CAPITULO IV - Cartas

Ao chegar em seu reino, Natália foi recebida por um Karl muito preocupado e ansioso, pois não teve notícias de sua irmã por esses dias.

- Irmã! Por Deus. Onde você se enfiou? Eu estava ficando louco aqui, até um dos guardas me entregar sua carta.

- Calma, irmão. Já estou de volta. — Falou sorrindo.

- Que loucura você foi fazer na Terra das Montanhas?

- Fui salvar sua felicidade, irmão! — Disse sorrindo e segurando o irmão pelos braços.

- O que? Como assim, Natália? O que fez? — Preocupou-se.

Então, Natália contou tudo que aconteceu em sua viagem, sem esconder que ficou encantada com o gênio de Stephanie e com sua beleza jovial.

O irmão ficou imensamente feliz e grato à sua irmã por ter se importado com sua felicidade e seus sentimentos.

Thomas, seu pai a chamou para saber as novidades juntamente com seu irmão mais velho. Eles passaram horas conversando, e logo após ponderar, o pai aceitou de bom grado o novo noivado, visto que o mesmo foi aceito pelo Rei John, a quem queria como aliado.

O restante da família foi informado do noivado de Natália e Stephanie, e que o casamento aconteceria em algumas semanas, no Reino do Norte.

Já sua mãe Norah, e seu irmão Noah, não aceitaram a notícia da mesma forma que os demais e expuseram sua indignação.

- Isso é um absurdo, Thomas! Onde já se viu isso? Quem deveria se casar com esta garota tinha que ser o Karl, ou se não, o Noah, já que são seus filhos homens! — disse Norah.

- Sim! Isto não pode ser aceito por você, papai. Quem deveria se casar com essa mulher era eu! — Falou o irmão mais novo.

- Essa mulher se chama Stephanie e é MINHA NOIVA, entendeu? — Natália falou entre dentes mais próxima do irmão, e Noah riu debochado.

- CHEGA!! — Gritou o Rei — Noah, se você tinha interesse em se casar com esta moça, então porque não tomou uma atitude com relação a isso?

- Mas pai, eu não sabia que…

- Cale-se! O seu problema foi que sua mãe o mimou demais! Achou o que? Que eu ou sua mãe iríamos atrás de uma esposa para você? — Noah se calou, sentindo-se humilhado pelo pai.

- E você, Norah? — Olhou para a esposa — Natália também é nossa filha. Haja como uma mãe para ela ao menos uma vez!

A mulher calou-se, ficando furiosa com a atitude do marido, mas nada poderia fazer, por agora.

- Se me dão licença, vou me retirar. A viagem foi cansativa — disse Natália.

- Sim, minha filha. E mais uma vez, meus parabéns por sua atitude e pelo noivado. Vejo que será uma ótima líder no futuro, nosso reino só tem a ganhar com você!

- Obrigada, papai — Sorriu sincera.

Depois daquela noite, Natália e sua mãe não conseguiam trocar mais do que comprimentos cordiais. A relação com seu irmão, Noah, também não melhorou em nada. E a única coisa que a deixava feliz nessas últimas semanas eram as cartas que ela vinha trocando com sua noiva. Ela havia confidenciado tudo que tinha passado em casa, com sua mãe e irmão.

Stephanie se sentia mal por Natália está passando por tudo aquilo sozinha, e em uma de suas cartas relatou com sinceridade.

“(...) Sinto imensamente por você está passando por essas coisas com sua mãe, não sei o que faria se minha mãe não me apoiasse nesses últimos dias depois que oficializamos nosso noivado.

Saiba que gostaria de estar ao seu lado neste momento difícil, mesmo que fosse para sua mãe descontar um pouco dessa frustração dela em mim e eu poder aliviar a sua dor. (…)”

Natália lê aquele trecho de uma das cartas e se sente acolhida por sua noiva, lhe enviando novamente outras cartas em resposta.

“(...) Sou grata por sua compreensão, mas eu aguento minha mãe, não é de hoje que dona Norah não vai com minha cara e menos ainda com minha ousadia em estar com uma mulher, mas mesmo assim, sou grata a você, princesa. (...)”

Naquele dia, aquela carta de Natália veio acompanhada de outras informações e alguns livros. — Os quais ela sempre mandava para Stephanie ler — Mas aquela informação de que Natália já teve outra mulher em sua vida a pegou de surpresa, e ela não soube nomear o que realmente sentiu ao ler aquilo.

Ela passou alguns dias sem responde-la, sem ler os seus livros, só pensando na possibilidade de Natália ter realmente uma outra mulher que ela amava verdadeiramente, e que essa mulher não fosse ela, e sentiu uma insegurança.

Os dias iam se passando e Natália não recebeu nenhuma outra carta de sua noiva nos últimos dias. Preocupada, ela decidiu que iria retornar ao reino do Norte antes da data marcada entre as famílias para o casamento, e assim o fez.

Já Stephanie, decidiu que naquela manhã iria para o campo ler e tentar escrever uma carta para Natália, pois já tinha se passado alguns dias sem respondê-la.

Quando já estava escrevendo sua carta, ela percebe a chegada de alguém ali. Mesmo de longe, ela reconhece e sorri de volta para a pessoa que se aproxima correndo em sua direção.

- Não acredito que está de volta, já estava morrendo de saudades. — diz uma Stephanie mais leve.

- Não foi o que eu ouvi pela cidade, soube que está de casamento marcado, é verdade? — Perguntou Gael, seu primo e amigo, lhe abraçando.

- Imagina se a cidade fosse pequena, a fofoca seria de que já estava casada, não é mesmo? — Sorri encarando seu primo.

- Mas me conte as novidades, está mesmo noiva de uma mulher? Não sabia desse gosto pelas belas damas, minha prima — disse sorrindo.

- Nem eu meu primo, nem eu… — suspira — Mas ao que tudo indica, isso é só um casamento para unir nossos reinos.

- Espera! O que eu estou perdendo? Explique melhor.

Então Stephanie narrou os últimos acontecimentos para seu primo e amigo, incluindo a possível chance de Natália ter outra mulher, já que a mesma havia lhe dito que não tinha a intenção de sair dali comprometida, e que fez aquilo pelo seu irmão. — E isso também lhe incomodava — Gael não diz nada e fica pensando em tudo que ouviu, incluindo os momentos a sós das duas mulheres.

Neste momento, os dois já estavam deitados sob uma manta, e Stephanie estava encostada em seu ombro, enquanto seu primo lhe fazia um carinho fraternal na sua cabeça, e continuam a conversar.

- Realmente, você não tem como saber se ela tem ou não outra mulher em sua vida. Vai ter que se arriscar e perguntar diretamente para ela.

- Não sei se consigo, não sei se quero ouvir a resposta. — Diz com a voz triste.

- Meu anjo, olha pra mim. Você é linda, inteligente e forte! Se ela não vê isso, ela não merece você. E você merece ser feliz.

- Eu sei, mas depois de todas essas semanas que conversamos por cartas, eu vi uma Natália tão frágil e delicada, que tem seus medos, seus anseios, que ama e cuida da família independente de tudo, e ela me acalma, me dá paz com as suas palavras e eu acho que… — Fica pensativa, e logo seu primo diz.

- Você está apaixonada, minha prima. E essa paixão é das boas. — Concluiu sorrindo.

- Como? Isso não pode acontecer, ela tem outra. Está se casando comigo para salvar a felicidade do irmão, e ela não sente o mesmo por mim. — Diz aflita.