Marina
Julia estava exausta física e emocionalmente. Os últimos dias e todas as reviravoltas emocionais que ela havia sofrido, finalmente estavam cobrando o seu preço. E das várias emoções que ela estava sentindo naquele momento, a única coisa que ela realmente queria era chegar em casa, tomar um banho quente e tentar esquecer só por uma noite a ausência de Manuela em sua vida uma vez mais.
A presença de Manu no aeroporto ao lado de Willian, congelou a ruiva por um instante. Ela não fazia ideia de que a morena estaria ali, e fazia menos ideia ainda do que aconteceria a partir daquele momento. Will, que estava mais preocupado com o marido do que com qualquer outra coisa naquele momento, deixou as duas se virarem sozinhas e foi em direção a Pedro de braços abertos.
— Você devia ter me contado. — Manu falou com simplicidade, assim que ficou frente a frente com Julia, por falta de algo melhor para dizer. E aquela fala não era uma acusação, apenas a constatação de um fato, algo que Julia aparentemente havia percebido.
— Eu sei. — Julia respondeu com lágrimas nos olhos — Eu realmente sinto muito pela maneira que você descobriu.
Manuela suspirou longamente antes de responder. Ali não era lugar ou momento para elas terem aquela conversa, Manu queria mesmo era levar Julia para casa e ter certeza de que ela estava bem, coisa que depois da conversa com Pedro pelo telefone era a única coisa na cabeça da morena.
— Eu não quero que você chore. Não por minha causa, pelo menos. — Ela falou com sinceridade — Eu vim aqui hoje porque eu queria que você soubesse que eu realmente sinto muito por tudo que aconteceu com você. Eu realmente sinto. Eu só — Manu hesitou — desculpa.
— Você não precisa dizer nada, não é sua culpa. — Julia disse com pesar.
— A gente devia conversar, com calma, se você quiser. Talvez depois que você descansar da viagem e tudo que você e o Pedro passaram por lá. — a publicitária falou com um pouco mais de segurança, mas nem de longe com tranquilidade.
Julia não teve muito tempo para pensar no significado das palavras de Manuela, mas pareceu para a ruiva que ela estava recebendo uma espécie de ultimato, mesmo com a gentileza das palavras de Manu, foi essa a impressão da arquiteta. Algo que poderia ser absolutamente positivo ou simplesmente o fim da relação das duas. E essa última possibilidade era algo que Julia não estava de maneira alguma preparada para divagar naquele momento. Para sorte da arquiteta, ela não precisou.
— Oi, Manu. — Pedro falou chegando perto das duas. Depois de cumprimentar o marido e dar alguns minutos para que Julia e Manu fizessem o mesmo, o rapaz decidiu se aproximar. Pedro estava exausto e só queria chegar em casa o quanto antes, o que significava descobrir o que aquelas duas estavam planejando fazer.
— Oi, Pedro. Tudo bem? — Manu respondeu abraçando o amigo, Julia e Will também trocaram um abraço rápido.
— Já estive melhor, mas nada que uma boa noite de sono não ajude a resolver. — Pedro respondeu com sinceridade.
— Falando nisso, você vai querer uma carona até em casa, Ju? — Will foi direto ao ponto.
Julia encarou o rosto de Manu sem saber o que responder.
— Eu posso levar ela, você devia ir descansar. — Manu falou para Pedro e depois encarou Will — E a gente conversa melhor depois, pode ser?
— Tá ótimo pra mim. — Will respondeu colocando a bolsa do marido em um dos ombros. Ele sabia sobre o que Manuela queria conversar, mas sabia também que aquele não era o momento.
Os quatro se despediram, com Pedro sussurrando para a prima enquanto os dois se abraçavam que se ela precisasse de alguma coisa era só ligar, e seguiram para os seus respectivos carros. Enquanto o casal de rapazes aproveitou a viagem até em casa para conversar, as duas mulheres preferiram o silêncio. Havia uma certa tensão entre as duas, mas não era a primeira vez que elas se encontravam naquela situação, era de se esperar que ficasse mais fácil com o tempo e a familiaridade de tudo aquilo.
Julia estava cansada e preocupada, mas o fato de Manuela ter ido até o aeroporto e ter se voluntariado para levar Julia até em casa era um bom sinal. Claro que não era só isso, mas ao menos a arquiteta sabia que as duas iam ter uma oportunidade de ficarem juntas aquela noite, fosse como fosse, já era melhor do que qualquer coisa que a ruiva pudesse ter esperado.
Manuela fechou a porta do apartamento, colocou as chaves e o celular no aparador ao lado da bolsa que Julia havia acabado de depositar ali, ela observou a ruiva retirando o casaco enquanto entrava na sala. Manu sabia o quanto Julia estava cansada, dava pra ver só de olhar para ela e elas tinham tanta coisa para conversar, Manu tinha tantas coisas para dizer, mas era importante primeiro ter certeza de que a ruiva estava bem.
— Que tal um banho e alguma coisa leve pra comer? — Manu sugeriu.
— Eu tô sem fome. — Julia respondeu encarando o rosto da publicitária com expectativa.
Manuela se aproximou do braço do sofá pensando no que dizer.
— Mesmo assim você devia tentar comer um pouquinho. — Manu falou depois de alguns segundos de reflexão.
— Talvez eu devesse mesmo tomar um banho primeiro. — Julia respondeu por fim, também cautelosa.
— Okay, eu vou esperar aqui e pedir alguma coisa pra gente comer. — foi tudo que Manu disse antes de se virar e ir em direção ao celular.
— Manu?
— Sim? — a outra respondeu sem se virar.
— Você tem certeza que quer estar aqui agora? — Julia perguntou por fim. Por mais que a arquiteta quisesse mais que tudo naquele momento ficar junto com Manuela, ela sabia que devia à publicitária uma oportunidade de escapar daquela situação. Afinal, nada do que havia acontecido era responsabilidade de Manu.
— Eu não teria ido te buscar se eu não quisesse. — Manuela respondeu com simplicidade antes de observar Julia se retirar da sala.
**
Manuela aproveitou a oportunidade para poder dar alguns telefonemas, entre eles para mãe e Amanda, com quem ela só tinha conseguido falar por mensagem durante o dia. Depois de assegurar para as duas, em telefonemas diferentes, que estava tudo bem e que elas não precisavam se preocupar, Manu ficou sentada no sofá tentando imaginar o que viria a seguir.
Manu pensou que aparentemente Julia estava precisando de algum espaço para pensar e, naturalmente, a publicitária pretendia deixar que a ruiva tivesse ao menos isso. Ela sabia que era também parte sua culpa tudo o que havia acontecido nos últimos dias entre elas, mas ela não podia ignorar o fato de que se Julia tivesse confiado nela em primeiro lugar, nada disso teria acontecido. Manu sabia que era estúpido pensar dessa maneira e que Julia tinha total direito de se abrir só e quando se sentisse confortável sobre algo daquela magnitude. No entanto, a carga emocional que envolvia toda aquela história às vezes pesava muito mais do que parecia e Manu não conseguia se livrar do sentimento de que Julia não só não confiava nela, mas não confiava nela justamente com aquele pedaço de intimidade que ela dividia com Mateus, algo que Manuela não podia fazer parte.
Claro que a publicitária, racionalmente, sabia muito bem como separar as duas coisas. O que Julia tinha sofrido era algo que Manu não tinha a menor ideia de como havia sido difícil, mesmo sem entender todos os detalhes de como as coisas tinham se desenrolado, ela sabia que nada era mais importante do que garantir para ruiva que ela estava ali para o que ela precisasse, seja lá o que fosse quando o assunto era aquele. Não tinha nenhuma outra coisa que Manu quisesse mais do que garantir que Julia estivesse bem e isso era maior do que qualquer sentimento de rejeição que estivesse querendo surgir dentro dela naquele momento. Mas, ela também não podia mentir para si mesma, ela andava realmente cansada de tudo aquilo.
**
Julia parou na porta simplesmente admirando Manuela por alguns instantes. A publicitária estava totalmente concentrada no celular e não notou a chegada da ruiva. Ju aproveitou a oportunidade para absorver o sentimento de estar na presença de Manu, ainda mais depois de tudo que tinha acontecido nos últimos dias.
— Eu estava pensando no banho que até hoje você não tocou nada pra mim no piano, você costumava tocar para mim o tempo inteiro. — ela falou chamando a atenção de Manu.
A publicitária virou o rosto em direção a Julia e encarou os olhos verdes por alguns segundos avaliando, procurando por alguma coisa que Julia não fazia ideia do que era, antes de falar.
— O que você quer ouvir? — ela disse por fim.
— Qualquer coisa que você queira tocar. — Julia respondeu com simplicidade antes de se sentar ao lado de Manu. Julia não era educada em música clássica, mas sabia o suficiente para reconhecer uma ou outra. Ela sabia que Manu, pelo fato de tocar piano, ainda que de maneira amadora a vida toda, era muito mais familiarizada com esse estilo de música. Mas mesmo sem conhecer, era lindo de ouvir e Julia estava mais do que satisfeita de ver Manu tocar quantas músicas ela quisesse, especialmente por tudo que aquilo significava na relação das duas.
— Faz anos que eu não toco nada para ninguém. — Manu comentou com um pequeno sorriso, às vezes parecia que tudo o que elas haviam vivido tinha acontecido em outra vida e ela definitivamente não era mais aquela mesma pessoa. — Mas, a gente pode arranjar isso.
— Obrigada.
As duas se encararam por alguns segundos antes de Manu voltar a olhar para as próprias mãos.
— Você acha que a gente vai ficar bem? — ela questionou num sussurro.
Julia foi pega de surpresa por aquela pergunta e só naquele momento ela percebeu o que Manu estava procurando nos seus olhos quando ela entrou na sala. Julia havia ficado tão envolvida em tudo que havia acontecido no Rio, que não tinha notado a dúvida no olhar de Manuela, mas estava lá de forma cristalina. Aquele questionamento proporcionou a Julia uma calma que ela não se lembrava de já ter sentido, simplesmente pelo fato de que mesmo com medo de perder tudo que elas estavam tentando reconstruir, era uma na outra que elas estavam buscando conforto.
— É claro que vai. Pelo menos é isso que eu quero. — Julia falou tomando uma das mãos da morena nas suas.
Manuela não respondeu com palavras. Ela apenas encarou os olhos de Julia por um tempo antes de puxar a ruiva para um abraço. Naquele momento ela conseguiu sentir um alívio que ela não sabia que estava precisando, mas que era absolutamente bem-vindo, mesmo que ela soubesse que aquele sentimento não estava ali para durar.
— Eu tive medo que as coisas fossem ser como da primeira vez e agora por minha culpa também. — Manu confessou ainda dentro do abraço.
— Você não tem culpa de nada. Eu já te disse isso. — Julia respondeu se afastando para encarar os olhos de Manuela. De repente ela percebeu que era a hora de acabar com aquela situação, ela precisava contar tudo para Manu e, mais especificamente, ela queria que Manuela soubesse de tudo.
— Eu não devia ter ido embora daquela forma. — a morena falou com um suspiro — Eu devia ter ouvido o que você tinha a dizer.
— E eu devia ter dito muito antes daquele dia. Não é sua culpa. — Julia argumentou mais uma vez.
Manuela encarou os olhos de Julia por alguns segundos antes de se levantar. Ela não queria se afastar de Julia, mas as coisas que ela precisava dizer provavelmente iam trazer algumas mágoas à tona. Manuela queria deixar claro que naquele momento, mesmo com tudo que elas já haviam vivido, ela era tão culpada pelas próprias atitudes quanto Julia era pelas delas e a ruiva tinha direito a se sentir ferida tanto quanto Manu.
— As coisas que eu te disse aquele dia, eu nunca vou conseguir colocar em palavras o quanto eu me arrependo e não tem nada mais que eu possa dizer além de me perdoa.
Julia continuou sentada, agora encarando o rosto da mulher de pé diante de si. Ela podia ver o arrependimento de forma cristalina nos olhos de Manuela e também o quão certa ela estava de imaginar que Manu estaria sofrendo por tudo que aquilo significava. Julia não queria lembrar das palavras de Manu, ela queria esquecer, era tudo tão doloroso de reviver, mas elas precisavam.
— Você não fazia ideia. — Julia falou por fim.
— Isso torna as coisas que eu disse ainda piores, Julia. E eu sinto tanto por tudo. Tudo que eu disse e tudo que você viveu. Eu queria poder mudar, mas eu não posso. Me desculpa. — Manu falou com lágrimas nos olhos.
Julia levantou sem nem mesmo perceber, em um segundo ela estava diante de Manuela secando os olhos da publicitária carinhosamente.
— Eu não estou negando que o você disse tenha doído, porque você já sabe que me machucou. O que eu estou dizendo é que eu entendo e que é parte minha culpa também. Eu devia ter te contado há meses e eu sinto muito por não ter feito isso. — Julia falou carinhosamente.
Manuela concordou com um aceno de cabeça e Julia deu um sorriso triste antes de beijar a testa da morena.
— Nada disso muda o quanto eu te amo. — Julia concluiu encarando os olhos castanhos novamente.
Manuela concordou novamente antes de puxar a ruiva para um abraço, mas dessa vez foi Julia quem chorou. Um choro que a ruiva tinha se negado por muito tempo, o choro do luto que ela sentia que jamais ia ser capaz de superar. Manu esperou pacientemente todas as lágrimas que a ruiva tinha para libertar, enquanto sussurrava palavras de carinho no ouvido de Julia. As duas ficaram abraçadas durante muito tempo, até que a publicitária, sentindo que Julia havia se acalmado, levou as duas de volta em direção ao sofá.
**
— Eu não achei que ia falar com o meu pai de novo algum dia. — Pedro falou pensativo.
— E como foi a conversa? — Will questionou.
Pedro encarou o rosto do marido antes de começar a explicar os fatos ocorridos no Rio de Janeiro entre ele, Julia e a cúpula da família Campana. Os dois já estavam em casa, confortavelmente abraçados no sofá. O que era uma coisa ótima, porque a conversa ia ser longa.
Rio de Janeiro — Quarto de hotel, duas noites antes
Pedro encarou o rosto do pai, que ainda estava parado na porta. Existiam tantos sentimentos possíveis naquele momento que era difícil entender qual deles se sobrepunha aos outros. De maneira geral, o rapaz apenas observou o quanto o pai tinha mudado fisicamente e o quanto Pedro ainda era absolutamente parecido com ele. Algo do que a família Campana sempre se orgulhou. Afinal, não era atoa que Julia e Pedro eram tão parecidos, os dois tinham herdado não apenas os cabelos ruivos dos pais, como também outras características físicas.
O rapaz não sabia o que os dois estavam conversando, mas não importava, era ele e Julia contra o mundo naquele momento. E isso deixava Pedro absolutamente tranquilo para enfrentar o primeiro embate direto do dia, mas certamente não o último.
— Deixa ele entrar. — Pedro disse por fim.
Julia se afastou da porta depois de alguns segundos e deixou o homem passar. A ruiva não sabia o que viria daquele encontro entre os dois, mas tanto melhor que ela estivesse presente. Só assim ela poderia garantir que mais ninguém daquela família fosse ser cruel com o primo.
— Quantos anos fazem desde a última vez que nós estivemos juntos? — Walter perguntou quando finalmente ficou de frente para Pedro.
— Não tempo o suficiente, eu diria. — Pedro retrucou secamente.
— Você realmente pensa isso? — o homem perguntou em um tom de verdadeira curiosidade.
— Por acaso você esqueceu como foi o nosso último encontro? — Pedro questionou com petulância, cruzando os braços e encarando os olhos do pai.
— Por vezes a memória pode ser sugestiva, Pedro. Eu sei disso mais do que muitos por aí, imagino que você também saiba um pouco a respeito.
— Não existe nada de sugestivo nas palavras que você me disse aquele dia. — o rapaz respondeu com amargura.
— Você já parou pra pensar que talvez foram apenas tolices de um velho? — ele replicou com brandura.
Uma brandura que fez entrar em ebulição os sentimentos do filho. Porque Pedro se sentia preparado para algumas batalhas com essa viagem, mas nenhuma delas tinha o pai fingindo algo que era absolutamente inacreditável, como negar a veracidade das coisas que eles tinham vivido juntos no passado.
Pedro sempre se impressionou com a capacidade que certas palavras tinham de machucar. Afinal, o rapaz tinha aprendido numa idade muito nova o quanto aquilo era legítimo. Ninguém jamais tinha sido tão eficiente nessa missão quanto o seu pai, Walter só dizia o que tinha certeza que ia estraçalhar o coração de Pedro. E como o ruivo desejava que aquilo fosse apenas o caso de uma memória sugestiva.
— Renegar o próprio filho, abandonar esse filho, proibir esse filho de usar o seu próprio nome e exigir que ele nunca mais te chame de pai. — Pedro cuspiu as palavras — Essas coisas não são tolices, Walter. Crueldade, talvez. Tolices? Jamais!
Julia se colocou ao lado do primo nesse momento e tocou o braço do rapaz, era mais para ele saber que ele não estava sozinho do que qualquer outra coisa. Dessa vez Julia ia defender ele com tudo que ela tinha em si.
— Vamos direto ao ponto, tio. O que você veio fazer aqui? — Julia questionou.
— Sua mãe comentou comigo que você tinha saído da festa acompanhada do meu filho, eu não acreditei nela de cara, mas um dos motoristas da mansão me confirmou que você saiu acompanhada de um homem ruivo. Então eu vim. — o homem explicou.
— Nenhuma dessas coisas explica o que você veio fazer aqui. — Pedro voltou a falar.
— Eu avisei a sua mãe sobre isso. — ele disse encarando o rosto do filho mais uma vez — A Helena e o Wlad não querem aceitar o seu divórcio, Julia. Eles trouxeram o Mateus de volta ao Brasil e estão dispostos a fazer o que acharem necessário pra que você volte pra ele.
— Todas essas coisas nós já sabemos, tio. E elas não mudam nada na minha vida e muito menos na do Pedro. — Julia disse taxativa.
— Então pra que ele veio atrás de você até aqui? — Walter questionou exasperado.
— Essa é uma questão que não te diz respeito, Walter. Assim como qualquer outra coisa da minha vida. E se a sua única intenção vindo até aqui era fingir que está nos salvando da fúria do casal Campana, por favor, faça a gentileza de nos poupar. Eu e você sabemos que quando você realmente precisa tomar um lado, é sempre o nome Campana em primeiro lugar. — Pedro foi direto.
— Você vai me odiar pra resto da vida? — o homem questionou depois de um silêncio carregado.
— Eu não te odeio. Você simplesmente partiu meu coração. — o rapaz respondeu com simplicidade.
Se Walter tinha algo mais para dizer, Julia não saberia explicar. O fato é que depois das últimas palavras do primo, o mais novo dos irmãos Campana encarou os olhos do filho longamente, antes de se virar e sair sem dizer mais nenhuma palavra. Julia o acompanhou até a porta, sem saber muito bem o que calcular daquela conversa breve.
— Eles querem você no almoço de amanhã na mansão, o Mateus também estará lá. Se você pretende deixar claro que não quer mais nenhuma interferência dos dois na sua vida, vai ser uma boa oportunidade de deixar o seu ponto de vista claro. — Walter falou enquanto saia pela porta e depois de hesitar por alguns instantes, ele concluiu — Você devia trazer o Pedro, eu acredito que ele vai poder preencher algumas lacunas providenciais do seu discurso.
Julia fechou a porta e voltou para o quarto. Pedro ainda estava parado no mesmo lugar, aparentemente tentando absorver alguma coisa. A ruiva se aproximou do primo com um sorriso infeliz.
— Se anima, meu caro. Primeira batalha terminada, amanhã nós vamos para a guerra.
Rio de Janeiro — Mansão Campana, um dia antes
Julia e Pedro chegaram na mansão logo após o fim do almoço. A ruiva tinha decidido que a melhor maneira de encarar aquela situação era irritando os pais do início ao fim daquele encontro. Na noite anterior Helena havia ligado, mas Julia ignorou todas as tentativas de contato da mãe. Por fim ela havia enviado uma mensagem exigindo a presença da arquiteta durante o almoço no dia seguinte.
Pedro não sabia muito bem como, mas o encontro com o pai na noite anterior tinha feito muito bem pra ele. Era como se um ciclo na vida do rapaz estivesse finalmente se fechando. A presença de Julia tinha sido fundamental também, os dois haviam concordado tacitamente a esquecer um pouco as questões que a ruiva tinha que enfrentar em São Paulo, para focar apenas em resolver aquela parte da vida deles enquanto ainda estavam no Rio.
— Preparada? — Pedro perguntou depois de estacionar o carro.
— Eu devia ter feito isso anos atrás, então eu acho que mais preparada que isso é impossível estar. — Julia falou com resignação.
— Okay. Vamos acabar logo com isso então. — Pedro concordou com o mesmo tom.
Os dois foram levados até uma das salas da mansão onde todos tomavam um café após o almoço. Pedro viu o pai parado mais afastados dos demais, Helena estava de pé ao lado do marido. Wladimir e Mateus estavam sentados lado a lado no sofá, conversando sobre algum assunto aparentemente entediante para o mais jovem.
— Boa tarde. — Julia anunciou a presença dos dois e quatro rostos se viraram para eles imediatamente. Mateus pareceu finalmente interessado no que poderia vir daquele almoço, Walter voltou a encarar a janela depois de olhar no rosto do filho, ao passo que Helena e Wladimir encararam Julia com uma raiva mal contida.
— Antes que você diga alguma coisa, mãe. Como eu sei que você está desesperada pra fazer, eu quero pedir pra você ir embora Mateus. Eu preciso conversar com os meus pais e eu não quero você aqui enquanto eu faço isso. — Julia foi direta.
— Aparentemente as más companhias conseguiram te desvirtuar de vez, Julia. Quem você pensa que é para expulsar um convidado meu da minha própria casa? — Wladimir questionou a filha, se colocando de pé.
— Eu sou uma Campana, exatamente como vocês me disseram a vida inteira que eu deveria ser. — a ruiva não se intimidou com o pai.
— Você precisa admitir que a ironia foi bem aplicada nesse caso, Wlad. — Walter falou antes que o irmão pudesse responder — Vamos, rapaz. Eu te acompanho até a porta. — ele disse olhando para Mateus.
— Eu estou bem confortável no meu lugar e sem a menor intenção de sair justamente quando essa reunião se tornou surpreendentemente interessante. — Mateus falou divertido.
Helena parecia buscar freneticamente em sua cabeça uma maneira de sair daquela situação. O que a mulher realmente queria era uma conversa a sós com a filha, para poder colocar um pouco de juízo na cabeça dela de uma vez por todas.
— Seis meses antes da minha vinda para o Brasil nós tivemos uma conversa, Mateus. Era verdade naquela época e continua verdade agora. Nunca vai mudar. Esse não é mais o seu lugar e você devia ir. — Julia falou encarando Mateus e para surpresa de todos, depois de alguns segundos encarando o rosto de Julia de volta, ele se levantou e foi embora sem dizer mais nenhuma palavra.
— Eu sugiro que você pense muito bem o que você vai fazer nos próximos minutos, Julia. — Helena falou friamente.
— É bem simples na verdade, mãe. Eu vim aqui hoje pra dizer que eu estou indo embora, eu nunca mais pretendo colocar meus pés nessa casa. Eu nunca mais pretendo ver vocês outra vez. Eu cansei de tentar e eu definitivamente tô farta de ter vocês achando que controlam a minha vida. — Julia falou de um fôlego só — Então é isso, a nossa última conversa.
— Foi mais simples do que eu pensei. — Pedro falou ao lado da prima enquanto os pais da ruiva pareciam embasbacados com a atitude da filha.
— Você sabe muito bem que não é tão simples assim. — Wladimir falou por fim — Eu não vou deixar você manchar o meu nome por um simples capricho infantil. Você não é mais criança, Julia, e eu não tenho tempo para as suas pirraças.
— Escuta o que o seu pai está dizendo, Julia. Não nos obrigue a tomar providências piores. — Helena concluiu.
— Isso não é um filme da Disney, minha senhora. Vocês não têm muito o que fazer se a filha de vocês decidiu que não dá a mínima pra opinião de vocês. Desculpa destruir os seus planos maquiavélicos. — Pedro falou impaciente.
— Como você ousa falar com a minha mulher desse jeito, seu moleque? — Wladimir disse entre dentes.
— Vocês realmente acham que eu e a Julia somos os mesmos adolescentes que vocês aterrorizavam, não é mesmo? Você acredita nisso, Ju? — o rapaz disse incrédulo.
— Essa não é nem mesmo de longe a pior parte, meu querido. — Julia disse olhando para o primo rapidamente — Vamos direto ao que interessa, podemos? Eu não uso o dinheiro de vocês há muitos anos, então essa ameaça já pode ser riscada da lista. O sobrenome Campana não me interessa, mas não é minha culpa ter nascido nessa família, então acho que todo mundo vai ter que sobreviver. Eu pretendo continuar usando o seu sobrenome, mãe, aquele que você detesta, menos outro item. Eu não me importo com a herança, muito menos com os negócios da família. Façam o que vocês bem entenderem com isso. Eu acho que esse fecha a nossa lista, mas por favor, me corrijam se eu estiver errada.
— Tudo isso por causa daquela mulherzinha? — Helena questionou com ódio.
— Você nunca me conheceu de verdade, mãe. Se um de vocês dois tivessem se dado ao trabalho, iam saber que isso não tem nada a ver com ninguém mais do que nós três. Eu estou cansada e eu desisto de vocês. Esse é o ponto.
— Você vai se arrepender de cada uma dessas palavras, Julia. Eu posso te prometer isso. — Wladimir disse entre dentes.
— Sem dúvidas mais uma das muitas promessas que você me fez e não vai cumprir, pai. Eu aprendi a lidar com as minhas expectativas com relação a isso, eu vou viver.
— Nós somos a sua família. — Helena falou mais uma vez.
— Correção, vocês deveriam ser a família dela. Assim como deveriam ter sido a minha, mas esse é o problema com os Campana. Eles nunca souberam o significado dessa palavra, tudo que vocês conhecem é dinheiro e aparências. Mas, você não precisa se preocupar, Helena, eu sou a família da Julia e vou continuar sendo. Ela sempre pode contar comigo. — Pedro argumentou.
— Não é como eu me recordo das coisas, rapaz. Você devia levar o seu filho daqui, Walter. Ele tem o desprezível hábito de se meter onde não é chamado, assim como a mãe dele. — Helena não se abalou.
Pedro encarou o pai por alguns segundos, esperando que aquele fosse o momento que ele iria finalmente tentar se redimir e defender o próprio filho, mas foi Julia quem se manifestou.
— A tia Silvia é dez vezes a mulher que você jamais vai ser, mãe. E eu tenho a maior sorte do mundo em ter o Pedro na minha vida, a única coisa boa que essa família nos proporcionou até hoje. A gente devia ir, não tem mais nada a ser dito nessa conversa. — Julia concluiu olhando para o primo.
— Você tem razão. — Pedro concordou já se virando em direção a porta.
— Lembra do passado, Julia. Lembra das coisas que você perdeu e do quão baixo você foi. Quem estava lá pra te ajudar a levantar? — Helena falou encarando o rosto da filha.
— Ninguém além de mim mesma, mãe. Como em todas as vezes que eu precisei de você. — Julia disse em um tom de tristeza.
— A sua ingratidão sempre se colocou entre nós duas. — pela primeira vez em uma vida inteira, Julia achou que a mãe também tinha um tom de tristeza na voz, mas antes que Julia pudesse ter certeza ela completou friamente — E é por isso que eu tenho certeza que você vai voltar, sozinha, pedindo abrigo conosco novamente.
— A minha ingratidão nos atrapalhou tanto quanto o seu amor. — Julia disse infeliz — Ou eu devo dizer, a falta dele por mim. Eu realmente sinto muito por nunca ter sido a filha que você sonhou e que eu agora esteja cansada demais pra continuar tentando ser.
Helena parecia sem palavras, aquela era a primeira vez que Julia dizia aquelas coisas para a mãe, mas ela tinha certeza que não fazia diferença, pelo menos não a longo prazo.
— Se você sair por essa porta, Julia, não precisa se preocupar em olhar para trás. — Wladimir disse com seriedade.
— Obrigada, pai. Eu não vou. — Julia disse indicando a porta para o primo. Antes de sair a ruiva ainda se virou para os pais mais uma vez — Eu ainda vou ter uma conversa com o Mateus, uma que eu tenho certeza vai fazer ele ir embora sem voltar mais. Seria uma grande gentileza da parte de vocês esquecer que ele existe, assim como eu tenho certeza que vai ser o que ele vai fazer com relação a vocês.
— E isso foi basicamente o que aconteceu. — Pedro concluiu.
— Uau. — foi tudo que Will foi capaz de dizer — Mas vocês dois ficaram bem? Depois de sair de lá.
— A gente riu, a gente chorou. São muitas emoções envolvidas, mas pelo menos a gente estava junto e agora eu acho que finalmente as coisas vão ficar bem. Eu sei que a Julia ainda está com medo de como as coisas vão ficar com a Manu, mas esse basta que ela precisava dar nos pais é maior que isso, sabe!? Ela precisava fazer isso por ela mesma em primeiro lugar.
**
Julia sabia que Manuela ainda precisava saber de várias coisas, mas ela não fazia ideia de por onde começar. As duas ficaram simplesmente sentadas juntas durante um bom tempo antes da ruiva finalmente escolher começar pela parte que ela achava mais fácil.
— Ele sofreu também. Muito. — Julia disse reflexiva — Não só quando aconteceu, eu acho que ele sofreu durante toda a gravidez.
Manu continuou em silêncio, sem soltar a mão de Julia segura entre as suas. Ela sabia que Julia precisava falar tudo sem ser interrompida.
— Ele sempre soube que eu pensava em você, mas com o tempo você começa a se dedicar a rotina e procura coisas que ocupem a sua cabeça, pra não ter que ficar pensando na saudade o tempo todo. Entende? — Julia encarou o rosto de Manu, a morena concordou com um aceno de cabeça e Julia prosseguiu — Quando eu descobri que eu estava grávida, não tinha nada que fosse capaz de me fazer parar de pensar em você. Eu recebi a notícia sozinha, o Mateus não fazia ideia daquela consulta, pra ser bem sincera eu nem queria ele lá.
— Porque? — Manu perguntou curiosa.
— Eu já tinha certeza que eu estava grávida, eu podia sentir. — Julia fez uma pausa para controlar a vontade de chorar, se ela começasse ia ser difícil parar — Eu não queria ele lá quando o médico confirmasse, por isso eu resolvi ir sozinha.
— Eu imagino que ele não tenha gostado. — Manu comentou com tranquilidade.
— Na verdade eu disse que queria fazer uma surpresa e ele acreditou, ou pelo menos fingiu acreditar. Num primeiro momento o Mateus achou que finalmente ele tinha me conquistado, ele imaginou que me dar um filho era finalmente conseguir tirar você da minha cabeça. Logicamente não demorou muito pra ele perceber que estava errado e que, ao contrário do que ele supôs, eu andava me lembrando de você com muito mais frequência. Isso acontecia com você? Às vezes eu passava alguns dias tão concentrada na correria do dia-a-dia que eu esquecia da dor durante um tempo, aí alguma coisa aparecia e eu mal conseguia respirar. — Julia encarou o rosto de Manu esperando uma resposta.
— Tinha as datas especiais, nessas eu não fazia o mínimo esforço de tentar escapar das sensações. Mas, também tinha os momentos em que eu era pega de surpresa, eu via alguma coisa que me lembrava de você e logo em seguida a realidade me atropelava. Acontecia o tempo todo. — Manuela explicou.
— Comigo também, mas a coisa é que durante os meses que eu fiquei grávida eu acordava e ia dormir pensando em você, na gente, no quanto eu queria que você estivesse vivendo aquele momento comigo, eu sei que não faz sentido, talvez minha cabeça tenha se bagunçado totalmente com os hormônios da gravidez… eu sei lá. E o Mateus, ele sabia, ele via na minha cara e eu não fazia nenhum esforço pra esconder isso dele. Isso deixava ele possesso e eu não vou dizer que ele não tinha razão, mas ele também sempre soube que eu amava você. Com o tempo e por causa da minha condição, ele acabou aprendendo a segurar um pouco a onda. Mas foi nessa época que alguma coisa clicou e eu decidi que queria me separar dele.
Manu seguiu em silêncio enquanto Julia refletia sobre as próprias palavras.
— Eu acho que eu amei o Mateus em algum momento, não da forma que ele queria e muito menos da mesma forma que ele dizia me amar, mas algum sentimento por ele existiu. Foi um casamento conturbado, mas foi um casamento. Eu ainda tenho alguma forma de sentimento por ele, eu suponho, por causa de tudo que a gente viveu junto. Eu queria que a gente pudesse de algum jeito ter uma boa convivência, algum tipo de relação que fosse saudável pra uma criança estar envolvida. Mas, simplesmente tinha essa certeza absoluta que independente do que acontecesse no futuro, aquele não era o jeito certo de começar uma família sabe!? Eu não podia criar um filho dentro de uma mentira como tinha sido o nosso casamento desde o princípio, a gente precisava fazer as coisas direito por ele, o nosso filho. — Julia seguia falando com calma, mas as lágrimas já eram inevitáveis e Manuela sentiu o coração apertar ainda mais diante da fragilidade da ruiva.
— Você não precisa me contar se você não estiver pronta. — Manu falou com convicção.
— Não, eu preciso te contar. É só um pouco difícil, mas eu quero, eu tenho que te contar tudo. — Julia falou respirando fundo e controlando as lágrimas que insistiam em escapar — Eu comecei falando pra ele que não queria mais ficar na mansão, que preferia ficar no apartamento. Ele imediatamente disse que a gente ia se mudar, mas aí eu disse que queria ir sozinha. Ele sempre foi um pouco cabeça quente, não foi fácil convencer ele de que era o que ia acontecer quer ele quisesse quer não. No fim das contas ele acabou me convencendo a ficar na mansão, ele passou a ocupar um outro quarto e me dava o máximo de espaço possível. A gente se via todos os dias, mas ele só perguntava sobre a gravidez. Eu até achei que de repente fosse conseguir ficar lá mesmo. Os meses foram passando e a gente estabeleceu uma certa rotina. Mesmo com as coisas estando do jeito que estavam, nós dois estávamos felizes de ter um filho. — Julia disse com dificuldade.
— Ju? A gente pode continuar essa conversa depois, eu não quero te ver assim. Você tem direito de não querer falar sobre isso e eu entendo. — Manu falou angustiada.
Julia balançou a cabeça em negação, mas demorou alguns minutos até ela conseguir falar novamente.
— Se você quiser ouvir, eu quero te contar. — Julia olhou Manu nos olhos e respirou fundo antes de continuar depois de receber a concordância da publicitária — Um dia eu acordei, estava nevando e eu decidi não ir trabalhar. Eu tinha acabado de fazer seis meses e o Mateus estava fora em alguma viagem de trabalho havia uns dias. Eu não sabia quando ele ia voltar e tinha passado o dia inteiro lembrando de você. Tinha sido uma semana difícil, tinha sido uma das nossas datas, a primeira vez que a gente tinha ficado junto, ironicamente no apartamento do Mateus de todos os lugares.
— Eu me lembro. — Manu comentou querendo dar alguns segundos para Julia se recompor.
— Bom, eu estava um pouco triste por tudo e era complicado quando o Mateus percebia que eu estava triste por sua causa. Ele voltou pra casa e me encontrou chorando. A gente discutiu, ele falou que eu não tinha direito de chorar por você com o filho dele na barriga e eu realizei que qualquer ideia de que a gente poderia viver junto pra criar aquele filho estava errada, o Mateus nunca vai ser capaz de me perdoar por te amar e eu não podia mais ficar naquela casa. Eu precisava sair de lá imediatamente, mas a neve — Julia não parecia capaz de continuar, mas ela precisava — Neve em Londres é uma das coisas mais raras que existem e mesmo quando neva não é nada tão severo. Eu acho que eu dei azar. — Julia deu um sorriso triste e precisou respirar por alguns minutos antes de continuar.
— Eu peguei o carro, a gente vivia fora do grande centro, que é onde fica o apartamento. Eu estava nervosa por causa da discussão com o Mateus, foram vários fatores. Eu não me lembro muito do acidente, eu fiquei inconsciente por dois dias e eu nunca vou me perdoar por ter pegado aquele carro.
Manuela não disse nada, não era de palavras que Julia precisava naquele momento, era de conforto. A ruiva não podia ser mais grata pelos braços de Manuela em volta dela. Sempre que Julia imaginava que já tinha chorado o suficiente por aquele acidente, ela descobria que ainda tinha mais pelo que chorar. Muito tempo depois, com Julia deitada quase totalmente sobre Manu, foi que a ruiva voltou a falar.
— Por mais incrível que possa parecer, uma das únicas coisas que o Mateus e eu concordamos de cara foi o nome que a gente queria que ele tivesse quando descobrimos que era um menino. — a ruiva falou com a voz afetada pelo choro recente.
— Qual? — Manu questionou carinhosamente.
— Ícaro. Ele sugeriu e eu simplesmente amei.
— Eu ia adorar ter conhecido ele. — Manu falou pensativa.
— Mesmo? — Julia questionou curiosa.
— Ele era seu. Claro que eu ia amar conhecer ele. — a morena disse dando um beijo na testa da ruiva e para surpresa das duas, a verdade que as palavras de Manuela traziam, era reconfortante.
Fim do capítulo
Oi, gente! Olha, esse aqui é um dos capítulos mais complexos de escrever e talvez um dos únicos que eu finalmente coloco as cartas na mesa ou será que não... kkkkkkkkk
A gente tá bem pertinho do final, ainda tem sofrimento envolvido e drama e lágrimas e conversas complexas e intermináveis, mas a gente tá muito perto do final.
Desejo muito bom final de semana para vocês, agradeço as leituras e todos os comentários (mesmo aqueles que dizem que talvez possa ter aí alguma raiva direcionada a minha pessoa) e amanhã tem mais!
Beijo no coração! ♥
Comentar este capítulo:
Marta Andrade dos Santos
Em: 27/07/2024
Foi tenso
Quando foi que Marina entrou na história?
[Faça o login para poder comentar]
LeticiaFed
Em: 26/07/2024
Aaah, capitulo pesado mas Julia poderosa voltou e deu um chega pra la na familia com suporte do Pedro. Adorei! E finalmente as meninas conversando, que perda dificil...
Ate amanhã, dona Liz. Gostando do rumo, acho que aguentamos um tantinho mais de drama sem te xingar ;)
LeticiaFed
Em: 26/07/2024
Também pergunto, porque Marina?
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]