Capitulo 57
Capítulo 56 - AP
A sensação de que uma bigorna ou um saco de cimento havia saído dos meus ombros me preencheu quando sai do apartamento da Bruna. O ar entrava no meu pulmão empurrando o tecido, expandindo e dando vida. Sabe aquela sensação de plenitude, de problema resolvido? Ahhhhhhhhh! Minha vontade era de gritar, tamanho peso que saiu dos meus ombros. Subi na moto sem muita enrolação, principalmente porque eu queria encontrar a Bia, ah Bia, espero que esteja em casa! Acho que não havia entendido a vontade que estou de beijá-la até esse momento. Acho que até vou escovar os dentes hoje, sim, também consigo fazer piadinha.
Eu peguei a marginal tietê e dirigi no automático sem nem pensar muito mais coisa. Confesso que eu estava me sentindo uma adolescente, queria ver a Bia, contar que estou livre, que estou disponível para ela. Claro, não que eu esteja me jogando pra ela, não é isso, mas não sinto que com ela vou precisar daquele morde e assopra. Quero encher ela de beijo.
Enquanto eu estava dirigindo lembrei de uma conversa anterior que tive com a Bia, há um bom tempo atrás, que ela me comentou que gostava de flores, mas não sabia expressar isso. Pra mim, ela conseguiu do jeito dela falar que gostava de Flores. Eu particularmente acho mais válido gastar dinheiro com comida, um passeio, mas aqui não sou eu e sim ela.
Me mantive dirigindo, mas desviei do caminho. Lembrei de um Hortifruti em Higienópolis, que na parte da frente tinha uma floricultura. Será que ainda tem? Vou passar lá. Não demorou muito, eu já estava estacionando próximo a esse lugar. Estou sentindo algo estranho, diferente e bom, uma ansiedade positiva. Entrei rapidamente no Hortifruti em si, aproveitei para pegar algumas frutas. Apesar de serem um pouco mais caras que o habitual, são produtos de boa qualidade, então, uma vez ou outra dá pra me dar esse luxo. Depois disso passei na floricultura, eu estava sem graça.
- Em que posso ajudar?
- Ai moça, me dá uma ajuda. Eu quero uma flor, coisa simples, mas bonita.
- De presente? É para uma senhora, uma jovem, é romance? - a atendente foi me perguntando e eu tentando me soltar, mas provavelmente vermelha, envergonhada.
Oi- Presente, para jovem, romance. Início de romance.
- Humm, para essa ocasião indico um buquê, pode ser misto, rosas ou até mesmo Lírios.
- E o buquê a senhora faz aqui na hora?
- Isso, monto as flores como você quiser.
- um grande desse aqui - apontei - sai quanto?
- Esse grandão sai RS 200,00.
- Humm, e se colocarmos umas 4 rosas dessas aqui - apontei para umas rosas vermelhas, grandes,vistosas.
- Esse aqui sai 60, 00.
- Melhorou bem. Faz então um buquê com três rosas e deixa uma separada.
- Dessas vermelhas aqui? Quer escolher?
- Não, a senhora escolhe e faz esse arranjo bonitão. Tem papel pra fazer uma carinha, um bilhete?
- Coloco um cartãozinho.
- Obrigada. - me afastei brevemente para colocar as frutas na minha caixinha da moto e depois voltei para pegar as flores. Achei lindas! Acho que nunca comprei flor para alguém, a Fabi não gostava muito, ela preferia que saíssemos para comer algo ou comprar algo importante que precisávamos. Mas estou gostando dessa nova experiência, achei legal. A atendente colocou as quatro rosas em uma sacola para permitir que eu “estragasse” menos na motoca.
Cheguei no prédio pouco tempo depois, ansiosa, nervosa, mãos frias, transpirando. Na portaria mesmo, já perguntei para o sr. Francisco, o porteiro, se a Beatriz já tinha chegado. E ouvi que ele não tinha certeza, mas não lembrava dela entrando no portão não. Agradeci e subi para casa. Cuidado por cuidado, tirei as rosas da sacola e entrei com elas em uma mão, realmente a Bia ainda não tinha chego.
Sacolas na cozinha, flores no meu quarto, fechei a porta. Uma das primeiras coisas que preciso é um banho para tirar esse futum de dia, depois guardar as sacolas e depois escrever o recadinho no cartão pra ela. Tomei um banho rápido e coloquei uma roupa, não formal, mas coloquei uma calça melhorzinha e uma camisa e um tênis, como se eu tivesse indo para um encontro, sair com alguém.
Escrevi um recadinho no cartão da rosa individual e outro recadinho no cartão das três rosas que formam um buquê. Abri a porta da sala e coloquei a rosa individual do lado de fora do apartamento, em pé no batente, com o cartão em cima. Fechei a porta com delicadeza e tranquei. Guardei no quarto o buquê e o outro cartão. Desliguei todas as luzes da casa, desliguei a TV também. Queria que ela achasse que eu não estava em casa. Ah Bia, você vai ter uma surpresa, pelo menos divertida hoje.
Eu estava deitada no sofá e acabei pegando no sono, acordei quando ouvi o barulho da porta abrindo. Ela abriu a porta de leve, olhando a rosa, estranhando a situação. Assim que me viu no sofá começou a falar:
- Deixaram uma rosa aqui na porta. Deve ser pra você Flávia - ativou a mão, me entregando a rosa.
- Pra mim? Não faz sentido ser minha.
- Quem mandaria rosa pra mim? Ninguém né?! Só quem é cheia das namoradinhas é você - quase dei risada dela. - Além de um monte de flertezinho, tem namorada!
- Oshh - continuei deitadinha no sofá - eu com um monte de flertezinho? Tô sabendo disso não!
- Eu que sei dona Flávia.
- Olha a maldade!! Tem cartão?
- Tem! Mas quem tem que lê é você! Tô Flávia, pega aqui.
- É sua Bia! Para com isso. Ninguém me manda flores.
- Quem me mandaria rosa hein Flávia? Ninguém nem sabe que eu gosto de flores!
- Vai que alguém sabe que você gosta. Lê o cartão!
- Se eu ler e for sacanagem pra você, eu vou ficar super chateada. Sua namoradinha que deve ter mandado pra você. Apesar que ela não mandaria uma rosa, pra ela deve ser pobre demais.
- Lê o cartão Beatriz! Para de enrolar - eu estava quase rindo dela.
- Não posso falar que essa rosa é da cor dos seus olhos porque vermelho e castanho são diferentes, mas posso dizer que ela representa seu brilho, sua vontade e sua intensidade. Posso garantir que é tão bonita quanto seus lábios! Gosto muito de você - ela respirou fundo, e olhou pra mim e terminou o texto - Flávia.
Eu apenas olhei pra a Bia, sorrindo. Eu estava com um certo medo da reação dela, afinal flertar é uma coisa, partir pro abraço é outra.
- Foi você que me mandou Flávia?
- Não está meu nome aí? - falei ainda deitada no sofá, olhando pra ela.
- E sua namorada, o que acha disso?
- Que namorada? - falei ironicamente, querendo irritar ela.
- A Bruna! - quase gritou, falou cuspindo.
- E se eu te falar que estou solteira? Nem Bruna, nem ninguém! Só você!
- É sério? Não está brincando comigo não né Flávia? - falou dando um passinho em direção ao sofá. Eu ainda encostada no sofá, meio sentada, meio deitada, estiquei minha mão, segurando a dela.
- Claro que não, Bia! Tô solteirona! - ela teve uma reação que eu não imaginava, deu um pulo no sofá, em cima de mim.
- É sério mesmo? - perguntou mais uma vez, em cima de mim.
- Sou toda sua! - respondi, fazendo um carinho no seu braço, que automaticamente subiu para o rosto. Passei a mão na bochecha, com calma. O polegar sentiu o sortido da Bia. A mão foi ao seu pescoço enquanto seu corpo descia para perto do meu. Passei meu nariz no dela, fazendo um carinho gostoso, aquela puxadinha de ar antes do beijo e suavemente os lábios se encontraram.
Lábios encostados, um toque firme, fui pedindo espaço. Lábios abertos, um sabor adocicado, lábio macio, encontrei sua língua, suave, senti a textura, o movimentos. Um beijo devagar, carinhoso, e posso falar cheio de energia! Com a mão no pescoço, na nuca aproximei mais ainda, fazendo ela soltar o peso dela sobre meu corpo. Minha mão esquerda começou a passear pelas costas da Bia, por cima da roupa, não quero nada correndo, não quero nada sem sentido. Quero sentir suas emoções!
Nos afastamos por alguns segundos e minha mão desceu da nuca e passei o polegar em seus lábios, mantendo meus olhos fechados. Desci pelo lado esquerdo do pescoço, puxando o ar, passando o nariz na pele, provocando. Subi o pescoço cheirando de novo, puxando o ar e voltei para seus lábios. Língua com língua, mordida no lábio inferior. Que beijo delicioso, carinhoso, com vontade sabe?! Terminei o beijo sentindo o sorriso dela no selinho.
Quando nos separamos, rimos! Aquela risada gostosa, de felicidade, de sorriso na orelha, de vergonha se dissolvendo, de alívio por ter encaixado o beijo, pela tensão indo embora, pelo tesão que sentimos.
- Fi-nal-men-te! - foi a primeira coisa que falei e sorrindo completei - Que beijo gostoso!
- É sério isso? Tô no céu! - Ela comentou. Puxei para uma bitoquinha longa, que foi se soltando e mais um beijão gostoso!
- Tenho beijo pra noite inteira meu amor! - falei
- Hummm, meu amor? - o sorriso da Bia não cabia no rosto dela. A mecha do cabelo caia sobre o rosto. Passei a mão, com calma, e empurrei o cabelo para trás da orelha.
- Se quiser posso ser seu amor. Se quiser podemos tentar, podemos experimentar, podemos fazer tudo!
- Eu quero Flávia! Quero viver esse momento com você. Gosto muito de você, da forma como sempre foi carinhosa comigo e agora esse beijo, quero!
- Linda, estou aqui por você. Vem cá! - me acertei no sofá, dando um espaço pra ela se apoiar no meu corpo, confortavelmente. Passei meu braço esquerdo por cima do ombro dela, e comecei a fazer carinho em seu cabelo. Só um carinho gostoso, sentindo seu corpo sobre o meu, a respiração perto, cafuné. Apenas sentindo o cuidado e a presença.
Ficamos assim, em silêncio, dando e recebendo cafuné um tempo que não sei mensurar quanto. Apenas nos movemos quando o corpo começou a doer pela pressão. Por mim, ignoraria essa dor e ficaria ali pra sempre. A Bia se acertou primeiro, se mexendo, mas não saiu de cima de mim, se aproximou e me deu mais um beijinho gostoso.
- Humm, posso gostar dessa vida hein Dona Bia.
- Por mim pode gostar, demoramos tanto.
- Desculpa Bi, isso foi culpa minha. Eu sou careta, sou velha, gosto de fazer tudo certinho, seguindo as regras.
- Como foi terminar com ela? - a Bia me perguntou!
- Não precisamos falar sobre isso e nem importa mais, só importa que estou aqui pra você! - Ela abriu um sorriso fofo, meigo e muito lindo - Ai que sorriso lindo!!! Como você é linda, gostosa! - voltamos a nos beijar, primeiro com bitoquinhas e bitoquinhas, mas quando a mão foi pra nuca, já era. Encaixamos os lábios, de um jeito gostoso, leve, sem nenhuma obrigação de performance, a língua pediu espaço enquanto eu fazia carinho no rosto. Nos beijamos até cansar e precisar de um tempo para respirar. A Bia em automático voltou a abrir o sorrisão.
- Ficaria pra sempre aqui com você Flavinha.
- Linda, se quiser vivemos aqui, até ter escaras. Mas poderíamos fazer uma pipoquinha e assistir um filme.
- humm pipoca?
- Olha esse bico Beatriz! Podemos pedir um japonês e comer assistindo um filme.
- Assim você me conquista.
- Te conheço sua cara de pau! Fica fazendo esse charme pra pedirmos japonês - ela riu como se estivesse envergonhada, mas só charme.
- Eu peço, errada você que cai sempre!
- Tá bom, eu vou pedir pelo aplicativo - ela sentou no sofá, desviando das minhas pernas.
- Vou tomar um banho rapidinho. Eu cheguei e já fui pega por você.
- Eu?! Eu fiquei sentadinha no sofa esperando você reclamar da rosa.
- Não reclamei, só não achei que era pra mim.
- Gostou da surpresa? Lembrei que uma vez conversamos e você falou que gostava de receber flores.
- Eu to aqui pensando, você sabe um montão de coisa de mim, não tem nem como eu fazer charme - me acertei no sofá, ficando de frente com ela.
- Bia, nós conseguimos a melhor opção de todas, sermos amigas antes de qualquer coisa. Uma amizade tão gostosa, que foi evoluindo para admiração, carinho, tesão, beijo gostoso. É só curtir agora.
- Dá um medo né?!
- Medo do que amor?
- Ah, não sei, o que os outros vão pensar, o que o Gabriel vai achar, se você não vai gostar. Sei lá, a gente mora junto.
- Bia, calma! Vamos acertando tudo aos poucos, calma. A primeira coisa é que não devemos nada a ninguém, então não estou nem aí ao que os outros pensam. Me importa o que você pensa, o que você sente. O Gabriel, ele já desconfiava, uma hora vai ter a certeza, e se minha amizade com ele não for madura o suficiente para superar isso, vai doer, mas sinto muito.
- Não é assim Fla, não dá para ignorar tudo.
- Bia, a vida é curta demais para programarmos tudo, tentar agradar a todos. Hoje quero viver esse momento aqui, o depois vemos depois - um beijinho rápido - Hummm, tenho mais uma coisinha pra você!
- Sério? Fla, não comprei nada pra você, nem pensei em nada, fui pega de surpresa.
- Mas era pra ser surpresa mesmo! - levantei rapidinho, fui na ponta do pé até meu quarto, e voltei com o buquezinho com as três outras rosas - Pra você não achar que é golpe, esse é seu!
- Sério mesmo? Você programou tudo isso? - falou pegando o buquezinho.
- Bia, eu só pensava em te ver e finalmente poder te beijar, podermos ter essa experiência. Gosto de você acho que a um bom tempo, mas precisei evoluir pessoalmente, amadurecer para conseguir perceber isso.
- Você sempre cuidadosa né?! - percebeu que tinha um cartãozinho no buquê - outro cartãozinho, posso ler?
- Claro, é pra você.
- Se está lendo esse segundo cartão é porque não surtou no primeiro. Linda, sabe que sou retrógrada e cafona né?! Então quero arriscar e te perguntar: quer namorar comigo?
- Hahahaha, é sério Flavinha? Me perguntou se quero namorar?
- Ah, nem sei se faz mais isso. Eu sou velha!
- Flávia, eu quero muito namorar com você! Não por uma obrigação, mas por uma continuidade das coisas! Gosto muito de você e também acho que foi uma consequência das coisas. Agradeço muito o dia que aceitei dividir o apartamento com você. Não precisamos dar nome às coisas, vamos com calma nos conhecendo!
- Ta, você tem razão. Tem razão - fiquei meio sem graça de ter perguntado.
- Amor, tá tudo bem. Não estou falando não, jamais, só estou falando que não precisamos definir nada. Vamos só vivendo isso. Ah, e vivendo com exclusividade. Não quero ir num barzinho da sua faculdade e ter que dar um pelé em nenhuma caloura.
- Até parece que sou assim.
- Esse jeitinho bruto e meigo, esse sorrisinho sacana e esse jeito de gente boa. Eu que sei Flávia. Sou fofinha, mas sei ir pra cima.
- Ah marrentinha! Vem cá! - puxei ela pra mais perto - estou com você! Não sou de dividir o pão, nem a farinha. Estou aqui pela gente - com carinho e delicadeza dei mais um beijinho na Bia, calmo, lento, sabe aqueles beijos torturantes. Carinho no rosto, cafuné no cabelo, quando comecei a dar uns beijinhos no pescoço, senti seu braço arrepiado e ela se afastou um pouco.
- Flávia, Flávia, para de me enrolar, está me beijando aqui, beijando ali e o japonês nada! Vou tomar um banho rapidinho enquanto você pede o japonês - toda jeitosa ela foi pegar o buquê e a rosa, pegou sua mochila e seguiu pro quarto do meio, vulgo quarto dela. Já eu…. Eu queria gritar aos quatro ventos que eu tinha beijado a Bia. É engraçado, mas faz muuuuito tempo que não sinto essa sensação de carinho no beijo, de conexão.
Não quero comparar a Bruna com a Bia e nem devo, mas o beijo com a Bruna era performático, era pensado. O beijo com a Bia é leve, deixa acontecer, fazer o que tem vontade na hora. Essa sensação eu não tenho há muito tempo. Eu tive com a Fabi durante todo nosso tempo juntas. Depois que a Fabi entrou em coma, quando eu comecei a beijar outras garotas, eu não queria vínculo, só queria no máximo encantar e sair. Vou ali beijo e depois sumo. Com a Bia a sensação foi diferente, é uma vontade de não ir embora, de não me afastar dela. Uma sensação de coração quentinho.
A entrega chegou e a Bia ainda não tinha terminado de se arrumar. Eu desci rapidinho para pegar a comida. Pedi um combo de comida japonês do restaurante que frequentemente compramos, sei que ela gosta de lá e eu também. Normalmente uma paga por vez, acabamos sempre alternando os pagamentos. Dá certo essa jogada.
Subi rapidinho pro apartamento e a Bia estava na micro cozinha separando dois pratinhos, copos para gente, meio que montando a mesa. Ela estava tão fofa que não pude deixar de abraçá-la quando cheguei, ainda com os pacotes na mão. Ela estava com o cabelo molhado, lavado, uma bermuda simples, de ficar em casa, uma camiseta de bichinho, acho que do Yoda. Achei a simplicidade dela encantadora, escolheu uma roupa confortável, de casa e a cara dela. Sem se insinuar, sem ser vulgar, estava linda, gostosa.
- Hummmm, cheirosa depois do banho!
- Eu estava com cheiro de delegacia, precisava de um banho e uma roupa confortável.
- Está linda!
- Que nada, roupa de ficar em casa. Pegou o japonês.
- Eu não, credo! Já se fosse a japonesa.
-
Aí Flávia - falou rindo e fazendo uma careta ao mesmo tempo. Ganhou mais um beijinho
- Quer comer aqui ou comer na sala, no quarto? Assistir um filme? Aí Bia, não sei - eu realmente não sabia o que fazer, não queria ser indelicada, nem acelerada.
- Podemos levar tudo lá pro seu quarto e assistir um filme. Vamos jantar vendo o filme, batendo um papo. Pode ser?
- Claro. Vem, vou te ajudar a levar.
- Leva a comida que levo o resto - eu fui na frente, em direção ao quarto do final do corredor, seguido por ela. Apoiei as embalagens em cima da cama. Eu sou metódica com a arrumação da cama, está sempre esticadinha e bem arrumada. Apoiei as embalagens do restaurante em cima da cama e a Bia chegou logo depois com os pratinhos.
- Pronto amor, tudo aberto, prontinho.
- Não quer colocar uma roupa confortável? Está de jeans, camisa.
- Eu me vesti como se fosse um encontro, estava nervosa - comentei verdadeiramente.
- E está linda, elegante! Mas estamos em casa, pode colocar uma roupa fresquinha.
- Tudo bem?
- Ah Flávia eu já vejo você toda seria o dia todo. Com aquela calça preta e camiseta preta, toda brava, cara fechada, parecendo que vai me prender - se aproximou de mim, sexualizando - e soltar só depois que eu contar meus desejos mais sórdidos!
- Bia! - eu falei não assustada, mas surpresa. Ela é tão fofa, delicada que não esperava esse jeito sexualizando. Ah como sou careta!
- Ficou sem graça amor? Ah Flávia, sei ser gatinha, esse lado você conhece. A tigresa é o que você pode conhecer quando quiser! - eu comecei a rir, de desespero, de vergonha, não sei explicar - Você fica linda sem jeito. Não tem ideia de como admiro você sem essa máscara de bruta, do jeito que está agora, envergonhada, montando jantinha, toda cuidadosa. Ah Flávia, se conseguisse se ver aos meus olhos.
- Claro que nos beijamos! Claroooo! Eu estava encostada no guarda roupa e a Bia que guiou tudo, que teve a atitude de vir pra cima, de começar o beijo devagarinho, eu tentei puxar o controle , mas ela que dominou. Colocou a mão na cintura, por baixo da camisa. Cheguei a arrepiar. Quando nos soltamos, ficamos um tempinho abraçadas, gostoso.
- Vou me trocar rapidinho. Já venho! Mas pode começar a comer se quiser - peguei uma bermuda e uma camiseta no guarda roupa e segui rapidamente para o banheiro, onde me troquei. Ah, porque não se trocou lá na frente dela? Lembram que sou careta né?! Tudo ao seu tempo, mas me sinto muito bem com a Bia, muito bem mesmo, é uma sensação gostosa de entendimento. Quando voltei pro quarto, a TV já estava ligada e ela zapeando opções de filme - Achou alguma coisa boa para vermos?
- Pensei em terminar aquele filme que começamos mês passado, eu dormi no início ainda.
- Eu lembro, você é muito soneca. Nem começa a já dorme. Podemos terminar ele sim. Mas vamos comer antes, depois começa o filme. Sei lá, a primeira jantinha nossa juntas.
- Ah Flávia - mais uma bitoca- você é toda bruta, toda não encosta, mas quando se solta é toda romântica!
- Ah, são pequenos gestos, pequenos carinhos que encantam - sorri sem graça, encantada com ela.
Jantamos, comendo o japonês em um bate papo gostoso, leve. Acho que uma coisa boa de nós duas é essa amizade que temos de antes do flerte, conversamos sobre a faculdade, a investigação, não houve espaço para Gabriel, Ricardo e Bruna, foi apenas Beatriz e Flávia. Um jantarzinho gostoso cheio de risada, oferecendo comida pra ela, recebendo comida na boca.
Terminamos de jantar, as duas de barriga cheia. Deixei ela colocando o filme e recolhi os pratos, talheres, o que sobrou. Quando voltei a Bia já estava com o farol baixo, o olhar de quem iria dormir em segundos.
- Bi, você já vai pegar no sono!
- Não… não vou não - virou de lado, jogando charme, esticando a mao e pedindo carinho.
- Cara de pau! Não quer ir lá pro seu quarto?
- Não, deixa eu dormir aqui com você! Dessa vez você pode me abraçar e me encher de cafuné.
- E o que mais?
- Sem peso na consciência.
- Ah é?!
- Hum Hum - falou encostando em mim, se encaixando de um jeito gostoso, colocou a cabeça no meu ombro, por cima do meu braço. Sem pensar muito joguei meu outro braço por cima dela, encaixando seu corpo ao meu, sentindo o cheiro do shampoo de cabelo umido, de pele fresca, sentindo um lugar seguro e muito gostoso, um lugar bom para ficar.
Fim do capítulo
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Julika Sempre
Em: 13/09/2024
Parabéns.
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Obrigada
Seus, livros, as suas histórias. São importante pra nós, leitoras.
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