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Preciso Dizer Que Te Amo por escrita_em_atos

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Palavras: 4226
Acessos: 1900   |  Postado em: 20/07/2024

Insuficiência

Manuela estava em uma reunião de criação quando o celular começou a tocar. Ela viu que era Julia e atendeu imediatamente.

— Oi. — ela disse ainda olhando um esboço em que trabalhava.

— Oi. Tudo bem?

— Tudo e você? — Manu respondeu e seguiu falando com alguém que estava ao seu lado — Eu acho que a gente devia mudar esse tom de azul aqui, eu não sei se quando colocar no outdoor vai ficar tão bom quanto na campanha pra mídia digital. — Manuela falou e Julia esperou até ela terminar antes de voltar a falar.

— Se eu estiver te atrapalhando, a gente pode se falar depois. — Julia sugeriu.

— Não. Eu só estava concluindo um raciocínio aqui. Como você está? — Manu falou, agora dedicando atenção exclusiva ao telefonema.

— Tudo bem, mas eu vou precisar ir pro Rio. Por isso eu te liguei. — Julia explicou. A ruiva tinha decidido ir pessoalmente falar com os pais e era isso que ela faria indo até a capital fluminense. Honestamente ela não queria ter aquele embate com os pais, mas ela sabia que era melhor resolver aquilo de uma vez por todas e existia também aquele instinto de não cometer os mesmos erros do passado que a arquiteta carregava consigo.

— Você vai pro Rio, assim de repente? Aconteceu alguma coisa? — Manuela tinha notado, na noite anterior, depois de Silvia ir embora, que alguma coisa estava incomodando Julia e até pensou em perguntar, mas acabou momentaneamente se esquecendo do assunto e não teve tempo de perguntar aquela manhã.

— Eu preciso ir ver os meus pais, mas não é nada demais. Eu só preferi ir hoje porque a minha agenda no escritório está mais tranquila.

— A visita da Silvia, ontem, tem alguma coisa a ver com essa viagem? — Manu falou com tranquilidade.

Julia pensou bem antes de responder, ela tinha resolvido ir para o Rio, falar com os pais e só depois conversar com Manuela sobre as coisas que ela ainda guardava sobre o período em que estiveram separadas. Um pequeno sinal de alerta na cabeça da ruiva continuava avisando que ela só estava protelando o inevitável, mas ela preferia acreditar que estava apenas resolvendo um problema de cada vez.

— De certa forma, mas você não precisa se preocupar. É só que a minha mãe resolveu entrar em contato com a tia Silvia outra vez, para tentar saber sobre a minha vida. Eu vou ir até lá para conversar com os dois e tentar acabar com essa situação. — Julia explicou segura.

— Compreendo. Quando você volta? — Manu perguntou sem decidir se a explicação de Julia era uma coisa boa ou ruim.

— De preferência ainda hoje, mas se não der eu venho amanhã cedo.

— Tudo bem. Me liga qualquer coisa? — Manu emendou querendo deixar claro que estava disponível para Julia, caso ela precisasse.

— Pode deixar, eu ligo sim. Agora eu vou parar de atrapalhar, a gente se fala mais tarde. Beijo. — Julia se despediu.

— Beijo e boa viagem. — Manu falou antes de encerrar a ligação.

A publicitária voltou aos seus afazeres no escritório, mas no resto do dia não parou de pensar em como seria essa conversa de Julia com os pais e mais ainda que tipo de assunto era tão urgente de ser resolvido. Uma coisa era clara para ela naquele momento, era ótimo que a ruiva resolvesse as coisas com os pais, porque Manuela sentia que era chegada a hora das duas voltarem a ter uma conversa sobre o passado e especialmente sobre o futuro, tanto melhor que Julia já tivesse tudo resolvido quando isso acontecesse.

**

Julia desembarcou no aeroporto Santos Dumont pouco depois do horário do almoço, ela não tinha avisado aos pais que estava indo, ela queria fazer daquela conversa uma definição para aquela situação. Era inaceitável que os dois, em especial Helena, se achassem no direito de se meter na vida dela daquela maneira. Para além de todas as consequências daquele modo de agir dos pais, Julia também sentia que aquele era o momento certo para ela deixar clara que sua independência financeira e emocional eram coisas reais que refletiam no fato da arquiteta não aceitar mais que as suas decisões fossem questionadas pelos dois.

— Como vai, dona Julia? Que surpresa. — a governanta falou, ao abrir a porta da casa dos pais da ruiva.

— Oi, Cláudia. Eu vou bem e você? — Julia respondeu educadamente.

— Tudo bem. — ela respondeu com um sorriso enquanto as duas caminhavam pelo corredor que levava à sala.

— A minha mãe está em casa? — Julia perguntou.

— Está lá fora, no jardim. — Cláudia informou.

— Pois bem, providencie que as minhas coisas sejam colocadas em um dos quartos de hóspedes, por gentileza. E diga a minha mãe que eu cheguei e espero ela aqui na sala, por favor. — Julia falou entregando uma pequena mala nas mãos da governanta.

— Imediatamente, dona Julia. Com licença. — a mulher respondeu antes de sair da sala.

Julia se sentou no sofá e esperou a chegada da mãe. A ruiva não era muito fã de ter aquele monte de empregados como os pais gostavam, mas ela havia aprendido a lidar com aquela situação, já que viveu a infância toda naquela casa e depois de casada, o marido, Mateus, fazia questão de ser sempre bem servido por várias pessoas. Depois do período em que morou em São Paulo, durante parte da graduação, Julia estava outra vez morando sozinha e aquela era a primeira oportunidade que Julia tinha de poder ditar as regras da casa. O que significava uma pessoa para cuidar do apartamento alguns dias da semana e só, a ruiva não queria manter os hábitos dos pais e menos ainda os da época de casada.

— Julia? — Helena chegou à sala surpresa pela presença da filha em sua casa — Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceram várias coisas, mãe. — Julia respondeu se colocando de pé.

— Que coisas? — Helena perguntou sem entender.

— Eu vim para nós termos uma conversa séria sobre essa sua terrível mania de achar que pode se meter na minha vida. De achar que tem ainda algum direito ou algum poder sobre mim. — Julia falou séria.

— Eu não estou entendendo esse ataque gratuito, Julia. Do que você está falando especificamente? — Helena falou cruzando os braços.

— Não seja cínica, mãe. Eu e você sabemos muito bem do que eu estou falando. Afinal, essa não é a primeira vez que você inventa de procurar a tia Silvia para saber sobre a minha vida, sem considerar o quanto isso é ridículo, tem ainda o fato de ser extremamente desagradável da sua parte.

Helena, num primeiro momento, acreditou que a filha soubesse sobre o telefonema trocado entre ela e Mateus na noite anterior. A mulher ficou muito mais aliviada ao notar que a aparente irritação de Julia se devia aos telefonemas para Silvia. Helena não entendia qual o problema naquela situação, pertencendo à família Campana, era de se esperar que Julia soubesse que não existia nada de errado em usar as armas disponíveis para alcançar um objetivo. Nesse caso, mais especificamente, a única pessoa que deveria se sentir constrangida era Silvia, que havia preterido o marido em detrimento do comportamento do filho anos atrás.

Mais confortável com o rumo previsível que aquela conversa teria, Helena resolveu se sentar. Julia iria reclamar durante um tempo, falar que as decisões da sua vida pertenciam única e exclusivamente a ela, como estava se tornando seu hábito. Fato era que nada que a ruiva pudesse dizer iria dissuadir a mulher da sua intenção de que ela e o genro voltassem, mais importante que isso até, era que Julia não voltasse a ter as mesmas atitudes da época da faculdade.

— Tia Silvia? — Helena falou com ironia.

— Tia Silvia, sim senhora. Nunca foi segredo pra ninguém dessa família o quanto eu gosto dela e a consideração que nós temos uma pela outra.

— Nós já tivemos provas mais que suficientes do seu mau gosto para escolher companhias, as únicas que se salvaram foram aquelas que eu e o seu pai escolhemos para você. — Helena disse sem emoção na voz — Salva a exceção do seu marido, é claro. Que você encontrou sem a nossa ajuda e foi uma ótima escolha. — ela prosseguiu.

Julia respirou fundo, era impressionante a capacidade que a mãe tinha de irritá-la.

— Eu não vou perder o meu tempo discutindo sobre o Mateus com você outra vez, esse assunto já está mais que encerrado para mim. Já está mais do que na hora de você superar esse divórcio, mãe.

— Se tem alguém que precisa superar alguma coisa aqui, esse alguém é você, minha querida. — Helena falou de forma dura e Julia acusou o golpe imediatamente, baixando os olhos.

Toda vez que Julia remexia aquela ferida, doía. Mas, quando era a mãe quem o fazia, Julia sentia que iria sufocar e Helena nunca havia sido conhecida pela sutileza, pelo menos não era assim que a filha jamais iria pensar sobre a própria mãe.

— Eu não vim para falar sobre esse assunto também. — Julia falou depois de se recompor.

Helena não se compadeceu da filha.

— Você insiste em querer ressaltar as diferenças entre você e a nossa família, mas olha o seu modo de agir, entrando aqui e decidindo o que quer ouvir e como ouvir. Uma legítima Campana. 

— A única razão para eu ter que agir dessa maneira são as suas atitudes, mãe. Não pense nem por um segundo que eu queria estar aqui, mas aparentemente você e o meu pai decidiram não me deixar viver em paz.

— Eu e o seu pai estamos apenas cuidando dos seus interesses, já que, aparentemente, você perdeu o bom senso junto com...

— Chega! — Julia gritou.

As duas se encararam e Helena notou o destempero da filha não somente pelo grito, mas muito mais pela mistura de sentimentos em seus olhos.

— Eu não posso fazer nada se a verdade te incomoda dessa maneira, Julia. Você não pode esperar que eu simplesmente aceite que você venha até a minha casa me acusar por apenas tentar salvar aquilo que você parece totalmente inclinada a destruir. — Helena falou com calma.

Julia riu nervosamente.

— E o que seria isso que eu estou tentando destruir? — a ruiva perguntou.

— O seu casamento, a sua vida profissional. Fora o fato de que você está disposta a arrastar a reputação da família inteira para a lama junto com a sua. — Helena acusou.

— Você consegue se ouvir? Você tem alguma ideia do quanto é absurdo isso que você está dizendo? Porque eu fico sinceramente incrédula da sua capacidade de distorcer a realidade, embora o seu desrespeito comigo nunca seja uma surpresa, é muito mais um velho hábito seu.

— Você está insinuando que eu estou errada, justamente quando todas as suas atitudes atestam o que eu estou falando?

— Eu não estou insinuando, eu estou afirmando. A pior parte é que você nem percebe, nem mesmo quando eu mais precisei você estava do meu lado. Eu ainda esperava o melhor de você, mãe. A despeito de todas as coisas que nós já vivemos. — Julia concluiu com pesar.

— Por favor, Julia. Não seja melodramática, a gente já passou dessa fase.

— Com certeza! Não se preocupe com isso, nós realmente já passamos dessa fase. Eu só não consigo parar de me surpreender com a sua capacidade, mãe. A sua insensibilidade nunca foi nenhum segredo para mim, afinal eu sou sua filha, mas eu só pensei que devido às circunstâncias você pudesse mudar. Mais uma lição que eu aprendo sendo filha de Helena Campana. Mais uma das  muitas, não é mesmo? — Julia falou magoada.

— Se você me queria por perto, você deveria ter me chamado ou ter vindo para casa, mas ao invés disso o que você fez foi tomar uma sucessão de péssimas decisões sem consultar a mim ou ao seu pai. Não venha agora me cobrar pela minha ausência, quando foi você quem não nos deixou participar em primeiro lugar.

— Eu passei seis meses na Inglaterra tentando me recuperar, esperando que você pudesse ao menos me ligar para me perguntar como eu realmente estava e quando eu resolvo que é hora de acertar as coisas, você me acusa de estar errada? Qual é a lógica nisso, mãe?

— Você está sendo ingrata e mimada, Julia. Eu fico me perguntando onde foi que eu errei para você se tornar esse tipo de mulher.

— Que tipo de mulher, dona Helena?

— O tipo que coloca nos outros a culpa das suas próprias falhas. — Helena sentenciou.

— Como? — Julia perguntou para ter certeza que não tinha se enganado.

— É exatamente isso que você tem feito comigo, com o seu pai e principalmente com o Mateus. Achar que nós somos os culpados das suas falhas.

— Então é isso que você acha? Que eu sou culpada?

— Você é a única responsável por tudo o que aconteceu, Julia. Não assumir isso e colocar a culpa em outras pessoas é uma infantilidade. — Helena falou encarando o rosto da filha.

Julia sabia que a mãe estava sendo injusta, ela tinha absoluta certeza que aquilo não era verdade, mas mesmo assim ela não podia evitar que aquelas palavras a atingissem de forma certeira. A ruiva fechou os olhos e abaixou a cabeça por alguns minutos tentando se recuperar.

— Se essa é a sua opinião, mãe, eu não posso fazer nada a respeito. Agora, com relação às suas atitudes, nós vamos precisar chegar a um acordo. — Julia falou triste.

— Acordo? — Helena falou curiosa.

— Eu quero que você deixe a tia Silvia em paz, ela não tem nada a ver com isso e não merece ser incomodada por vocês. E mesmo você e o meu pai, devem ter o mínimo de noção disso.

— Se ela não queria ser incomodada, não deveria ter se colocado no meio do caminho.

— Ela não se colocou no meio de caminho nenhum, fui eu quem procurou por ela quando resolvi voltar.

— Isso não significa que ela não tenha te ajudado com essas ideias insanas que você anda tendo, ela e aquele seu primo, que nunca foi lá grandes coisas mesmo, então já era de se esperar. Agora, a Silvia poderia muito bem ter pensando direito, se ela está satisfeita com o modelo de vida que o filho dela decidiu seguir, não é problema meu, mas daí a querer o mesmo para minha filha, é demais.

— Do que você está falando, mãe? O que a tia Silvia e o Pedro têm a ver com a minha decisão de voltar para o Brasil? Você não está fazendo nenhum sentido e muito menos considerando a coisa mais óbvia e simples nisso tudo: a minha vontade.

As duas mulheres se encararam e como tantas vezes durante a vida tentaram se enxergar, mas sempre tinha parecido ser impossível e não era diferente agora.

— Sério, Julia? Você vai mesmo simplesmente fingir que não sabe do que eu estou falando? Você realmente achou que aquela mulher ia voltar para sua vida e eu não ia tomar conhecimento? — Helena disse demonstrando irritação.

— Não ouse trazer o nome da Manuela para essa conversa, você não tem o direito. Não depois de tudo o que você fez no passado. — Julia também se irritou.

— Eu salvei você no passado, salvei o nosso nome e a nossa reputação de um escândalo e vou fazer o mesmo agora.

— Corrigindo, você estragou a minha vida no passado e eu deixei, mas eu não vou cometer o mesmo erro dessa vez, mãe. Então, para de ligar pra tia Silvia querendo saber sobre mim. Eu não quero e não vou deixar você e o meu pai se meterem na minha vida outra vez. Entendeu?

— Eu quero saber até quando essa sua certeza vai durar, talvez até aquela mulher descobrir toda a verdade. — Helena disse maliciosamente e Julia não ficou nada satisfeita.

— Isso não é da sua conta. — Julia falou olhando a mãe nos olhos.

— Você já contou para ela então? Ela perdoou você? — Helena perguntou.

Julia não respondeu.

— Bem, eu espero que você esteja sendo discreta então, com sorte o Mateus ainda vai ser capaz de te perdoar quando essa loucura acabar. Tente não manchar a reputação do seu marido publicamente, é o mínimo que você pode fazer depois de fazê-lo passar por tudo isso.

Julia colocou as mãos para cima em sinal de rendição antes de voltar a falar.

— Eu desisto, não tem como dialogar com a sua loucura. Você acha que está vivendo em uma novela e que é possível arrumar algum esquema pra me obrigar a viver do jeito que vocês querem. Mãe, cai na real! Eu sou uma mulher adulta e não devo nada a nenhum de vocês. Então, só fica fora da minha vida e para de ligar pra minha tia. — Julia falou antes de ir em direção à saída da sala.

— Ela nunca vai perdoar você por isso, Julia. Você sabe que eu estou certa, mesmo a mais ingênua pessoa do mundo sabe disso.

Julia parou no meio do caminho e encarou a mãe.

— Você está errada, mãe. Da mesma forma que você estava errada quando achou que o meu amor por ela ia acabar só porque eu estava morando em outro continente. Ela me ama e o nosso amor é muito mais forte que tudo isso. — Julia falou com convicção.

— Mesmo que ela perdoe os seus erros, ela nunca vai ser capaz de superar que você tenha escondido dela justamente a sua maior falha. Você vai perceber isso mais cedo ou mais tarde. — Helena disse antes de ver a filha sair da sala.

Julia resolveu voltar imediatamente para São Paulo depois da conversa com a mãe, a ruiva precisava ver Manuela.

**

Julia foi do aeroporto direto para o apartamento de Manu. Desde a conversa com Helena uma angústia fria havia se apoderado da arquiteta. Julia não havia chorado até aquele momento, ela estava tentando se concentrar nas coisas práticas. Ir para o aeroporto, fazer check-in, sair do aeroporto, pegar o táxi e chegar ao apartamento de Manu. Era melhor não deixar que os sentimentos falassem mais alto, ela precisava primeiro ter certeza que o seu ponto de equilíbrio, a segurança que só Manu era capaz de fornecer, estaria por perto para resgatá-la.

Já era quase sete da noite quando a ruiva entrou na portaria do prédio que Manuela morava. Carregando uma mala pequena, a bolsa e com o coração apertado dentro do peito, ela passou pelo porteiro e subiu para o andar de Manu. Foi Joana, a empregada da publicitária, quem abriu a porta, a ruiva tinha tentado falar com Manuela no escritório e soube que ela já havia ido para casa, quando tentou o celular, também não foi atendida. Joana, que já havia conhecido Julia rapidamente, sabia que ela tinha acesso livre ao apartamento de Manu.

— Como vai, dona Julia? Entra, por favor. — a mulher falou educadamente.

— Oi, Joana. Tudo bem e você? — Julia falou simpática.

— Tudo certo também. — ela respondeu fechando a porta.

— A Manu já está por aqui? — Julia questionou deixando a mala próxima ao sofá.

— Sim, ela chegou agorinha e foi tomar um banho. Já deve tá saindo. — Joana explicou. A empregada sabia muito bem que a patroa gostava de mulheres e sabia também que Julia era o mais próximo de um relacionamento que Manuela tinha em muito tempo. Desde que começou a trabalhar para a publicitária, aquela era a primeira vez que Joana via uma mulher por ali. — Se você quiser subir, fica à vontade. Eu já estou praticamente de saída.

— Obrigada, Joana. Eu vou esperar ela aqui embaixo mesmo.

— E você quer alguma coisa? Um café ou uma água?

— Não, eu não quero te atrapalhar justamente na hora de ir pra casa. — Julia se apressou em dizer.

— Sendo assim eu vou deixar você à vontade e vou indo. Eu já estava de saída quando você tocou a campainha. — Joana falou com um sorriso.

— Claro, Joana. Pode ir tranquila.

— Tá certo! Boa noite pra vocês.

— Obrigada, Joana. Até mais.

**

Ao mesmo tempo que Julia se dirigia para sala onde Manuela mantinha o seu piano, Mateus chegava à residência dos Campana, no Rio de Janeiro. A insistência de Helena, dizendo que era hora dele finalmente vir ao Brasil, havia dado certo e o empresário tinha chegado ao país naquele mesmo dia. Mateus soube, também através de Helena, que Julia também tinha estado na cidade, mas foi embora naquele mesmo dia. O homem tinha consciência que era melhor que Julia ainda não soubesse que ele estava no país, Mateus estava disposto a ficar o tempo que fosse necessário para ter seu casamento de volta.

**

Manu tinha chegado em casa e ido direto para o banheiro depois de falar com Joana. A publicitária estava cansada do dia cheio e ainda tinha aquela preocupação com Julia, que não tinha ligado para dar nenhuma notícia. Certamente aquela viagem não seria nada divertida, Manuela sentia um desejo enorme de poder estar ao lado de Julia naquele momento, desejo esse que vinha acompanhado das certezas que ela tinha descoberto na sua última conversa com o irmão.

Manuela saiu do banho e foi ver se Joana ainda estava por lá ou se já tinha ido para casa. A primeira coisa que a morena notou ao entrar na sala, foi uma mala de mão perto do sofá. Uma olhada pelo cômodo foi o suficiente para ela achar uma bolsa que não era sua sobre o aparador e a porta que dava acesso a sala do piano aberta. Manu encontrou Julia sentada na ponta do futon encarando a sacada, a morena se escorou no batente da porta e observou Julia durante algum tempo antes de anunciar a sua presença. Julia parecia perdida nos seus próprios pensamentos e Manu desconfiou que a ida ao Rio tinha sido pior que o esperado.

— Olá. — Manu falou de forma suave.

Julia foi trazida de volta para a realidade pela voz de Manu, a ruiva virou o rosto em direção à porta e se sentiu aquecida pelo sorriso carinhoso que Manu tinha nos lábios.

— Oi. — Julia respondeu sem conseguir retribuir ao sorriso, o que deixou Manu ainda mais preocupada.

— Tudo bem? — Manu perguntou ainda da porta.

— Vai ficar, eu acho. — Julia respondeu com tristeza na voz.

— Foi assim tão ruim?

— Minha mãe tem um certo talento pra ser desagradável.

— Eu sinto muito.

— Tudo bem, não é sua culpa. — o tom de tristeza continuava na voz da ruiva.

— O que foi que ela disse que te deixou assim tão triste? — Manu perguntou preocupada, finalmente caminhando em direção a Julia.

A arquiteta não respondeu, simplesmente balançou a cabeça negativamente e deixou as primeiras lágrimas caírem.  Manuela se abaixou na frente de Julia e limpou o rosto da ruiva. Era horrível ver aquela dor nos olhos verdes e Manu sentiu uma raiva imensa da mãe de Julia.

— Me conta o que foi que aconteceu? — Manu questionou outra vez.

Julia olhou nos olhos de Manu e se lembrou das palavras da mãe. O maior medo da publicitária era perder Manuela outra vez, a arquiteta percebeu, naquele momento, que não tinha mais como negar ou se esconder das coisas. Julia precisava ter certeza, ela precisava saber, mais do que sentir, que o amor das duas era forte o suficiente para sobreviver a tudo aquilo. Mais que isso, Julia precisava saber que ela e Manu estavam realmente juntas de verdade outra vez.

— Eu quero a gente de volta. — Julia falou com os olhos cheios de lágrimas, a verdade confessada de forma tão simples traduzia exatamente o desejo mais intenso que ela trazia dentro de si.

Manuela não disse nada. A morena segurou as duas mãos de Julia e encarou os olhos verdes. Aquela troca de olhares dizia muita coisa, tinha compreensão, mutualidade e uma certeza absoluta de que elas não estavam sozinhas. Para além disso existia aquela saudade incurável, que mesmo depois do reencontro parecia não ter sido aplacada. Inconscientemente as duas sentiam saudade de se entregar não somente ao desejo, à vontade do corpo, mas de estarem juntas em tudo, sem reservas e sem assuntos mal resolvidos no meio do caminho.

 

Manu concordou com um aceno de cabeça, ela sabia exatamente o que Julia queria dizer e sabia também que era hora delas resolverem de uma vez por todas aquela situação. Com delicadeza Manuela puxou Julia para um abraço e a ruiva se agarrou em Manu como um náufrago em busca de ar, a morena recebeu Julia com a certeza de que também precisava dela para sobreviver. Mas, juntas, Manu acreditava que ela iam encontrar o caminho e ela estava pronta para admitir aquilo em voz alta, especialmente para que Julia pudesse ouvir.

Fim do capítulo

Notas finais:

Oi, lindas e maravilhosas! Espero que o sábado esteja muito bom e que o domingo seja massa também!

 

Muito obrigada pelos comentários, sempre me divirto lendo vocês. Capítulo de hoje aí mostrando um pouco de dona Helena e sua filha tentando mostrar também que é dona do próprio nariz. Quem sabe finalmente essa ruiva não tá indo na direção certa né!? Tem também Manu querendo falar pra Julia um pouco do que ela conversou com o irmão será? Pq ia ser bom né!? Oremos que seja isso...

 

Eu volto quando eu voltar (que deve ser amanhã kkkk). Beijo, suas queridas e bonitas! ♥


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Comentários para 40 - Insuficiência:
Mahinju
Mahinju

Em: 21/07/2024

Todos falam do sofrimento da Manu que é rodeada de cuidados de familiares e amigos, Julia só tem o primo e a Tia, fora isso ela está sozinha.

Se os pais de julia tentam controlar as ações dela agora depois de adulta, imagine ela mas jovem por isso os erros do passado. 

Responder

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patty-321
patty-321

Em: 21/07/2024

Essa mulher é nojenta demais. Afffz. Não merece o nome de mãe. Agora, eu espero que a Júlia cinte tudo tim Tim por Tim Tim. Rs. Que sofrimento pra viver um amor tão lindo. Bjs

Responder

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LeticiaFed
LeticiaFed

Em: 20/07/2024

Uhum, agora parece que vao falar tudo que precisam e ja deveriam ter conversado.

Julia até que tenta confrontar mas a com uma mãe dessas quem precisa de inimiga, hein? Afff

Curiosa com o tal grande segredo, conta logo pra nós, digo, pra Manu, Julia! ;)

Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 20/07/2024

Conta logo esse segredo mulher.

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Mmila
Mmila

Em: 20/07/2024

Conversa muito esperada.

Espero que agora elas falem tudo.

Essa mãe da Júlia é uma megera manipuladora, assim como o pai.

Responder

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 20/07/2024

Difícil essa mãe da Júlia

Oremos para que as duas falem e falem

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