Capitulo 3
O hospital não era longe da praia, mas o fato de eu estar em uma crise de ansiedade parecia que ele era no Japão. O moço parecia bem preocupado com meu estado; eu chorava sem parar dentro daquele carro, mas assim que saí, eu sabia que precisava ser forte.
Quem eu queria enganar? Se tem algo que eu não sou, é forte. Entrei pela porta do hospital e tentei algum tipo de contato na recepção. Me indicaram onde minha irmã estava: subi algumas escadas e cheguei até o andar onde Laís estava sendo atendida. Em uma enorme sala de espera, no canto, estava Larissa; ela encarava o chão como se estivesse perdida. Eu sabia exatamente como era aquele sentimento.
Me sentei ao seu lado e a abracei, reforcei mentalmente que eu precisava ser forte pelas duas. - Como ela está?
- Ela está sendo atendida... ela está acordada... a culpa foi minha. Sempre falam que não pode comer e entrar na água - ela começava a chorar. - Foi coisa de segundo, eu estava segurando a mão dela, de repente a onda veio e eu acabei soltando... Eu sou uma idiota.
- Não é não, pare com isso, ela está bem! Vai ficar bem! Só tenha mais cuidado da próxima vez - eu abracei forte; ela me agarrava pela cintura como se eu fosse sair dali. - Já avisou ao pai dela?
- Ainda não, mas também não faz diferença.
- E a mãe? - ela negou com a cabeça e eu entreguei meu celular a ela.
Outro problema na minha vida é dona Maria. Ela sempre foi a pessoa que mais ficou ao meu lado em todas as decisões que eu tomava. Quando eu decidi que iria estudar em uma escola longe de casa, mas que tinha um bom ensino; depois, quando ao invés de eu escolher psicologia como meu pai, eu escolhi contábeis, ela também estava lá. Quando eu decidi pintar o cabelo de azul, quando eu decidi que pararia de comer carne vermelha, ela também estava do meu lado. Contudo, teve uma única decisão que ela não esteve ao meu lado e o que fez com que nós parássemos de nos falar; eu disse sim para um pedido de casamento com outra mulher.
- Sou eu - Larissa falava; se tem algo que eu tenho certeza, foi o susto que minha mãe teve ao ver meu nome na tela do celular. - Estou no hospital com Laís, estávamos na praia e... - ela começou a chorar, não conseguia completar. Foi quando ela passou o celular; eu não poderia negar aquilo, mesmo que eu não falasse mais com a minha mãe, eu não iria ser orgulhosa naquele momento.
- A Laís está bem, ela acabou se afogando, mas está bem... estamos no hospital com ela.
- Avise a Larissa que eu estou indo - foi a única coisa que ela respondeu, desligando a ligação em seguida.
Abracei minha irmã na tentativa de acalmá-la, mas era em vão. Então, preferi só demonstrar que eu estava ali; independentemente de qualquer coisa, ela e Laís eram minha vida.
Não demorou muito tempo para o médico aparecer. Nos informou que Laís estava estável, que iria ficar em observação, que ela ficaria internada e que alguém precisava ficar com ela. Assim que ele saiu, minha mãe chegou. Ela parecia cansada; fazia quatro anos que eu não a via, e ela estava muito diferente.
Não nos falamos, mas estávamos ali nós duas para a mesma pessoa. Depois de todos nós nos acalmarmos, decidimos que eu iria pegar as coisas delas. Larissa iria ficar com a filha e não quis sair de perto nem por um segundo.
Eu me sentia mais calma; Laís estava estável e aparentemente bem. Então, chamei um carro pelo aplicativo de volta à praia. Assim que desci, fui até o quiosque, que já estava fechando devido ao horário, mas ela estava lá, sentada, sorrindo e conversando com alguém.
- Mariana? - falei alto, chamando sua atenção; ela veio até mim.
- Como ela está?
- Está bem, vai ficar em observação, mas é só isso... queria pagar porque terei que ir para casa pegar as coisas das duas.
- Certo, só um momento - ela me deu as costas, saiu e voltou com um papel. - Como eu te falei, aquele drink ficou por conta da casa.
- Assim vai fazer eu voltar aqui.
- Essa é a intenção - ela sorriu, me dando o papel. Abri minha bolsa e fiz o pagamento em dinheiro. - Espera que eu vou pegar seu troco.
- Não, não precisa, sério, muito obrigada. - Estendi a mão para que ela apertasse, e foi o que ela fez. - Eu nem tenho palavras para te agradecer pelo que fez por nós hoje; o médico disse que você salvou a vida da minha sobrinha.
- Só voltem aqui; talvez não me vejam, mas... quem sabe? - ela deu de ombros de uma maneira descontraída, me tirando um sorriso.
- Bom... agora eu preciso ir; fica bem! Até a próxima - dei as costas, tirando a chave do carro da bolsa.
Demorei exatos uma hora. Primeiro, eu precisava de um banho; depois, segui até a casa de Larissa, peguei tudo que ela me pediu e voltei ao hospital. Eu tentava ficar calma, repetia as palavras na minha mente: _elas precisam de você_. O fato é que tudo que eu tinha passado e vivido jamais tinha saído da minha memória, cada detalhe daquele dia e toda a minha vida antes, porque depois, eu só trabalho; é como se eu tivesse parado de existir a partir do momento que eu perdi a pessoa que seria o meu futuro. Eu fiquei no presente
- Trouxe tudo que você pediu, e o seu celular também está na bolsa. - Eu entrei naquele quarto, mas eu não queria olhar para a cama; eu encarava o rosto da minha irmã e nada mais do que isso. - Você quer que eu fique aqui? Você precisa de um banho e precisa comer algo.
- Vou! Fica de olho nela, por favor. - Ela levantou e eu sentei na poltrona onde ela estava.
O cheiro do ar, o tecido da poltrona, o barulho dos aparelhos. Fechei os olhos em uma tentativa de me acalmar; minhas mãos suavam, meus pés estavam gelados. Cada coisa dali lembrava aquele mês que eu passei nesse mesmo hospital.
- Titia? - Laís falou, fazendo com que eu abrisse o olho e soltasse todo aquele ar preso. Olhei para ela ali em cima daquela cama de hospital; ela estava bem, mas de qualquer maneira, ainda estava no hospital.
- Oi meu amor? - Ela me deu um sorrisinho.
- Eu vi um anjo de olhos azuis. - Eu ri e me aproximei dela, depositando um beijo na testa dela.
- Onde você viu esse anjo?
- Lá na praia... eu vi, tia. - Segurei a mãozinha dela. - Você pode chamar o anjo para o meu aniversário? - Por um segundo, imaginei que o anjo que ela estava falando seria a menina que a salvou.
- Posso sim, meu amor. - Ela estava bem e aquilo me deixava melhor, e me sentia em dívida com Mariana.
Fim do capítulo
Ola! meninas, primeiro quero agradecer a leitura de vocês!!
Segundo... kkkk quero dizer que terá atualizção toda sexta, que é um dia menos caotico para mim. mas caso haja algum problema irei informar vocês lá no instagram que foi feito exclusivamente para passar informações @scra.feno
Me sigam lá!
Um xero!!!!!!!!!!
Comentar este capítulo:
Marta Andrade dos Santos
Em: 01/11/2024
Nossa que susto.
Quem é o anjo?
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]