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Preciso Dizer Que Te Amo por escrita_em_atos

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Palavras: 4040
Acessos: 2267   |  Postado em: 10/07/2024

Shake It Out

Manuela voltou para São Paulo no domingo à noite. Não eram só as coisas que haviam acontecido nos últimos dias que giravam na sua cabeça agora, tudo que a mãe havia lhe dito ficava martelando as suas ideias também. Alice era uma mãe maravilhosa, Manuela se censurou mentalmente por ter pensando em acusar a mãe de qualquer coisa que fosse. O fim de semana em casa tinha servido para a publicitária acertar os ponteiros com a família, além da conversa com a mãe, Manu também tinha passado um bom tempo conversando com o pai e o irmão. Ela tinha uma família privilegiada, no fim das contas, mesmo quando as opiniões divergiam, eles acabavam se acertando.

Na segunda pela manhã, enquanto dirigia para a iDraw, Manu repassava mentalmente tudo que havia acontecido nos últimos meses. Era muito, em pouco tempo. No rádio do carro tocava alguma música que ela não prestava atenção. Quando parou em um cruzamento, no sinal vermelho, ela concluiu que precisava pensar bem antes de qualquer atitude.

— Tudo que você tem feito nas últimas semanas é pensar, minha querida. Você tem pensado até demais. — ela falou em voz alta, enquanto observava os pedestres atravessarem a rua.

Manu estava realmente um pouco saturada de ter que ficar pensando e pensando sobre tudo aquilo. Ela resolveu aumentar o volume da música e tentar esvaziar a cabeça por alguns instantes. A voz forte e suave da Florence Welch preencheu o carro. Manuela acompanhou a letra de Shake It Out (Florence + The Machine) distraidamente, até perceber que ela dizia exatamente o que ela precisava e, provavelmente, queria ouvir. Foi como se alguma coisa dentro dela se resolvesse enquanto ela ouvia aquela música e dirigia. Manuela havia se decidido.

**

Julia sabia que Manu já estava de volta à cidade, Pedro tinha contado para ela enquanto os dois conversavam ao telefone na noite anterior. Ela encarou o celular na mesa pela milésima vez naquela manhã, mas Manu ainda não tinha ligado. Desde o telefonema, há mais de uma semana atrás, elas não haviam se falado mais e Julia não estava nada feliz com aquilo. Embora a ruiva soubesse que era um mal necessário, era difícil não ceder a ânsia de simplesmente ligar para pelo menos ouvir a voz de Manuela. Julia iria receber um cliente na sala de reuniões em alguns minutos, com raiva de ficar olhando para o celular de cinco em cinco segundos, a ruiva resolveu deixar o aparelho no escritório mesmo. Quando voltou, depois de aproximadamente uma hora, ela se arrependeu de não ter levado o telefone consigo.

Um sorriso destinado única e exclusivamente a Manuela se formou nos lábios da ruiva, ao ver que tinha uma chamada perdida no celular. Manu tinha ligado. Finalmente, depois daquela manhã de segunda torturante, Julia estava nas nuvens. Era impossível ficar infeliz sabendo que Manu queria falar com ela. Ela respirou fundo e ligou de volta.

— Alô. — Manu respondeu depois do segundo toque.

— Oi. — Julia respondeu com um sorriso — Você me ligou. Desculpa, eu não pude atender porque estava em uma reunião.

— Sem problemas, se eu estiver atrapalhando você a gente pode conversar uma outra hora. — Manuela respondeu.

Julia reparou que Manu estava séria e tinha alguma coisa diferente no tom de voz dela, porém pelo telefone a arquiteta não soube definir o que era.

— Não, eu já terminei a reunião. A gente pode conversar agora. — ela falou tentando adivinhar o que tinha mudado em Manu.

Manu pensou por alguns segundos antes de voltar a falar.

— Nós meio que ficamos de almoçar hoje, quando eu voltasse de Belo Horizonte. — ela iniciou.

— Verdade. — Julia deixou que Manu conduzisse a conversa.

— Eu não vou conseguir sair para almoçar hoje, eu tenho um monte de coisas para resolver aqui no escritório. — Manuela explicou.

— Entendo. — Julia falou um pouco decepcionada — A gente pode remarcar, se você quiser.

— Isso! A gente pode jantar no lugar, se você puder, é claro. — Manuela falou com segurança.

Julia sorriu.

— É claro que eu posso.

— Ótimo. Eu busco você às sete e meia, pode ser?

— Parece ótimo.

— Em casa ou no escritório? — Manu perguntou.

— No escritório.

— Ótimo. — Manu respondeu simplesmente — Eu só queria combinar isso, a gente conversa melhor à noite. Tudo bem?

— Melhor impossível. Te vejo mais tarde.

— Ok. Até mais. — Manu se despediu.

Julia ficou olhando o celular com um sorriso. Finalmente as coisas pareciam começar a se acertar. Embora Manuela não tivesse sido muito clara no telefonema, pelo menos elas iam se ver logo mais e uma coisa sobre a ex-namorada que nunca tinha mudado era o quanto ela era decidida. Todo mundo falava isso, a Julia sabia muito bem disso e parecia que finalmente a natureza resolutiva de Manu estava em ação.

**

Manuela desligou o celular e entrou na sala de reuniões, onde todos já estavam conversando sobre as atividades da semana. Uma certa ansiedade havia se instalado dentro dela desde cedo, ela resolveu ignorar o sentimento e deixar para as emoções fluírem quando fosse o momento. Já dentro da sala, ela se sentou ao lado de Willian e o amigo a olhou com um sorriso.

— Tudo bem? — Will questionou.

— Tudo e por aqui? — ela devolveu o sorriso.

— Tudo ótimo. Vamos começar falando sobre os clientes do Rio? Já que você foi pra lá semana passada.

— Vamos!

Como de costume, depois de todos os outros funcionários deixarem a sala de reunião, Willian e Manuela ficaram sozinhos para acertar alguns detalhes sobre o escritório e para colocar o papo em dia. O resto da tarde correu sem maiores surpresas e Manu deixou o escritório, por volta das 19hrs, tentando se preparar para a conversa que viria a seguir.

**

Julia passou o resto do dia em um estado de excitação muito grande. O relógio parecia ter parado de funcionar, porque as horas simplesmente não passavam. Se concentrar no trabalho foi uma tarefa praticamente impossível para a ruiva, mas ela tentou. Quase no fim do expediente ela chamou Márcia ao escritório para poder acertar alguns detalhes da agenda do resto da semana. Com a secretária dentro da sala, Julia tirou o encontro com Manu da cabeça por pelo menos alguns minutos. Somente quando o celular vibrou sobre a mesa, anunciando a chegada de uma mensagem, foi que ela notou que já era mais de sete da noite. Manuela havia escrito simplesmente ‘Estou aqui’, mas foi o suficiente para fazer os batimentos cardíacos da arquiteta acelerarem instantaneamente.

— Acho que isso é tudo, né!? — ela perguntou para a secretária.

— Sim. — Márcia respondeu anotando os últimos detalhes na agenda.

— Então eu vou indo. — Julia falou já de pé — Até amanhã, Márcia. — ela se despediu pegando a bolsa e saindo da sala.

— Até. — Márcia respondeu, mas sabia que a chefe não tinha ouvido. A secretária achou a saída apressada de Julia muito estranha e ficou imaginando de quem seria a mensagem que ela havia recebido.

**

Manu estacionou em frente ao escritório de Julia com alguns minutos de antecedência. Ela enviou uma mensagem avisando que já havia chegado e esperou até Julia surgir pela porta do prédio. Manuela observou a ruiva se aproximar do carro e torceu para que tudo desse certo.

— Oi. — Julia disse com um sorriso, depois de entrar no carro.

— Oi. — Manu respondeu com um sorriso mais contido do que o da ruiva — Eu já escolhi o restaurante, tudo bem pra você? — ela continuou depois de dar partida no carro.

— Claro. — Julia respondeu.

— Eu acho que você vai gostar do lugar. — Manu falou sem tirar os olhos da direção. Julia, por outro lado, não tirava os olhos da mulher ao seu lado, com medo dela desaparecer a qualquer segundo como num sonho.

— Eu tenho certeza que eu vou.

— Você se importa se eu colocar uma música? — Manu perguntou, tentando manter a conversa.

— Não.

Manuela olhou para Julia por alguns segundos e riu da maneira como ela olhava para ela.

— Okay. — Manu respondeu enquanto ligava o rádio, a primeira música que tocou foi Shake It Out (Florence + The Machine). A música estava no repeat desde daquela manhã, quando Manu tinha ouvido a caminho do trabalho.

As duas não conversaram mais durante o trajeto até o restaurante. Julia notou que o lugar ficava um pouco distante do centro e na direção oposta à do seu apartamento, mas era perto da casa de Manuela. A publicitária tinha escolhido aquele lugar porque era um dos seus preferidos e ela queria um lugar tranquilo para conversar com Julia. Manuela estacionou o carro e as duas caminharam lado a lado, ainda em silêncio, em direção a entrada do lugar.

— Boa noite. — Manuela falou para o garçom que estava na entrada.

— Dona Manu. — o rapaz respondeu com um sorriso — Que surpresa boa.

— Tudo bem, Túlio? — Manu disse com educação.

— Tudo ótimo e a senhorita? Andou sumida nas últimas semanas.

— Muitas viagens a trabalho. — ela explicou — Tem uma mesa aí pra gente?

— Pra senhorita sempre tem, ainda mais hoje, tão bem acompanhada. Boa noite. — ele disse para Julia.

— Boa noite. — a ruiva respondeu com um sorriso de agradecimento pelo elogio.

— Me acompanhem, por favor. — ele disse também sorrindo.

As duas seguiram o homem até uma das mesas do local. Depois de se sentarem, Manuela pediu que Túlio trouxesse um suco para ela, já que estava dirigindo aquela noite e também andava tentando evitar a bebedeira, Julia achou melhor não beber nada alcoólico também, lucidez seria necessária naquela conversa. As duas ficaram sozinhas depois que o garçom se afastou para buscar os pedidos.

— Então, como foi a viagem? As viagens né!? Foram várias. — Julia perguntou enquanto olhava o cardápio, tentando quebrar a tensão do momento.

— Tudo bem e você? — Manu disse observando a ruiva.

— Também. Você não vai escolher? — Julia perguntou indicando o outro cardápio sobre a mesa.

— Eu já conheço o cardápio. — Manu respondeu com simplicidade.

— Você conversou com a sua mãe? — Julia falou voltando a olhar para o cardápio.

— Sim. — Manu respondeu um pouco mais séria.

— E como foi? — Julia perguntou, deixando o cardápio de lado e encarando o rosto de Manuela.

— Não muito esclarecedor por um lado, muito útil por outro.

— Hmm.

— Ela me fez pensar as coisas por um lado que eu ainda não tinha reparado.

— Engraçado, ela fez a mesma coisa comigo. — Julia respondeu com um sorriso.

— Dona Alice tem suas habilidades. — Manu também sorriu.

— Então… você pensou durante esses dias?

— Bastante. — Manu interrompeu.

— E concluiu? — Julia continuou.

— Eu não sei se é uma boa conclusão, mas a sensação é que eu não tenho escolha. Eu estou presa nesse sentimento desde o dia em que te conheci, eu tentei me livrar dele nos últimos seis anos e não consegui. Eu não tenho escolha. — Manuela explicou.

— Você não é a única, Manu. Eu também estou presa e eu também tentei te esquecer, mas aqui estamos nós. — Julia falou.

Manuela concordou com um aceno de cabeça, antes de voltar a falar.

— O problema é que quando a gente estava separada, vivendo cada uma em um continente, era mais fácil. Agora parece que todos os caminhos nos levam a um inevitável encontro.

— Você está querendo dizer o quê? — Julia queria entender onde Manuela ia chegar com aquele raciocínio.

— É impossível a gente se manter afastada morando na mesma cidade. Você não conseguiria, eu não conseguiria. A gente fatalmente vai ficar junto.

— Eu não quero que você fique comigo porque essa é a sua única escolha ou simplesmente porque não existe outra possibilidade. Como se fosse uma obrigação ou qualquer coisa do tipo. — Julia falou decepcionada.

— Eu não disse isso. — Manuela se apressou em explicar.

— Então o que você disse?

— Você perguntou qual a minha conclusão e é essa. Mas isso não significa que eu esteja aqui hoje por isso. Eu só percebi que as coisas não mudaram tanto assim, desde quando a gente se conheceu. — Manuela falou — Naquela época, apesar de todas as coisas, eu sabia que ia ficar com você e vice-versa. A gente se pertencia de uma maneira que nunca ficou muito clara pra mim.

— Ainda não está claro pra mim. — Julia admitiu — Eu nunca consegui entender o tamanho desse sentimento e provavelmente não fazia ideia da importância dele nas nossas vidas. Se eu soubesse, talvez não tivesse sido tão leviana.

— Eu não posso te julgar por não entender. Eu acho que eu realmente só fui perceber como as coisas eram, quando você me deixou. — Manu disse com um olhar triste.

— Mais uma coisa que nós temos em comum. — Julia concluiu.

— Talvez… A realidade é que o nosso passado é uma carga grande demais, são muitos sentimentos e acontecimentos. Muitos desencontros. — Manu falou pensativa.

— Ainda assim é, até hoje, a época mais feliz da minha vida. — Julia ponderou.

Manu voltou a falar depois de uma pequena pausa, avaliando a conversa até ali.

— Eu já te disse que eu não sei se eu consigo esquecer todas as coisas que aconteceram, mas nada que tenha acontecido no nosso passado me dá o direito de te tratar da forma que eu tratei nas últimas vezes em que nós ficamos juntas. Eu quero te pedir desculpa por isso. — Manu falou encarando a infinidade de sentimentos dentro dos olhos verdes a sua frente.

— Você não precisa me pedir desculpa, eu entendo. Não que eu tenha ficado feliz, mas eu entendo que as coisas são complicadas de lidar em uma situação como a nossa. — Julia falou com carinho.

— Complicadas ou não eu agi como uma idiota. Eu só fiz isso porque eu estava confusa e tentando lidar com mais sentimentos do que eu era capaz de processar de uma só vez, mas isso não justifica. Eu lamento de verdade a maneira como eu lidei com as coisas desde aquele beijo na casa da sua tia. — Manu falou com resignação.

— Quando eu te reencontrei eu sabia que as coisas não seriam fáceis, Manu. Eu também lamento, a culpa é muito mais minha do que sua. Eu assumo.

Manuela compreendeu o que Julia quis dizer e ficou grata por perceber que as duas estavam, talvez, começando a encontrar algum meio termo, um certo nível de entendimento.

— E o que a gente faz agora? — Julia questionou.

— Vive o inevitável?

— Como assim?

— Eu te disse, eu sinto que estou fadada a continuar voltando, mesmo que eu não entenda, mesmo que eu não aceite… você parece ser inevitável na minha vida.

— Então, ainda que você não queira, você está dizendo que nós vamos ficar juntas porque a nossa relação é uma forma de sentença da qual você não pode escapar? — Julia questionou com um tom de incredulidade e desagrado.

— Você praticamente invadiu meu escritório, meu apartamento e me cercou por todos os lados até conseguir falar comigo. Você não pode agora achar assim tão absurdo que eu me sinta dessa forma. — Manu tentou argumentar.

— Eu fiz todas essas coisas porque eu amo você e eu estou disposta a admitir que o meu comportamento de invadir a sua vida depois de tudo que aconteceu é repreensível no mínimo, mas qual outra possibilidade eu tinha?

— Eu não estou reclamando, Julia, eu estou justamente dizendo que eu entendo. Você pode chamar de amor, minha mãe chamou assim também, eu só estou dizendo que eu vejo isso como essa coisa inevitável, que eu não controlo e que vai continuar me empurrando perto de você.

Julia já havia largado o cardápio sobre a mesa e resolveu tomar um gole da água que já estava servida. Ela estava ouvindo as palavras, mas não estava nada satisfeita com o significado de nada daquilo.

— Eu sei que eu parti seu coração, eu parti o meu também. — a ruiva falou por fim — Mas, eu acho que até agora eu não tinha realizado o quanto.

Manuela encarou os olhos de Julia por algum tempo.

— O que você esperava? Voltar e remendar os pedaços que você largou pra trás?

— Eu esperava… eu não sei, que a gente fosse reconhecer.

— A dúvida tem uma eficiência gigantesca em transformar a gente, Julia. E eu vivi em dúvida por tanto tempo que eu mesma parei de me reconhecer e aí eu mudei.

— Então o que você quer?

— Parar de lutar contra os meus instintos. Eu estou aceitando o inevitável e estou disposta a não ser uma idiota o tempo inteiro.

— E o que você quer de mim? — Julia entendia de onde estava vindo aquela explicação, ela não fazia ideia de como iria reagir se elas estivessem em posições opostas, mas ela também entendia o que queria daquele reencontro e aquela pergunta era sobre isso. Sobre entender se existia alguma esperança afinal de contas.

Manuela pensou bem antes de responder e honestidade parecia ser sempre a melhor alternativa.

— Eu não sei, mas você me pediu uma chance e isso é o que eu tenho a oferecer.

Julia concordou com um aceno de cabeça, ela não estava se enganando, qualquer coisa que Manuela quisesse oferecer, a arquiteta iria aceitar, mas realmente não seria um caminho simples para nenhuma delas. Elas jantaram em um clima de tranquilidade e a ruiva notou, enquanto falava um pouco sobre o seu próprio trabalho depois da outra mulher demonstrar certa curiosidade sobre o tema, que talvez a mudança mais significativa que ela teria que lidar era ver diante do seus próprios olhos como a reserva, a seriedade e o distanciamento com que Manu sempre lidava com as suas relações, iria ser uma barreira que ela, Julia, teria que lidar, algo inédito entre as duas. Julia tinha que reconquistar a confiança de Manuela, isso era um fato, mas mais que a confiança entre elas, talvez aquilo fosse necessário para permitir que a publicitária voltasse a se abrir para o amor.

**

O encontro terminou, previsivelmente, na cama. Dessa vez o apartamento de Manuela tinha sido o palco de mais uma noite de entrega entre elas. Julia havia ficado maravilhada com o convite de Manu, a ruiva ser convidada para dormir no apartamento da publicitária demonstrava o quanto ela estava disposta a dar uma chance para as duas. Até mesmo a postura de Manuela estava diferente, ela estava mais carinhosa e muito mais passional. Lembrando Julia muito mais da época que as duas namoravam. Isso era praticamente um contraponto com a forma como a publicitária havia falado no restaurante e dava ainda mais esperanças para Julia. Esperança de que as duas não eram inevitáveis como uma fatalidade e sim como se o destino delas se completasse.

A ruiva, pela primeira vez em muito tempo, achou que poderia realmente ser feliz outra vez. E aquilo fez com que ela acordasse com um sorriso luminoso no rosto. Sorriso que se desfez assim que Julia notou que estava sozinha na cama. Toda a felicidade da noite anterior deu lugar a uma angústia áspera. Manu tinha fugido mais uma vez e deixado ela sozinha, foi o que ela concluiu.

Julia não podia estar mais enganada.

— Você já vai? — Manu falou ao entrar no quarto e reparar que Julia procurava as roupas espalhadas pelo cômodo.


Julia estava de costas para a porta, por isso quando ouviu a voz de Manu tomou um susto. Ela se virou e reparou que ela segurava uma xícara e um prato. A morena vestia somente um robe e tinha o cabelo preso em um coque mal feito, por alguns segundos Julia se esqueceu do mundo. Manuela estava ali, linda, mais linda do que Julia se lembrava que ela poderia ser pela manhã. Ela não tinha deixado Julia sozinha afinal.

— Não. — ela respondeu como se fosse uma coisa óbvia — Eu só estava juntando esse monte de roupa espalhada. — ela falou jogando as roupas numa poltrona que ficava no quarto.

Manuela sorriu. Ver Julia dentro do seu quarto, só de lingerie, era uma visão que trazia boas memórias, mesmo que ela não estivesse pronta para admitir isso por inteiro.

— Eu fiz o café. — Manu disse se aproximando — Mas a intenção era te servir na cama. — ela disse dando um beijo no pescoço de Julia.

— A gente pode resolver isso. — ela disse pegando a xícara de Manuela e puxando ela pela mão para voltar para a cama.

As duas se sentaram, Manu pegou a xícara de volta e entregou o prato para a ruiva. Só então Julia reparou o que tinha dentro do prato: pão de queijo, duas fatias de bolo de fubá e duas de queijo Minas. Julia se emocionou um pouco, na época em que elas namoravam era exatamente assim que Manuela servia o café da manhã das duas. Um único prato, uma única xícara e sempre tinha pão de queijo e queijo Minas. Coisas que a morena não dispensava, como boa mineira que era. Manuela estava prestando atenção no jornal que havia trazido consigo para dentro do quarto e não reparou que Julia olhava para ela embevecida.

— Aqui o café. — Manu disse virando o rosto para Julia, foi então que reparou que ela não tinha comido nada ainda — Você não vai comer?

— Vou. — Julia saiu do estado de hipnose em que estava e comeu um pedaço do bolo. A ruiva aceitou o café que Manuela oferecia e serviu um pedaço de bolo na boca dela. As duas tomaram o resto do café da manhã em silêncio, Manuela concentrada nas notícias do jornal e Julia saboreando a mágica daquele momento.

— Desculpa ter te acordado tão cedo, é que eu tenho uma reunião cedo na iDraw. — Manu falou depois de fechar o jornal.

— Não tem problema. — Julia respondeu colocando o prato e a xícara, já vazios, no criado mudo — Eu também preciso estar cedo no escritório e eu ainda vou ter que ir em casa me trocar.

— Se a gente sair agora eu posso te levar em casa, eu só preciso de uns dez minutos pra tomar banho e me trocar. — Manu falou.

— Ou... — Julia falou aproximando o corpo do de Manu — Eu vou pra casa de táxi e a gente toma esse banho juntas. — ela concluiu abraçando Manu pelo pescoço e dando leves mordidas na orelha da morena.

— Tem certeza? — Manuela falou depois de um gemido.

— Absoluta. — Julia respondeu antes de ter sua boca assaltada pelos lábios de Manu.

As duas ficaram no banho por muito mais tempo do que pretendiam e Manuela já estava atrasada quando as duas saíram do apartamento. Julia tinha pedido um táxi enquanto Manuela acabava de se arrumar, mas Manu ainda insistia em levar ela para casa.

— Você já está atrasada, eu já estou atrasada. É melhor você ir, o táxi não vai demorar nem dez minutos pra chegar aqui. — Julia explicou enquanto as duas entravam no elevador.

— É, eu realmente estou atrasada. — Manu falou olhando o relógio no pulso.

— Eu sei. — Julia disse com um sorriso.

As duas se despediram na recepção do prédio. Manu ia para a garagem e Julia iria esperar o táxi ali mesmo.

— A gente se fala? — Manu falou.

— Eu te ligo. — Julia respondeu.

 

Manuela puxou a ruiva pela cintura e as duas se beijaram. Manuela sorriu antes de se virar e ir embora, Julia suspirou e flutuou em direção à porta do prédio. Não fazia nenhum sentido, mas era assim os mistérios da vida, como o sentimento que une duas pessoas mesmo depois de tanto sofrimento.


Fim do capítulo

Notas finais:

Ei, gente! Como estamos? Bem? A esperança é sempre que vocês estejam o máximo bem possível e mais um pouco.

 

Mais um capítulo, as coisas vão se organizando e se bagunçando...se resolvendo e se complicando... Mas, o importante é que elas vão indo e nós já estamos bem avançadas nos capítulos, o que significa que daqui a pouco vem o trecho final...

 

Enfim, muito obrigada por todas que estão acompanhando e comentando e fazendo a minha vida mais boa de viver.

 

Beijo procês e até amanhã! ♥


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Comentários para 31 - Shake It Out:
jake
jake

Em: 12/07/2024

Parabéns autora linda.

Que delicia esse momento de amor .

Julia não deixa sua Mámae.se meter.

#majufelizesparasempre.

Responder

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Mmila
Mmila

Em: 11/07/2024

Momento amor.

Duas lindas juntas.

Julia, não deixa nada atrapalhar essa chance (tô falando da tua mãe).

Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 11/07/2024

Eu aceita que dói menos Manu.

Responder

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SeiLá
SeiLá

Em: 11/07/2024

Oin que capítulo mais fofinho, que gostinho doce ficou na boca, obrigada por esse pedacinho bom da vida de poder ler umas histórias tao gostosa kkk!

Responder

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patty-321
patty-321

Em: 10/07/2024

Gostei demais. Manu está dando a chance pedida. Aproveite Júlia e não deixa a megera da tua mãe te atrapalhar agora. Bjs

Responder

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 10/07/2024

Que elas continuem assim: juntas e aparando as arestas 

Responder

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LeticiaFed
LeticiaFed

Em: 10/07/2024

Só tenho a dizer que acho essas duas muito fofas. ;)

Responder

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