Capítulo 23
Sentiu os lábios de Marisa roçarem numa leve carícia em seu ombro. O braço direito apertava sua cintura, proporcionando a deliciosa sensação de sentir os seios dela contra suas costas. Não fazia ideia de que horas eram, nem de quantos orgasmos tinham compartilhado desde o momento em que se deitaram naquela cama. O corpo estava exausto, mas a mente ainda trabalhava:
— Como está seu doutorado?
Marisa riu, pega de surpresa com aquela pergunta. Com o corpo absolutamente relaxado, por tudo que tinham acabado de fazer, não esperava que ela fosse falar sobre estudos:
— Tudo indo bem, estou gostando.
Laila virou o corpo e ficou de frente para ela:
— Por que você riu?
Sem conseguir evitar um novo sorriso, Marisa respondeu:
— Não esperava essa pergunta agora…
Laila também sorriu para ela:
— E os currículos?
Marisa voltou a soltar uma risada e perguntou em tom de brincadeira:
— Você está preocupada em se relacionar com uma malandra, é isso? Tipo uma pessoa que não estuda, não trabalha… Não quer fazer nada da vida…
Laila riu com ela e a beijou nos lábios de leve:
— Isso também, claro… Mas me preocupo com você, sei o quanto você gosta de trabalhar.
Acariciando os cabelos dela e achando linda aquela preocupação, Marisa disse:
— Tive algumas respostas, ainda tô considerando. Aliás, gostaria de te mostrar pra saber sua opinião.
Laila sorriu e confirmou com a cabeça. Depois perguntou:
— Você quer que eu faça uma indicação no meu escritório?
Apesar de — respeitar o espaço dela — ter sido o motivo principal de não ter mandado currículo para o escritório em que Laila trabalhava, uma outra coisa também a impedia:
— Obrigada, mas por enquanto não.
Fez uma pausa e depois completou:
— Seria uma punhalada nas costas do meu pai.
Laila entendeu e admirou que, mesmo depois de tudo, Marisa ainda se preocupava com a família. Concordou com a cabeça novamente e depois perguntou, aconchegando o rosto contra o pescoço dela:
— Vocês nunca mais se falaram mesmo?
Ela balançou a cabeça em negação:
— Nem com meu pai, nem com minha mãe.
Laila ergueu a mão esquerda e pousou sobre o rosto dela, acariciando a bochecha com o polegar:
— E como você está se sentindo com isso?
Ouviu o suspiro profundo de Marisa, antes dela falar:
— Tentando me acostumar. Claro que eu sinto falta, são meus pais, sempre estiveram presentes na minha vida, mas… Eu não tô mais disposta a abrir mão de mim mesma pra ter a companhia deles.
Marisa ajeitou o corpo e passou o braço pela cintura dela:
— Eu estou aqui, eles sabem como me achar. Se quiserem voltar a conviver comigo, ficarei muito feliz, mas não vou levar minha vida de acordo com a vontade deles de novo.
Laila levantou o rosto para olhá-la:
— Fico triste por essa situação, mas também estou muito orgulhosa de você… Eu sei como você sofria tentando equilibrar essas duas partes da sua vida.
O sorriso de Marisa foi visivelmente abatido:
— Exatamente. Mas agora eu entendi que só eu posso ser feliz por mim.
Laila arqueou as sobrancelhas numa expressão de surpresa:
— Foi a Europa que te mostrou isso tudo?
Rindo, Marisa respondeu antes de roubar um rápido beijo dela:
— Não, foi minha terapeuta.
Laila entreabriu os lábios, numa clara expressão de ainda mais surpresa:
— Você está na terapia? Agora sim estou começando a considerar me relacionar sério com você.
Riram juntas mais um vez, e Marisa aproveitou para colar completamente o corpo no dela:
— Bom saber disso!
Depois que o riso morreu, mergulharam num silêncio que indicava que o cansaço, enfim, tinha tomado conta das duas. Laila virou novamente de costas e encaixou o corpo no de Marisa perfeitamente, até serem tragadas para um sono tranquilo.
*****
— Acho que essa é a melhor proposta…
Marisa a olhou e perguntou o que sabia que ela queria falar:
— Mas?
Laila sorriu de forma travessa ao responder:
— Você vai ficar muito longe de mim.
Sorriu junto com ela, a puxando para sentar em seu colo. Estavam no pequeno escritório da casa de Marisa, enquanto ela mostrava para Laila os e-mails que tinha recebido de possíveis contratantes:
— Nada que me impeça de voltar pra você no fim do dia.
Laila a olhou e sorriu suavemente. O tamanho do encantamento do que estavam vivendo era proporcional ao medo que ainda vivia dentro dela. Sabia que precisava ir devagar, com bastante cautela:
— Eu sei, só estava fazendo um charme.
Selou os lábios nos dela rapidamente e voltou a falar:
— Vai aceitar a entrevista?
Ela deu de ombros e, demonstrando que ainda não tinha decidido nada, disse:
— Sinceramente, ainda não sei. Tenho o privilégio de poder esperar e escolher o melhor momento. Mas realmente, já estou doida pra voltar a trabalhar.
A enlaçando pelo pescoço, ainda sentada no colo dela, Laila falou:
— Eu imagino. Então que tal agora trabalhar um pouco e fazer nosso almoço?
Marisa a apertou mais contra si e riu:
— Acho melhor eu ser só sua assistente, se você não quiser comer macarrão de novo.
Almoçaram na mesa da sala, depois de Laila ter cozinhado, com a ajuda de Marisa.
Passaram o restante do sábado dentro do apartamento, revezando entre fazer amor em todos os cômodos e pausando para se alimentarem de vez em quando.
Quando a noite chegou, Laila perguntou, um tanto receosa:
— O que você acha de saírmos um pouco?
Estava sentada na cama e Marisa tinha ido até a suíte escovar os dentes. Ela não estava em seu campo de visão, por isso Laila ficou tentando interpretar o pequeno silêncio que demorou até ela aparecer novamente no quarto:
— Claro. Onde você quer ir?
Sorriu aliviada. Não sabia ainda como Marisa gostaria que se portassem diante das outras pessoas. Depois da separação e da saída do escritório do pai, talvez não quisesse ser vista em público com ela ainda:
— Não pensei em nenhum lugar específico. Conhece algum barzinho aqui por perto?
Já abrindo o armário e procurando por peças de roupa, Marisa respondeu:
— Não… Mas podemos passar a conhecer.
*****
Quando a noite de domingo chegou e Laila disse que precisava ir embora, Marisa fez uma careta de desânimo. Aquele fim de semana tinha superado qualquer expectativa que ela poderia ter criado. Só de imaginar ter que continuar a rotina, sem ter Laila todos os dias ao seu lado, já a fazia ter vontade de chorar:
— Por que você não dorme aqui e vai pro trabalho amanhã?
Tirando o carregador do celular da tomada e o guardando em sua bolsa, ela respondeu:
— Preciso ir pra casa. Tenho que cuidar das plantas… Organizar umas coisas... Não tenho roupa aqui…
Rapidamente tentando criar solução para qualquer desculpa dela, falou:
— Roupa você pode usar as minhas. E depois do trabalho eu vou te buscar e a gente passa na sua casa… Que tal?
Laila sorriu com a intenção dela, mas estava disposta a não atropelar as coisas. Se aproximou de Marisa e passou os braços pela cintura dela:
— Realmente tenho que ir.
A abraçando de volta, Marisa perguntou:
— Amanhã você volta?
Sorriu para ela e disse de forma sincera:
— Vamos com calma, tá bom?
Se lembrou das palavras de Tales e achou a definição perfeita:
— Digamos que estamos começando tudo de novo… Um dia de cada vez…
Marisa suspirou e acenou com a cabeça, concordando com ela. Embora não fosse definitivamente o que queria, entendia aquela cautela:
— Mas posso te ligar amanhã?
Laila concordou e ela perguntou outra coisa:
— Você não vai ficar estranha comigo de novo, né?
Riram juntas, lembrando de como Laila tinha a tratado friamente dias atrás.
— Não vou, eu prometo. Agora eu já aceitei que quero me permitir tentar de novo… Estar com você.
O sorriso de Marisa era de pura satisfação. Aproximou o rosto e a beijou devagar:
— E eu prometo que dessa vez estou cem por cento disponível e disposta a fazer dar certo.
*****
— O que foi?
Marisa perguntou ao olhar para Laila sentada na cama, imóvel.
— Ainda não sei se é uma boa ideia.
Riu da expressão de quase pavor dela e se aproximou:
— Vai dar tudo certo, minha linda. Calma… Eu sei o que me espera.
Laila passou os braços pela cintura de Marisa — que parou de pé em sua frente. Tinha convidado Tales e Bárbara para uma pizza em seu apartamento, por pura pressão dos amigos, que insistiam que queriam conhecer Marisa oficialmente. O que a estava deixando inquieta é que conhecia muito bem os dois e sabia que eles ainda tinham, não um, mas os dois pés atrás com Marisa:
— Não é que eles não gostem de você… Só que eles só conhecem a minha versão dos fatos.
Acariciando de leve os cabelos dela, Marisa respondeu:
— Eu fico muito aliviada de não ter crédito algum com eles. Significa que são seus amigos de verdade e se preocupam com você.
Levantou o rosto de Laila, tocando o queixo dela, e a olhou nos olhos:
— No lugar deles pensaria a mesma coisa. Eu tenho total culpa do que aconteceu.
Se inclinou e beijou a testa de Laila antes de completar:
— Mas pretendo mudar a opinião deles te fazendo feliz.
*****
Sentiu um frio na barriga quando a campainha tocou. Abriu a porta e sorriu apreensiva para os amigos. Abraçou Bárbara e depois Tales. Marisa estava de pé na sala quando Laila entrou e os apresentou:
— Essa é a Bárbara.
Se cumprimentaram com dois beijos no rosto, e Bárbara disse:
— Prazer em finalmente te conhecer.
Marisa respondeu e Laila logo passou à apresentação de Tales:
— Esse é Tales, mas vocês já se conhecem…
Marisa sorriu para ele antes de também se aproximarem e trocarem beijos:
— Um prazer revê-lo.
Quando todos se sentaram à mesa e os copos ficaram cheios, Laila se sentia uma pilha de nervos. Na cabeça dela, a qualquer momento tudo ia desandar e os três iam começar uma guerra.
Percebendo a tensão dela, Marisa pousou a mão sobre a de Laila, em cima da mesa. Os olhares se encontraram e Marisa sorriu levemente para ela, como quem diz “está tudo bem”.
Os primeiros minutos foram, de fato, um pouco constrangedores, já que Tales, Bárbara e Marisa não tinham nenhuma intimidade, e Laila — que deveria fazer a ponte entre eles — estava visivelmente tensa, sem conseguir participar ativamente da conversa.
Três taças de vinho depois, estavam mais à vontade, com exceção da anfitriã. Tanto que Tales não se segurou:
— Credo, Laila, assim você vai ter um treco. Relaxa!
Os três olharam para ela, que tinha o corpo tensionado, enquanto mentia:
— Eu tô relaxada…
Marisa colocou a mão direita sobre o ombro dela e apertou de leve, sentindo a tensão dos músculos:
— Estou vendo.
Bárbara voltou a encher os copos:
— Então, Marisa… Laila tá com medo de que a gente fale alguma coisa que estrague a noite.
Tales riu e Laila arregalou os olhos, mas Bárbara continuou mesmo assim:
— Você sabe… Alguma coisa sobre o que aconteceu com vocês no passado.
Quase em desespero, Laila pediu:
— Pois é, mas nós não vamos falar sobre isso.
Marisa voltou a entrelaçar os dedos nos de Laila antes de dizer:
— Quando eu fui uma completa idiota?
Percebeu o olhar de reprovação de Laila, que logo mudou para surpreso, quando Tales emendou:
— E imatura…
Quando Bárbara finalizou:
— Até um pouco filha da puta…
Laila abriu a boca encarando a amiga. Prontamente interferiu antes que os amigos falassem algo mais:
— Ah gente, sério?
Marisa riu do semblante desolado dela e achou linda a forma como Laila tentava protegê-la. Aproximou o rosto e a beijou na bochecha, depois virou-se novamente para os dois:
— Eu concordo plenamente com vocês. E tive muita sorte de não ter perdido Laila pra sempre.
Olhou para a mulher que amava, sentindo o coração acelerar. Tocou e acariciou o rosto dela antes de dizer:
— E nunca mais vou correr esse risco.
*****
Depois que os amigos foram embora, Marisa a ajudou a lavar a louça. Quando terminaram e foram para o quarto, Laila pediu:
— Desculpa a sinceridade exacerbada deles…
Marisa sorriu enquanto tirava a blusa:
— Eles não falaram nada demais.
Laila continuou parada no meio do quarto:
— Mas não precisavam ter falado algumas coisas.
Tirando a calça, ela disse:
— Seus amigos são maravilhosos. E eu sinto que, em algum momento, eles vão me aceitar de verdade.
Ficou olhando para Marisa, apenas de lingerie, e por alguns instantes se esqueceu do que estavam falando. Ela se aproximou e colou o corpo quase desnudo no de Laila:
— Relaxa, meu amor. Deu tudo certo, a noite foi ótima.
Sentindo a pele se arrepiar com o toque dela, Laila a olhou nos olhos, depois o olhar procurou a boca de Marisa. A beijou lentamente, como se procurasse ali o relaxamento que Marisa tinha proposto. Quando os lábios se afastaram, disse:
— Obrigada por ter aceitado esse encontro com eles.
Sentiu as mãos de Marisa deslizarem pelas alças do seu vestido, fazendo o tecido escorregar até seus pés:
— Eu quero conhecer e participar de tudo que for importante pra você.
Sorrindo, Laila deslizou as mãos lentamente pelas costas dela e abriu o sutiã. Sentiu as mãos de Marisa fazerem o mesmo com o seu.
Sem parar de beijá-la, a conduziu até a cama. Se afastaram apenas para que Marisa se deitasse e Laila se colocasse por cima dela. As bocas voltaram a se encontrar, dessa vez com um pouco mais de pressa. Laila desceu pelo corpo dela, beijou a barriga e o sex* por cima da calcinha. Depois puxou o tecido para baixo com ambas as mãos, fazendo com que Marisa ficasse inteiramente nua.
Movendo o corpo rapidamente, Marisa se pôs por cima:
— Você tá precisando muito relaxar…
Beijou o pescoço dela, fazendo Laila sorrir e suspirar. A mão direita tocou os seios, massageou, estimulou, adorando ouvir a respiração ofegante dela em seu ouvido. Não entendeu quando Laila empurrou levemente seus ombros. Levantou a cabeça para olhá-la e ela disse:
— Sabe como eu quero relaxar?
A voz rouca e o olhar de puro desejo dela só permitiram que Marisa perguntasse da mesma forma:
— Como?
Laila levou as mãos às coxas dela a puxando para cima:
— Assim.
Marisa só obedeceu, levantando o corpo e se encaixando sobre o rosto dela. Quando sentiu o primeiro toque da boca em seu sex*, fechou os olhos. Espalmou as mãos na cabeceira da cama enquanto o quadril ganhava vida própria, rebol*ndo e se esfregando contra o rosto dela.
Laila sentiu a umidade entre suas próprias pernas aumentar com o gosto delicioso de Marisa em sua boca. Apertou as mãos com força na cintura dela, enquanto esfregava as próprias pernas uma contra a outra, na tentativa de aplacar o desejo. Os gemidos de Marisa fizeram com que aumentasse o ritmo, cravando as unhas na pele do quadril.
— Ai, amor, assim eu não vou aguentar...
Cumprindo o que tinha acabado de dizer, o corpo de Marisa tremeu, os gemidos foram quase gritados e segurou com força na cabeceira.
Laila quase gozou junto com ela, só sentindo e ouvindo a reação de Marisa. Ainda continuou sugando o sex* dela, querendo sorver cada gota de prazer, até Marisa se afastar devagar. Ela voltou a se deitar por cima de Laila e disse:
— Só um segundo, preciso me recuperar.
Laila soltou uma gargalhada que para Marisa foi deliciosa de ouvir. Também riu com o rosto escondido no pescoço dela. Alguns minutos depois, começou a beijá-la ali, devagar, sentindo a pele dela se arrepiar. Levantou o rosto e beijou-a na boca, se encaixando entre as pernas dela. Depois desceu pelo corpo de Laila e se livrou da calcinha que ela ainda usava. Sentiu a própria excitação retornar ao ver como ela estava molhada. Segurou as pernas dela pela parte de baixo das coxas e as levantou levemente, quase fazendo com que os joelhos dela encostassem nos seios. A visão que teve, fez Marisa tremer, umedecendo os lábios inconscientemente antes de, quase com desespero, colar a boca entre as pernas de Laila.
Fim do capítulo
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Mmila
Em: 28/08/2024
Mais um dia de amor. Lindo isso.
Os amigos de Laila sendo amigos.
Vamos em frente everascenas dos próximos capítulos.
AlphaCancri
Em: 29/08/2024
Autora da história
Finalmente elas entraram numa vibração só de amor.
Laila tem amigos de verdade!
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Dessinha
Em: 28/08/2024
E haja amor ???? Belíssimas!
AlphaCancri
Em: 29/08/2024
Autora da história
Só amor na vida das duas
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Marta Andrade dos Santos
Em: 27/08/2024
Passou bem pelo interrogatório em Marisa agora é só amor.
AlphaCancri
Em: 29/08/2024
Autora da história
Ela se saiu bem, né?
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HelOliveira
Em: 27/08/2024
Laila tem verdadeiros amigo, gostei da sinceridade e tb de como Maraísa reagiu...
Tá tudo muito lindo da até medo
AlphaCancri
Em: 29/08/2024
Autora da história
Tá parecendo a calmaria antes da tempestade? rsrs
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AlphaCancri Em: 29/08/2024 Autora da história
Ela se saiu bem mesmo, temos que admitir.
Eu também espero, viu? rsrs