Inquietação
Julia não estava nada feliz com a informação de que a mãe andava rondando o primo e a tia e estava furiosa com a audácia dos pais de quererem se meter na sua vida outra vez. Julia tentou evitar todo aquele transtorno escolhendo morar em São Paulo, mas pelo visto o tiro tinha saído pela culatra. A ruiva havia ligado para mãe, depois da conversa com a tia e o primo, e tinha sido tão exaustivo e traumático que Julia precisou procurar Pedro para falar sobre o assunto. Ela não esperava que o rapaz fosse chamar Manuela para ir até lá, agora ela estava tentando se acalmar antes de contar para a morena o que estava acontecendo.
Manuela estava respeitando o silêncio de Julia. A arquiteta não estava de carro, por isso as duas estavam indo no carro da morena que dirigia sem tirar os olhos da pista. Manu decidiu que era melhor elas irem para o apartamento da ruiva dessa vez e as duas seguiram por todo o trajeto sem falar praticamente nada. Já dentro do elevador do prédio onde Julia morava, Manu foi invadida por uma sensação de insegurança nada agradável. Ela não conseguiu evitar o pensamento de que a razão para Julia não querer que ela estivesse ali naquele momento fosse a mesma que havia separado as duas no passado. Manuela sempre carregou consigo o sentimento de não ter sido o suficiente para a ruiva e por isso ela ter escolhido ir embora sem olhar para trás. Alheia aos pensamentos de Manu, Julia abriu a porta do apartamento e agradeceu mentalmente por estar em casa, ainda mais na companhia de Manuela.
Julia entrou na sala e tratou de se livrar da bolsa e do casaco. Quando virou para trás reparou que Manu ainda estava parada na porta, aparentemente decidindo se entrava ou não. A publicitária olhava para as próprias mãos, onde segurava o celular e a chave do carro. Julia deu alguns passos em direção à porta e parou a poucos metros de Manu.
— Que foi? — a ruiva questionou.
Manuela levantou o rosto e encarou Julia durante um tempo.
— Não tem problema se você não quiser que eu fique. Eu posso ir pra casa. — a morena finalmente falou.
— O quê? Como assim? — Julia falou sem entender.
— Eu disse lá no Pedro que você devia me contar o que aconteceu, eu fiz isso porque fiquei preocupada e queria ajudar, mas se você preferir ficar sozinha eu vou entender.
— Ok. Talvez seja melhor você entrar e me explicar melhor o que você está querendo dizer. — Julia falou ainda confusa.
— Você quer que eu fique? — Manu falou, colocando toda a sua dúvida para fora.
Julia achou que não estava entendendo a situação como deveria, parecia que Manu estava insegura e isso não fazia o menor sentido.
— Claro que eu quero. Que tipo de pergunta é essa? — Julia falou cruzando os braços.
Manuela trocou o peso de uma perna para outra, passou a mão no cabelo e tentou falar da forma mais distante possível, como se aquilo não a afetasse profundamente.
— Foi o Pedro quem me ligou e você não está exatamente querendo me contar seja lá o que tenha acontecido pra te deixar assim. Então eu estou dizendo que eu vou entender se você preferir que eu vá pra casa e te deixe sozinha. — Manu falou sem olhar nos olhos da ruiva.
— Ok. Vem cá. — Julia falou se aproximando de Manuela. A arquiteta pegou a morena pela mão e fez com que ela entrasse no apartamento, fechando a porta logo em seguida. Ela puxou Manu para o sofá, onde as duas sentaram uma de frente para a outra.
— Me desculpa se eu te deixei com a mínima sensação de que eu não te queria perto de mim. Não só hoje, mas também durante todo o tempo que eu estive afastada. — Julia começou e respirou fundo tentando achar as palavras certas.
Manuela deu um leve aperto na mão de Julia que estava junto a sua, incentivando a ruiva a continuar a falar.
— Eu deixei você. — Julia falou depois de um tempo, com os olhos se enchendo de lágrimas — Eu te machuquei de uma maneira que eu nunca vou ser capaz de me perdoar. E eu ainda sou egoísta o suficiente pra continuar querendo você comigo, mesmo quando eu tenho a mais absoluta certeza que eu não te mereço. Eu sempre vou querer você comigo.
— Se serve de consolo, eu também continuei querendo você de volta, mesmo quando você não me merecia. Mesmo quando você me deixou. — Manuela falou com um sorriso amarelo.
— Mas aí eu te machuquei. — Julia concluiu com tristeza.
— É… aí você me machucou de uma maneira que eu não esperava e foi difícil continuar te querendo comigo depois disso, mas ainda assim aqui estamos nós. — Manu completou também com tristeza.
Julia concordou com a cabeça. Esses momentos em que elas falavam sobre a separação eram sempre difíceis, mas também, não só eram inevitáveis, como faziam parte do processo de cura. Julia voltou a falar depois de alguns minutos.
— O motivo pelo qual eu liguei pro Pedro e não pra você, foi porque eu não achei que eu tinha o direito de te envolver na minha confusão. Porque esse é um problema que eu preciso resolver, mas eu entendi o que você disse. Mesmo sendo algo que eu tenho que lidar, não significa que eu não possa compartilhar com você. — Julia explicou.
— Eu fico feliz de ouvir isso e vou ficar mais ainda se eu puder ajudar de alguma maneira. — Manu falou.
— Bom, você já está ajudando. O simples fato de você estar aqui já me faz esquecer o tamanho do problema, me faz acreditar que qualquer coisa é possível. — Julia falou com honestidade.
— Agora você descobriu o meu segredo, eu vago pela terra transformando as pessoas em super-heróis. — Manu falou com um sorriso.
— Meio que funciona, se você quer saber. — Julia também sorriu.
— Mas afinal o que foi que aconteceu pra deixar o Pedro tão preocupado, pra fazer você chorar e colocar essa ruga de preocupação bem aqui? — Manu falou passando o dedo indicador entre as sobrancelhas da ruiva.
— Helena Medeiros Campana. Foi isso que aconteceu. — Julia falou com desânimo.
— Sua mãe? — Manu falou com surpresa.
— A própria, com todo charme e elegância. Ela teve a cara de pau de procurar a tia Silvia pra perguntar sobre a minha vida e ainda por cima teve coragem de me ameaçar. — Julia disse entre dentes.
Manuela estava realmente surpresa. Ela estava tão concentrada em entender as coisas que estavam acontecendo entre ela e Julia, que os fatores externos a elas que poderiam interferir tinham ficado esquecidos.
— Porque ela procurou a Silvia? — Manu questionou, pelo o que a morena se lembrava, Pedro e mãe não tinham nenhum tipo de contato com a família Campana desde que o rapaz havia sido expulso de casa pelo pai.
— Ela disse que tentou falar comigo e não conseguiu. Daí ela e meu pai concluíram que era uma ótima ideia incomodar a tia Silvia, mesmo depois de tudo que eles fizeram no passado.
— E o que a sua mãe quer afinal?
Julia fez uma careta antes de falar e Manuela entendeu imediatamente. A morena se levantou e ficou de pé do outro lado da sala. Lógico que a mãe da ruiva não ia concordar agora com uma coisa que ela simplesmente abominava a anos atrás. Manu não era ingênua, ela sabia que aquilo seria um problema eventual, mas as duas estavam tão concentradas em acertar as coisas entre elas que aquela era uma batalha que a morena esperava ter que enfrentar depois, se é que ela realmente teria que encarar em algum momento.
— Eu sei que essa é uma questão que eu preciso resolver, Manu. Coisa que eu devia ter feito na primeira vez que meus pais resolveram se intrometer na minha vida. — Julia falou enquanto Manu ainda estava de costas para ela.
— Você disse que ela te ameaçou. — Manu falou se virando — Como?
— Ela disse que as coisas não vão ser diferentes do passado. Ela e o meu pai não aceitam a minha volta pro Brasil, muito menos o meu... — Julia parou de falar.
— Divórcio? — Manu questionou.
— Isso. — Julia falou simplesmente.
— Entendo. — Manu falou pensativa — Você tem algum uísque aqui?
— Acho que não, mas tem vinho. Pode ser? — Julia falou surpresa com a mudança de assunto.
— Melhor que nada. — Manu falou e Julia se levantou para buscar a bebida.
Mateus era um tema que sempre tirava a publicitária do sério, ela ainda não era capaz de falar sobre o casamento dos dois sem sentir todas as partes do seu corpo se contraírem de raiva. Naqueles momentos, quando ela se lembrava daquilo, parecia impossível que algum dia ela fosse ser capaz de superar aquele passado.
— Aqui. — Julia falou entregando uma taça já servida para a morena e indo se sentar com uma para si.
— Obrigada. — Manu falou e encarou bebida que estava na taça, reflexiva por mais de um motivo — O que você pretende agora?
— Como assim? — Julia falou um pouco preocupada.
— O que você vai fazer com relação aos seus pais? E quando eles descobrirem que você está comigo outra vez? — Manu falou incapaz de esconder o seu aborrecimento.
Por um momento Julia se esqueceu de qual era o tema da conversa. Manu tinha acabado de dizer que elas estavam juntas outra vez e uma alegria intensa a invadiu naquele instante. Ela encarou o rosto impaciente de Manu e soube que não importava o que acontecesse, desde que ela pudesse dizer que elas estavam juntas, tudo ficaria bem. Ela não achava que Manuela tinha se dado conta do que havia acabado de falar e a ruiva imaginou que aquele não era o melhor momento para chamar a atenção para aquele detalhe específico.
— A tia Silvia acha que a minha mãe já está desconfiada, por isso ela ligou pra ela. — Julia começou a explicar — Eu não sei o que os meus pais acham que podem fazer, mas eu sei o que eu vou fazer. Eu cometi um erro uma vez, um que eu não vou deixar voltar a acontecer, não importa o que aconteça.
Manuela respirou fundo e colocou a taça de vinho, ainda sem ter bebido nenhum gole, na mesa de centro. Aquela era uma resposta satisfatória e ainda tinha aquele olhar passional que Julia fazia e deixava a morena com uma vontade insana de terminar aquela conversa para se dedicar a um debate muito mais físico.
— Porque você chorou? — Manu se lembrou de como Julia estava na casa do primo.
Julia estava satisfeita que o tom de voz de Manu já não tinha traços da raiva de minutos atrás.
— A conversa que eu tive com a minha mãe hoje não foi fácil, me fez lembrar de coisas difíceis. Coisas que eu perdi, coisas que eu não tenho como recuperar. Foi por isso que eu chorei. Toda vez que eu penso o quanto eu deixei eles e a minha covardia tirarem de mim, eu choro. — Julia falou com tristeza e sinceridade.
Manuela se aproximou de Julia se sentando ao seu lado.
— Eu sei que às vezes nossas conversas vão ser complicadas, que algumas coisas vão ser difíceis de lidar, difíceis de falar em voz alta, mas eu quero ter certeza que você saiba que eu estou aqui se você precisar. Em uma das nossas conversas você disse que a diferença entre nós duas era que você tinha parado de tentar racionalizar o que existe entre nós. Isso é difícil pra mim, não racionalizar. Algumas coisas simplesmente são complicadas demais pra mim, mas eu sempre vou querer que você esteja bem e feliz, independente do que aconteça… Honestamente eu não me lembro de jamais desejar que você sofresse. Eu não quero que você fique triste e você precisa me dizer quando isso acontecer pra eu poder ficar do seu lado. Você entende isso? — Manu falou com intensidade.
Foi a vez de Julia deixar sua taça de lado.
— É claro que eu entendo. — ela respondeu enquanto puxava Manu para um abraço.
O abraço virou um beijo que acabou terminando na cama, lugar onde todas as complicações e situações difíceis deixavam de existir entre elas. Lugar onde elas se acertavam e se pertenciam sem reservas ou medos.
**
Manuela estava sentada no sofá do consultório de Amanda mexendo no celular enquanto esperava pela amiga. Espera que já estava deixando a morena irritada, ela sabia muito bem como era a agenda da loira e detestava quando Amanda fazia ela ir até o hospital quando ainda não estava liberada para sair porque ela acabava ficando esperando por horas, como naquele momento.
— Desculpa. — Amanda falou entrando na sala — Eu sei que você detesta esperar, mas foi uma emergência. — ela falou antes que Manu pudesse falar qualquer coisa.
Manuela encarou a amiga e não disse nada, simplesmente levantou e abriu a porta. Amanda tirou o jaleco, o estetoscópio, pegou a bolsa e saiu pela porta sorrindo do mau humor da amiga.
— Não vai dar tempo da gente ir fazer a prova do vestido hoje. — Manuela falou enquanto as duas esperavam o elevador.
— Porque? — Amanda questionou.
— Porque você me disse que ia sair três horas, não quatro. — Manu falou observando a luz se acender à medida que o elevador mudava de andar.
— E não dá tempo? — Amanda insistiu.
— Até a gente chegar lá já deu cinco horas, que é quando o ateliê fecha. — Manu explicou — Então eu vou gentilmente te dar uma carona pra casa e você vai dar um jeito de marcar uma outra hora para nós irmos até lá.
— Eu vou ver se a gente pode ir junto com a Isa, eu acho que ela já marcou pra ir um outro dia, já que não dava pra ela ir junto com a gente hoje. — Amanda explicou enquanto as duas entravam no elevador.
— Eu também não sei pra quê os meninos inventaram essa palhaçada de fazer vestidos iguais pras madrinhas. — Manu falou ainda de mau humor.
— Eu acho que vai ficar legal, você só está falando assim porque detesta casamentos.
— Eu não detesto casamentos. De onde você tirou isso? Eu estacionei do lado esquerdo. — Manu falou depois que elas saíram do elevador, indicando onde o carro estava parado.
— Você não precisa me dizer nada, eu te conheço.
As duas entraram no carro da publicitária ainda falando sobre o casamento de Pedro e Willian. A médica reparou que a amiga parecia preocupada com alguma coisa, por isso resolveu mudar o tema da conversa.
— Falando em ser madrinha dos meninos, a Julia já foi oficialmente convidada? — Amanda falou.
— Sim. Eles falaram com ela ontem. — Manu foi econômica.
— Imagino que ela tenha ficado bem feliz. — Amanda insistiu.
— Deve ter ficado. Nós não discutimos o assunto, ela só comentou.
— O que aconteceu? — Amanda questionou olhando o rosto da amiga.
— Nada.
— Claro. Por isso que você tá com essa cara de quem ganhou um par de meias de presente. — Amanda foi irônica.
— O que você tem contra dar meias de presente? — Manu tentou desconversar.
— O que foi que aconteceu? Fala logo.
Manuela suspirou, fez um retorno com o carro, parou em um sinal vermelho e só então resolveu finalmente ceder.
— Eu acho que a Julia tá escondendo alguma coisa de mim. — Manu falou.
— Como assim? — Amanda questionou.
Manuela passou o resto do caminho explicando para Amanda o que tinha acontecido nos últimos dias e as suas desconfianças. Como de costume, a médica ouviu tudo sem interromper.
— E foi isso. — Manu falou estacionando o carro em frente ao prédio de Amanda.
— Então você acha que tem mais coisa acontecendo, além dos pais dela? — a loira perguntou.
— Eu sei que tem um monte de coisas entre nós duas, mas são coisas que nós estamos tentando resolve, quero dizer são coisas que já estão na mesa. Essa outra sensação é mais uma impressão talvez, que eu não consigo deixar de lado. É como se tivesse alguma coisa que ela não me diz e eu achei que fosse isso dos pais, mas eu não acho que seja só isso. — Manu falou.
— Você já pensou em perguntar pra ela? — Amanda falou como se fosse uma coisa óbvia.
— Se ela quisesse me contar já teria feito isso. Além do mais, não é como se a gente fosse um casal, Amanda, eu não posso exigir que ela fale seja lá o que for pra mim. — Manu argumentou.
— Você não vai gostar do que eu vou falar agora. — Amanda falou com uma careta — Mas é o meu papel de amiga. Então, lá vamos nós. Você já parou pra pensar na diferença de como você tem tratado a Julia desde, por exemplo, a nossa última conversa? Então eu estou me questionando se você está apenas negando as coisas pra mim ou se é algum caso mais grave de cegueira crônica que tem te acometido. Porque se vocês duas não são um casal, eu não sei mais o que vocês poderiam ser. Vamos começar pelo fato de que ninguém mais vê vocês duas, já que vocês estão sempre juntas trans*ndo. Você passou do status não falem o nome dela perto de mim pra o totalmente puta da vida quando alguém tenta falar qualquer coisa sobre ela, como quando a sua mãe veio a São Paulo. Até mesmo a sua aversão a dormir e acordar com quem quer que fosse parece ter sido curada.
— Eu já entendi o que você está querendo dizer. — Manuela falou contrariada.
— Eu acho que não. Você já teve coragem de admitir que você está perdoando ela? Porque a exceção do Mateus, o resto parece muito bem superado por você. Então se aquele canalha nunca mais aparecer na vida de vocês, a gente sabe muito bem onde isso tudo vai parar. — Amanda continuou.
Manuela ficou profundamente irritada com o discurso da amiga.
— Qual é o seu ponto? — a morena perguntou seca.
— Vocês já são um casal. Você pode perguntar o que quiser pra ela e também já pode oficialmente trazer ela para o seu convívio familiar. A gente tem sentido a sua falta por aqui. — Amanda falou divertida.
— Eu não tô vendo a mínima graça nisso.
— Seu senso de humor foi afetado também? — Amanda tripudiou — Eu tô falando sério, Manu. As últimas semanas parecem ter feito você se esquecer dos últimos anos e isso é ótimo. Nada poderia me deixar mais feliz. Então admite que vocês estão juntas.
— Você sempre fala como se as coisas fossem muito simples. Existe um passado enorme entre nós, um que eu não sei como ultrapassar. — Manu falou exasperada.
— Talvez seja a hora de vocês duas pararem de pensar que são aquelas duas meninas do passado. Você não é mais aquela pessoa e a Julia também não, mas o amor de vocês parece ser o mesmo. Talvez vocês devessem se conhecer de novo, mostrar uma pra outra quem vocês são agora, se reconquistarem. Isso tudo inclui muita conversa. Eu sou capaz de apostar que isso já está acontecendo, mesmo sem você perceber, mesmo sem você querer admitir. Só tá faltando vocês largarem um pouco o passado e focar no presente, no que vocês querem daqui pra frente juntas.
Manuela concordou com as palavras da amiga, mas não soube como responder e Amanda notou.
— Só me promete que você vai pensar nisso que eu disse e que vai pelo menos considerar a ideia de que talvez vocês já sejam um casal. Pode ser? — Amanda falou com carinho.
— Você tem a minha palavra. — Manu falou com convicção.
— Você não vai subir? — Amanda falou, encerrando o assunto.
— Não posso. Vou jantar com a Taís hoje, tenho que ir em casa me arrumar ainda. — Manu explicou.
— Hum. Como tá aquela louca? — Amanda questionou.
— Do mesmo jeito de sempre. Agora tá apaixonada por uma mulher aí, mas parece que ela tá fazendo jogo duro. Enfim, coisas de Taís. — Manu explicou.
— Sei bem. — Amanda falou com um sorriso — Dá um beijo nela por mim. — ela falou enquanto descia do carro.
— Pode deixar. — Manu respondeu pela janela.
— E essa nossa conversa ainda não acabou, viu!? Depois que você pensar no que eu disse, a gente volta a falar no assunto. Combinado? — Amanda falou olhando nos olhos da amiga.
— Sim, senhora. — Manu concluiu — A gente se fala. — ela disse dando partida no carro.
Amanda concordou e ficou olhando o carro ir embora. Enquanto entrava no prédio ela torceu internamente para a amiga conseguir se resolver sobre aquela confusão que já durava anos.
**
Pedro e Will estavam na casa de Silvia para jantar, os três precisavam resolver detalhes sobre o casamento. A advogada havia aproveitado a oportunidade de ter o filho em sua casa para convidar Julia também, Pedro havia comentado que ela tinha tido uma conversa complicada com a mãe e queria ter certeza de que estava tudo bem.
— Vocês convidaram a Manu? — Silvia perguntou. Os três estavam na sala esperando o jantar ficar pronto, Julia ainda não tinha chegado.
— Eu falei com ela, mas ela tinha um outro compromisso. — Will explicou.
— Que pena, eu queria muito ver ela e a Julia juntas. Confesso que estou meio curiosa sobre isso. — Silvia admitiu.
— Não fique. A Manu é discretíssima pelo que eu vi lá em casa ontem. — Pedro explicou enquanto se levantava para pegar uma bebida no bar.
— É mesmo? — Silvia questionou curiosa.
— É. Eu também estava numa curiosidade tremenda de ver as duas juntas, mas a Manu tratou de expulsar a gente da sala com menos de um minuto e depois as duas foram embora rapidamente. — Will falou.
— Também não tinha como ser diferente, dada a história das duas e o estilo da Manu. — Silvia ponderou.
— Ela falou que compromisso ela tinha hoje? — Pedro perguntou para o namorado.
— A Manu? — Will questionou e Pedro concordou com um aceno de cabeça — Ela ia jantar com aquela amizade colorida dela, a Taís.
— Quem é Taís? — Julia perguntou entrando na sala. Ela tinha chegado sem que os três percebessem e ouvido o final da conversa, a informação dada por Willian deixou a arquiteta totalmente em alerta.
— Que Taís? — Pedro respondeu fingindo que não tinha entendido.
— A Taís com quem a Manu está jantando hoje. — Julia falou entre dentes.
— Ela é uma amiga de longa data da Manu, você vai acabar conhecendo ela uma hora dessas. — Will falou com um sorriso amarelo.
— Pode apostar que sim. — Julia falou com um pensamento ferino tomando conta de si. Ela não queria nem imaginar o que Manuela poderia fazer com uma amizade colorida e preferia nem se atrever a fazer isso. Era capaz do ciúme a consumir por completo.
— De qualquer forma, você não tem com o que se preocupar, meu bem. Eu mesma conheço a Taís e sei que ela não é nenhuma ameaça. — Silvia falou apaziguadora.
— Verdade, Ju. Se a Manu e a Taís fossem ter alguma coisa séria, já teria rolado há muito tempo atrás. — Pedro também tentou.
— Além do mais, a Manu que não me ouça, mas desde que você voltou ela anda bem quietinha. Antes de você chegar ela tinha um casinho novo por semana e ainda tinha as saídas de uma noite só. — Will finalizou a questão.
Julia não soube se aqui a tranquiliza ou a deixava ainda mais preocupada, um sinal de alerta havia se acendido dentro dela. Seja lá quem fosse aquela Taís, a ruiva ia querer saber.
— Eu acho que eu vou querer uma bebida dessa. — Julia disse apontando para o copo que Pedro segurava. Saber sobre a vida sexual de Manu não era a coisa mais divertida do mundo, ainda mais quando a morena tinha avisado que tinha um compromisso sem especificar que era com uma mulher.
Julia não se lembrava de ser uma pessoa ciumenta, mas pelo visto agora ela era.
Fim do capítulo
Ei, povo querido.
Capitulo de hoje postado com sucesso, seguimos na nossa meta de terminar tudo ainda esse mês e agora já estamos quase chegando de verdade no trecho final da história. Espero que vocês gostem e que sigam confiantes de que vai dar tudo certo, embora certo também seja uma coisa complexa e abstrata, podendo significar qualquer coisa.
Beijo pra vocês! Bom resto de fim de semana. ♥
P.S: Amanhã a vida vai estar rolando com tudo por aqui e não sei se vou conseguir vir postar, mas na segunda estaremos de volta. *-*
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Marta Andrade dos Santos
Em: 14/07/2024
Quem tem amigos assim não precisa de inimigos Manu tá ferrada.
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Joanna
Em: 14/07/2024
O tempo passa rápido demais e segundas, terceiras chances são sempre possíveis, uma das coisas que aprendemos com ele é que muito do que acreditávamos como verdades absolutas, não são, é muito fácil dizermos que todos temos defeitos, mas o simples fato de não aceitarmos os erros dos outros, nos decepcionarmos, indica que nos julgamos perfeitos e não somos, com certeza decepcionamos também o outro, acho que reconhecer isso é o caminho.
A Manu está se permitindo e a Ju fazendo asneiras ao ocultar fatos. A tal cumplicidade, intimidade, confiança, faz toda a diferença. Resumindo-se a palaveas-chave é reciprocidade.
Abr
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