• Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Cadastro
  • Publicar história
Logo
Login
Cadastrar
  • Home
  • Histórias
    • Recentes
    • Finalizadas
    • Top Listas - Rankings
    • Desafios
    • Degustações
  • Comunidade
    • Autores
    • Membros
  • Promoções
  • Sobre o Lettera
    • Regras do site
    • Ajuda
    • Quem Somos
    • Revista Léssica
    • Wallpapers
    • Notícias
  • Como doar
  • Loja
  • Livros
  • Finalizadas
  • Contato
  • Home
  • Histórias
  • ACONTECIMENTOS PREMEDITADOS
  • Capitulo 56

Info

Membros ativos: 9524
Membros inativos: 1634
Histórias: 1969
Capítulos: 20,491
Palavras: 51,957,181
Autores: 780
Comentários: 106,291
Comentaristas: 2559
Membro recente: Thalita31

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Notícias

  • 10 anos de Lettera
    Em 15/09/2025
  • Livro 2121 já à venda
    Em 30/07/2025

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Recentes

  • Entre nos - Sussurros de magia
    Entre nos - Sussurros de magia
    Por anifahell
  • 34
    34
    Por Luciane Ribeiro

Redes Sociais

  • Página do Lettera

  • Grupo do Lettera

  • Site Schwinden

Finalizadas

  • O
    O AMOR CHEGA SEM AVISAR
    Por patty-321
  • MARI e ANA
    MARI e ANA
    Por MahLemes

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

ACONTECIMENTOS PREMEDITADOS por Nathy_milk

Ver comentários: 3

Ver lista de capítulos

Palavras: 5272
Acessos: 739   |  Postado em: 18/08/2024

Capitulo 56

Capítulo 55 - Acontecimentos premeditados


Por sorte ou azar a professora do laboratório de casos jurídicos entrou na sala e a atenção toda foi direcionada para ela. Mas antes de eu focar na Dra. Mariangela, advogada empresarial, peguei meu celular e abri no contato da Bruna: 

         - Bru, boa noite. As coisas se acalmaram um pouco mais  com o término da operação. Amanhã vou tomar o depoimento da sequestrada na parte da tarde, não quer me encontrar depois para conversarmos? - Chega, preciso de um ponto final.


           Voltei pra casa nesse dia pensando se a Bia havia recebido minha caixinha de chocolate e se tinha ficado mais calma comigo, seja lá o que eu tenha feito. Mas tenho certeza que fiz algo. Entrei em casa esperando encontrar ela, mas ela já estava dormindo. Como sei que ela estava em casa? A caneca de café na pia e um papelzinho de chocolate no lixo. 

          Tomei um banho rápido, com o corpo cansado e ainda muito tenso de toda a correria do último dia. Minha vontade era entrar no quarto da Bia e pelo menos dar um cheiro nela, um cafuné. Mas talvez eu esteja devagar, mas as coisas devem ser feitas corretamente, mesmo que todos façam errado. 

          Quando deitei meu corpo afundou na cama, mais pesado que o habitual. Logo em seguida tocou a mensagem: posso te ligar? - Era da Bruna. É mal educado eu ignorar? Não quero falar com ela. Como não consigo ficar quieta, dar um gelo a quem merece, acabei respondendo: 

         - Acabei de chegar em casa Bru, meus olhos estão fechando. Podemos acertar os horários amanhã? 

            - Tudo bem amor, tenta descansar. Mas eu queria te pedir um favor. 

          - O que você precisa? - respondi ainda solicita, apesar de tudo, acho que no fundinho a esperança é a última que morre. 

          - Será que você consegue uma entrevista com a médica que estava sequestrada? Seria importante uma declaração dela. - Meu primeiro pensamento foi de decepção, de usada. Acho que eu imaginei que ela fosse falar: ah, continua comigo, ou podemos ter um tempinho nosso amanhã? Precisamos conversar. Não sei, qualquer coisa que mesmo no deúltimo segundo mostrasse que a Bruna tem qualquer apreço por mim. Mas pra mim mais e mais fica claro que não, mas isso já é óbvio e óbvio há um certo tempo.


Acordei cedo e me dei uma meta: voltar a treinar. Tantas coisas aconteceram comigo nos últimos tempos que eu deixei de lado uma das principais ações  que me fazem bem, que é o treino, estar na academia, estar próxima a pessoas com o mesmo pensamento, mesmo vibe. 

Levantei cedo, não coloquei o despertador na soneca mesmo o corpo pedindo um pouco mais de descanso. Passei no banheiro e segui pra cozinha, claro que um bom dia não começa sem um café forte. Banho tomado, roupa de treino, mochila pronta. Caneca grande de café forte pra dentro, sou capaz de dizer que as pupilas abriram. Antes de sair do apartamento eu lembrei da Bia, vou deixar um bilhetinho pra ela: 

“Bom dia Bia linda! Espero que tenha tido uma boa noite de sono! Gostou do chocolate? É só um chameguinho. Prometo que nosso futuro está cada vez mais próximo ao presente. Gosto muito de você!”

Deixei o recado em cima da mesinha que temos na cozinha e “prendi” a folha com a caneca preferida dela, do Stitch. Pode ser uma coisa tão boba, mas pela primeira vez em muito tempo não me senti mal em tentar, em dar um passo. A Fabi se foi por um motivo e nunca vou ter ela de volta. Jamais vou esquecê-la, claro, mas não posso morrer junto com ela. Devo viver por nos duas. 

          O treino foi uma delícia, era algo que eu estava precisando. Claro, além de colocar minha vida nos eixos. Foi fone, som no talo e carga no corpo. Sei que amanhã estarei destruída e cansada, mas para hoje, o bem estar está reinando. Terminei o treino, tomei um banho e segui para uma padaria perto do DP, que eu costumava parar às vezes. Pedi uma vitamina de frutas e um pão na chapa, pode parecer bobagem ou ser engraçado, mas senti um bem estar, uma paz tão grande em sentar calmamente e comer, sem gritar, com o celular jogado no fundo da bolsa e um vento poluído de São Paulo batendo no meu rosto. 

Cheguei no DP já passava das 9:00, nem passei na copa, não peguei café. Subi as escadas e fui direto para a sala dos investigadores, hoje vou colher o depoimento da Caroline, não quero ser agressiva com ela, afinal ela é uma vítima, mas quero ver se ela sabe de alguma coisa, se ouviu alguma informação. As vezes é foda demais perceber que uma pessoa é sequestrada pela pura maldade do outro, só porque alguem não gosta. Ou pior ainda no caso dela, pelo profissionalismo dela. Imagina ser sequestrada por ser uma excelente médica e dar azar de ter um colega vagabundo.

Peguei meu celular do fundo da bolsa na intenção  de deixar em cima da bancada, mas confesso que lembrei que deixei a Bruna no vácuo ontem. Fico nessa que preciso ser correta, não posso machucar as pessoas, mas no final quem está cansada da situação sou eu. Peguei o celular e confirmei com ela o horário que eu iria encontrar a Caroline, mas deixei muito claro que eu vou no máximo fazer a proposta para a médica, jamais e nunca vou obrigar uma vítima a nada. Sem contar que o simples oferecer, já tá errado. 

Eu já havia enviado mensagem a Caroline, confirmando o horário. Na ocasião ela me perguntou se o depoimento precisava ser obrigatoriamente na delegacia, e eu confirmei que não, confirmei que poderia ser em um lugar mais reservado, se ela quisesse até poderia ser na casa dela. Imagino que o cheiro e ambiente da delegacia seja mais um gatilho de mal estar a quem já está bem fragilizada pela péssima experiência de ser sequestrada. 

Me mantive montando as perguntas do depoimento e revisando o caso, mas a imagem da Bia não saia da minha cabeça. A última vez que nos vimos foi exatamente antes dede ir para a operação, ela sabe que eu estou bem e também sei que ela está bem, sei que recebeu o chocolatinho e sei que está fazendo um charminho bobo pra mim. E não estou brava com isso, jamais. Eu sinto pela Bia um companheirismo, um carinho, aquela vontade de ficar perto, de ficar abraçada. Algo que eu não sentia a um certo tempo, principalmente sem culpa, sem peso na consciência. 

Não resisti a esse impulso, essa vontade minha. Fechei rapidamente o computador e fui pianinho, quase que infiltrando o terreno até a outra ponta do DP, no laboratório de perícias, também conhecido como caverna dos fotógrafos. Entrei na surdina, pisando leve. E lá estava ela, concentrada em uma imagem, provavelmente tentando descobrir alguma falha, algum detalhe. O fone de ouvido isolando o ambiente e a concentração no trabalho juntos impediram ela de perceber que eu entrei no laboratório. Fui mansinha até ela, e por trás abracei ela. 

           A Bia, como uma boa traumatizada, se assustou, mas dessa vez ela sentiu que era eu e se assustou menos que o normal. Relaxou o corpo no meu abraço. Tirei o fone do ouvido dela e soltei “ hummm tão linda concentrada”. Pude perceber que ela sorriu, que ficou vermelha. Mas segundos depois voltou a ficar séria. 

            - Tão linda brava comigo! 

            - Não tô brava com você - virou a cadeira na minha direção. 

            - Não?! - dei uma risadinha 

            - Não! Mas gostei de ganhar o chocolate! 

            - Hahahahah, bem esperta a senhora! 

            - Negativo, você só me enrola dona Flávia. 

            - Eu?! - me fiz de sonsa, mas sei o que ela está falando 

            - Aff, sínica. 

            - Olhaaaa - falei em tom de brincadeira 

            - Eu vi você com a Bruna antes da coletiva. 

            - Eu?! - quando isso? Nem eu lembro. 

            - É na copa, lá embaixo, abraçadinha com ela. 

- Ahhhhh, para Bia. É por isso que tá brava comigo? - agachei pra ficar na altura dela. 

- E não é pra estar?! 

- Bi, ela entrou aqui sem eu nem saber. Nunca deixaria alguém de fora acessar a área restrita, ainda mais depois da operação. Eu tinha descido na copa pra te procurar linda. 

- Eu fico um pouco chateada Flávia. Eu sei que falei que daria o tempo que você precisasse, você perdeu a Fabi recentemente. Não estou te cobrando, não é isso. Mas fiquei chateada de ver você com ela. 

- Bia, minha história com ela só precisa de um ponto final. Eu sempre fui muito honesta com você e continuo sendo. 

- Eu sei, é que sei lá, é tanta coisa, gosto muito de você Flávia. É diferente quando estou com você, tudo tão leve, gostoso. 

- Então continua deixando leve e gostoso, do nosso jeito. Prometo que tudo vai se resolver em breve - levantei do agachamento, que meu joelho já estava me matando - Vem cá - ajudei ela a levantar, segurando docemente suas mãos. Com a Beatriz em pé, na minha frente, passei  meus braços sobre os dela, abraçando-a. Aproximei meu nariz do seu cabelo e senti o aroma suave. Gosto desse lugar, me sinto bem aqui. 


Por volta das 15 horas eu cheguei a uma cafeteria na Vila Mariana, meio zona sul, meio região central, por mais que várias mesas estivessem vazias, procurei uma mais isolada, mais afastada. Quero um lugar calmo e isolado. Não precisamos que as pessoas em volta escutem o depoimento da Carol. O correto é colher a versão dela no DP, mas se a delegacia é gatilho para ela, porque forçar. 

Pedi um café e uma água com gás. Pouco tempo depois a Bruna entrou na lanchonete. Como sempre, muito bem vestida, de salto, roupa social, elegante, altiva, claro que continua medindo meio metro. Isso eu não posso negar, apesar de qualquer coisa, a Bru tem uma presença, chama a atenção. Uma sensação estranha bateu em mim, sei que não encaixo com ela, mas pensar nela com a Mayra me incomoda muito. Porque imagino que esse vai ser o caminho que a Bru vai seguir, voltar para a chefe dela e digo, ainda sem provas concretas, traficante de pessoas. 

- Oi lindona, chegou cedo - ela falou se aproximando da mesa, o perfume dela parece que está intacto mesmo sendo 15 horas. Trocamos um selinho. Ela sentou à minha frente - Que café cheiroso,  vou pedir um também. Marcou que horário com ela? - Ela fez uma das coisas que não gosto, começou a falar sem nem respirar. 

- A Caroline já deve estar chegando. 

- Você falou de mim pra ela? 

- Não Bru, na teoria eu não posso nem oferecer uam entrevista sua. 

- Ah, mas você que me cantou a bola que teria a operação. 

- Sim, por ordem indireta. Não deveria nem ter vazado a operação. 

- E quem pediu pra você vazar? - a quenga tá me entrevistando? É isso? 

- Ah dona Bruna, não é fácil me pegar no seu golpe não. 

- Vai que cola. 

- Não cola não. Olha lá, a Caroline chegou. 

- Quer que eu fique aqui ou vou dar uma volta? Posso abordar ela em outro momento. 

 - Ela já te viu, agora fica - levantei da cadeira para receber a Caroline. Seu rosto está bem mais inchado e arroxeado do que ontem quando liberei ela. Uma expressão de cansaço, com tristeza estava em seu rosto, como se estivesse chateada - Opa Carol, como você está? - falei em pé ao lado da mesa, antes mesmo de esticar a mão ela veio me cumprimentar com um abraço, acho que é uma forma de gratidão pelo resgate dela - Você está bem? 

- Acho que sim, não sei. Tanta coisa - falou já cumprimentando a Bruna e sentando 0na mesinha - Nossa que café cheiroso, vou pedir um também. Vocês já pediram?

- Eu ainda não pedi nada, vou chamar as mocinhas - enquanto a Bruna chamava a atendente eu voltei a falar. 

- Seu rosto está bem mais inchado. 

- Eu acabei de sair do hospital, tive duas fraturas no zigomático, que é esse ossinho aqui - apontou- literalmente quebraram a minha cara. 

- Sério? Mas como foi isso? - A Bruna começou a se intrometer. 

- Carol, antes de tudo, vamos conversar uma coisa - antes de eu falar, a Bruna entrou a frente

- Eu me chamo Bruna Raissa, sou namorada da Flávia - a Carol prestou atenção - mas também sou a editora chefe da Fácies do Brasil. Estou aqui como jornalista e não como namorada da Flávia. 

- E você quer uma entrevista? Sobre ser sequestrada? - a Carol perguntou na lata.

- Não é nada impositivo  jamais, mas gostaria de uma entrevista sim. 

- Eu me assustei quando soube que tinha jornalistas acompanhando meu sequestro, que azar o meu ser sequestrada por uma quadrilha de tráfico de órgãos. Eu quero só me divorciar em paz - Carol completou.

- Carol, se você aceitar, a Bruna pode acompanhar seu depoimento, para não ter que te incomodar mais. 

- Flávia, essa menina tem sorte de estar com você, pelo que você fez a mim, pela forma como cuidou de mim, me deu uma assistência que nunca imaginei eu dou a entrevistada sim. Pode acompanhar Bruna. Eu só queria não ser identificada, pode ser? Quero acabar com essa história, resolver meus problemas  e ir embora. 

- Encontrou a Fernanda? - perguntei.

- Ah Flávia. Eu realmente achei que você estava brincando, sei lá, coisa de polícia. Quando meu irmão me levou até ela eu fiquei doida. Sabia que eu amava ela, só não tinha ideia de quanto. 

- Voces se conheceram lá em Portugal? - Bruna perguntou. 

- Então, olha como as coisas são. Eu já estava querendo ir pra Portugal há um certo tempo. Tem um projeto social lá, de uma conhecida do meu pai, que eu acompanho faz tempo. Enfim, eu era casada e minha esposa não queria ir de jeito nenhum. Sabe aqueles momentos que a gente esquece nossos sonhos pelos outros? Eu fui adiando, adiando. Quando fui, conheci a Fer e acho que nunca mais volto. 

- É bom ter uma pessoa assim ao seu lado, que faz seu mundo parar - acabei lembrando da Fabi, mas quem eu pensei foi a Bia. Quando a operação acabou, era ela quem eu queria ver. Quando tomei os tiros de raspão era pra ela que eu queria falar que estava bem. Como podemos criar algo, sem nem perceber?

- Flávia?! - Bruna me chamou - Foi longe hein?!

- Vamos começar o depoimento Carol? Quanto antes começar, antes terminamos. 

- Sim, quero finalizar isso. 

- Bru vou pedir só pra você não interferir nos questionamentos, pq tem uma ordem de raciocínio. Pode ser? Depois, se a Carol permitir, você conversa um pouquinho com ela. 

Comecei o depoimento com as questões básicas que são nome, endereço, estado civil, depois fui aprofundando. Perguntei o que ela lembra do dia do sequestro, quem era o Puca, como ela o conhecia, se tinham negócios juntos. Depois fui estreitando um pouco, apertando, conhecia o Puca? Alguma vez se envolveu em tráfico de órgãos? Já trabalhou na implantação ou retirada de órgãos?

Apesar dela aparentar ser completamente vítima dessa quadrilha, não posso deixar de explorar alguns pontos, digamos pessoais: Além da sua ligação com o Puca, alguém poderia programar seu sequestro, alguém não gosta de você? 

- Acho que não, no máximo algum paciente que não gostou de algo - no meio da frase ela foi afinando, conforme foi lembrando de algo - Acho que não tem nada a ver, mas tem uma ex namorada da Fer, de Portugal, que jurou que faria o que pudesse e não pudesse para ter a Fernanda de volta. 

- Humm, excelente. Quem é ela?

- Eu não sei o sobrenome, ela se chama Milena. Pelo que entendi, ela conhece a Fernanda desde a infância, há uns 4 anos, ela foi morar em Londres e voltou agora para Portugal. 

- Mas acha que poderia ser mandante ou pelo menos repassar sua localização?

- Eu sou super boba, então quase nunca vejo maldade nas pessoas, ela falou que ia brigar pela Fernanda até o fim, mas aquele papo sem noção de quem perdeu. Apesar que praticamente ninguém sabia que eu iria chegar no Brasil. Quem sabia era meu irmão, a Clara e a Fernanda, pessoas que confio completamente. 

- Essa moça Milena, ela morava em Londres ou viajava de tempos em tempos? 

- Ai Flávia, detalhes eu juro que não sei. Esbarrei com ela duas ou tres vezes. Eu sei que foi morar em Londres, saiu meio que sem dar satisfação pra ninguém. Porque Flávia? Alguma hipótese?

- Não, tudo bem Carol. Estou explorando as possibilidades só, arrecadando algumas opções - Não explorei o tema com ela, até porque a Bruna está do lado, mas eu bem que poderia dizer “ É que Londres e Portugal são rota de tráfico humano, você foi sequestrada por uma quadrilha de trafico de orgãos, a amante dessa aqui do lado é suspeita de trafico humano para Londres, essas coisinhas simples, muitas hipóteses para os mesmos lugares”.

Fui perguntando mais algumas coisinhas para ela, tentando já deixar o mais organizado e mastigando o depoimento. Quando eu terminei os questionamentos perguntei se a Carol queria acrescentar alguma informação. Mas ela disse que não, que era o suficiente e que apenas queria terminar tudo isso. 

- Carol, da minha parte então é isso. Eu estou satisfeita com as perguntas. 

- Se você precisar de mais alguma coisa, mais alguma informação tem o meu celular. Sabe que pode ligar a qualquer momento. Eu devo voltar para Portugal daqui uma ou duas semanas, imagino. Acho que vai ser o tempo de fazer essa cirurgia e assinar o divorcio, não deve demorar muito. 

- Carol, se você não se importar, quero te perguntar algumas coisas - A Bruna, apesar de ter ouvido quieta o depoimento, voltou a falar. 

- Meninas, eu vou ao banheiro e pegar um vento, vou dar um tempinho para vocês - levantei tranquila da cadeira e segui ao banheiro, joguei uma água no rosto, deixei a água cair nos punhos. Depois sequei suavemente o rosto e fui para fora da lanchonete, realmente pegar um pouco de ar, se é que em São Paulo existe ar, acho que só tem fumaça. Enrolei na rua uns 15 minutos, tempo o suficiente para ver briga de casal, cracudo, uma batida de carro e um artista de rua distribuindo rosas. 

Voltei à mesa e as duas já estavam terminando a conversa. Na verdade estavam conversando sobre portugal, nem lembrava que a Bruna havia morado lá um tempo. A Bruna estava falando sobre pontos turísticos e lugares que a Carol deveria conhecer. Me aproximei e fiquei acompanhando. 

- Meninas, adorei a conversa, de verdade. Mas eu preciso ir, tenho tanta coisa para resolver hoje ainda. Quero ficar o menor tempo possível no Brasil. 

- Carol, talvez eu ainda entre em contato com você outras vezes. A investigação está em aberto e posso precisar de novos depoimentos.

- Eu entendo Flávia, confesso que gostaria de nunca mais falar sobre o sequestro, mas se precisar estou à disposição. Meninas, quando forem a Portugal, que sei que um dia vão, quero que me liguem. Faço questão de receber vocês. - a Carol falou levantando da cadeira - Boa sorte na matéria Bruna, não esquece de não me identificar, por favor. 

- Claro, fica tranquila. 

- Flávia, mais uma vez, obrigada por tudo. 

- Só fiz meu trabalho Carol - ela segurou minhas mãos e voltou a falar. 

- Não, seu trabalho seria só me tirar do cativeiro. Você cuidou de mim, me acalmou, deu comida, água, suporte. Isso é além, é profissionalismo. De verdade, se um dia for a Portugal me fala, gostaria muito de te receber. Enfim, tem meu telefone, tem o telefone da Fer, sabe onde me achar - ela soltou minhas mãos e me deu um abraço. Senti uma calma e uma paz muito boa. 

- Eu te aviso sim Carol e boa sorte com suas pendências no Brasil - Ela sorriu calma e leve, com o rosto inchado. Pegou seus pertences e saiu da lanchonete. 

- E nós? - a Bruna me perguntou. 

- Vamos pagar a conta e ir. 

- A Carol quis pagar tudo, falou que estava te devendo um lanche. 

- Aff, não precisava. Mas se está pago, tá pago. Eu estou com a minha moto aí fora se quiser. Pensei em irmos pra sua casa. 

- Claro, pensei nisso também. Faz tempo que você não vai lá - eu apenas sorri, não queria me desgastar antes da hora. Fomos andando até minha motinho, que estava praticamente na frente da lanchonete. Subi e ela montou logo em seguida. A Bruna sabe como usar bem o seu corpo, mas principalmente aprendeu as coisas que eu gosto, durante todo o tempo que levamos até sua casa, ela colou o corpo em mim, bem colado, dava para sentir as mamas firmes nas minhas costas, o abraço apertado na minha cintura. 

Chegamos em Santana, ponto oposto da cidade de São Paulo, uns 20  minutos depois. Devo agradecer ao horário e por estarmos de moto, caso contrário ainda estaríamos nem na metade do caminho por conta do trânsito paulistano. Estacionei a moto nas vagas predeterminadas e seguimos para o hall. Paramos em frente ao elevador, e a minha sensação era estranha, meu peito estava começando a ficar cheio, como se o ar não estivesse saindo. Entrei no elevador e a Bruna se apoiou na minha frente, olhando pra mim firme, forte, posso dizer que ou ela interpreta muito bem ou não consegue ter nenhum raciocínio sobre as merd*s que faz.  Se ela imagina que com esse olhar matador, vamos entrar na casa dela e trans*r até morrer, está bem enganada. Não estou conseguindo ficar perto dela nem para um abraço. 

- Cadê o Mike? - Estranhei a ausência de latidos do yorkshire dela, que normalmente grita quando alguém chega perto. 

- Está no meu pai - falou abrindo a porta. Pai? Ela não fala com o pai dela, não tem contato. Deve ser padrinho, acabou saindo como pai - Flavinha, fica à vontade. vou só trocar de roupa e ai conversamos. Pode ser? 

- Bru, vamos conversar, não enrola mais. 

- Não estou enrolando, só está quente essa roupa. Vou trocar de roupa rapidinho - falou já andando - Ah, tem aquela água de sabor que você gosta na geladeira, deixei uns queijos pra gente também - Novamente, ou ela não tem noção ou é cínica demais, juro que não sei. De todo modo fui até a cozinha dela, eu só tomei um café na lanchonete, estou com fome. Abri rapidamente a geladeira, realmente havia algumas águas saborizadas e uma tábua de queijos, já montada. Claro havia outras coisas, inclusive uma pizza, que acabei pegando um pedaço, só achei estranho porque era meio mussarela e metade rúcula, a Bruna não gosta de rúcula. Havia também algumas cervejas, a Bruna até bebe cerveja, mas o padrão dela é mais vinho. Até aí o padrinho dela mora ao lado, ela tem amigos. 

Claro que como eu havia previsto, ela voltou com uma roupa micro, uma bermuda soltinha, quase mostrando as laterais e uma blusinha, que os peitos siliconados estavam deliciosamente aparentes. Mais uma coisa que não posso negar é que gostosa, a Bruna é.

- Não pegou o queijinho amor?

- Bru, não vim pra comer, quero conversar com você. 

- Eu sei, também quero conversar com você. Mas também quero um queijinho e uma taça de vinho - ela foi até a cozinha e voltou com a tábua de queijos na mão e uma taça, apoiou na mesinha de centro e voltou a cozinha, trazendo dessa vez, uma  garrafa de vinho e uma água saborizada - Linda tem café também se quiser. 

- Bru, de verdade, não quero nada. Quero conversar com você - falei sem gritar, claro, mas falei firme 

- Tá certo. Antes de começar, como você está? - perguntou com voz aveludada 

- Como estou com o que? 

- Com o falecimento da Fabi! Imagino que não foi tranquilo passar por isso. 

- Se você estivesse lá, saberia que não foi nem um pouco fácil. Eu estou quebrada, me recuperando ainda. 

- Eu imaginei isso, que foi um baque grande. 

- Cara, como você consegue me falar isso com essa calma? 

- Porque eu não estaria calma Flavinha? A morte faz parte da vida. 

- Claro que faz, mas você sabe a importância que a Fabíola tinha pra mim, o quanto foi difícil pra eu me soltar. 

- Sim amor, nunca disse que ela não tem importância pra você, mas a morte dela faz parte da vida. Talvez tenha sido um alívio pra você até. 

- Isso nem vem ao caso, sobre como eu me sinto ou não, afinal aguentei isso tudo sem você. Porque você sumiu, Bruna? E sumiu quando eu mais precisava de você. 

- Fla, foi como eu te disse na mensagem. 

- Que mensagem Bruna? 

- Eu te mandei uma mensagem explicando tudo, falando que o jornal estava sendo vendido, meu pai precisava muito de mim naquele momento, estava havendo uma nova definição de cargos. Não poderia me afastar. 

- Seu pai? Você voltou a ter contato com seu pai? 

- Não amor, não. O Antônio me contou que é meu pai, na verdade nem muda muita coisa, ele sempre cuidou de mim, sempre pagou minha formação, pagou minhas viagens. Acho que no fundo eu já desconfiava. 

- Então você não me deu suporte no falecimento da Fabi porque o jornal estava sendo vendido?

- Não é só a venda em si, tinha muita coisa envolvida. Passagem de função, redistribuição de cargos, o António precisava de mim.

- Entendi, acho que entendi. Eu, sua namorada, não precisava de apoio algum. Seu pai vendendo a empresa dele precisava de apoio. Tá certo. 

- Você me faz parecer uma mercenária falando desse jeito. Eu tenho certeza que alguém te apoiou durante o enterro da Fabi, meu pai ninguém poderia ajudar.

- Isso não te faz mercenária não, só te faz Bruna. Me mostra mais um pouco quem você é, suas prioridades, suas vontades. Isso me mostra, mais uma vez, que não temos encaixe algum. Já conversamos sobre isso, somos de mundos diferentes, de origens diferentes, não tenho a classe ou a experiência que você deseja. 

- Nunca falei isso de você. 

- Nem precisa falar, você age deixando claro o quanto não sou nobre como você. Nem sei um termo pra isso. Enfim Bruna, acho que já deu pra gente. Vim conversar isso pessoalmente, não sou criança ou irresponsável a ponto de terminar por mensagem. 

- Está terminando comigo?

- Sim!

- Ah Flávia, para com isso. Só porque eu não fui com você no velório? Chega, esquece essa história, fica aqui hoje, conversamos com calma, namoramos um pouco. Só estamos afastadas, deixamos a correria do dia a dia puxar a gente. Só precisamos nos alinhar de novo, nada de mais. 

- Bruna, a gente não se encaixa! - Eu estava começando a perder a paciência, estava com vontade de gritar - Não vou ficar em um relacionamento que eu não sou prioridade, que eu tenho que mudar sempre. 

- Fla, se acalma - ela tentou segurar minha mão, mas eu puxei - Vai lá no banheiro, lava o rosto, respira um pouco, se acalma. Ai volta aqui e a gente conversa. 

- Eu não quero me acalmar Bruna, é simples. 

- Por favor, por favor - eu puxei um ar, estava realmente ficando bem nervosa, vou ser sincera, nunca terminei com ninguém. A Fabi foi minha única namorada. Ah, mas e as ficadas? Uma hora a gente para de se falar, de se responder e acabou. - Vai lá no do meu quarto. 

Fui no primeiro banheiro que tinha no caminho, o lavabo da sala mesmo. Abri a torneira rapidamente e coloquei os punhos na água e fechei os olhos, fui tentando acalmar minha respiração e meu aperto no peito. Depois, com os olhos ainda fechados, joguei uma água no meu rosto, sentindo a água escorrer. Puxei a toalha do suporte e sequei meu rosto e depois minhas mãos. Olhei firme para mim mesma através do espelho, não posso cair na lábia da Bruna, eu gosto dela, mas acima de tudo gosto de mim. 

Uma latinha me chamou a atenção na pia, em cima do suporte da descarga, meu faro policial pensou em uma caixinha que os maconheiros usam pra guardar a droga. Abri com cuidado a latinha, vários cigarros artesanais dentro. Peguei um e cheirei, não era maconha, era paieiro. Menos mal, mas me levanta o segundo alerta: a Bruna está fumando? Um ou outro, eu até aceito, mas quem chega a ter esse tipo de “caixinha” é usuário continuo. E eu não gosto de cigarro, não suporto o cheiro. Quem usa uma quantidade dessa, estaria pelo menos com o cheiro e eu abracei ela hoje e não senti o cheiro. As peças não encaixam. Peguei a caixinha aberta e voltei para a sala. 

- Bruna, e isso aqui? - Já cheguei perto dela falando. 

- O que é isso?  - ela olhou a caixinha sem entender. 

- Uma caixinha cheia de cigarro, cheio de paiero. 

- Ah, isso é coisa da mayra, deve ter esquecido isso aí. 

- De novo? Ela voltou a vir aqui na sua casa?

- Ela sempre vem aqui Flávia, você sabe disso.

- Não, não sei não. Até onde você me falou só tinha contato com ela no jornal, um contato pesado, cheio de brigas. 

- Ela veio aqui depois da venda do jornal, acabamos comemorando a venda. Eu ganhei a edição da fácies do Brasil. Era um sonho meu isso. 

- E é com ela que você comemora? 

- Você estava de luto. 

- Um luto que você não apoiou em nada. 

- Flávia, eu precisava comemorar!

- E eu precisava de apoio, precisava de carinho, de você pra me acolher quando eu desmaiasse de dor no cemitério - gritei pra ela.

- Eu não estava lá porque não te amo, amo a Mayra! - ela gritou de volta, sem perceber o que ela gritou, tentando entender - Flávia, desculpa, desculpa. 

- Não é errado amar alguém, é errado estar com outra, enganar outra. Acho que já foi o suficiente por hoje. 

- Não, Flávia, não é isso - ela falou tentando entrar na minha frente. 

- Bruna, eu vou só te falar uma coisa, que você precisa saber e eu não me perdoaria de não te avisar. A Mayra, que você ama tanto, está atolada até o último fio de cabelo de investigação e envolvimento criminal. Você é uma garota que tem tudo para ser gigante, se souber com quem se juntar e com quem evoluir. Não sou essa pessoa, mas fica atenta que a Mayra vai te puxar para baixo - dei um passo pro lado em direção a porta.

- Fla, desculpa, eu… 

- Fica em paz Bruna, porque eu tô leve agora - Sai do apartamento dela puxando o ar, de certo modo me acalmando, retornando a homeostase, mas acima de tudo sentindo um peso saindo do ombro. Eu quero ver a Bia, só isso. Beatriz Coelho, só ela. 

 

Fim do capítulo


Comentar este capítulo:
[Faça o login para poder comentar]
  • Capítulo anterior
  • Próximo capítulo

Comentários para 56 - Capitulo 56:
jake
jake

Em: 19/08/2024

Eita a casa caiu.

Bruna mostrando realmente quem é. Enquanto a Fla sofre .A Bruna se diverti com a ex.

Parabéns Bruna. Obrigada por libertar a Fla .

Flávia vê se vc acorda né. Bia ta na sua

  cara.rsrs

Obrigada Naty, pela excelente história. 

Espero q já esteja escrevendo a próxima 

Pq vc é D+.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

tainateixeira
tainateixeira

Em: 19/08/2024

Fala sério, duvido que a Bruna e a Mayara não tiveram um “revival”.

E que porr foi aquela de “amo a Mayara”?
Agora espero que a Flávia fique com a Bia e se liberte de vez da Bruna.

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Mmila
Mmila

Em: 18/08/2024

Uau!!!!

Máscaras caindo.

Sinto pela Bruna, mais uma vez equivocada.

Flávia tirando um tem das costas.

Hora da grande virada.


Mmila

Mmila Em: 20/08/2024
trem


Responder

[Faça o login para poder comentar]

Informar violação das regras

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:

Logo

Lettera é um projeto de Cristiane Schwinden

E-mail: contato@projetolettera.com.br

Todas as histórias deste site e os comentários dos leitores sao de inteira responsabilidade de seus autores.

Sua conta

  • Login
  • Esqueci a senha
  • Cadastre-se
  • Logout

Navegue

  • Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Ranking
  • Autores
  • Membros
  • Promoções
  • Regras
  • Ajuda
  • Quem Somos
  • Como doar
  • Loja / Livros
  • Notícias
  • Fale Conosco
© Desenvolvido por Cristiane Schwinden - Porttal Web