esse capítulo ficou meio grandinho rs não reparem.
capitulo cinco: i still get jealous
Assim que chego em casa, não espero nem chegar ao banheiro para começar a me despir, vou me despindo pela casa deixando as roupas pelo caminho. O cheiro dela estava em mim... na minha roupa, na minha pele, nos meus dedos. Os flashbacks da nossa rapidinha no banheiro da firma começam a aparecer na minha mente: "Pra que fazer tão gostoso, filha da puta? Quer me enlouquecer?"
Respiro fundo e entro debaixo do chuveiro não me importando com a hora para lavar os cabelos. Quando a água entra em contato com o meu pescoço, automaticamente ele arde e as lembranças começam a ser mais nítidas. Apóio minhas mãos na parede e deixo a água escorrer pelo meu corpo e as lágrimas automaticamente começam a descer. Várias coisas passam pela minha cabeça nesse momento:
1. Como eu deixei isso acontecer;
2. Por qual motivo eu não controlei os meus instintos;
3. Posso acabar com a minha carreira profissional dessa forma;
4. Posso terminar de acabar com o restante do meu coração;
Como se não bastasse o suficiente, não controlei a minha raiva e ainda pedi 20% da firma daquele imbecil. Qualquer pessoa da minha área acharia um ótimo negócio, uma jogada de mestre. Eu também acharia se não estivesse pensando com meu coração e não com a minha razão... Ou seja, ele estaria sempre vinculado a nós e isso não teria mais volta. Que bela cagada, Anna. Profissionalmente falando não era ruim, com toda certeza a Dra Baldez e o Dr Proetti iriam bater palmas, é lucrativo para eles.
Termino o banho e passo a mão no espelho para tirar o vapor do banho quente que tomei, ao olhar meu reflexo percebo que estou um caco, os olhos inchados pelo choro e sinto vontade de chorar ainda mais. Ponho meu hobbie e pego o secador para secar os meus cabelos, faço aquilo no automático. Hoje não teria skincare noturno, eu simplesmente não estava a fim de autocuidado, pois fui super descuidada comigo hoje. Hoje eu consegui me superar no quesito autodestruição.
Vou para a cozinha preparar algo para comer e me encontro sem fome. Pego o meu celular e vejo uma mensagem no whatsapp de Maria Fernanda, ela havia enviado assim que saí daquele lugar.
**MaFe:**
– Oi, está pela empresa? – Ei, cadê você?
**Anna Florence – adv ⚖ :**
– Olá, me perdoa pela demora a responder, eu tinha ido embora.
**MaFe:**
– Percebi... Dia difícil?
**Anna Florence – adv ⚖ :**
– Acho que sim. Preciso descansar... Não estou me sentindo muito bem.
**MaFe:**
– Algo relacionado ao que eu vi no banheiro hoje? Me desculpa se estou sendo invasiva.
Porr*. Não falei que ela tinha percebido?
**Anna Florence – adv ⚖ :**
– Prefiro não falar sobre nesse momento, eu realmente estou muito cansada de todo esse processo, você entende?
**MaFe:**
– Eu entendo. Caso você queira alguém para desabafar ou conversar, estou aqui. Nos conhecemos há poucos dias, mas sinto que já lhe conheço há muito tempo. Se eu estou sendo invasiva, me perdoa.
**Anna Florence – adv ⚖ :**
— Não está sendo invasiva, Fê. Eu gosto da sua companhia e gosto de trabalhar com você, hoje sou eu quem não estou uma boa companhia.
**MaFe:**
– Detesto ser a portadora das más notícias e ainda estragar a sua noite, mas só queria te avisar que o Roberto estava igual louco atrás de você, ele estava vermelho de raiva quando o dono da empresa saiu daqui.
Revirei os olhos assim que ela falou isso. Amanhã promete e eu espero não perder a minha calma, pois com certeza vai vir falar o quanto fui injusta ao pedir 20% da empresa do amiguinho arrogante dele. Por mim pode se foder o amiguinho e sua empresa.
**Anna Florence – adv ⚖ :**
— Tudo bem, amanhã vai ser insuportável. Já sei o motivo da irritação dele. Fê, eu vou dormir... Eu preciso muito descansar. Beijos!
XxXxX
Estava protocolando uma ação de divórcio quando sinto uma bolinha de papel na minha cabeça. Abro o papel que diz "COFFE COFFEE COFFEE” meus colegas e concorrentes Ralf e Andressa estavam me chamando para uma pausa para o café da tarde. Era tudo que eu precisava: café. Porém, prometi para mim mesma que não ia tomar igual pinga dessa vez. Rio com meu próprio pensamento e sento-me na copa interna com eles.
— Não falam de outra coisa aqui na empresa, da sua jogada de mestre – diz Andressa
— O que estão falando? – digo pegando uma caneca cheia de café
— Primeiro estavam falando que você não iria conseguir reverter o caso de falência, que não sabem por qual motivo o Roberto deu a você, já que ele te odeia e vice-versa.
— Mal sabem eles que ele me deu por isso mesmo, porque me odeia e quer ver a minha ruína, ele está careca (literalmente) de saber que eu odeio casos empresariais – digo enquanto reviro os olhos
— O Roberto sabe que a assistente jurídica te ajudou com isso e está descontando na bichinha, acho que ele ficou com raiva por você ter conseguido reverter a falência, afinal de contas.
— O que aconteceu com a Maria Fernanda? – digo espantada
— Ele a chamou na sala dele, provavelmente deve ter falado alguma de suas babaquices e quando ela chegou na sala dela havia várias caixas de arquivos de diversos casos dele, pediu para ela resumir todos o que estavam em andamento. – Disse Ralf – Estou morrendo de pena dela, Anna. Ela só te ajudou porque era o trabalho dela te ajudar, tem algum motivo para ele a punir por isso?
— Que ódio desse imbecil! – falo indignada – Então, descobri que o dono da empresa era amiguinho dele. Ele deve estar com raiva por conta da minha “jogada de mestre”. – Ironizo – Preciso ajudar Maria Fernanda, caso contrário ela vai ficar anos naquela sala.
— Passada. Ele está cada vez pior, a cada dia ele se torna uma pessoa difícil de trabalhar.
Continuo tomando meu café enquanto falamos amenidades e coisas de trabalho, mas meus pensamentos estão em Maria Fernanda. Não era justo ela ser punida por fazer o trabalho dela: auxiliar os associados. No caso, ela foi punida por ajudar a advogada aqui a ganhar 20% da empresa do amigo dele. Que ódio desse imbecil, ele deve tê-la enterrada em um monte de arquivos inúteis. Preciso falar com ela sem aquele pitbull saber. Resolvo mandar uma mensagem.
*Anna Florence – adv ⚖ :*
- Oi, ruiva. Não te vi por aqui hoje, está viva?
*MaFe:*
- Oi, loira. Estou com uma carga enorme de trabalho, nem sei que horas vou sair daqui ☹
*Anna Florence – adv ⚖ :*
- Tive uma ideia pra te ajudar, mas não posso ser vista com você, não quero te causar mais problemas. Topa ir lá pra casa hoje? A gente janta e eu te ajudo com esse trabalho estúpido rs estou sabendo o que ele fez, não acho justo você ser punida por minha causa
*MaFe:*
- Você é uma fofa, mas não precisa se preocupar. Faz parte do job, fica tranquila.
*Anna Florence – adv ⚖ :*
- Não aceito não como resposta, pfvr. Deixa eu te ajudar com isso. Quantos casos são?
*MaFe:*
- Anna, você não existe.. rs
São 120 casos, todos desse ano.
*Anna Florence – adv ⚖ :*
- Achei que ele iria querer que você resumisse todos os casos que ele trabalhou a vida inteira.
*MaFe:*
- Ele seria capaz de fazer isso?
*Anna Florence – adv ⚖ :*
- Para prejudicar alguém, sim. Com toda certeza. Agora para de me enrolar e me diz se vai ou não lá para casa. Me encontra no estacionamento às 19h, ok?
*MaFe:*
- Você é terrível, Anna Florence. Tá ok, você venceu.
*Anna Florence – adv ⚖ :*
- Eu sempre venço 😉
XxXxXx
Às 19h em ponto eu estava no estacionamento e parei encostada em frente ao meu carro. Como estacionei próximo ao elevador, assim que ela descesse logo me veria. Não sei o que estava passando pela minha cabeça na hora que em que eu chamei Maria Fernanda para ir lá em casa, só sei que agora estava um pouco assustada e minha autoconfiança foi para o caralh*.
Meus pensamentos são interrompidos com o barulho do elevador. Ela descia com alguns associados que carregavam as caixas de arquivos e falavam de forma íntima com ela, todos cheios de sorrisos para minha... minha o quê? Tô ficando absolutamente louca, deve ter sido aquele café com fofoca no meio da tarde que me deixou assim.
— Rapazes, podem deixar as caixas aqui. Muito obrigada pela ajuda de vocês, até amanhã.
Eles se despendem dela cheios de gracinha e eu dou um suspiro muito, muito, muito irritado e fecho minha cara para todos eles, dando o meu olhar mais fuzilador possível.
— Para que esse bico? – sorri
— Você tem muitos fãs – digo ironicamente
— Vai me ajudar com as caixas ou não? – diz ela se divertindo
Coloco as caixas de arquivo na mala e seu notebook no banco de trás, quando termino digo de forma sarcástica para ela:
— A princesa está pronta para ir?
— Você vai me sequestrar? – ela retruca.
— Você está indo de livre e espontânea vontade, nem vem. – Abro a porta do carro para ela.
— Ninguém nunca abriu a porta do carro para mim antes
— Eu sou uma cavalheira, não posso deixar a dama do setor, princesa dos associados fazer esse sacrifício – digo zombando dela
— Anna, vamos logo antes que eu desista. – Ela revira os olhos e sorri
Ligo o rádio do carro e por incrível que pareça começa a tocar “Jealous”, do Nick Jonas. Tento me concentrar no trânsito, mas Maria Fernanda fecha os olhos e começa a cantarolar algumas partes da música:
“It's not your fault that they hover
Não é sua culpa que eles fiquem em volta
I mean no disrespect
Eu não quero soar desrespeitoso
It's my right to be hellish
É meu direito ser infernal
I still get jealous
Eu ainda fico com ciúmes
Ela sorri enquanto canta olhando pra mim, finjo que estou prestando atenção no trânsito, mas seguro o volante com força para não agarrar e beijá-la ali mesmo. É, ela percebeu que fiquei puta com todos aqueles babacas ajudando-a. É, ela percebeu que fiquei realmente com ciúmes. Você está fodida, Anna Florence. Fodida.
Fim do capítulo
Tive que apagar o capítulo e postar de novo, deu uma confusão na hora de editar. Sou tão ansiosa que vou postar o capítulo 6 ainda hoje hahaha obrigada pelo carinho de sempre
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