capitulo treze: se permita
CAPÍTULO DOZE. SE PERMITA.
Quando Maria Fernanda entrou naquele carro, minha vontade foi de imediatamente correr atrás e beijá-la, mas controlei meus impulsos. Jamais poderia fazer isso com ela.
Lista dos motivos:
1. 1. Meu coração ainda era completamente dominado por outra pessoa;
2. 2. Não seria capaz de fazer com Fernanda o que Beatriz fez comigo;
3. 3. Por mais que eu sentisse algo por ela também e não soubesse nomear exatamente o quê, aqui dentro ainda era tudo uma bagunça.
Retornei até a sala e encontrei Bruna parada me olhando, um sorriso de orelha a orelha.
Lá vem.
Entretanto, para minha surpresa, ela só pediu que eu me sentasse ao seu lado. A baixinha abraçou um dos travesseiros ao seu corpo e olhava fixamente pra mim, como se estivesse tomando coragem para falar.
— Eu tive muito medo de te perder, Anna. Quando a Fernanda me ligou dizendo que você estava no hospital, meu coração foi na boca. Você é muito, muito, muito importante pra mim. Então, por favor... não me deixa nunca, tá? — disse, me abraçando e me enchendo de beijos.
Uma coisa estupidamente melada. Então, a afastando, respondi com o que sei fazer de melhor: ser sarcástica.
— Tá, tá, tá, tá. Qual é a de vocês? Querem me comer? Tem Anna pra todas — pisquei.
— Até pra Beatriz?
Ela me perguntou na lata.
Meu corpo inteiro ficou tenso, eu não sabia o que responder. Metade de mim estava com vergonha por ter prometido para ela anos atrás que eu nunca olharia para Beatriz de novo e a outra metade estava envergonhada por deixar que isso tivesse acontecido.
Eu estava bem triste, por tudo.
Olhei para Bruna, ela ainda ansiava por uma resposta. Enrijeci meu corpo, mas eu não podia mentir para minha amiga. Ela me conhecia bem demais.
— Se você não vai me contar, eu conto. Beatriz e você decidiram viver um remember, com direito a uma linda noite de amor — disse ela, cheia de ironia.
— Bruna...
Ela me interrompe.
— Não.
Ela se levanta, coça a cabeça insistentemente, indignada por eu não ter negado a afirmação, mas mesmo assim ainda tento amenizar:
— Ela quer voltar. Mas eu disse que não... quer dizer, não exatamente. Eu só... saí. Deixei ela sozinha naquele quarto de hotel e me odiei por isso. Chorei, tive uma crise de ansiedade, perdi o ar, não vi a curva, não vi o outro carro... e capotei. E agora tô aqui, conversando com você.
— Anna, você prometeu. Onze anos atrás. Disse que nunca mais. Por favor, seja consciente. Vai mesmo deixar ela destruir sua vida outra vez? Sua vida e sua carreira, aliás. Você esqueceu que ela é esposa de um cliente?
— Eu não consigo resistir a ela. Tem alguma coisa... uma força, uma eletricidade, um ímã, sei lá. Quando tô com ela, só existimos nós duas. A gente se olha, trans*, fica bem... Mas basta começar a conversar que vem a mágoa, a raiva, a dor...
Bruna respirou fundo, visivelmente tocada, mas firme.
— Eu tô com você pra tudo. Só não me pede para passar a mão na sua cabeça se isso acabar mal. Tem alguém incrível que chegou na sua vida agora. — sorriu de canto — Talvez você só precise permitir que ela te faça bem.
Ela coloca a mão no meu ombro, tentando me dar apoio.
— Vocês duas são tão lindas juntas, Anna — sorri — Eu queria que você estivesse de fora para ver como eu vejo. E olha que você ainda insiste em trata-la só como amiga.
— A Maria Fernanda é tão... mas tão incrível, que eu tenho medo de machucá-la. E não seria justo. Quero protegê-la de mim, Bru.
— Vocês já tiveram essa conversa?
Balanço a cabeça negativamente e ela continua:
— Anna, você só precisa deixar tudo claro com ela. Para você ser responsável afetivamente com ela não precisa ser recíproca não, tá? Na responsabilidade afetiva nós temos que ser sinceros um com o outro. Sem joguinhos, sem rodeios — e isso você já faz, amiga.
Ela suspira e se senta ao meu lado novamente.
— Você não quer começar nada com a ruiva porque tem medo de magoá-la e isso já diz muito sobre quem você é. Sabia que eu te admiro muito por isso, Anna? Você tem uma índole incrível, uma pessoa incrível, por dentro dessa cara de séria tem um coração enorme. A vida já te sacaneou bastante, mas mesmo assim, você é uma das pessoas mais íntegras que eu conheço. Você é justa.
A olho admirada com suas palavras, então aperto minha mão na sua em forma de agradecimento.
— Olha, amiga, se vocês forem construir alguma coisa, que seja baseado na confiança que vocês têm uma na outra. Não minta pra ela. Se algo acontecer entre você e a Beatriz, sei lá, tipo: “ela foi na empresa acompanhar o marido e respirou o mesmo ar que eu”, conte para Fernanda.
— Tenho medo, Bru... — meu coração aperta — eu tenho medo de magoá-la. Não estou dizendo que não sinto nada por ela. Sinto. Só acho que, pra me permitir viver algo com a Fernanda, eu preciso tirar esse amor pela Beatriz de dentro. Não é justo com ela. Ela não merece nada pela metade.
— O que você sente, Anna? Fala pra mim o que sente, coloca para fora.
— Bruna, não sei explicar... — levo minhas mãos até o rosto, contornando minhas têmporas, aquela era mais uma conversa difícil — Sabe aquela sensação de paz e conforto? Ela é alguém que me deixa confortável. Foi isso que senti com ela aqui hoje. Me fez deitar no sofá, com a cabeça na perna dela, me fez cafuné, ouvimos minha playlist, ela estava tentando me distrair. Até cantou uma música para mim.
Ao lembrar desse momento, fico mais pensativa.
— Ela cantou uma música olhando nos meus olhos, Bruna. Ela quis dizer alguma coisa com aquilo. Ela se aproximou, poderia ter me beijado, mas não cruzou essa linha. Ela sabe que não tô pronta ainda. Mesmo quando ela está calada, ela fala com o olhar. E esse olhar me diz o tempo todo que ela me quer.
Suspiro, colocando a cabeça para trás e encarando o teto.
— Você é intensa. E ela também, só que de outro jeito. Uma intensidade leve, do bem — e combina com você. Se eu fosse você, chamava ela pra sair mais vezes fora do trabalho, pra vocês se conhecerem melhor. Essa menina te conhece há dois meses e já fez mais por você do que a Beatriz em dois anos. Se permita sentir, amiga. Eu só quero o seu bem — ela se aproxima e me abraça — mas também quero dizer que sou #MaNa até o fim.
— #MaNa? O que é isso? — arqueio a sobrancelha.
— É o nome do shipp de vocês. Ma de Maria, Na de Anna.
— Bruna, você enlouqueceu?
Pego o rosto nas mãos e balanço a cabeça negativamente.
— Você queria o quê? #NaMaria?
Dou uma gargalhada exagerada e bato em seu braço de leve.
— Mulher, eu não te aguento!
Para a felicidade dela, a fiz dormir na minha casa contra sua vontade. Como bônus da sua estadia, me perturbou para mandar mensagem para Fernanda com o intuito de saber se ela havia chegado bem.
Anna Florence | adv:
- Oi, você chegou bem?
MaFe:
- Cheguei sim. Tá tudo bem com você?
Anna Florence | adv:
- Tudo ok por aqui, Bruna vai ficar comigo hoje. Por falar nisso, quero ver um filme no cinema amanhã, mas ela não quer ir de jeito nenhum pq na cabeça dela é muito sangrento e eu não tô nem um pouco a fim de assistir esses romances água com açúcar que ela insiste em gostar, você topa ir comigo?
MaFe:
- Qual filme?
Anna Florence | adv:
- O corvo.
MaFe:
- Eu topo, mas só se você me ajudar a escolher a roupa para a festa do escritório de sexta 😉
Anna Florence | adv:
- Decidiu ir?
MaFe:
- Sim, comer e beber de graça combina com uma ótima desculpa para não fazer jantar numa sexta à noite.
Anna Florence | adv:
- Vai com quem?
MaFe:
- Não sei, Ralf me convidou. Aceito o convite?
Grrrrrh. Rosno. Sim, rosno. Ela só pode estar de brincadeira.
Bruna acompanha a conversa e morre de rir da minha cara explícita de ciúmes.
Anna Florence | adv:
- Se você quiser aceitar, sinta-se à vontade rs. Eu não irei, mas boa festa para vocês.
MaFe:
- Amanhã a gente conversa sobre isso. Vou deitar.
Anna Florence | adv:
- Te busco no escritório às 19h. Bruna vai emprestar a charrete dela para irmos, já que meu carro deu PT.
MaFe:
- KKKKKKK Anna! Não fale assim do carro dela.
Anna Florence | adv:
kkkk ela está absolutamente me xingando aqui.
Bons sonhos, Fê.
MaFe:
- Já disse que pode me chamar de MaFê... e olha, para eu ter bons sonhos, vou precisar sonhar com você. Boa noite, loira. Se cuida. ♥
— Essa menina é a maior atacante que eu conheço! Não perde tempo. Amei a atitude — diz Bruna.
— Vai sonhar com o Ralf — reviro os olhos.
— Você morre de ciúmes dela. Admita.
— Admito. Mas ela não precisa saber disso.
— Como se fosse impossível não notar — Bruna sorri.
🎥🍿
No dia seguinte, Bru saiu para trabalhar e eu resolvi responder alguns e-mails, a maioria sem importância, já que Ralf, Maria Fernanda e Andressa se dividiram para fazer o meu trabalho enquanto eu estou de atestado médico. Ainda restam quatro dias de atestado, graças a Deus.
No começo da tarde, evitei a fadiga de lavar a charrete — ops — carro da Bruna e o mando direto para o lava-jato. Senti umas pontadas por causa da cirurgia aquela tarde, nada alarmante.
Depois de tomar um banho, fico um tempo parada em frente ao espelho. Observo a cicatriz que ficou abaixo do seio, descendo até perto da costela. Ficou horrível. Será que existe cirurgia para apagar cicatriz de cirurgia? Dou uma risada do meu pensamento absurdo e sigo para me arrumar para o cinema com Maria Fernanda.
Escolho um short preto de cós alto, meu Vans Old Skool preto com branco e uma blusa curta de gola alta — que apesar de curta, deixava só um pedaço da barriga de fora. Andava com horror àquela cicatriz, não queria deixar à mostra de jeito nenhum. Amarrei um casaco na cintura, porque embora o Rio estivesse pegando fogo, o clima do ar-condicionado do cinema parecia o da Sibéria.
Espero Maria Fernanda na rua de trás do escritório. Assim que entra no carro, ela me dá um beijo no rosto. Conversamos amenidades no caminho. Ela conta que o Roberto está de namorada nova e que levou a moça no escritório para tratar da compra e venda de uma casa. Pediu que Fernanda cuidasse do contrato. Ela parecia animada — amava direito civil.
Chegamos ao shopping e fomos direto garantir nossos ingressos. Escolhemos a última sessão, assim teríamos tempo para procurar o vestido que ela queria para a festa da empresa.
Fernanda me entrega a bolsa dela para segurar — achei graça daquilo. Ela era incrivelmente indecisa, me pedia opinião pra tudo e, honestamente, ficava linda com qualquer coisa.
— Anna, você tem que se decidir! — dispara.
— Eu?
— É! Te chamei pra me ajudar, mas você só tá me deixando mais confusa.
— A culpa não é minha se você é um mulherão da porr* e fica linda em tudo que veste.
— Anna! — ela ruboriza e sorri.
— Mas experimenta esse vestido aqui. Achei a sua cara assim que vi.
Entrego o vestido e ela entra no provador. Me distraio olhando pro nada até ouvir a porta se abrindo. Quando olho... meu queixo quase cai.
Ela estava deslumbrante.
O vestido preto, com brilhos em prata, era midi, com uma fenda generosa que deixava a perna à mostra. Tinha um recorte na lateral, revelando sua tatuagem nas costelas, e um decote delicado que completava tudo.
— Nossa, você está…
— Estou…? — ela pergunta, sorrindo.
— Você sabe. — Ela me deixa sem palavras.
Ela apenas sorri, encantadora, e diz à vendedora que vai levar.
Enquanto ela passa no caixa, me pego encarando um par de botas de cano longo maravilhosas. Caríssimas, claro. Mas muito meu estilo. Me apaixonei na hora.
— Vamos?
Aceno com a cabeça. Ela me entrega a bolsa de novo e seguimos. Paramos numa loja de departamentos para comprar doces e chocolates. Ela parecia empolgadíssima com o filme de sangue e vingança. Quando a pipoca ficou pronta, ela pegou o balde quase correndo e me puxou pela mão direto pra sala de cinema.
— Não sabia que gostava de filmes assim — ela diz.
— Eu amo filmes e séries de ação, terror, suspense... Romance e drama não fazem muito meu tipo.
Achamos nossos lugares e nos sentamos no meio da última fileira. O filme conta a história de Eric, um ex-usuário de drogas que se apaixona por uma presidiária durante a reabilitação. Eles fogem juntos, mas acabam assassinados por uma gangue — ela havia testemunhado vários crimes. Eric retorna do além em busca de vingança, atravessando o mundo dos vivos e dos mortos atrás de justiça.
Nas cenas de romance, ela apoia a cabeça no meu ombro. Começo a fazer cafuné em seus cabelos e ela suspira. Levanto o braço da cadeira e peço que encoste em mim. O cinema está vazio, então estamos bem à vontade. Pego uma pipoca e dou na boca dela. Ficamos um tempo assim, quietinhas. Apenas vivendo o momento, cuidando uma da outra. Ela também me dá chocolate na boca, e eu confesso que estava amando aquilo. Meu coração acelera.
Quando começam as cenas de sex*, solto um singelo “eca”, e Fernanda sorri. Damos as mãos e ela acaricia a minha com o polegar. Dou um beijo em sua testa. Estou morrendo de vontade de beijá-la, mas uma parte de mim se segura. Eu amo o que Maria Fernanda me faz sentir, mas tenho medo desse sentimento. Medo de magoá-la... e também de ser magoada por ela.
Numa cena do filme, o Corvo diz: “o amor só traz sofrimento”. E eu concordo. Até agora, o amor só me trouxe dor — um sentimento que não consigo arrancar de mim, a ausência do amor dos meus pais... até meu amor-próprio já tinha desistido de mim.
O filme termina. Os créditos sobem. Fernanda me olha, preocupada.
— Está tudo bem?
— Acho que sim...
— Anna, aconteceu algo?
— Gatilhos. Mas nada que eu não consiga lidar. Fique tranquila. Vamos? Vou levar a senhorita em casa.
O shopping está praticamente vazio. Estou calada, com um turbilhão de pensamentos na cabeça. Tão distraída que mal presto atenção quando Fernanda fala alguma coisa.
Entramos no carro. Ligo o rádio e, claro, está tocando aquelas músicas dos anos 2000. Começa “Give Your Heart a Break”, da Demi Lovato. Fernanda começa a cantar. Sério... precisava disso agora?
Fecho os olhos. Quando vou conseguir me curar desse sentimento que insiste em morar em mim há tantos anos?
— No que está pensando? — ela pergunta. Balanço a cabeça, como quem diz “nada”.
— Está pensando nela, não está?
— Maria Fernanda...
— Dirige e me escuta. Hoje quem vai falar sou eu — diz séria, e eu fico quieta. Eu não ia discutir com uma mulher irritada.
— Anna, se não quiser conversar com a Bruna, por achar que ela já desistiu de você quando o assunto é Beatriz... conversa comigo.
— Eu não posso conversar com você, Fê. Eu não quero te ferir. Você não merece isso. Eu sou tão idiota que sei que não te mereço.
— Mas você não acha que quem tem que decidir isso sou eu?
— Como assim?
— Isso não é sobre você. Eu te conheci já sabendo que você era apaixonada por outra pessoa. Eu é que decido se fico ou não na sua vida. E se eu perceber que vou me machucar, eu tiro meu time de campo e aceito ser apenas sua amiga. Tudo bem?
— Eu tenho tanto medo de te machucar, Maria Fernanda. Você não tem noção. Eu não quero que aconteça com você o que aconteceu comigo. Eu sou tão traumatizada com isso... que se eu te machucasse, me sentiria mil vezes pior do que já me sinto.
— Me fala o que você sente por ela. Não mente pra mim.
Olho nos seus olhos, que estão sérios. Decido me abrir:
— Eu ainda sinto coisas por ela. Coisas intensas. A gente tem uma eletricidade, um magnetismo que... não sei explicar. Quando estamos juntas, quando trans*mos, quando tá tudo bem e o mundo lá fora não importa... é perfeito. Mas quando a realidade bate na porta, ela vai embora. E aí vem o medo, a dor, o desespero. É como desejar algo que está bem ali, ao alcance da mão... mas você nunca consegue segurar. É horrível. Eu gosto do que ela me faz sentir, gosto do proibido, do divertido. Gosto do sorriso dela, das piadas, do jeito egocêntrico, do abraço... gosto de tudo nela.
Nesse momento, percebo que ela está um pouco desconfortável com a minha fala, mas continuo mesmo assim. Lembro das palavras de Bruna: “seja sincera”.
— Mas nunca conseguimos ir adiante — completo — Isso me frustra. Ela é um poço de incertezas, de indecisões. E eu nem sei se seria capaz de arriscar tudo por mim, como diz que faria. Acho que não. Não quero me iludir de novo. Quero me afastar. Só não sei se consigo. Por isso mantenho distância, mas... até quando? Esse amor me machuca. É um amor que eu não posso ter, mas também que não consigo me livrar. Já tentei. Muitas vezes. Mas parece que está enraizado em mim.
Ela encosta a cabeça no apoio do banco e fecha os olhos por alguns segundos, como se estivesse tentando organizar seus pensamentos. Achei aquele gesto lindo. Quando volta a me encarar, seu olhar é calmo, mas firme.
— Obrigada por ser sincera comigo, Anna. É só isso que eu quero de você: sinceridade. Honestidade. Você merece ser feliz. Não estou falando só da sua vida amorosa, mas também da sua carreira. Não deixe que uma bagunça atrapalhe a outra. Esse jogo entre vocês é perigoso, e só uma vai sair perdendo.
Ela se vira completamente para mim, repousa sua mão de forma leve sobre a minha perna e respira fundo antes de continuar.
— Anna, eu não vou fingir. Você mexe comigo. Me atrai. Fica insuportavelmente linda de roupa social e aquele semblante sério no escritório... seu estilo musical é maravilhoso. Seu olhar é o mais bonito que eu já vi. Eu quero te conhecer mais e mais.
Estaciono o carro na calçada da sua casa, os nossos olhares se cruzam e eu solto o cinto imediatamente para abraça-la. Porr*, Maria Fernanda. Eu não mereço você.
— Se cuida.
Ela me dá um beijo na testa e entra em seu apartamento. Volto para casa com um milhão de sentimentos confusos.
É, Bruna... sabe aquele convite que você me fez uma vez para ir à terapia? Talvez eu aceite.
CAPÍTULO 12. SE PERMITA. PARTE II - A FESTA.
Os dias passaram se arrastando, minha cicatriz ainda doía, mas agora bem menos, eu estava tomando a medicação direitinho, conforme a médica me passou. Bruna me ligava todos os dias para se certificar disso. MaFê e eu só nos falamos por mensagem, eu ainda estava de atestado médico e só voltaria ao escritório na segunda-feira.
Quando Bruna me ligava para saber se eu havia tomado a medicação, eu aproveitava para conversar com ela e expor os meus sentimentos em relação à Beatriz, Fernanda, sobre todas as coisas que ainda deixavam meu coração receoso e dividido. Minha amiga, baixinha e invocada como é, me convenceu de fazer uma surpresa – Buscar Fernanda para irmos à festa do escritório juntas.
Perguntei discretamente à Andressa se a ruiva tinha aceitado a companhia de Ralf, mas ela havia me dito que ela está se esquivando dele igual o diabo foge da cruz e eu confesso que nunca me senti tão feliz em ouvir uma fofoca.
Confesso que nos últimos dias andei pensando sobre dar uma segunda chance ao meu coração. Talvez eu estivesse cansada de mergulhar de cabeça em um amor raso, mas eu deveria me arriscar em um novo sentimento? Meu coração já havia sofrido muito, certamente não aguentaria sofrer mais nenhum dano. Eu estava cansada de estar apaixonada por uma pessoa que se me perguntarem três qualidades eu não sei responder.
Talvez estivesse na hora de me permitir, de recuperar meu amor próprio e o primeiro passo para isso, seria recuperar minha autoestima. Fui ao shopping e decidi comprar um vestido que eu amei só de olhar para ele: preto de manga longa, fechado, mas tinha uma fenda que deixava minha perna à mostra. Aproveitei e passei na loja que tinha ido com Fê e comprei a bota de cano longo.
Sim, eu estava disposta a me amar em primeiro lugar.
O segundo passo eu estava bem hesitante. Ia gastar um bom dinheiro da minha reserva financeira, estava com muita saudade do meu carro, até pensei em alugar um parecido, mas essa noite eu merecia algo muito melhor. O vendedor da locadora me apresentou vários carros, mas quando olhei para ele, eu tive a certeza: era só por uma noite, mas assim que eu conseguisse subir de cargo, eu ia fazer das tripas coração para comprá-lo. Audi A5.
Depois de fechar o contrato de locação, entrei no carro e me subiu uma adrenalina absurda, ele era perfeito. Saí pela Avenida das Américas em alta velocidade.
Por volta das 18h, cheguei em casa e subi para tomar banho, eu tinha que estar perfeita essa noite. Tomei um banho demorado, acho que nunca demorei tanto no banho na minha vida. Literalmente foi um banho premium plus, como dizem por aí. Esfoliante, óleo para banho, tudo que eu tinha direito.
Escolhi uma lingerie vermelha para hoje, mas ao me olhar no espelho não gosto do que vejo: essa maldita cicatriz. Passo hidratante no corpo e ponho o vestido, um cordão dourado com um pingente de trevo de quatro folhas para me dar sorte, o relógio e óbvio — a xuxinha preta no pulso direito, como toda sapatão.
Não que eu tivesse a intenção de algo, mas nunca se sabe, né? Me maquio e passo um batom vermelho para combinar com o look. Seco o cabelo com secador e o deixo um pouco bagunçado, rebelde.
Já são quase 20h. Pedi para Andressa dar uma enrolada na MaFê, já que ela achava que iriam juntas. Tranquei tudo antes de sair de casa e fui dirigindo até o prédio dela. No caminho, tinha um cara vendendo rosas no sinal. Abaixei o vidro do carro e comprei uma para dar de presente para ela. Sempre achei buquê de flores algo brega demais, mas uma rosa era diferente.
Era bonito. Especial.
Estaciono bem na porta do prédio, ligeiramente nervosa. Não tinha porteiro, era um prédio antigo, o que facilitou na questão de sair do carro e ficar encostada nele sem que ninguém viesse questionar o porquê de uma mulher estar parada com um Audi A5 em Irajá, na Zona Norte do Rio. O Rio de Janeiro não era para amadores. Levanto as mãos para o céu por carros de locadoras terem seguro, caso contrário, eu teria um rombo que não poderia cobrir na minha conta bancária.
Mando uma mensagem para Andressa avisando que cheguei, ela ia mentir pra Fê dizendo que já havia chegado para buscá-la. Olho para a rosa na minha mão e vejo que ela está um pouco amassada e me questiono se foi era uma boa ideia dar de presente para ela mesmo assim.
Ouço o "treck" do portão, meu coração acelera mais um pouco. Um som de portão enferrujado. Maria Fernanda surge logo em seguida, ainda de costas para mim. Se inclinando levemente enquanto tentava girar a chave no portão, que parece resistir. Deveria ter algum macete para trancar, pois ela fazia muita força.
Só então, depois de fazer esforço, ela vem de encontro a mim ainda distraída guardando sua chave na bolsa, quando ela olha para frente, dando de cara comigo, me olha surpresa. Eu dou um sorriso, mas ela pisca algumas vezes, parecia querer entender se eu estar ali era real ou não.
— Oi — dou um sorriso sapeca
— Anna... Oi — ainda parecia confusa, mas otimista
— É para você. — entrego a rosa para ela, que segura com cuidado — você está linda.
— Obrigada, eu... — ela ruboriza — não sabia que você viria, havia combinado com Andressa dela vir me buscar.
— Digamos que eu tenha uma parcela de culpa nisso — pisco — Vamos?
— Anna, porque está aqui?
Ela me pergunta em um tom baixo, colocando uma mexa de seu cabelo para trás da orelha e eu confesso que esse gesto me deixou ainda mais encantada por ela. Seu olhar era fixo em mim. Ela aparentava estar nervosa, confusa e ansiava por uma resposta.
— Fernanda...
Chamo o seu nome quase como um sussurro e respiro fundo para continuar, para não amarelar agora e ser sincera com ela. Afinal, ela merecia a minha sinceridade e honestidade.
— Eu decidi que precisava me permitir. Eu sou nova nisso, não quero tratar você como tratava as outras pessoas com quem eu me relacionava, então eu queria te dizer que... você é bem especial pra mim, Fê. E eu queria muito te conhecer melhor e quero permitir que me conheça também.
Pauso um pouco, tentando organizar meus pensamentos para que eu saiba falar as palavras certas para ela.
— Olha, eu sou uma pessoa que tropeça nas próprias palavras e que cava o meu próprio abismo, eu não sou otimista. Eu quero que você conheça o meu lado bom e gostaria que tivesse paciência com meu lado ruim. Essa Anna que você admira, como você já me disse tantas vezes... eu vou tentar ser. — fecho os olhos por um momento e suspiro — mas eu sei que não vou conseguir ser o tempo todo, eu me acho um saco. Então se vamos tentar, se você ainda quiser tentar me conhecer, eu estou pedindo permissão para entrar na sua vida. Me deixa entrar?
É quando recebo um abraço inesperado.
Ela enlaça suas mãos no meu pescoço e eu abraço sua cintura, ficamos ali por alguns segundos sentindo uma a outra. Enterro meu rosto na curvatura do seu pescoço e me permito sentir o cheiro do seu perfume doce misturado ao seu cheiro natural, que era uma delícia.
O silêncio dela estava me deixando um pouco aflita, mas para minha surpresa, ela esfrega o nariz no meu pescoço e eu sinto um arrepio pelo meu corpo inteiro. Não sei se ela fez isso intencionalmente, mas de certa forma, Fernanda sabia meus pontos fracos e sabia como me deixar mexida.
— A sua sorte, Doutora Anna... é que eu sou completamente encantada por você. — sorriu — e sim, eu ainda quero conhecer a mulher maravilhosa que eu tenho certeza que você é.
Ela volta a me olhar e faz um afago com as costas do indicador no meu rosto.
— E minha intenção jamais, jamais, jamais — repete — será partir o seu coração... confia em mim.
Ela sussurra essa última parte e em resposta, eu assinto e entrelaço nossos dedos encostando minha testa na dela. Ela me dá um beijo de esquimó e beija a ponta do meu nariz. Dou um sorriso.
— Vamos? — dou um beijo na sua mão e ela balança a cabeça afirmativamente.
Quando entramos no carro, começamos a falar de assuntos aleatórios. Com ela, o assunto nunca tinha fim. A gente tinha bastante coisas em comum, até o gosto musical era parecido. Toda vez que eu parava no sinal de trânsito, eu colocava a mão em sua perna e ela entrelaçava os seus dedos nos meus. Quando precisava trocar a marcha para sair, ela passava a marcha junto comigo de mãos dadas. Eu olhava para Fernanda e ela sorria.
Como pode ser tão linda?
— Ah, eu amei o carro. — ela olha para a parte interna maravilhada — como conseguiu?
— Eu andei refletindo sobre o rumo da minha vida e decidi cuidar de mim. Um dos primeiros passos era minha autoestima e me permitir viver coisas que eu queria viver. Eu sempre quis dirigir um Audi, então como o meu carro deu PT, decidi alugar um para viver essa noite.
— O que você espera dessa noite? — ela se vira em minha direção, apoiando a cabeça no encosto do banco.
— No momento só estou pensando em vivê-la. — a fito também e ao fitá-la meu coração errou um pouco as batidas, me fazendo lembrar o quanto essa troca de olhares no dia que nos conhecemos me deixou totalmente desconcertada.
Quando chegamos ao local da festa — O luxuoso Copacabana Palace — deixo meu carro com o manobrista e a recepcionista pede nossos nomes antes de entrarmos no vasto salão. Maria Fernanda fica de braços dados comigo para entrar, mas seu semblante é de puro nervosismo.
— Anna? — ela chama minha atenção — Roberto vai nos matar.
Ela ri de nervoso, eu a olho sem entender e ela me fita para explicar:
— Quando você sofreu o acidente, ele disse para mim que a empresa não aprova relacionamento entre funcionários.
Dou uma risada.
— Deixa que eu lido com ele, Fê. Não se preocupe. Ninguém tem que se meter na nossa vida.
O fotógrafo da festa vem nos cumprimentar e nos pede uma foto. Coloco a mão na cintura de Fê e sorrimos. Ela está um pouco ruborizada, mas logo dou um beijo na testa dela e sigo de mãos dadas com ela pela festa, logo avisto alguns funcionários e alguns dos nossos clientes mais antigos, afinal, eram 30 anos de escritório.
Logo Andressa acena para nós e vamos em sua direção, ela parece muito feliz por nos ver juntas.
— Pelo visto deu certo, né? — ela pisca para mim e sorri para Fê
— Obrigada, amiga. De verdade. — ela se surpreende e se emociona por eu chama-la de amiga, eu não era muito sentimental e era a primeira vez que verbalizava isso.
— Vocês duas fizeram um complô contra mim — Fê se faz de ofendida
— E você nem gostou de ela ter ido te buscar, né? — Andressa comenta, rindo e vira-se pra mim — Anna, é bom te ter de volta. Maria Fernanda ficava velando sua mesa todos os dias.
— Andressa! — Fernanda a repreende com as bochechas coradas
— Gente, não olha agora, mas o Ralf está vindo pra cá. Ele vai ficar arrasado.
— Deixa isso comigo — Maria Fernanda diz e eu dou de ombros
— Oi, Anna. Bom te ver! — Ele sorri, mas logo olha para nossos dedos entrelaçados e seu sorriso vai se desfazendo aos poucos e se vira para Maria Fernanda — Oi, Fernanda. Vejo que está em ótima companhia.
Seu olhar era de ressentimento.
— Ralf, você sempre soube que eu não-
Ele a interrompe, a palma da sua mão no ar, mas ainda com olhar ressentido.
— Eu sei da sua sexualidade e já vinha observando você arrastando uma asinha pra Anna, só não vê quem não quer — força o sorriso — mas eu ainda tinha esperanças.
— Eu nunca quis te dar falsas esperanças, Ralf. Se isso aconteceu, me desculpe. — ela olha para ele, sendo sincera.
— Droga, Anna! Você está com a mulher mais bonita da empresa, que sorte — seu sorriso ainda era forçado e eu comecei a estranhá-lo. Por algum motivo, ele não se sentia confortável comigo e com Fernanda juntas.
— Eu sou muito sortuda mesmo. — sorri em direção à Fê, que fica corada mais uma vez.
— Se bem que quatro é par. — Ele dá um sorriso malicioso em direção à Andressa e ela arregala os olhos, mas logo responde.
— Sai pra lá, Ralf. Me livra dessa.
— Não me diga que você também é...? — questiona
— Eu gosto de pessoas. Pronto, falei — ela faz um gesto que faz todo mundo rir
— Ótimo, eu ainda tenho chance — piscou e saiu
Quando ele nos deixou sozinhas, fomos para o bar. Eu pedi uma água, não poderia beber por conta das medicações e por estar dirigindo. Afinal, eu tinha que levar minha garota para casa. Maria Fernanda pediu um drink e ficamos conversando. Flertando também, nossos olhares diziam tudo.
Andressa a roubou de mim, chamando-a para dançar. Enquanto elas dançavam ao som de “outside”, da Ellie Goulding, percebi o quanto Fernanda era muito linda. A assistente jurídica tinha uma aura, uma luz própria incrível. Seus cabelos ruivos tinham o movimento perfeito, totalmente simétrico com seu corpo. Ela balançava seus quadris na pista de dança, ela era naturalmente sensual. Não precisava se esforçar muito. Ela joga um beijo da pista de dança pra mim e eu retribuo.
Sou interrompida do meu transe quando uma voz conhecida me chama e senta-se ao meu lado sem pedir licença.
— Oi, Anna.
— Oi. — respondo secamente — o que faz aqui?
— Eu vim para essa festa só para falar com você, saber se tá tudo bem. Precisava te ver.
Ela me fita com expectativa. Eu a fito com seriedade.
— Obrigada, estou bem.
— Está precisando de alguma coisa?
Nesse momento, olho para a pista de dança e vejo que Fernanda parou de dançar e nos olhava fixamente. Volto minha atenção para Beatriz e com uma voz carregada de ironia, pergunto:
— Cadê seu marido?
— Jogando pôker com Roberto no salão de jogos. — Ela balança a cabeça em negação, como se estivesse afastando um pensamento — Anna, eu fui te ver no hospital.
— Ok, Beatriz. Obrigada por ido até lá, está bem? Você deveria voltar para a companhia do seu marido, eu já vou indo. — descarrego de uma vez, olhando para Maria Fernanda e já me levantando, quando Bia inesperadamente me segura, acompanhando meu olhar.
— Ela é sua namorada? Não se largaram a noite toda.
— Não.
— Está saindo com ela? — sua voz carregada de ciúmes
— Isso te importa?
— Já me esqueceu? — rebate
— Você é muito sem noção, Beatriz. Tô fora de discutir com você, vê se me deixa em paz e segue a sua vida. A minha eu já segui. Dá licença.
A olho com cara feia e me levanto indo em direção a minha ruiva, que me olha com uma expressão indecifrável. A levo para um lugar mais afastado, a varanda do hotel.
— O que ela queria? — me pergunta, seus olhos azuis faiscando
— Saber se eu estava bem e se estava precisando de alguma coisa.
— Hmm — se limita a dizer
— Ei, não precisa se preocupar com isso. Te pedi para entrar na sua vida, lembra? E serei honesta e sincera, também não é minha intenção te machucar.
Ela para e olha para o longe, como se estivesse pensando.
— Confia em mim? — sussurro
Ela suspira antes de se virar na minha direção e me fitar.
— Anna, eu confio... — ela pega minhas mãos e segura — Eu não confio é nela.
— É passado, Fê. Eu tô aqui. Agora. Com você.
Como uma ironia do destino, a música que estava tocando na festa era a música perfeita para o nosso momento.
“Fala para o seu passado que seu futuro é comigo...”
Ela canta juntinho com a música e isso me soa como um convite. Me olhando fixamente, ela morde o lábio inferior, puxo suavemente e a sua cintura e ao mesmo tempo, ela põe a mão em minha nuca. Encosto meu nariz no dela, umedeço meus lábios e a beijo.
Minha língua pediu passagem e ela deixou. Nosso beijo calmo, lentinho, seus lábios convidativos... nosso beijo continha carinho, descoberta, eu estava explorando cada pedacinho dos seus lábios devagar, sem nem me importar se tinha gente da empresa vendo ou não. Eu só queria permanecer naquele beijo... e que beijo. Naquele momento só existia nós duas.
Faço um carinho nas suas costas durante o beijo, enquanto ela afagava o meu rosto. Finalizamos com um selinho e permanecemos abraçadas, sem dizer uma palavra. Mas foi ela quem quebrou o silêncio.
— Anna...
— Oi...
— Se eu te disser que sonhei com isso uma ou duas vezes, você vai acreditar? — diz envergonhada
— Era melhor no sonho ou na realidade?
Sorrimos.
— Boba!
Ficamos ali na varanda curtindo a nossa companhia, eu abraçando Fernanda por trás enquanto conversávamos mais alguns assuntos aleatórios. Um pigarreio nos tira do nosso momento.
— Olá, Dra. Anna. Vejo que se recuperou. — Dra. Baldez nos olha de cima abaixo — E se recuperou bem, pelo visto.
Maria Fernanda ruboriza, pois ela está olhando fixamente pra ela também.
— Oi, Dra. Baldez. Foi só um susto, obrigada pela preocupação.
Sorri amarelo, um pouco envergonhada por ter sido pega “flertando”, mas não tirei minha mão da cintura da Fê.
— Sei que não é para falarmos de trabalho agora, mas vou precisar de uma assistente em um caso criminal, estava procurando por alguém que pudesse ser minha associada nesse caso, lembrei de você. Aceita essa oportunidade?
— Cla-claro! — gaguejo, claramente nervosa, mas trato logo de me recompor — Não tenho palavras para agradecer o convite.
— Irei resolver tudo com o Dr. Roberto para liberá-la durante essa semana que virá, você vai trabalhar direto no meu setor, a minha secretária irá te passar os detalhes na segunda-feira.
Assinto e ela demora mais um pouco olhando para nós.
— Vou indo. Aproveitem o evento. A propósito, ouvi alguns comentários sobre vocês duas durante a festa. A empresa tem a política de não aprovar namoro entre funcionários, mas sinceramente? — ela se aproximou colocando a mão em sua boca, como se fosse contar um segredo — eu não estou me importando nem um pouco com política. Vocês fazem um casal lindo.
Ruborizamos. Não éramos um casal... ainda. Mas a deixei pensar que fôssemos.
— Só peço que não deixem atrapalhar o rendimento profissional de ambas, está bem? — olha para nós duas com um olhar maternal.
— Sim, Dra. Baldez. — respondemos juntas e Fernanda a agradeceu.
— Disponha, com licença.
Esperamos ela se afastar, somente para darmos um gritinho e pulinhos desnecessários, parecíamos duas adolescentes que os pais deixaram sair em um sábado à noite.
— Tem noção de que ela te chamou para trabalhar pessoalmente com ela? Roberto vai surtar! — ela diz sorrindo e claramente feliz por mim
— Por que está sorrindo? Ele vai comer meu fígado! — dou uma risada — mas acho que vai valer a pena.
— Anna, ele te elogiou quando você estava internada, disse que não queria perder uma das melhores associadas.
Dou um sorriso com o comentário. Estava tudo dando certo e minha vida parecia ter se encaixado: eu havia dado uma chance para mim mesma e automaticamente, as portas resolveram se abrir. Finalmente, depois de tanto tempo, estou me permitindo.
Olho para o céu e prometo para mim mesma que não vou deixar nada estragar essa noite ou a minha vida daqui pra frente.
Eu era a mulher mais feliz do mundo inteiro.
Fim do capítulo
Gente, o que acharam?
E qual nome do shipp do casal? #MaNa ou #NaMaria? hahahahahahaha
Esse capítulo foi muito especial pra mim, foi maravilhoso escrevê-lo.
Comentar este capítulo:
Marta Andrade dos Santos
Em: 06/10/2024
Tu tem cara que gosta de fazer merda Anna.
Espero que você consiga mesmo .
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Mmila
Em: 01/10/2024
Anna tentando seguir novos caminhos.
So não pode machucar a Maria Fernanda.
nath.rodriguess
Em: 01/10/2024
Autora da história
espero que não!
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nath.rodriguess Em: 06/01/2025 Autora da história
Será que não?