Beatriz por stela_silva
Capitulo 24
POV Sarah
Eu tentei, eu juro que tentei me aguentar durante esse maldito jantar, tentei muito. Aguentei os olhares de deboche de Deborah, porque ela obviamente percebeu tudo que estava acontecendo, aguentei as pessoas falando sobre negócios, mas minha paciência foi para a puta que pariu quando aquele homem nojento se dirigiu ao amor da minha vida.
-- Beatriz, como vai? - disse simpático.
-- Estou ótima senhor - ela respondeu visivelmente desconfortável.
-- Faz algum tempo... - as pessoas não estavam prestando atenção no diálogo dos dois, mas eu sim estava.
Cecília apenas concordou balançando a cabeça e me encarou preocupada.
-- Eu me divorciei há pouco tempo. Sempre quis revê-la, mas Ricardo disse que você não trabalha mais - ele sorria para ela - Saiba que isso muito me agrada, quem sabe não poderemos ter uma segunda chance, eu estaria muito disposto a tentar - Paulo José tentou tocar na mão de Cecília, mas ela foi rápida e retirou rapidamente de cima da mesa. Se algumas pessoas perceberam simplesmente ignoraram, pois já estavam acostumados a isso, esse idiota sempre teve essa mania de se achar dono de tudo, principalmente das mulheres, só porque tinha dinheiro e poder.
Eu levantei rapidamente da cadeira, quase a derrubando. Todos pararam de conversar e me observaram, respirei fundo tentando me acalmar, mas estava tão difícil.
-- Não estou me sentindo bem, com licença - falei e quase corri para meu quarto.
Eu estava sem controle, assim que entrei no meu quarto gritei em frustração. Sabia que estava vermelha, pois minha raiva era gigante naquele momento. Eu odiava aquele homem, odiava a Deborah, e também odiava Cecília por ter um passado tão imundo. Comecei a chorar de tanta raiva que estava sentindo, sentei no chão e gritei sem controle algum, por quê tinha que ser tão difícil?
-- Sarah - escutei a voz de Cecília cheia de preocupação.
Ela aproximou-se e tentou me abraçar, mas eu só me afastei e levantei rapidamente a encarando e limpando minhas lágrimas com raiva.
-- Sai, por favor. Eu não quero falar com ninguém agora, principalmente com você - disse tudo engolindo a seco.
-- Sarah, não fica assim, por favor - falou angustiada - Eu não sabia, eu juro... Se eu soubesse... Eu...
-- Você não faria nada - sentei na cama e encarei o nada - Seu passado sempre será sujo - fiz uma cara de nojo ao lembrar daquele velho nojento.
Cecília deu alguns passos para atrás como se houvesse levado uma bofetada. Eu sabia que tinha falado de uma forma cruel, mas estava com tanta raiva que não me importei.
-- Tem razão, melhor você ficar sozinha mesmo - disse saindo e fechando a porta fortemente.
Eu sabia que a noite toda seria um martírio para mim, então peguei um dos remédios que minha mãe usa para dormir e tomei. Antes de eu apagar, lembrei do olhar triste de Cecília, eu fiz merd*, eu sei.
No outro dia, acordei e já passava do meio dia. Parecia que estava de ressaca e minha cabeça doía muito. Precisava falar com Cecília, mas antes tomei um banho e minha dor de cabeça melhorou. Desci as escadas já a procura da minha namorada, meu Deus, eu fui horrível com ela.
Encontrei minha mãe cuidando de algumas flores no jardim.
-- Mãe, onde está Cecília? - perguntei me aproximando e beijando seu rosto.
-- Oi, meu amor, como está se sentindo? Fui te ver depois que resolvi tudo, mas você estava em um sono profundo. Ah, sua Cecília voltou para a casa dela ontem mesmo.
-- ONTEM??? - falei exaltada.
-- Sim, ela também não parecia muito bem e depois de alguma horas a amiga dela e um rapaz vierem pegá-la e então ela foi embora, mas antes me agradeceu por tudo.
Fiquei em silêncio e fechei meu olhos frustrada, o que eu fiz?
-- O que aconteceu entre vocês duas? - dona Vera perguntou desconfiada - Vi a Cecília conversando com o Paulo José e ele não pareceu muito feliz com a conversa, logo depois o noivo da Deborah foi falar com ela também, não sei o que disseram, mas não foi demorado. Eu não vou muito com a cara da Deborah, sei muito bem o que ela fez com a Cecília, então me diz o que aconteceu porque eu não sou nenhuma burra que não entende de nada, Sarah Schmidt!
-- Eu pretendia te contar isso hoje e de uma maneira melhor, mas eu e Cecília estamos namorando - falei fazendo careta - Espero ainda estar namorando.
-- Isso não é uma novidade, é perceptível. Olho para vocês e sei que tem algo a mais que amizade. Então o que aconteceu de errados ontem?
Respirei fundo e contei tudo sobre o passado de Cecília para minha mãe. Ela prestava bastante atenção em tudo que eu dizia.
-- Filha - disse arrumando algumas flores - O passada da Cecília não vai deixar de existir só porque você está namorando com ela. Isso que aconteceu ontem pode vim a acontecer outras vezes e você sempre terá essa reação? Se for assim vale mesmo a pena insistir nessa relação? - me encarou seriamente.
-- Não sei - falei sincera e completamente confusa.
-- Pois pense bem nisso antes de ir procurá-la.
Fiquei com minha mãe até o fim da tarde e depois voltei para meu apartamento. Não procurei por Cecília pois não sabia o que dizer e as palavras da minha mãe martelavam na minha cabeça me deixando completamente confusa. Será que eu estava preparada para aguentar todo o peso que o passado de Cecília carregava? Ainda não tinha reposta. Mal conseguir e no outro dia estava cedo na faculdade. Evitei encontrar com minha namorada e ela também não me procurou, fui para meu estágio e o tempo demorou a passar e a noite quando voltei para meu apartamento sentei no sofá e me sentir completamente sozinha. Meu WhatsApp estava repleto de mensagens, mas nenhuma da pessoa que eu mais queria. Talvez eu chorasse se meu celular tocando não me atrapalhasse.
-- Alô... Sim sou... Claro, conheço... O QUE?? - levantei assustada - Estou indo para ir.
Entrei na delegacia desesperada e logo fui encaminhada para falar com o delegado e minha então cliente.
-- Carla! - me aproximei a abraçando.
-- Deixarei que as duas conversem mais vocês tem pouco tempo - disse o delegado nos deixando a sós.
-- O que aconteceu? - perguntei preocupada.
-- Joao Pedro me chamou para uma confraternização em sua casa, mas as coisas saíram do controle. Ele tentou me matar e eu tive que me defender - arregalei meus olhos assustada com o que ela me dizia - Ele arrumou um plano para me matar e ficar com meu dinheiro e o dele também. Na cabeça dele era fácil, ele contratou uma prostituta para fingir gostar dele, então depois diria que fui eu que a contratei pois queria eliminá-lo de vez. o plano na cabeça dele era "Você vai dizer que Carla a contratou para me seduzir e eu esquecer da ideia de ter minha herança, mas que acabou se apaixonando por mim, e depois vai dizer que Carla tentou matar nós dois e para me defender acabei atirando nela"- que ideia idiota, pensei mas Carla parecia realmente abalada com tudo que estava acontecendo - Ele tentou me matar, Sarah... Eu só me defendi, juro que não queria machucá-lo, eu já iria deixar ele ficar com toda a fortuna que pertence a ele por direito, não precisava disso. Eu nunca fiz nada de errado, eu só queria protegê-lo de si mesmo, mas acabou que que eu não soube proteger a mim mesma - falou chorando muito.
-- Calma, Carla... Tudo vai se esclarecer, juro pra você, prometo - voltei a abraçá-la apertado.
De repente um pensamento passou pela minha cabeça e sentir meu corpo gelar.
-- Carla, a garota de programa, ela já sabia sobre o plano do João Pedro de te eliminar? - perguntei temendo a resposta da minha ex mulher.
-- Já, inclusive ela depôs ao meu favor, eu só estou aqui porque eles precisam perguntar mais coisas, mas meu advogado disso que logo serei liberada.
Carla falava, mas meu pensamento estava longe, eu não queria acreditar que Cecília pudesse ser capaz de fazer isso, eu não queria, juro... Não é possível que eu a desconheço tanto assim. Carla percebeu que eu não estava bem.
-- Sarah, o que houve? - perguntou preocupada.
-- Eu preciso fazer uma coisa - falei transtornada - Prometo te ver assim que eu resolver tudo.
Saí daquela delegacia para fazer talvez a maior burrada que já fiz em toda minha vida. Dirigir tentando manter o meu controle, mas era tão complicado, eu estava tremendo e sentia tanta dor ao pensar que Cecília pudesse ser capaz de fazer aquilo, o que eu não sabia era que na minha cabeça idiota, eu já havia a condenado como culpada sem ela ter a chance de defesa. Eu só queria olhar para ela novamente.
O porteiro deixou eu entrar assim que anunciou meu nome. Toquei a campainha e esperei nervosa, Cecília abriu a porta e me olhou desconfiada, eram mais de onze da noite.
-- Manuela tá em casa? - perguntei quando lembrei da menina.
-- Não, ela tá com o Marcos, entre - disse se afastando e me dando as costas. Fechei a porta e caminhei como um furacão para perto dela, a agarrei pelo colarinho da camisa que estava vestindo e a empurrei na direção da parede mais próxima.
-- Vou perguntar só uma vez, portanto me diz a verdade! - falei entre dentes e praticamente cuspindo.
Cecília usava óculos e me encarava com surpresa e tristeza.
-- Me solta - ela disse baixo.
-- Cala a boca! - gritei e apartei mais as minhas mãos na gola de sua camisa. Pelo brilho do seu olhar ela parecia estar perdendo a paciência - Você sabia que o João Pedro iria tentar matar a Carla e você seria a testemunha dele? Sabia ou não?! - exigir uma resposta da garota.
Seu olhar mudou tão rápido que pareceu como um tapa na minha cara. Então os lindos azuis de seus olhos se inundaram em lágrimas fazendo eu perder a força e soltá-la.
-- Eu fui ingênua em achar que você tinha se arrependido e tivesse vindo se desculpar - falou triste e com a voz de choro - E vieram mais acusações - negou com cabeça, tirou os óculos e limpou as lágrimas - Eu preciso realmente responder a isso? Afinal, você acha que eu sou culpada não é mesmo? por quê não me denunciou? Te pouparia de vim me ver novamente. Sai da minha casa, eu não quero mais isso, acabou - ela apenas se dirigiu ao seu quarto e se trancou me deixando sozinha e jogada no chão de sua sala.
Minha ficha caiu e caiu muito tarde. Meu choro desesperado veio na sequência. Eu perdi ela pela segunda vez na minha vida e dessa vez doía ainda mais porque era tudo minha culpa.
Ela terminou comigo e dessa vez, ela tinha toda a razão do mundo em me deixar. Eu a acusei de algo grave... Eu sempre vivia buscando defeitos nela.
Eu sempre culpava tudo menos eu mesma sobre a minha insegurança, era o passado dela, era as pessoas em volta e era principalmente ela...
Mas eu nunca enxerguei de que fato o problema era todo meu, todo... Porque ela sempre buscou fazer o seu melhor para mim e para me deixar confortável, e eu? Eu somente duvidava de tudo e principalmente dela. Como ter uma relação se eu não confiava na minha namorada? Agora ela me odeia e tem toda a razão em me odiar.
Fim do capítulo
Hoje eu lembrei mais cedo akakks
Bjs meninas
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Marta Andrade dos Santos
Em: 31/08/2024
Perdeu Sarah e a Bruninha está na área pra consolar Cecília.
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NovaAqui
Em: 30/08/2024
Ê Sarah! Vacilou legal
Agora é correr atrás do prejuízo
Tô por aqui sim! Aqui sempre tem bons romances, ótimas autoras e isso para mim é muito importante
A gente compra um livro aqui, outro ali, mas não abandona o Lettera
Obrigada por voltar
E não pare de escrever por favor! Pode ser uns romances curtinhos. O importante é estar aqui
Até o próximo
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