Se você for sensível a temas como ansiedade, depressão, cutting, sugiro que não leia esse capitulo, pode ser um gatilho.
capitulo oito: cicatrizes
Dirijo até Copacabana, paro o carro em um local próximo da praia e me certifico que não estou em um local em que levarei uma multa, pois era só isso que faltava. Sento-me em um quiosque e observo as pessoas indo e vindo. Casais de mãos dadas, o pessoal correndo, andando de bicicleta, o pessoal jogando futevôlei. Desligo o celular e resolvo pedir a carta de drinks ao garçom, vou estudando todas as opções de drinks ali e um me chama atenção pelo nome: “porre”. Um drink feito com Pisco Capel, Campari e outras coisas que não sei, só prestei atenção nisso. Pedi o drink e fiquei encarando o vazio, pois era isso que eu me sentia nesse momento: vazia.
Vocês devem estar se perguntando “O que ela fez de tão ruim pra você não conseguir superar?”
Eu tinha depressão na adolescência, ocasionada pelo meu pai não aceitar de jeito nenhum minha sexu*l*idade, por conta disso ele ter saiu de casa e se separou da minha mãe por ela ter ficado ao meu lado. Nossa relação também estava estremecida até hoje, pois me sentia muito culpada por ter causado um caos na vida dela. Além das inúmeras crises de ansiedade, pesadelos, eu me automutilava demais. Descontava no meu corpo todas as frustrações da minha vida, até que eu conheci Beatriz na escola e iniciamos um relacionamento escondido de todos.
Eu sabia que ela não me amava de verdade, mas no fundo esperava que sim. Eu tinha esperanças de ser amada. Amada por ela, amada pelo meu pai, não ser um peso para a minha mãe e isso foi mexendo totalmente com a minha cabeça.
Beatriz era popular no colégio, ela me humilhava na escola, mas entre um intervalo e outro de aula, ela estava aos beijos no banheiro comigo e dizendo que me amava. Que sentia o mesmo. Que queria me assumir para todos. Era mentira e eu me humilhei demais por acreditar.
No dia do meu aniversário, ela ficou sem falar o dia todo comigo, nem me deu parabéns ou algo do tipo, apenas ficou o dia todo com seu grupinho e mal me olhou, eu fiquei me sentindo um pedaço de merd*. Na hora da saída, quando eu estava indo em direção ao ponto de ônibus, quando chego lá, todo o colégio em peso, inclusive eu, assistindo a cena: ela beijando o garoto que tinha nome de cachorro. Acho que o nome dele era Marley. Virei para a minha amiga, Bruna e falei: “eu não acredito que ela fez isso, eu não quero olhar, me tira daqui”. As lágrimas caíam sem parar e Bruna me levou para o outro ponto de ônibus, não aguentei a dor e vomitei ali mesmo. Estava feito: mais uma crise de ansiedade. Eu suava frio, levei às mãos à cabeça e olhei para o céu, questionei a Deus se eu merecia mesmo passar por tudo aquilo. O ônibus passou e eu só queria me jogar na frente dele, fui fazendo sinal desesperadamente e ignorei Bruna, que ficou me gritando enquanto eu entrava no ônibus completamente perdida.
Cheguei em casa e fui direto para o meu armário e tirei todas as coisas da gaveta que eu havia separado com as coisas que ela havia me dado, em especial uma blusa da minha banda favorita: Slipknot. Picotei a blusa em pedaços, quebrei os CDs, cartas e comecei a rir durante o choro que não havia cessado. Caí ajoelhada em cima da pilha de coisas que haviam se formado no chão, a dor se tornando raiva, eu xingava muito que ela era uma filha da puta. Eu me batia repetidamente: nos braços, na cara, no peito, até que caí em exaustão. Foi essa exaustão que me fez ficar ali, dura, imóvel.
Pensei que merecia tudo aquilo que estava passando: meu pai que me espancou em praça pública quando passou e me viu beijando uma garota, minha mãe se divorciando por minha causa, Beatriz havia me traído, eu tinha medo de não chegar aos 25 pois tinha muitos problemas.
Eu precisava aliviar a minha dor, era muita dor naquele momento, não só por conta da traição, mas por conta de todo conjunto, de tudo que estava acontecendo. No fim, quando menos esperamos, a dor retorna. Ela sempre retorna. Naquele momento, ela era maior até que eu mesma. Peguei a gilete na minha caixinha que eu tinha preparado especialmente para elas e comecei os cortes. Cortes singelos, pois meus cortes sempre foram pequenos, o que me ajudava na discrição e na cicatrização, e não que eu me importe de demorar, é que eu gosto de cortar no mesmo lugar e quando está cicatrizado sempre é melhor para cortar. Mas naquele momento, não. Eu precisava de mais. Precisava que a dor cessasse. Fiz cortes maiores e profundos, fiz com raiva, com o objetivo de acabar com aquela dor, a dor da rejeição, da mágoa. Fui parando de cortar e me joguei na cama, não consegui parar de chorar um minuto aquele dia. Foi então que adormeci... E acordei com a minha mãe aos gritos horas depois me pegando no colo toda ensanguentada. Eu só conseguia pensar enquanto minha mãe gritava sem parar: “Você sempre vai ser uma decepção, Anna.”
XxXxXx
O garçom traz o meu drink, agradeço e bebo metade do copo de uma vez. Meus olhos ficam marejados por lembrar desses momentos. Eu sofri muito por cada coisa que aconteceu na minha vida, eu não soube lidar e era fraca me mutilando. Faz anos que não faço isso, eu não tenho mais vontade, talvez pelo motivo de ter me fechado tanto para o mundo que não permitia que as pessoas me fizessem sofrer. Entretanto, aquele amor pela Beatriz ficou dentro de mim, por mais que ela tenha me feito sofrer. Porém, eu não ia chorar. Segurei as lágrimas e bebi o restante do drink em silêncio. Paguei a conta e fui em direção ao calçadão de Copacabana, fiquei andando e pensando em todas as coisas que aconteceram até eu chegar ali. Estava meio perdida nos meus próprios pensamentos, minha cabeça é a minha prisão e eu ainda não havia aprendido a lidar com ela.
Paro em frente ao hotel de Beatriz e respiro fundo, falo para o recepcionista do hotel “Quarto 706.”
— A senhora é Anna Florence?
— Sim, por quê?
— A sua entrada está liberada desde cedo. Pode ir direto, pegue o elevador.
— Obrigada.
Minhas mãos estavam geladas, mas eu não conseguia pensar em mais nada. Eu queria muito que esses sentimentos parassem, eu queria me reconstruir e tentar esquecê-la, mas eu simplesmente não conseguia, nossa relação sempre teria um “mas”, uma vírgula? Digo ao funcionário que fica no elevador o quarto que queria e ele me direciona ao andar. O elevador demora alguns minutos a chegar pela quantidade de pessoas que entram e saem, não consigo ouvir o que conversam, só sei que já estava com o coração acelerado devido a ansiedade e queria chegar logo.
Ele para no 7º andar e o seu quarto é o sexto à direita. Toco a campainha, ela demora alguns minutos para abrir, eu quase desisto, mas quando ela abre a vejo de hobbie, parecia recém-saída do banho.
— Eu... Eu não sabia se viria. – ela diz.
Entro em silêncio sem ela me convidar, envolvo minhas mãos em sua cintura enquanto suas mãos enlaçam meu pescoço em um abraço. Ficamos alguns minutos assim e o cheiro do shampoo de seus cabelos começa a invadir minhas narinas, me anestesiando naquele momento.
— Beatriz...
É a única coisa que eu digo, antes dela encaixar seus lábios nos meus e me beijar.
Por mais que eu soubesse que deveria – e precisava – foi impossível resistir àquele beijo calmo, aquele beijo de saudade, de vontade, eu não conseguia negar a minha necessidade dela. Nesse momento, a razão parece me abandonar. A única coisa que me importava era aquela boca, aqueles lábios e o meu coração que batia fora de ritmo. A única coisa que eu consegui fazer foi deixar o meu corpo inteiro se entregar, ali minha existência começa e termina. Com toda certeza, era o amor da minha vida.
— Vem comigo.
Ela sussurra, entrelaça nossos dedos e me leva em direção à cama. Ela me puxa para mais um beijo e diz: — Eu sinto sua falta... – o hobbie cai lentamente, bem devagar enquanto ela me olha. Volto a beijá-la e só paro para continuar beijando o seu corpo, um calor foi subindo em mim e quando paro em seu pescoço, ela coloca sua cabeça para trás a fim de sentir mais daquele contato. A empurro na cama e subo por cima dela, a beijando e acariciando as curvas do seu corpo, paro para olhá-la e ela sorri maliciosamente. Era o que eu precisava. Desço até seu colo e capturo um dos seus seios, começo a ch*pá-lo deliciosamente, passo a língua pelo seu bico e mordo ele bem devagar, faço o mesmo com o outro seio, nossas mãos se unem e ela pede: — me beija de novo... – não me faço de rogada ao seu pedido e a beijo novamente, finalizo com um selinho e dou uma última olhada em seu rosto antes de descer e chegar ao seu sex*, completamente encharcado pelo meu toque. Começo a lamber cada pedacinho dele e ela deixa escapar um gemido, fico assim durante um tempo e decido passar um dedo em sua entrada, olho em seu rosto e a vejo com tesão, passo meu dedo indicador e médio em sua entrada e a penetro, ela moveu-se de encontro aos meus dedos e começou a rebol*r sensualmente neles. Ela apenas se deixou levar, se anestesiar, incendiar durante os meus movimentos.
— Fica de quatro pra mim... – digo
Ela para de rebol*r e atende ao meu pedido, empinando a bunda e oferecendo-se de maneira integral.
— Me come...
Dei um sorriso de pura satisfação, desci a boca pelo seu corpo até chegar na sua entrada e a penetrei com a língua, ela começa a gem*r e a falar palavras desconexas, rebol*va sua bunda de encontro ao meu rosto e ordena:
— Quero sentir você dentro de mim agora, Anna.
Penetro três dedos sem dó. Ela gem* e eu intensifico os movimentos, ela começa a se descontrolar e ficar cada vez mais molhada a cada instante, dou um tapa na sua bunda com a outra mão e seu gemido começa a ser cada vez mais alto, ela crava as unhas no travesseiro à sua frente e arqueia o seu corpo de encontro com meu dedo.
— Não para, eu vou...
Ela não consegue completar a frase, sinto seu corpo inteiro estremecer e meus dedos ficarem mais melados. Vou reduzindo os movimentos até ela parar de estremecer e retiro meus dedos de seu sex*, mas depois passo a língua no seu sex* para me deliciar com aquele gozo maravilhoso.
Ela quase ia cair exausta, se eu não a segurasse e não colocasse ela deitada na cama. Deito-me do outro lado e ela se aninha ao meu corpo, em silêncio. Faço um cafuné em seus cabelos e olho para o teto. Não sei quanto tempo iremos ficar em silêncio, mas não havia problema nenhum nisso, pelo menos não por enquanto.
Fim do capítulo
E aí, meninas? Gostaram do capítulo? Foi para vocês conhecerem melhor a Anna e saber pq ela é tão fodida da cabeça. O que acharam?
Comentar este capítulo:
Marta Andrade dos Santos
Em: 21/09/2024
Ou tentação da peste.
Isso não é amor só uma caso mal resolvido.
Mmila
Em: 11/09/2024
Anna, terapia já. Te afasta desse encosto.
tayl0rmaniac4
Em: 15/09/2024
Autora da história
Será que a Beatriz é realmente um encosto ou na época era muito jovem e imatura para ter responsabilidade afetiva?
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Socorro
Em: 11/09/2024
Isso não é AMOR ....
Um ponto final, um novo recomeço e mta terapia já seria ideal.
vamos ter o lado da Beatriz antes de começar os caça às Bruxas!??
tayl0rmaniac4
Em: 15/09/2024
Autora da história
Vamos ter um diálogo bem forte entre as duas, acompanhe os próximos capítulos.
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