capitulo tres: dividir e conquistar
Assim que chego em casa mando uma mensagem para Jasmine, não poderia me permitir com distrações, caso contrário acabaria com o caso todo e eu nunca mais me perdoaria.
*Anna Florence – adv ⚖ :*
- Boa noite, gatinha. Infelizmente vou ter que desmarcar nosso encontro de hoje, tenho que trabalhar naquele caso que eu te falei que está tirando meu sono.
*Jasmine*:
- Que pena, estava pensando em usar aquela lingerie que você gosta (:
*Anna Florence – adv ⚖ :*
- Sai de mim tentação rs não posso mesmo, no momento preciso mesmo finalizar esse caso, mas tenho certeza que você não vai ficar sem companhia essa noite
*Jasmine:*
- N mesmo, tenho mais duas opções pra hj
**Anna Florence – adv ⚖ :*
- ménage? Hahaha
*Jasmine:*
- Não, mas boa ideia 😉 beijo, gatinha
*Anna Florence – adv ⚖ :*
- Demônia rs bjs
Tomo um banho, faço meu skincare noturno e peço um delivery, não tinha condições de cozinhar naquele momento e é algo que eu não gosto de fazer, cozinho apenas por sobrevivência, sei o básico do básico. Arroz, feijão, macarrão e usar a airfryer para não morrer de fome.
Enquanto espero o delivery, pego minhas anotações e vou relendo aquilo que já li umas 20 vezes naquele dia, só para garantir que eu não iria falhar amanhã na reunião. Fecho os olhos e penso no quanto a ajuda da Maria Fernanda foi necessária para fechar o caso, no quanto ela é atenciosa, linda, inteligente, dona de um sorriso lindo e olhos mais lindos ainda, aqueles azuis cor de céu e aquelas sardinhas em seu rosto. Sua paciência, dedicação, seu olhar atento, as unhas pintadas de nude... em falar em nude, suas unhas eram curtas, seria isso um sinal? Rio da minha própria mente maluca pensando naquele meme da bandeira lgbt e um ponto de interrogação. Depois que o delivery chega, faço minha higiene noturna e meu último pensamento ao dormir é que dê tudo certo pra mim amanhã.
...
Chego na empresa pontualmente às 06h tamanha ansiedade. O porteiro me olhou com aquela cara de “essa mulher é louca, só pensa em trabalho”. Mas era só nisso que eu pensava mesmo, ao invés de ir para o 10º andar, que era o setor de cível e empresarial, fui direto para o 14º, que era o setor de direito criminal.
Olhei para aquele saguão vazio, imaginando a minha rotina ali, o meu dia a dia, os meus casos, os meus presos e o quanto eu faria aquilo por amor e não por obrigação... passeei pelo local, observando as salas dos sócios júniores e sêniores, meditando o quanto eu queria que aquilo fosse meu, imaginando uma fanfic na minha cabeça do quanto eu seria reconhecida, indo na delegacia de madrugada, indo aos presídios, fórum, tribunal do júri... sorrio, aquele era o meu maior sonho: trabalhar diretamente com tribunal do júri, crimes dolosos contra a vida.
Resolvo parar de pensar na minha fanfic e descer para o meu setor, olho para o meu relógio e constatei que fiquei naquela viagem cerca de 40 minutos. Aperto o botão do elevador e olho para o nome do Grupo Proetti-Baldez na parede. Fiquei imaginando se um dia teria meu próprio escritório com meu nome, se eu teria uma firma gigante assim, se ela seria uma das melhores do país. O elevador chega no andar e eu nem percebo, até que ouço alguém me chamar:
- Senhorita? Vai descer?
Era só a Doutora Baldez falando comigo. A dona da porr* toda, a dona de tudo.
- Oh, sim. Me desculpe, estava um pouco distraída. – Fico ruborizada.
- Você não é da área cível? O que faz por aqui?
Espera um pouco. Ela me conhece?
- Às vezes gosto de vir aqui para não esquecer dos meus objetivos. – Olho séria para ela.
- Quando eu tinha a sua idade eu também tinha os mesmos objetivos e se eu tiver certa sobre você, os mesmos sonhos, a mesma ambição.
- Me conhece tanto assim?
- Dra Anna, eu conheço todo mundo – sorri com ar de superioridade – Agora, você não tem que voltar para o seu trabalho? Tem um caso para vencer.
- É claro.
Pego o elevador e olho em seus olhos sustentando o olhar enquanto a porta não se fecha. A dona da empresa me conhece. A dona da empresa sabe que eu existo. A dona da empresa sabe que eu estou no meio de um caso importante. Mais motivação que isso, impossível.
Fui até a copa, peguei uma xícara de café e fui para minha mesa revisar o que falaria na reunião com o advogado da empresa credora (a que detém a dívida), coloquei meus fones e uma música clássica de fundo, isso me ajuda a concentrar melhor e nem perguntem o motivo, eu só sei que isso ajuda. Porém, antes de revisar pela milésima vez, decidi pesquisar mais sobre aquela empresa e o que ela poderia trazer de bom para a gente em termos financeiros, o porquê Roberto insistiu em pegar esse caso e o porquê estava me atazanando tanto. Descobri que a empresa era de um tal Kevin Duarte, que provavelmente conheceria na reunião que teríamos a tarde, descobri também que fez faculdade de administração e finanças na UERJ, a mesma que Roberto.
Não foi surpresa quando chequei as redes sociais de Roberto – o que fiz pelo meu celular, pois absolutamente tudo fica gravado no computador daquela empresa – e vi uma foto dos dois lá no final do feed em um tipo de clube de golfe. Golfe? Sério? Quem joga golfe no Brasil? Eles se conheciam e por isso ele estava fazendo um inferno na minha vida, esse caso era pessoal para ele. Fechei a cara, agora mesmo era que eu precisava vencer e isso me deixou puta.
Senti alguém na frente da minha mesa e quando eu ia mandar cair fora, dei de cara com aquele sorriso.
- Bom dia, está tudo bem?
- Bom dia, por que não estaria? – respondo
- Você estava com a cara fechada quando eu cheguei.
- Não é nada, olha, eu preciso falar com você em particular pois tive uma ideia. – Olho pra ela com um sorriso malicioso, cara de quem vai aprontar.
- Se tem uma coisa que eu percebi nesse lugar é que conversa nenhuma é particular. As paredes têm ouvidos e sempre tem alguém observando – disse olhando para uma das associadas que olhava para nossa mesa descaradamente tentando escutar a conversa.
- Me dá o seu número, anda. Vou te adicionar no Whats.
Ela me passa o número dela e adiciono, logo mando um “Oi”, mas não sem antes olhar sua foto: absolutamente linda, sorriso largo e óculos escuros. Ela tirou a foto na praia por conta da paisagem de fundo, mas na foto não mostrava o biquíni e nem os seus seios, era do seu colo para cima. Não pude deixar de notar que seu colo tinha algumas pintinhas parecidas com suas singelas sardas no rosto. Ah, ela era muito linda. Sorrio.
- Vou te responder, estou na minha sala.
Ela sai e eu volto a fazer algumas anotações no meu bloco de notas particular. Eu amo usar papel, amo escrever, nada de usar notas autoadesivas no computador, pra mim é como se a minha mente não funcionasse direito.
*MaFe*
- Oi, qual sua ideia?
***Anna Florence – adv ⚖ :*
- Vou falar com um colega amigo de faculdade que é banqueiro e fazê-lo comprar essa dívida com o banco, se eu mostrar pra ele o que nós temos e a empresa mostrar-se solvente ele não vai se opor e se ele não fizer isso, quem vai intimidá-lo sou eu por que ele me deve. Depois que conseguirmos comprar a dívida do banco, vou intimidar todos os credores, comprar todas as dívidas e vamos esperar oito semanas... Daí estaremos de volta aos negócios.
*MaFe*
- Isso é muito arriscado. Se não der certo? Eu não quero nem imaginar a cara do Doutor Roberto se isso der errado, você não acha mais viável utilizar o plano que já temos? E se for usar esse plano, vai contar para ele?
**Anna Florence – adv ⚖ :*
- Eu não tenho que dar satisfações ao Roberto, tudo bem que ele me supervisiona, mas não esqueça que nós advogados temos uma coisa chamada “livre atuação”. Ele me supervisiona, mas não manda no meu caso. Se ele quisesse que o caso funcionasse à maneira dele, ele que pegasse o caso para ele. Afinal, o dono da Maximum Transportes é amigo dele.
*MaFe*
- Você não presta. Isso não é violação?
Sorrio da sua resposta. Ah, se você soubesse o quanto posso não prestar...
**Anna Florence – adv ⚖ :*
- Cível, não criminal. Deixa nos processarem, esse processo eu me garanto.
*MaFe*
- Vai dar certo, confio em você. Você é uma profissional maravilhosa, pude constatar nesses poucos dias trabalhando juntas.
**Anna Florence – adv ⚖ :*
- Obrigada pelo elogio, você é bem inteligente e me ajudou nessa. Sem você não seria possível. Se der certo, quero comemorar com você depois, vamos celebrar que você ganhou o seu primeiro caso.
*MaFe*
- O caso é seu, doida. Não é meu... eu nem advogada sou ainda ☹
**Anna Florence – adv ⚖ :*
- Conversaremos sobre isso depois, você atuou nele de forma brilhante, o caso também é tão seu quanto meu. Bom, deixa eu trabalhar. Se não o “Sr. Careca” vai me demitir por desídia (:
*MaFe*
- Dra Anna, você é terrível.
**Anna Florence – adv ⚖ :*
😉
Encerro a conversa e ligo para Michael, meu colega de faculdade. Faço a proposta e ele avalia, diz que não pode comprar uma dívida tão alta assim e eu falo a seguinte frase: “há dois anos quando você precisou que seu caso de traição sumisse, sem que a sua esposa soubesse eu disse não para você? Seu casamento está a salvo, não está? Sua amante simplesmente... evaporou. Eu a fiz evaporar. A Karen me mandou o convite das Bodas de Aço de vocês semana passada. Então você me deve e vai fazer isso, caso contrário a Karen vai saber de tudo hoje ainda. E eu quero isso antes das 14h.”
Esse é o ruim da advocacia..., mas ao mesmo tempo é o lado bom. Eu jamais poderia fazer isso com um amigo se não fosse advogada e tivesse contatos.
Quando eu recebi a mensagem de Michael que havia comprado a dívida do banco e os documentos da compra eu fiquei absurdamente feliz da vida. Liguei para o advogado do banco e ele também estava feliz. Estavam todos felizes, a reunião com o advogado foi dispensada e eu só teria a reunião com o próprio dono da empresa e poderia dar a boa notícia. Depois que eu intimidasse os outros credores, a empresa teria oito semanas para respirar e eu teria muito trabalho (e reza) para fazer, já que eu ia trabalhar com Roberto diretamente já que o especialista em finanças era ele.
Fim do capítulo
Meninas, muito obrigada por acompanharem! Vou responder os comentários um por um e como estou muito feliz por vocês estarem acompanhando, vou lançar o capítulo 4 hoje mesmo! Não tem nem como agradecer o apoio e o carinho, já que é minha primeira história. Continuem comentando, tô muito feliz.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 04/09/2024
Eita mulher perigosa essa Anna viu.
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