Boa noite pessoal, como estão?
Peço que desconsiderem qualquer erro da area de direito, criminal, escrevo com o estudo que cosigo via internet, então não encarem como verdade, por favor. E os erros de portugues desse capitulo são do contexto da obra.
Boa leitura!!
Capitulo 59
Capítulo 58 - Flávia
Eu já havia lido e relido o depoimento do Grilo, do Puca e do Nóbrega, este último me trouxe várias informações interessantes quando visitei ele no presídio de Votuporanga. As informações se completam, mas eu ainda não estou satisfeita, não achei o que eu quero. O sequestro da Caroline aparentemente foi um azar dela, é uma boa profissional, tinha estudado com o Puca, chegou de Portugal no momento que ele precisava de uma obstetra. O que ainda não encaixa é quem avisou o Puca que ela estava chegando no Brasil, apesar que um simples rastreio do celular ou um funcionário de empresa aérea daria conta dessa informação.
Meu celular tocou com uma mensagem da Isabelle: “quando der, vem na minha sala”. Eu estava tão mentalmente cansada sem achar soluções que nem esperei o quando der, já segui para a sala dela.
- Oh Flavinha, senta aí, deixa eu bater um papo com você - Entrei e sentei na cadeira em frente a dela - Como estão os casos? Conseguiu alguma coisa a mais?
- Isa, tá foda. Eu já li e reli mil vezes os depoimentos, mas não consigo ligar.
- ligar o que no que?
- Tenho um caso que são dos corpos do matão de dentro, fomos puxando a linha até chegar no Puca e no Grilo, ou seja, uma quadrilha de tráfico de orgãos. Isso de um modo está fechado. O crime e o criminoso.
- Mas e as - parei ela com uma mão levantada.
- Temos o caso 02 que é do Evangelista. Foi assassinado pela quadrilha do caso 01, mas não consegui ainda juntar. Alguém mandou matar ele? Ele estava na fila para escolha de doador de órgãos e foi pego? Ele queria doar um órgão e morreu no meio do caminho?
- O que o Cantão acha disso? Falou com ele sobre isso?
- O Cantão não está falando comigo, quando fui discutir os casos, ele me falou: Você queria a quadrilha do tráfico de órgãos não era? Então, já pegou. O resto dos casos discute com os donos dos casos. E mandou eu sair da sala dele.
- É sério?
- É Isa! Ele está chateado com a questão da Bia e dele.
- Quer dizer da Bia e você? - falou quase rindo.
- Não deixa de ser eu e a Bia, só que não vou ficar mal com isso. A Bia estava solteira quando começamos a ficar.
- Humm, ninguém me atualizou disso Flávia! Você criou vergonha na cara e foi pra cima?
- Você é de uma delicadeza Isabelle.
- Ah, Flávia, você que é de uma lerdeza!
- Não é que ou lerda, acho que sou careta. Eu queria terminar com a Bruna certinho, não queria começar nada bagunçado com a Bia.
- O pior é que você é quem está certo. Não posso falar o contrário, essas atitudes são coisas que estamos perdendo, ninguém mais sabe terminar algo antes de começar outro. Enfim, pegou?
- Estamos nos conhecendo.
- Ai Flávia, nos conhecendo. Que melação.
- Isa, a menina só namorou homens, teve um namorado violento que batia nela, o Cantão meio que possessivo, eu preciso ir devagar. Fomos dar um passeio e ela me perguntou qual roupa eu queria que ela usasse. Olha o tamanho do trauma.
- Sério isso?
- Sim. Imagina o que ela não passou com o Ricardo? Pensar que alguém chega ao ponto de bater na companheira, incomodar uma pessoa até ela usar a roupa que ele quer. Eu vou com calma, ela precisa se amar primeiro. Eu adoro ela, uma sensação gostosa de pra onde voltar, sabe?
- Ah, mas você tinha essa sensação com a Fabi, não tinha?
- Cara, era diferente. A Fabi era parceira, uma pessoa para eu ficar horas discutindo um caso, ter ideias de abordagem. Ir junto para a academia, depois ir jogar bola, depois cozinhar junto. Eu amo a Fabi e era o nosso jeito, mas é diferente da Bia. A Bia é a sensação de proteção, cuidado. São pessoas diferentes, com jeitinhos diferentes. Nunca precisei furar os pneus de nenhuma ex da Fabi - acabei rindo da situação.
- Mas ele deu um tempo ou tá em cima ainda?
- Isa, eu não sei. Eu não esbarrei mais com ele, a última vez foi quando rasguei os pneus do mini cooper dele. Mas eu não sei se ele ainda está em cima dela, se ele ameaça. Conforme eu for ganhando a confiança da Bia, vou puxar o assunto. Até porque eu não esqueci do que você me falou, que ele é corrupto, que tirava uma grana de matador de aluguel e agiotagem. Como um cara desse fica na corregedoria?
- No melhor lugar para se esconder, junto com outros corruptos. Enfim, te chamei por causa dos casos. Volta. O primeiro fechou então, achou quem matou os corpos da desova, pegamos o Puca e o Grilo.
- Isso, quando fui pegar o depoimento do Nóbrega, lá em Votuporanga, ele falou que essa quadrilha que estávamos para fechar o cerco, é uma célula de um esquema maior. Eles atuam no tráfico de pessoas para entre aspas, doação de órgão. Pega um pé rapado aqui, que ninguém vai sentir falta, oferece uma grana pelo rim, mete o cara no avião e deixa em Portugal, Londres e Joanesburgo. Segundo Nóbrega, quem leva do Brasil é a “Das Letras”. Lembra disso, dessa parte?
- É pra mim a tal da Mayra, entre neste momento. Eu trabalho com a ideia que o Evangelista, jornalista investigativo, pegou esse pulo do gato e estava na cola dela. Justificado pelas imagens do aeroporto e pela pesquisa dele. Aí a jogada agora é, Mayra e Das Letras é a mesma pessoa? A Mayra que matou? Ela tem um físico que daria pra fazer um bom estrago nele.
- Mas ele morreu soterrado, agonizando, sem alguns órgãos. Na bucha, ela não matou, não tem como. Pode ter planejado, pago pra alguém, não sei.
- Tem outra situação, todo mês ela sai do país, quem paga isso?
- Se for mesmo viagens profissionais, deve ser o jornal.
- Não encaixa. Quer chamar ela pra colher um depoimento?- a Isa ofereceu.
- Não tem porque ainda, se eu chamo ela porque ela trabalhava com o Evangelista, tenho que chamar o jornal todo. Não faz sentido.
- Flávia, você está em condições de participar dessa investigação? Estou perguntando como sua chefe agora. Você é uma investigadora ótima, mas tem um envolvimento pessoal nesse caso.
- Não tem envolvimento pessoal nisso. Quero achar quem matou o Evangelista. Minha função como investigadora. Só não entendi, minha chefe? Sei que você é delegada, chefe desse caso, mas eu sou da equipe do Cantão. - acabei retrucando.
- Ninguém te falou? Cacete Flávia.
- Não acredito que eu fui chutada da equipe. Sério, eu não acredito. Mano, eu conheço esse Zé ruela desde quando ele entrou na Acadepol. Dá pra fazer uma lista de casos que trabalhamos juntos. Ele só me chutou?
- Não foi assim. Houve uma reunião dos delegados, que temos semanalmente. Aí o Cantão, no meio da reunião soltou: “Não tenho mais nenhum caso em andamento com a Flávia investigadora, ela está a disposição do DP.
- Ele só me expulsou da equipe dele.
- O Bentes queria você. Eu lembrei desse caso, falei que ainda estava trabalhando com você, complementando o caso do tráfico de órgãos. Aí o Alcino deixou você comigo.
- O Cantão é tão homem, tão homem, que ele não teve coragem de vir me falar pessoalmente.
- Pega leve com ele Flávia, sabe como é homem quando perde mulher, pior ainda quando perdeu para outra mulher e no caso ele perdeu para uma amiga dele.
- Ele já estava esticando as asas na Ana Lu, que arrasta um caminhão pra ele. Tá, tudo bem, essa era uma das minhas preocupações, a amizade dele. Mas tudo bem, não dá para ter tudo no mundo.
- Pode comemorar que veio pra uma equipe boa, vai trabalhar comigo oficialmente.
- Ah dona Isabelle, quem não conhece que te compre - lancei a brava.
- Porque? O que eu fiz?
- Nada, nada.
- Flávia, pára de se achar a última bolacha do pacote. Não puxei você pra tentar alguma coisa, já entendi que nós duas não cola. Já tentei o tanto que consegui, já tomei mais toco do que eu gostei. Já desencanei de você. Vai querer fazer o que com a Mayra?
- Quero interrogar o Puca e o Grilo de novo, quero ver o que eles sabem do completo e não só dá bolinha deles.
- Puta merd*, foram para o CDP ( Centro De Detenção Provisória) hoje?
- Quem liberou esses putos? - ela nem precisou responder, só revirou o olho de um jeito que eu sabia da resposta - Não é um delegado, é um moleque. Tão maduro, tão maduro que não conseguiu perguntar pra investigadora se não precisava de mais nada.
- Calma, a imprensa tava em cima, não saia aqui da porta. Vamos conseguir trabalhar com mais calma agora, sem câmera olhando pra gente.
- Isso já ajuda, jornalista, nesse contexto só atrapalha. Será que consegue desenrolar pra eu falar pelo menos com o Grilo?
- Acho que não vamos conseguir puxar muito dele, lembra como o depoimento inicial foi difícil.
- Eu detesto delação premiada, sabe disso. Mas se ele me der o caso todo, poderíamos tirar as acusações da Yasmin, namoradinha dele.
- Acha que vale a pena limpar ela?
- Acho que nesse contexto é quem podemos limpar. Oferecer redução do tempo dele é chover no molhado, o cara pegar uma pena gigante. Oferecer liberdade pra ele é sem condições, perco o caso, mas não dou isso pra ele. Ela foi sem noção de se envolver com um chefão e ter um filho.
- Sabe que usam isso pra proteção né?!
- Claro que sei as nuances dos casais da comunidade. Ele é um bom partido. Mas ela cometeu alguns crimes do lado dele. Se jogarmos liberdade pra ela, jogar com ela em casa cuidando do filho, essas coisas, acho que ele cai. Se ele mandou sequestrar uma ginecologista pra poder cuidar do parto dela, ele deve se preocupar um pouco.
- Tá eu vou falar com o juiz da comarca pra ver se consigo otimizar isso. Se liberar, vai hoje mesmo?
- Se liberar agora, já estou na porta do CDP.
- Tá bom vou ver o que consigo. Vou fazer umas ligações.
- Tá bom Isa. Vou ficar lá na minha mesa, qualquer coisa me liga.
Já passava das 16 horas quando eu e a Isa fizemos nossas identificações no CDP Belém. Já falei o quanto não gosto de presídio né?! Prefiro coletar depoimento, interrogatório no DP, primeiro porque não tem deslocamento, depois porque sempre acho que vou ser detida. O presídio tem uma carga emocional, espiritual pesada. Não gosto. Mas é trabalho e de dinheiro na conta eu gosto. Uma coisa boa de trabalhar com a Isa é ela gosta de acompanhar de perto as ações, isso é uma característica dela, e facilita muito a vida quando tem a autoridade de um delegado junto, isso do ponto vista de um investigador.
- Boa tarde Grilo. Como estamos hoje? - perguntei quase que ironicamente quando o carcereiro trouxe ele.
- Boa tarde - falou com a cara amarrada, nem imaginaria outra expressão de um cara que acabou de ser preso, está ferrado judicialmente e provavelmente de saco bem cheio. Entrou na sala de depoimento arrastando o chinelo branco, usando uma calça cáqui de presídio.
- Grilo, seguinte, tenho umas perguntas pra você.
- Vir aqui me visitar que não ia ser.
- Como vocês selecionam os doadores de órgãos, as pessoas que vocês tiram todos os órgãos e depois matam?
- Na moral dona, na moral, já respondi isso.
- E eu estou te perguntando de novo, te pergunto quantas vezes precisar - dei uma subidinha no tom.
- Dona, tu sabe que pobre é foda, só oferecer uma grana que pobre aceita.
- Mas tu chegava num pé rapado e oferecia, vamos ali tirar seu rim por 20 conto? - a Isa soltou.
- Não, não é assim. Ali na favela geral sabia que eu organizava uma paradas, dava uma grana.
- Que paradas você organizava Grilo?
- Ah, a pessoa precisa de uma grana, chegava pra mim, pedia. Eu indicava um brother meu, se não quisesse a grana do agiota, podia vender um órgão. Se quisesse trampo bom arrumava também.
- Você era a rede comunitária da boa ação. Para de palhaçada, como você selecionava os doadores?
- Tô falando dona, quem precisava de uma grana chegava pra mim e pedia, eu oferecia vender um órgão. O Puca desenrolava exames, via quem era a pessoa que ia receber, essas coisas de doc.
- E porque tinha tudo aquilo de gente enterrada, sem nenhum órgão?
- Ah, nem todo mundo é todo mundo “dotora”. Tem Zé que deve mais que um rim, tem Zé que incomodou alguém específico, tem encomenda de órgão. Po “dotora”, não trabalho só com rim não né?!
- E quando precisava de um coração, pulmão, órgãos que não dá pra doar vivo, o que você fazia?
- Aí dava meu jeito né Dotora. Pega um que tá devendo aqui, outro que tá enchendo o saco ali. Tudo dá jeito nessa vida.
- Tá Grilo, entendi. Mas não dá pra trabalhar só ali no Heliópolis. Duvido que dê pra fechar o ciclo só no Heliópolis, não vai ter doador e receptor pra tudo ali.
- Também já falei Dotora, eu trampo com umas paradas boas. Não fico só ali na Helipa.
- Abre o jogo, como conseguia coração, pulmão pra doar?
- Dotora é simples, ou tu pega alguém que já tá te devendo ou escolhe quem você precisa. Tem tanto “nego” ai que ninguém sente falta, que se tirar de circulação ninguem sente falta. É muito simples.
- Mas como ve a compatibilidade, tipo sanguíneo, essas coisas?
- Dotora, o Pucão que vê isso, ele que me trazia a letra de quem tinha que ser pego. Eu não consigo saber de tipo de sangue, transfusão, essas porr* que o Puca faz. Ele só me dava a letra e eu ia com os brother pegar a pessoa.
- Você que pegou o Evangelista? O Puca que te deu a letra?
- O que você quer dotora? Quer saber o que? Posso te ajudar.
- Se sua informação for verdadeira e boa, libero a Yasmin do xilindro.
- Porr* dotora, a Yaya tem culpa dessa merd* não.
- Tá Grilo, mas ela estava com você, sabe dos seus crimes, ajudava você. Está envolvido.
- Tá envolvida comigo porr*, não com meus trampos - falou em um tom elevado, quase gritando.
- Baixa voz Grilo, baixa a voz. Vai querer ajudar? Tô te dando essa chance.
- Ela fica fora de tudo.
- Grilo não dá pra liberar ela de tudo, consigo prisão domiciliar, com seu filho, rápida progressão para serviços comunitários. Posso te oferecer isso, quer?
- Quer saber o que?
- Quem mandou matar o Evangelista?
- Isso eu não sei, o Puca só apareceu com o nome, endereço dele e pediu pra eu pegar ele e levar pro hospital.
- Quem deu a ordem pro Puca?
- Exatamente eu não sei, a ordem chegou pelo Juba, pedindo para dar um perdido no Evangelista.
- Quem é esse Juba? - a Isabelle perguntou.
- O Juba é um camarada que empresta dinheiro, meio que um agiota.
- Ele é só agiota? Ou faz outra coisa? - A Isa perguntou.
- Ele dá fim nas pessoas também.
- Matador de aluguel?
- Não, ele limpa os parça pra bacana. Se alguém foi sequestrado e o parça tá vivo, o Juba apaga - na hora a Isa olhou pra mim e nos entendemos com o olhar novamente.
- Onde achamos o Juba? - ele gargalhou na nossa cara.
- Qual a graça filho da puta? - perguntei.
- O Juba é um Gambe civil, como vocês dotora.
- De novo Grilo, onde achamos o Juba?
- Onde tu acha civil corrupto dona?
- O Grilo, se ele é matador, porque ele mesmo não deu um jeito no Evangelista?
- A Dotora, o jornaleco não era só limpeza, “nois” queria sabe o que ele tava sabendo. O cara tava metido nos nosso “negocu”.
- Grilo, se você quer mesmo ajudar a Yasmim, para com esse jogo, não quero meia verdade, dá o papo reto - soltei já começando a ficar nervosa.
- Mas to falando dotora. O Evangelista tava metido com “nóis”, tava de olho nos nosso negocio, tava em cima Das Letras, tava levantando a capivara de geral. Ele precisava “ se o exempro”
- Porque tiraram os orgãos dele? Não daria mais trabalho?
- Po, o Puca achou um cara compatível com ele, que precisava de rim e pulmão, porque não fazer uma grana? Sem contar que o jornaleco não fumava, não bebia, limpo de tudo, isso sobe a oferta dotora.
- Quem é esse Das Letras? - a Isa perguntou
- Dotora - viu direto pra mim - tu sabe quem é a Das Letras, acha que eu não sei quem a dotora é? Acha que tu entra na minha aréa, invade um velório na minha favela e eu não vou saber quem é tu? Sei até tua calcinha. To te acompanhando, direto.
- Tá, considerando que eu saiba quem é a Das Letras, porque ela mandou matar o Evangelista?
- Po, ele tava de olho nos negocio. Pegou que a Das Letras tá limpa e transporta os camaradas.
- Ela transporta o que e pra onde?
- Dotora, pobre é facil de sumir, ninguém sente falta de pobre e pé rapado aceita tudo. Se chega na dotora e oferece um trampo bom fora, casa, comida ou até te oferecer 50 mil pelo teu rim, tu vai. Tu aceita na boa, aceita sorrindo.
- E onde entra a Das Letras?
- Po, a mina viaja toda hora, que custa colocar um zé ruela no avião e deixar com algum parça no outro lugar?
- Tráfico internacional de pessoas?
- Po, pode dar o nome que a dotora quiser, tu oferece trampo bom pra pobre e o pobre que nem sabe pegar o avião ainda ganha ajuda pra viajar. Eu vejo como turismo internacional de pessoas. O Brasil tá cheio de pé rapado que brilha “o zoio” por um emprego na Espanha, na França, na terra da Rainha. Se quiser até arrumo pra tu dotora.
- E a Das Letras deixa essas pessoas onde?
- Po, acho que a Das Letra deixa na Terra da Rainha, mas tem o Penoso que deixa na África do Sul, e tem mais gente que deixa por ai.
- Da Inglaterra eles seguem para outro lugar?
- Dotora, deve seguir. A mina que cantou a letra da “Dotora Carol” é de Portugal. Então devem seguir.
- Você não tem acesso a essas informações? - perguntei.
- Eu manjo da minha “cadera” cara. Cuido do é meu.
- E a Das Letras recebe uma grana por levar as pessoas?
- Po ninguem trabalha de gratis né?! Ela ganha a boladinha dela.
- Porque ela entrou nessa jogada? Como foi convidada?
- Po, acho que a Das Letras estava “deveno” pro Juba, não conseguia pagar. Mas dotora, esses treco eu não sei.
- Tá, agora um outro assunto. Quem te deu a letra da Doutora Carol?
- Po chefe, o Puca que tava cuidando da Yaya, ele que foi atrás.
- Mas ele não traz ninguém na sua área sem sua autorização, ainda mais pra cuidar da sua mulher.
- Claro que não dotora. O Puca já tinha dado a letra que era bom ter um medico pra colocar o Jow Jow pra fora, quando perguntei quem poderia ser o Puca falou dela. Ele que rastreou e tals.
- Como o Puca chegou na Dra Caroline?
- Po, o Puca que mexeu com isso, mas pelo que entendi ele entrou em contato com uma mina de Portugal e ela achou a médica. Essa mina ai já tava sabendo da médica, já tava desenrolando pra dar um susto na dotora. O Puca só juntou as pontas.
- Caralh*, foda. Grilo, tem mais alguma coisa que você quer me falar?
- Sei te achar dotora, se não cumprir com sua parte vou atrás de você.
- Fica na tua Grilo, não falto com a minha palavra. Nunca.
- Isa, quer perguntar mais alguma coisa?
- Grilo, vai ter que falar isso em juízo também, e se eu precisar de mais informações, eu vou voltar. Teu acordo não cobre só hoje não, cobre a informação completa, vou vir aqui quantas vezes eu precisar.
- Só cumprir tua parte, que eu cumpro a minha, também sou responsa. Se falei, tá falado.
- Por mim é só Flávia - concordei com a cabeça e levantei da mesa, fui até o carcereiro e acenei, ele entendeu que havíamos concluído, que poderia levar ele. Abriu a porta, o Grilo até que bem educado, se despediu e saiu, sem gritaria, sem frescura. O que infelizmente ou felizmente é uma característica de grandes lideres, o foda é ele gastar a energia dele pra um objetivo maldoso, ilicito, sem escrupulo, mas isso não tira a capacidade de gestão, coordenação, nem a inteligencia dele.
Olhei para a Isabelle, que estava com os dedos nos cabelos cacheadinhos, a expressão dela não precisava de tradução pra mim. Oferecer esse beneficio ao Grilo, nos trouxe muitas respostas, mas muitas mesmo. Vou precisar transcrever o depoimento dele ainda, fazer o burocrático, mas temos muitas respostas e problemas.
- Isa, vamos embora. Respirar ar puro é a primeira coisa, ESAON, lembra disso? Estaciona, senta, alimenta, orienta e depois navega. Vamos achar um lugar bom pra sentar, comer e pensar.
- Puta que pariu Flávia. Essa porr* desse caso, quanto mais mexo, mais sai coisa. Não para de sair coisa!
- Eu sei Isa, primeiro precisamos de calma pra pensar.
- Sabe que vamos perder esse caso né?! - falou puta, dava para perceber em sua expressão.
- Não acho que vamos perder, só não será mais só nosso. Se conseguimos abrir com calma e do jeito político, a Polícia Federal estará junto mas cada um em sua jurisdição - Ela levantou da cadeira, ainda bem irritada.
- Eu preciso de uma cerveja. Gelada, rasgando de gelada.
- Eu preciso ir pra faculdade, ainda tenho aula. Mas te garanto que lá no sr. Olimpio tem cerveja gelada, comida e espaço pra pensar.
- Não está cheio de aluno essa hora?
- Não, universitário só bebe no final da aula cara, vamos pra lá - Fomos conversando enquanto chegamos no estacionamento - Quer que eu leve o carro?
- Pode ser? Acho que preciso de um tempo.
- Fica em paz, eu levo aqui - entrou na viatura, mal saímos da área de segurança do CDP e a Isabelle voltou a falar:
- Sabe que entramos com um dois casos e saímos com 4 ou 5 casos ne?!
- Acho que estou mais preocupada em como vamos cercar a Mayra também conhecida como Das Letras e o Ricardo, também conhecido com Juba.
- Isso é uma coisa que me encanta.
- O quanto de zé ruela que temos ao nosso redor?
- Não, como a vida, destino ou o nome que você quiser, alinha as coisas. Eu sabia que o Ricardo era um merd*, mas aliciar pessoas na agiotagem é novidade.
- O cara é um filha da puta de marca maior, a questão é que se ele é da corregedoria, como vamos desenrolar o caso dele? Precisamos manter sigilo absoluto, eu, você, no máximo pessoas de suma confiança. E se jogar isso no computador, ele vai puxar, já deve estar três passos à nossa frente.
- E você hein Flávia, que dedo podre?! Escolheu duas e as duas com ex atravessado. Explicado porque só tomei toco de você, faltava um 171 no meu passado. - Nós duas rimos juntas, pelo comentário em si e pelo desespero em si. Que situação! A Fabíola se remexe no túmulo.
Fim do capítulo
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