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  • CAPÍTULO 59 – LIÇÃO 52: FECHE SEUS CICLOS

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MANUAL NADA PRÁTICO PARA SOBREVIVER A UM GRANDE AMOR por contosdamel

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Palavras: 4088
Acessos: 948   |  Postado em: 24/09/2024

CAPÍTULO 59 – LIÇÃO 52: FECHE SEUS CICLOS

Eu estava curiosa sobre o que Cris teria tanto a me dizer, depois daquela fatídica noite no hotel, depois de ajudar Ivy na surpresa que findaria com um pedido de casamento. Por outro lado, eu estava planejando algo perigoso, nessas aventuras a melhor cúmplice sempre foi ela, contudo, no que diz respeito a meu relacionamento com Marcela, eu já não sabia se poderia contar com minha confidente.

 

-- Você já foi menos dramática, os anos pioraram esse seu traço... Você me ligou uma vez, e me mandou duas mensagens, Cris, e eu não te ignorei, respondi que estava ocupada e estava. Estamos voltando para o Rio, e eu tinha providências a tomar.

 

-- E quanto a Ivy? Você não pensou em saber como ela estava? Só deu um fora, e a deixou?

 

-- A julgar pela intimidade que você desenvolveu com ela, imagino que você já tenha ouvido dela os detalhes do nosso término. E mesmo que a culpa tenha sido toda minha, sua contribuição para aquela cena, essa chegada surpresa dela, poderia ter sido evitado. Ivy não é e nunca foi uma mulher espontânea, surpreender-me daquela forma não pode ter sido ideia dela.

 

-- Está me culpando? Por que ela não poderia ter tido essa iniciativa?

 

-- Cris, ela é britânica! Ela odeia surpresas, chegar à casa de alguém sem ser convidada... Jamais! Mas, isso já foi... Infelizmente não posso voltar no tempo e poupá-la, gostaria muito que as coisas tivessem outro desfecho, agora pago as consequências.

 

            Cris deu de ombros, visivelmente contrariada.

 

-- Restou mais alguma lição de moral que você deseje me dar? Mais algum puxão de orelha? Um cancelamento a vista...? Não? Se não, eu tenho que te pedir licença, tem algo a resolver fora da cidade.

 

-- Você não quer mesmo saber da Ivy? Poxa, Luiza, você viveu anos com ela, não se preocupa mesmo? Responsabilidade emocional zero heim?

 

-- Olha só quem está falando de responsabilidade emocional... Cris, aquela que não fica tempo o suficiente para se apegar... Mas, já que perguntou, eu não me preocupo com a Ivy por que eu a conheço, ela é prática, pragmática, imagino que até já tenha antecipado sua volta para Inglaterra, ela me deixou ordens explícitas de não procurar nenhum tipo de contato com ela e eu vou respeitar isso.

 

-- Cômodo, conveniente. Muito bem, Luiza, aprendeu com os anos a ser uma bela fdp. Ela não voltou para Inglaterra ainda, está arrasada, especialmente por que o Bem não para de perguntar quando ela vai trazer você para casa...

            Respirei fundo, e meus olhos marejaram. Sentei-me na cama e desabafei:

 

-- Acredite, Cris, eu nem consigo descrever o quanto isso me dói. Mas, Ivy também me pediu que deixasse a cargo dela, tirar-me da vida do Ben. Ela é a mãe dele e não vou fazer nada diferente do que ela ditou. Não tem nada de conveniente nisso, só estou aceitando as consequências dos meus atos. Quando ela pretende voltar para Inglaterra?

 

-- Ela só conseguiu transferir para amanhã... Eu me sinto um pouco responsável pela estada dela aqui, então lhe fiz companhia, mas, eu odeio essa cidade, se ao menos estivéssemos no Rio, a paisagem faria melhor propaganda do Brasil do que você...

 

-- Acho que ela tem motivos para odiar o Brasil mesmo... Sei que não está fazendo isso por mim, mesmo assim, obrigada por estar perto dela.

 

-- Agora estou curiosa...você disse que tinha algo a fazer fora da cidade... Impressão minha ou tem caroço nesse angu?

 

            Nada passava por Cris, o faro dela era infalível quando o assunto era encrenca.

 

-- Não sei se você é a pessoa mais indicada para catar esse caroço...

 

-- Ah, você sabe que sou a melhor, para de me enrolar. Certamente envolve a Marcela...

 

-- Por isso mesmo acho que você não a minha cúmplice perfeita, não tenho certeza do que vou fazer...

 

-- Eu sou sua consciência, Luiza, praticamente um grilo falante! Manda a real ai!

 

-- Tenho algumas condições, a primeira delas, não quero você me julgando, ou fazendo pré-julgamentos sobre Marcela, eu só preciso averiguar uma situação, para saber se posso dar um passo seguro no meu futuro com ela...

 

-- Eu prometo tentar...

 

--Ah não! É um assunto delicado, e na verdade, nem sei se estou fazendo a coisa certa...

 

-- Luiza, só o fato de você estar em dúvida, já acende um alerta sobre o quão errado é o que você pretende fazer... E isso só me dá mais certeza de que você precisa de mim!

 

            Pouco convencida dos argumentos de Cris, eu fui revelando minhas inseguranças relacionadas ao teor de proximidade que existia entre Paula e Marcela, sem esboçar grandes reações, Cris parecia reflexiva, um sinal que de certamente estaria elaborando um plano mirabolante naquela engenhosa mente.

 

-- Então, Cris? O que você acha?

 

-- Quando você fala de um passo seguro no futuro com Marcela, está falando exatamente de que?

 

-- O que eu devia ter feito há tempos atrás, pedi-la em casamento.

 

-- E você viveria aqui com ela? E seu emprego? E suas pesquisas?

 

-- Isso eu ainda vou resolver... Mas... Eu já escolhi minha carreira no passado, acho que é hora de outras escolhas.

 

-- Luiza, se você está disposta a esse tipo de escolha, é melhor que você tenha certeza no que está se metendo, então, eu te apoio, e até tenho algumas ideias de como descobrir alguma informação...

 

            Confesso que tremi ao imaginar o teor das ideias de Cris, mas, a minha impulsividade falou mais alto, instigada pela praticidade de minha amiga, que em pouco mais de dez minutos já tinha reservado passagem aérea e hospedagem para Ribeirão Preto.

 

-- Partimos amanhã no voo das 6 da manhã, vamos alugar um carro no aeroporto, montaremos um esquema de vigilância, primeiro na clínica, depois no endereço que essa Paula te deu. Vou fazer outras pesquisas com alguns contatos, amanhã descobriremos o que há nessa relação misteriosa entre Marcela e ela.

 

-- Vigilância? Pesquisas? Cris, o que você está aprontando?

 

-- Luiza, confie em mim, sei o que estou fazendo.

 

            Confiar em Cris naquele momento era mandatório, se isso era seguro, isso já era outra história. Ainda me ressentia de algumas palavras proferidas por ela nas últimas horas, e desconfiava que ela tinha interesses pouco claros em desvendar informações sobre Marcela e Paula, e isso se confirmou quando ela falou ao se despedir de mim:

 

-- Você estipulou suas condições, e eu farei a minha, só uma: se a gente descobrir que ainda existe uma relação amorosa, seja de qual for a natureza, entre essas duas, você vai pedir perdão a Ivy, e lutar pelo relacionamento de vocês.

 

-- Cris, isso é absurdo. Primeiro por que a Ivy não me perdoaria, em nenhuma hipótese e segundo por que, eu não sei se quero seguir em um relacionamento com ela.

 

-- Luiza, a Ivy me falou que está disposta a te perdoar, por que nunca amou alguém como te ama, e eu não me conformo que você simplesmente abandone o que você construiu no grupo de pesquisa, Ivy me falou que estão prestes a iniciar testes em seres humanos, de uma medicação que pode curar câncer de mama!

 

-- Olha só, amiga, eu entendo que você queira só o melhor pra mim, mas, eu não vou te prometer isso. Até mesmo por que eu sinto no meu coração que Marcela não me escondeu nada...

 

            Cris mexeu no celular e me mostrou uma página com um documento:

 

-- Ela te contou sobre isso? Elas tem um contrato de união estável, esse documento é de um cartório de Ribeirão.

 

-- Mas... Como você conseguiu isso? Isso não pode ser verdadeiro.

 

-- Tenho meus contatos, e isso ainda não é tudo... Por que Marcela te esconderia isso?

 

            Um tanto quanto tonta com aquela informação eu nem pensei direito ao aceitar a condição de Cris para seguirmos com o plano. Já era tarde da noite, depois de jantar com meus pais e comunicar que faria uma rápida viagem no dia seguinte, antes de regressarmos ao Rio, recebi como de costume uma ligação de Marcela.

 

-- Ei, Lu. Está tudo bem? Desculpe-me por não mandar notícias, o dia foi uma loucura por aqui.

 

-- Tudo bem, Mah, estava envolvida em outros assuntos também...

 

-- Outros assuntos?

 

-- Preparando o retorno para o Rio...

 

-- Ah sim... Por um momento pensei que o outro assunto fosse sua ex, ela ainda está no Brasil?

 

-- Acho que sim, mas, não falei com ela.

 

-- E ainda pretende falar?

 

-- Não gostaria de deixar as coisas como estão, mas, nesse momento, eu preciso respeitar a vontade dela e me manter longe.

 

-- Não posso negar que isso em dá um certo alívio... Ela representa um pedaço da sua vida que eu não sei se findou...

 

-- O que você quer dizer com isso? Acha que eu não terminei o relacionamento com ela? Acha que o meu relacionamento com ela é como o seu e o da Paula?

 

-- Meu relacionamento com a Paula hoje é burocrático e profissional, Luiza. Por que você está assim na defensiva? Eu me referi a um pedaço da sua vida, na pesquisa em Oxford, ainda não sei se está concluído, isso tem me preocupado.

 

            Pausei um pouco a respiração para retomar a sanidade. O mix de insegurança, culpa e medo parece uma mistura explosiva, e eu estava prestes a dinamitar isso.

 

-- Luiza? Ainda está aí?

 

-- Sim, desculpe-me. É melhor conversarmos sobre esses assuntos outra hora, pessoalmente, sei que deve estar exausta, e eu também, vou me recolher.

 

-- Tem razão. Boa noite, estou com saudades, e...Eu te amo.

 

-- Boa noite, eu também te amo.

 

 

            Aquela noite foi longa, mal cochilei e o despertador já me alertava para o início da missão nada agradável de investigação, chefiada por Cris, que não demorou a me avisar que já estava a caminho do aeroporto.

 

Uma das lições que compartilhei com vocês nesse longo manual foi de estar atenta aos sinais, pois bem, falhei miseravelmente nessa lição que eu mesma recomendei: chovia torrencialmente em São Paulo, carros por aplicativo, não consegui nenhum, demorou até que um táxi cobrando o triplo do valor aceitar a corrida, a primeira pergunta do taxista foi: “a senhora tem certeza que vai pegar um avião com uma chuva dessas?”. Eu não tinha certeza, acho que nem as companhias aéreas tinham, mas Cris tinha, ela me aguardava no guichê impaciente, por que obviamente naquelas condições o voo estava atrasado.

 

--Cris, isso é um sinal... vamos desistir disso, encontrarei outra forma de saber o que preciso sobre Paula e Marcela... Isso não está certo.

 

-- Sinal de que Luiza? Do aquecimento global? Dos desastres climáticos? Se for isso, concordo.

 

-- Para com isso, você entendeu.

 

Cris como se tivesse um rol de cartas na manga, alcançou de novo seu celular:

 

-- Olha isso aqui... Declaração do imposto de renda da Marcela e essa daqui a da Paula... mês passado essa declaração foi entregue, Luiza, para a receita federal, elas são um casal!

 

-- Mas o que você fez? Cris, essa informação é sigilosa! Que crime você cometeu?

 

-- Eu te disse que tinha meus contatos, isso é crime, por isso não posso revelar minha fonte mesmo. Isso é pra te mostrar que sua desconfiança não é infundada. Talvez vendo pessoalmente a rotina delas, conversando com outras pessoas que vivem com ela, a gente tenha outra perspectiva fora do que esses documentos afirmam, não acha?

 

Ainda atônita com os recursos que minha amiga acionou, não conseguia digerir os sentimentos que sufocavam meu peito, apesar de, bem no meu íntimo concordar em algum ponto com Cris. Talvez por isso, permaneci ali, hora torcendo para que o voo fosse cancelado, hora torcendo para encontrar respostas definitivas.

 

-- A chuva está dando uma trégua, o voo sairá em 30 minutos. Vamos para a fila de embarque, Luiza.

 

-- Cris, o que faremos lá? Você disse que tinha planos, mas, você está parecendo um policial disfarçado, cheio de informações privilegiadas, não gosto de me meter em coisas assim, às cegas.

 

-- Às cegas você está reatando o namoro com uma pessoa casada!

 

-- Casada não...

 

            Murmurei contrariada.

 

-- É a mesma coisa...em união estável, com casas e financiamentos juntas...

 

-- O que?

 

-- Outra informação que consegui. A gente vai direto pra clínica, pelo atraso, a gente não chega até a casa delas, era meu plano segui-las pra saber se saem juntas de casa para o trabalho... Mas, não vai dar tempo.

 

-- Cris, de onde estão vindo essas informações? Eu não embarco antes de saber!

 

-- Xiii... Fala baixo! Eu estou saindo com uma pessoa... Uma nerd, que trabalhou na inteligência da polícia federal, pronto!

 

-- Você pediu para uma agente da PF investigar a Marcela?! – Berrei.

 

-- Fala baixo! Ei! Não foi bem assim, ela não é mais da PF, ela é freelancer hoje...

 

-- Ou seja, ela é uma hacker! Cris, isso é quebra de sigilo bancário! Que outros crimes você está metendo a gente?

 

-- Se quiser ela pode quebrar o sigilo telefônico também...

 

-- Chega, isso já foi longe demais, não vou embarcar, acabou isso de investigação.

 

            Dei as costas a Cris arrastando minha malinha. Contudo, Cris falou mais alto:

 

-- Nem se eu te disser que a Marcela teve um almoço ontem com uma tal de Milena?

 

-- O que? Como você sabe disso?

 

-- Você tá preocupada como eu sei da informação, e não se preocupa que sua namorada almoçou com outra ex ontem e não te contou nada?

 

Respirei fundo, meus olhos marejaram, aqueles sinais estavam virando o prenúncio de um pesadelo. Eu não queria mais saber de nada, temia ver algo que destruíssem meu sonho de um futuro com Marcela. Não era só a Paula, a Milena estava de novo na vida de minha namorada e eu não sabia nada a respeito da relação delas, eu estava mesmo as cegas como Cris anunciou.

O embarque começou e eu relutava em seguir esse plano até a última cartada de Cris.

 

-- Você está me odiando agora, sei que sim... Mas, eu já me adiantei em outro ponto, com a ajuda do meu contato, consegui marcar um “date” com a secretária da clínica para o almoço, providenciamos um “match” naquele aplicativo.

 

-- Cris, você não tem limites?

Já não segurava minhas lágrimas, apavorada com o cenário posto.

 

-- Isso na minha opinião foi o menos invasivo, vou só almoçar com a garota, tem alguma dúvida que as secretárias sabem todas as fofocas? Eu só quero te ajudar com esse monte de dúvidas, antes que você jogue tudo pra cima para viver esse amor. Já vi toda essa sua intensidade em outros relacionamentos, e vi você quebrar a cara, vi seu estado quando Marcela te deixou, depois quando você a deixou... Luiza, você não acha que tem muita coisa em jogo para você simplesmente desistir assim?

 

Eu não estava convicta, mas, me deixei levar pelos argumentos da minha amiga. Depois de tudo que eu já sabia, o que mais poderia ser tão grave? Tá...muita coisa poderia ser mais grave, mas, eu ainda guardava a esperança do amor genuíno que eu tinha com Marcela, tudo ia ter uma explicação e assim partimos naquele voo.

 

Alugamos o carro como combinado, e seguindo o plano de Cris, fomos direto para a clínica de Marcela, bem a tempo de vermos ela e Paula chegando juntas ao prédio: primeiro round perdido. Eu já supunha o pior daquele dia.

 

-- Calma, Luiza. Elas são sócias né? Não vi nada demais.

 

Eu recostei minha cabeça no vidro lateral do carro, abalada.

 

-- Escuta, por que a gente não vai pro hotel, tomamos café e na hora do almoço, eu volto para meu date com a secretária, você não precisa ficar aqui. Aliás nem eu, nem você.

 

-- Eu quero entrar na clínica, quero conhecer.

 

-- Você está doida? Claro que não! E se a Marcela te encontrar? Ou a Paula? Todo esse esforço terá sido em vão.

 

            Meu celular vibrou com a mensagem de Marcela:

 

-- Bom dia, meu amor! Contando as horas pra voltar para você.

 

            Eu nem sabia como responder, todavia, concordei com a ideia da Cris e seguimos para o hotel. Todas as suposições vieram à minha mente, as mais comedidas até as mais bizarras. Isso me fez refletir sobre o quão pouco eu sabia dessa nova Marcela, o que o tempo havia feito com ela, até então eu só aquela menina que me apaixonei e continuava apaixonada, não apelei para racionalidade uma única vez, eu só me entreguei ao sentimento mais forte que conheci em toda minha vida.

 

            Não consegui ficar naquele quarto, e insisti para ir com Cris para o tal almoço.

 

-- Luiza, é um date! Então vê se fica bem longe tá?

 

-- Então deixa em uma ligação do whatsapp comigo, deixo meu microfone no mudo, mas eu quero escutar tudo...

 

-- Olha só quem está querendo hackear pessoas agora...

-- Cris, não me provoque!

 

            Cris apenas acenou em acordo e seguimos para o restaurante escolhido para o tal “date”, fiquei em outra mesa afastada como combinado, a garota, secretária da clínica, chegou com alguns minutos de atraso, e foi logo se desculpando, colocando a culpa na agenda da Dra. Paula. Esse foi gatilho que Cris precisava para iniciar suas investidas para a finalidade do encontro, pelo menos a princípio, por que não demorou até minha amiga flertar descaradamente, com Amanda.

 

            A julgar pelos primeiros minutos, falar não seria problema para Amanda, a garota falava pelos cotovelos, e reclamava muito do trabalho cansativo, percebi que Cris não teria dificuldades em captar as informações que eu precisava. Poupando os flertes triviais e obviamente clichês, a conversa voltou ao ponto das reclamações da secretária:

 

-- Então Amanda, seu trabalho te deixa assim sempre cansada, com pouco tempo para sair? A clínica é muito cheia ou sua chefe é só uma chata mesmo?

 

-- Sim para todas as perguntas! Estou sempre cansada, mas, isso é minha culpa, fico adiando minhas férias, achando que ninguém fará o trabalho como eu, a agenda das médicas que trabalho é muito lotada e provavelmente vai piorar, mas, sendo justa, só uma das minhas chefes é chata, muito exigente, e passa mais tempo na clinica.

 

-- Então são duas médicas que atendem lá?

 

-- Na cardiologia sim, mas, alugamos salas para outras especialidades e outros profissionais de saúde, mas, eu só trabalho para a Dra. Paula e a Dra. Marcela, são cardiologistas.

 

-- Você deveria tirar férias mesmo, quem sabe visitar o Rio de Janeiro, eu te falei que sou de lá né?

 

-- Isso é um convite? Adoro o Rio de Janeiro, não faria mal passar uns dias por lá, mas, estou programando um pouco mais de sossego para as minhas férias. Tem dias que mal consigo desligar minha mente, esses dias atendi meu celular como se fosse o da clínica, acredita?

 

-- Entenda como um convite e cuide de suas férias, por melhor que seja o emprego, não vale um “burnout”. Ainda mais por causa de uma chefe chata e exigente.

 

-- Tem razão, mas, a Dra. Marcela não é como a Dra. Paula, aliás, ela nem gosta que eu a chame de doutora, mas, sabe como é, força do hábito...

 

--Então essa Dra. Marcela é mais de boa?

 

-- Sim, sim, além do mais ela não está aqui sempre, agora ela atende quinzenalmente, encaixar os pacientes dela em 2 dias é um sacrifício que sempre me custam horas extras, as vezes até as 22H.

 

-- Isso tudo? Isso é estressante mesmo! Ainda bem que é com a doutora legal, ficar até essa hora com uma chefe chata no seu pé, seria pior né?

 

-- E quem disse que a Dra.Paula não fica até esse horário? Ah meu bem, ela não desgruda da Marcela! Mesmo que ela acabe os atendimentos as 5 da tarde, ela fica na clinica ate a Marcela concluir com o último paciente, e ai aproveita para me encher de trabalho, muitas vezes Dra. Marcela me dispensou para me poupar desse desgaste e ela mesma fez o meu trabalho.

 

-- Nossa! E por que essa Dra. Paula faz isso?

 

-- Bem... Elas são um casal!

 

-- Ah é? Casal, casal, de casadas?

 

            Nesse momento meu coração gelou, engoli seco o gole de água.

 

-- Sei que moram na mesma casa, mas, se elas fossem casadas teria algum anel né... Bom elas moram juntas, pelo menos eram até pouco tempo atrás. Acho que estão meio brigadas, por que ultimamente escuto sempre a Dra. Marcela pedir que a Dra. Paula a deixe em paz. A megera tem o costume de escolher até o que a Marcela come, eu tinha ordens diretas de interromper as consultas para lembra-la de parar para almoçar, a comida que a Dra. Paula pedia, essas coisas sabe... Ultimamente, a Marcela só diz: “Amanda, eu faço meus horários, paro quando puder, deixa que eu me entendo com a Paula”, e aí que a Dra. Paula vai lá me exortar, e a Marcela me defende, já viu né? Acabo escutando as duas discutindo, e isso sempre aconteceu, mas, ultimamente, Marcela só ignora a Dra. Paula, nada mais de reservas de ingressos de teatro ou shows, de restaurantes, viagens... Todo mundo comenta, desde o porteiro, até as faxineiras.

 

-- Então todo mundo sabe que elas são um casal?

 

-- Olha, eu acho que sim, primeiro por dedução, as pessoas comentam, mulheres bonitas, bem sucedidas, sempre atrelam isso a um “macho”do lado, e elas nunca apareceram com nenhum, e ai, depois surgiram umas hipóteses, até alguém vê-las fora da clínica, com muita intimidade...pronto, vazou que nem pólvora.

 

-- Mas, acho que já falamos muito de suas chefes, está acabando seu horário de almoço e quero aproveitar mais de você...

 

            A voz da Cris mudava completamente quando ela ativava o modo sedução, até ficava mais grave. Eu desliguei para me poupar daquele joguinho que eu já sabia o script. Em poucos minutos, acabaram o almoço, e qual não foi minha surpresa, ao ver a Cris entrando no carro da Amanda, e começar a dar uns amassos na secretária ali mesmo no estacionamento, não me surpreendi mais do que quando vi o carro dar partida e as duas saírem juntas dali. Impulsivamente as segui, e acabei parando no estacionamento do prédio da clínica da Marcela.

 

            Assisti os amassos das duas ainda por alguns minutos, desejando esganar a Cris. Esse desejo só aumentou nos instantes seguintes, quando eu observei Marcela parada perto do carro de sua secretária. O susto de Amanda ao ver sua chefe lhe dar o flagrante resultou em um berro que ecoou no estacionamento, mas, a situação só ficou pior, uma vez que Amanda empurrou a Cris violentamente, e a reação de Marcela estreitando os olhos denunciava que o seu rosto era familiar.

 

            Eu quis sumir, e tentei, primeiro afundano no banco do carro, acionando a partida em câmera lenta, como se isso impedisse o barulho do motor. Enquanto Amanda se apressava em dar explicações para a chefe, Marcela não desviava os olhos de Cris. Aquele era o momento que eu simplesmente deveria ter arrancado com o carro dali, era um sinal! Dava tempo! Mas, meu nervosismo fez com que eu acelerasse mais ao invés de apertar a embreagem (maldita hora que alugamos um carro manual!) causando uma batida na coluna á frente. 

Não sei ao certo a sequência dos eventos, tudo que me lembro, são das duas batidinhas na janela que Marcela deu, e os airbags explodindo no meu rosto. Depois, tudo escuro, apaguei.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Demorei, mas novo capítulo postado com sucesso!

Obrigada pelos comentários e pelo apoio meninas

Abraços!


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Comentários para 59 - CAPÍTULO 59 – LIÇÃO 52: FECHE SEUS CICLOS:
LeticiaFed
LeticiaFed

Em: 07/10/2024

Finalmente terminei de reler toda a história e os novos capitulos!! Com um pouco de pena da Luiza, que sempre teve uma assombração pra incomodar quando a gente pensa que ela vai ter um pouco de paz.  
Só que entra ano, sai ano, e ela não muda, insegura no ultimo grau, sempre caindo na conversa dos outros. Que grande amiga da onça  Cris está se mostrando, hein? Comprou o lado da Ivy e se meteu de uma forma absurda no relacionamento da Luiza, francamente. Agora essa tal missão em Ribeirão vai dar bobagem...torcendo para que Marcela tenha amadurecido o suficiente pelas duas. 
 Ta na hora de um capitulo novo, Mel! ;)


contosdamel

contosdamel Em: 22/10/2024 Autora da história
Leticia, concordo completamente!
Vamos ver como a Luiza vai lidar com essa nova realidade...


Responder

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Carol Silva
Carol Silva

Em: 27/09/2024

Olá Melissa! Como vai? 

Nem acreditei quando vi a sua atualização. lOl

Que bom que verei o desfecho desta história que me encanta a muitos anos...

Se não for pedir muito, Beautiful and Dangeours, merece também! 

Grande Abraço!

 


contosdamel

contosdamel Em: 28/09/2024 Autora da história
Olá Carol,

Que bom que voltou a ler esse conto. Pretendo concluí-lo em breve, e reler Beautiful and Dangerous e para também pensar no desfecho.
Abraço


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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 25/09/2024

Luiza tu só se mete em confusão mulher, deu merda.


contosdamel

contosdamel Em: 28/09/2024 Autora da história
Ela não viu os sinais né?


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