela, desde que ela era uma criança. Foi quando ela percebeu que a mãe dela era diferente das outras mães e não iria mudar. Então, a proteção dela veio por meio do humor- acido, utilizando de ironias pra se resguardar dos ataques da mãe e ao mesmo tempo a mãe também, pois não queria desapontar ela ou magoa- lá .Entretanto, Marta, como sempre, começou com um discurso de que Julia segurou ela nos braços, que Julia traiu a confiança dela e tal. Na verdade, dizer muitas atrocidades, que Sofia não se segurou e disse que o maior ato de amor foi ela ter deixado Júlia participar da vida dela.Nesse ponto, quando Marta viu que não tinha mais argumentos pra convencer a filha, começou a ameaça - lá, dizendo se ela saísse de casa podia esquecer que tinha uma mãe, uma casa, enfim... só que Sofia responde :" Já vinha me esquecendo, Dona Marta", por último Marta tenta dizer algumas coisas, mais não consegue dizer nada, então Sofia se despede com um " Tchau, mãe".Essa palavras, me deixaram muito introspectas, porque ela já não a considerava a muito tempo como uma mãe. Só que depois que ela se liberou do que estava preso no interior dela, ela voltou a enxerga - lá como mãe. É tanto que quando ela se despede, ela diz aquelas duas palavras " tchau,mãe!".( Seria como até mais, mãe, de maneira mais formal de se dizer, quando se tem uma aproximação maior pra fazer - lo). Portanto, tudo que Júlia falou no decorrer do capítulo faz sentido. Ela falou que depois de dizer pra mãe de Sofia tudo que queria dizer se sentiu mais aliviada e ela também, poderia fazer isso, pois ela sabia muito bem que Sofia nunca tinha sido verdadeira com Marta, se escondia por meio de ironias, sempre se mostrando forte, tanto por ela quanto pela mãe, quando na realidade, ela sofria muito com aquilo, então ela precisava ser franca com a mãe pra seguir em frente, pois Marta era capaz de aguentar. Então, moral da história, Sofia sempre foi uma boa filha, sempre pensou no bem estar da mãe, independente que ela demonstrasse carinho ou não. - Mesmo que fosse perceptível que ela fosse diferente das outras mães - ela continuou amando - a, apesar de alguns momentos demonstrar o contrário, mas aquilo (a forma irônica de ela lidar com a mãe, como se não se importasse com que ela dizia), foi apenas um instinto de proteção que seu cérebro arrumou pra proteger ambas. Mas, enquanto ela não removesse essa "couraça", não estaria pronta pra enxergar nitidamente as coisas, seria apenas um disfarce. Todavia, graças aos aconselhamentos da Júlia e os acontecimentos da conversa que teve com a Marta, tudo veio a tona e Sofia, pôde, enfim, se libertar dos sentimentos degradantes as quais estava submetida sem perceber.

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Zanja45
Zanja45

Em: 05/11/2024

E sobre o que a Sofia falou para a mãe? Confesso que fiquei pra chorar (e chorei) em muitos momentos.

Confesso que também chorei, nas cenas delas duas, foi muito impactante presenciar os dialógos das duas sem me desconcertar. A emoção foi sem medida, porque ali foi elucidada todos os sentimentos que a muito tempo estavam resguardados na memória da doce Sofia, esses que foram sendo liberados aos poucos conforme as palavras da mãe reverberava no seu coração. E, quando, Marta, de maneira leviana, chamou Sofia de estúpida, elas foi lembrando de todos os outros adjetivos que a mãe a chamava.

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Zanja45
Zanja45

Em: 05/11/2024

O que acharam de tudo o que ela falou? Lembrando que me inspirei muito no que vocês mandaram na caixinha que eu tinha aberto, lá no meu Instagram (além do que eu já pensava que ela falaria).

Resp.: Perfeito.Tudo maravilhoso.

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Zanja45
Zanja45

Em: 05/11/2024

Finalmente veio aí, a Júlia "virou essa mesa" e disse tudo o que queria dizer há um bom tempo!

Resp.: Quando se guarda as coisas por muito tempo, você acaba que fica om um bolo preso na garganta(são verdades não-ditas), pois as vezes você quer dizer mas tem medo, ou de ferir ou desapontar ou até magoar. Ainda mais, júlia, que já vinha de um processo psicológico, dominante por parte da mãe, foi muito sofrimento que abarcou para si, isso tudo proveniente de uma relação tóxica entre mãe e filha. - Que para não magoa -la ou indispor -se com ela, aceitava as situações, mesmo que em seu coração discordasse. Depois, veio a morte da mãe, o sentimento de culpa, a inercia mental, o choque psicológio, pois na cabeça dela ela fora a culpada pelo que havia ocorrido com ela. Foi um baque enorme na vida de Julia, ela fez administração sem gostar, e foi nessa jornada que conheceu Marta, se tornaram amigas, foi abraçada por ela com da família, então Julia se sentiu acolhida ali.(Foi o que ela precisava naquele momento de fragilidade). Todavia, ela projetou em Marta aquilo que sua mãe quis dela, perfeição, obediência. Na verdade, que apoisse os seus caprichos, não tivesse vontade própria.Então, ela sempre colocou panos quentes nas atitudes de Marta, principalmente quanto a relação dela com a filha e vice - versa.(Apaziguadora).Entretanto, pouco a pouco, ela foi descobrindo que Marta não era tão perfeita quanto parecia, pois a relação dela com a filha era uma negação, porém Julia ainda não tinha muita consciência disso, ela via mas não enxerguava.É, como se tivessem colocado um jugo na cabeça dela. Porém. as coisas começaram a tomar uma proporção diferente quando ela descobriu os sentimentos dela por Sofia que iam alé da amizade, cumplicidade que as duas já tinham, isso tudo culminou e forçou ela a tomar uma atitude, mas cada vez mais se tornava dificil, porque ela ainda não se sentia pronta pra encarar as pessoas que ela as considerava da familia e ainda existia o medo que suas ações poderiam refletir, por isso bastou, ela explorar a possibilidade de perder o que mais importava pra ela naquelo momento, que de certa forma acendeu dentro dela a vontade de mudar e procurar vencer as barreiras, dessa vez garantindo que fosse junto com seu amor. Portanto, foi muito significativo a conversa que ela teve com Marta, pois a mesma mostrou, segurança, que a outra não levaria ela na conversa e lavou a alma quando disse em alto e bom som pra Marta que ela nunca gostou do curso que ela fez, dos chazinhos com ela a tarde, daquela futilidade toda com as amigas delas. O que mais gostei, foi que Julia disse pra ela "Quem eu penso que eu sou? Apenas a pessoa que colocou tudo em ordem quando você não foi capaz de fazer... – Digo, firme. – Eu amo a sua filha, Marta... e não vou mais abrir mão dela por sua causa.".Júlia lacrou de vez Marta com isso aí que ela disse, foi o fechamento perfeito, apesar de todas as coisas que ela ja havia dito, mas esse, foi magnifico, foi lacração mesmo. Meu Deus, foi lindo demais.

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Zanja45
Zanja45

Em: 05/11/2024

Reta final da história, e o coração da autora tá como?

Resp.: Deve estar a mil por hora, até porque, da aquele frisson na barriga, e você se habituou a escrever todas as semanas. Porém, dá aquela sensação de dever cumprido, de estar conseguindo chegar até o final.Creio, por esse lado, você deve estar muito feliz de não ter desistido e ver o resultado desses meses de muito esforço e muito trabalho.

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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 05/11/2024

.      Boa noite autora.

Eu li o capítulo no domingo mesmo, mas estava tarde e não consegui comentar, mas cá estou eu feliz por essas duas, feliz por tudo que colocaram para fora , pela parceria, cumplicidade e amor que não precisa palavras para descrever.

Foi extremamente importante para as duas esse reencontro de almas, de vontade de estarem juntas e de se libertarem do mal que foi a Marta.

P.s: não ouse terminar sem que o filho, fruto desse amor, não nasça.

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Mmila
Mmila

Em: 03/11/2024

Soltando fogos aqui!!!!!!

A Marta ainda tentou.....

Aguardando os próximos capítulos.....

Muito obrigado autora por esse capítulo coma os acentos nos is.

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 03/11/2024

Aê! Elas voltaram 

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