Tortinha de morango
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O dia começou normal, acordei, tomei café, senti preguiça e fui trabalhar. Mas a expectativa de vê-la era enorme, assim como o medo também. Ana era o tipo de mulher perigosa pra mim. Ao mesmo tempo em que eu queria ser totalmente profissional e séria perto dela, eu não conseguia. E era aí que estava o perigo, eu não tinha controle de mim mesma quando estava com ela. Quando dava por mim, eu já estava brincando, tentando conquistar a confiança dela ou chamar sua atenção. Queria arrancar risos dela, queria que ela achasse meus assuntos interessantes, e principalmente que se soltasse comigo, confiasse e que me contasse sobre sua vida.
Ah... Eu a queria na minha cama também, mas acho que posso pular essa parte, né? Pelo menos tentar abstrair, jogar um balde de água fria.
Enfim, fiquei esperando o telefone tocar sentadinha em minha sala. Conversei com Lucas nesse meio tempo e marcamos de almoçar juntos. Graças a Deus o telefonema não demorou.
Caminhei rumo a sua sala, bati na porta e limpei a garganta antes, como sempre, pois a ideia de estar com ela me deixava nervosa, mas essa não era eu sendo eu. Aquilo não era normal pra mim. Eu que geralmente era toda solta, brincalhona e toda segura de mim, nervosa? Corre! É... Meu alarme interno permanecia disparado todo tempo, desde que eu a vi. Ela era chave de cadeia, destruidora de corações, quebraria o meu com certeza. Eu sabia!
Ouvi a voz dela:
-- Entra!
Abri a porta e a vi, poxa vida, até a luz lá fora refletindo pareceu mais bonita. Ela fazia tudo parecer mais bonito. Sorri como era esperado e inevitável não o fazer. Ela me olhou, me encarou rápido demais e baixou os olhos para o que estava lendo.
-- Fecha a porta e senta, por favor.
Nossa, eu aqui quase flutuando por vê-la, romantizando toda a cena e ela só diz ‘Senta, por favor?’ É pra acabar mesmo, ein!
Mas prontamente fechei a porta e me sentei. Limpei a garganta de novo e gritei para mim mesma: 'Seja séria agora! Ela é sua chefe e é hétero!'. Essa frase se repetia pela milésima vez na minha cabeça em apenas dois dias.
Esperei em silêncio enquanto ela finalizava alguma coisa em que estava trabalhando. Reparei em como ela finalizou uma frase, com um ponto final firme na folha em que escrevia e voltou sua atenção para mim.
-- Então, Lara, tem um caso aqui de alguns alemães que estão querendo fazer negócios e temos que mostrar que temos potencial suficiente. Vou te mostrar os projetos, ideias, pesquisas e tudo o mais. Vamos trabalhando para dar o que eles querem e precisam. Pró-atividade é tudo aqui! Com o tempo você vai pegando o ritmo...
E ela foi explicando, explicando, falando e falando. Dava até pra ficar bêbada com aquela voz. Era ótimo ficar ali ouvindo e ouvindo. Às vezes eu perguntava algo, repassávamos outras, em alguns momentos dei minha opinião sobre algumas coisas e ela até fez comentários pessoais em outras. Lemos algumas palavras em alemão e eu tentei lhe ensinar uma boa pronuncia, ela comentou que nunca foi uma língua a qual se interessou e foi engraçado eu lhe ensinando e ela tentando aprender. Rir com ela era muito bom. Melhor do que deveria ser na verdade. Que sorriso lindo, Jesus! Que dentes brancos e alinhadinhos, boca chamativa e tentadora. Ensinei também algumas coisas básicas em alemão como, ‘Olá, como vai você?’
- Hallo, Wie geht es Ihnen? Assim? – Ela repetiu quase perfeitamente, depois da décima vez.
- É.. Tá melhorando. – risos.
- De novo... – Ela disse. Seus olhos até brilhavam e se não me engano ela deu um pulinho na cadeira, me lembrando uma criança empolgada.
E assim a manhã toda foi embora. Levei um susto quando meu celular tocou e era o Lucas perguntando onde eu estava para o nosso almoço. Disse que tinha perdido à hora, mas que eu já estava indo. Ana pareceu não ligar muito por eu ter atendido ao telefone, pois fixou o olhar nas folhas e me esqueceu de novo. Só falou ainda olhando para baixo:
-- Marcou de almoçar com alguém?
-- Aham, o Lucas. Tô morta de fome! Tempo pro almoço e depois continuamos? – Eu disse animada, com as mãos na cintura e um sorriso enorme.
-- Claro, pode ir. Não vou ser a chefe bruxa que vai te privar do seu encontro. - Ela murmurou ainda afundada nos papeis.
Olhei pra ela como quem não entendia bem. Na verdade, eu não entendi nada do que ela disse. Bruxa?! Como assim?
-- Não é um encontro não. É só comida. Você não vai também? Vem comigo!
Ela nem fez questão de subir o olhar, respondeu ainda afundada nos documentos.
-- Não, vou depois. Passa e fecha a porta, por favor. Nos encontraremos às 14:00 horas, aqui. Bom almoço.
Minhas mãos caíram da cintura e meu sorriso murchou. Broxei.
Fiquei olhando pra ela. Aquilo era uma dispensa, e das bem dadas. Caminhei rumo à porta ainda sem entender como o humor da sala mudou de repente. Eu não fiz nada de errado, fiz? Eu tinha meu horário de almoço, certo? Ela tava toda solta comigo há uns 2 minutos atrás e agora isso?
-- Pra você também. – Eu disse simplesmente, com meu orgulho já meio amargurado. O que mais tinha a ser dito? Nada né.
Por que aquilo me deixava com uma sensação de angustia no peito? Por que ela tinha que ser tão bipolar? Ou tão séria, distante, intangível, sei lá!
Sai e fechei a porta.
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Ana
Mal cheguei à empresa e já mandei chamá-la. No fundo, lá no fundo eu estava ansiosa por sua presença e o turbilhão de sentimentos que me rodeavam quando ela estava por perto, mas claro que eu queria principalmente adiantar o trabalho, certo? Ela entrou e sorriu como eu torcia para que fizesse. Aquele sorriso que resplandece o lugar, que te faz lembrar uma criança e te fazer querer sorrir também. Mas eu iria me conter.
-- Fecha a porta e senta, por favor.
Ela sentou em minha frente parecendo meio retraída. Eu nunca tinha parado pra pensar sobre como tratar meus funcionários. Eu não era má, apenas direta e rígida, mas por algum motivo eu odiava ser assim com ela. Acho que um sorriso daqueles que ela tinha quando estava leve e solta, não deveria ser apagado nunca. Mas quanto mais eu queria vê-lo aparecer, menos eu entendia o porquê, e aí mais eu lutava para não sentir aquilo. Essa coisa que para mim ainda não tinha sentido, definição ou nome. Então eu meio que forçava a voz e fazia o que eu estava sendo paga para fazer, meu papel de diretora chefe.
Comecei explicando que estávamos fechando contrato com alguns alemães e que era preciso muita eficiência nesse caso. Ela pareceu entender tudo conforme eu falava e sua feição ficou mais concentrada, mais séria. Continuamos em um ritmo muito bom, lá pela metade da manhã o clima entre nós deu uma relaxada, seus sorrisos estavam de volta e seu jeito descontraído também. No meio de um texto tinham algumas palavras em alemão e ela foi me ensinar como pronunciá-las corretamente. Devo confessar que era muito difícil e ao mesmo tempo engraçado. Mesmo não conseguindo parar de rir eu estava tentando acompanhá-la, e sem perceber eu estava me sentindo jovem de novo. Eu sei que só tenho 26 anos, mas me sinto uma velha a maioria do tempo.
No final do dia tinha aprendido a cumprimentar alguém. Ela tinha muita paciência e bom humor pra isso. Ela me contou que havia sido professora uma vez, quando era jovem e lutava para juntar uma graninha no final do mês. O telefone dela tocou bem nessa hora, interrompendo sua história e a escutei se desculpando com alguém por ter perdido à hora e dizendo que ela já estava indo. Senti uma coisinha chata dentro de mim, porque meio sem querer, eu tinha planejado ficar ali com ela, escutando suas histórias e depois comeríamos alguma coisa quando a fome batesse desde que estivéssemos... Juntas. E, então, algum tal de Lucas liga e ela sai correndo. Então ela já tinha alguém em vista? Alguém interessado nela ou interessante pra ela? Fiquei meio assim. Afundei os olhos em um texto qualquer que estava em cima da mesa tentando abstrair tudo aquilo.
-- Marcou de almoçar com alguém? – Aquelas letrinhas estavam meio borradas ou era impressão minha? Não conseguia ler nada e nem vi quando fiz a pergunta para ela.
-- Aham, com o Lucas. Tô morta de fome. Tempo pro almoço e depois continuamos? - Ela já se arrumava pra ir e eu não podia impedi-la mesmo. Ela realmente tinha seu horário de almoço. Não queria ser a velha ranzinza.
-- Claro, pode ir. Não vou ser a chefe bruxa que vai te privar do seu encontro. - murmurei. Tentei fingir total concentração no que estava lendo. Ela ficou lá em pé, me olhando e depois disse:
-- Não é um encontro, não. É só comida. Você não vai também? Vem comigo!
Meu coração acelerou com esse 'vem comigo'. O que era aquilo? Minha visão embaçou mais ainda e senti o sangue pulsando rápido demais em mim, quente. Um segundo, foi o tempo que me permiti sentir isso e depois continuei totalmente 'concentrada' no que lia.
‘Ela só estava sendo educada, eu não iria atrapalhar. Ser a vela.’ – pensei.
-- Não, vou depois. Passa e fecha a porta, por favor, nos encontraremos às 14:00, aqui. Bom almoço. - A dispensei como sempre fazia com os outros. Não queria nem pensar mais nisso. Eu estava começando a me sentir meio burra, por não entender o que estava acontecendo. Por não conseguir expressar em palavras concretas ou dar nomes para o que eu sentia.
Ela pareceu entender a dispensa, porque caminhou para porta e disse numa voz seca que eu nunca tinha escutado antes.
-- Pra você também.
O barulho da porta fechando me pareceu enorme. Na mesma hora o arrependimento me consumiu. Jesus, o que era aquilo? Eu não me lembro de sentir arrependimento pelo modo que eu tratava alguém desde... Desde quando mesmo? Nem me lembrava mais.
Meu estomago roncou e aquele barulho pareceu falar em uma língua completamente compreensível para mim. Como se ele dissesse em alto e bom tom que eu também era humana. Será que era isso que eu tinha esquecido? De como ser humana? Bem, naquele momento o importante era que eu estava com muita fome. Me arrependi, de novo, por não ter ido e compartilhado também sua companhia.
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-- Oi, você está atrasada, queridinha! – Disse Lucas, sempre de bom humor e com aquele cabelo liso, curto, que parecia molhado e lindo todo tempo.
-- Oi - joguei minha blusa de frio na mesa - Esqueci da hora, desculpa. Já colocou a comida?!
-- Já, vai lá... Depois você me conta o porquê dessa cara.
Coloquei comida sem nem ver direito, voltei e sentei. Na verdade, acho que não queria muito papo, minha cabeça estava a mil.
-- Aquela mulher tem algum tipo de problema, sabe?
Bem, talvez eu precisasse bater um papo pra desabafar.
-- A Chefe?
-- É... - tentei pegar uma ervilha com o garfo.
-- Ela te enfeitiçou, né?
-- Hum... - dei os ombros.
Ele riu.
-- Imaginei. Ela é a típica ''complicada e perfeitinha''.
-- Você acertou em cheio! Também não anda de olho nela, né?
-- Deus me livre! Já te disse que a única mulher de quem eu gosto é minha mãe! – Ele disse rindo.
Ri também. Ele era tão gay quanto eu. Continuei.
-- Ela ri uma hora e na outra é toda durona, direta e, às vezes, até grossa. Aí ela muda e mostra aquele sorriso que ilumina tudo, te encanta e depois te afunda de novo. Não entendo, mesmo. Pra mim é bipolaridade.
-- Ela tem muitos problemas com o pai e...
-- Com o pai, quais problemas?
-- Sim, tem. Não sei bem explicar o que é. Só sei que ele não a trata muito bem, me parece, que cobra demais, a culpa pela mãe tê-lo abandonado, não sei... Algo assim, eu ouvi disser, não sei bem ao certo.
-- Hummm... - Disso eu nunca soube, por mais que reparei como ele a tratou aquele dia.
-- Ele nem olhou pra ela quando ela me levou até ele na entrevista.
-- Normal, pior é quando ele abre a boca com ela. E aquele namorado dela não ajuda em nada...
PERA AII, COMO ASSIM? PARA TUDO!
-- Namorado? Ela tem um namorado?
-- Tem! Um primo de segundo grau dela que comanda a empresa do Rio.
-- Nunca ouvi falar dele...
-- Claro que não, você é somente uma funcionária dela, por que saberia?
Ele ergueu uma sobrancelha e me olhou com uma cara de quem se divertia, esperando a resposta. Murchei, então ele continuou.
-- Não se sinta mal, ela também não deve comentar muito dele, não é só com você. Ele parece ser o tipo que se acha demais, idiota. Enfim, coitada. Tão jovem, bonita e tão amargurada.
Depois que escutei aquilo, eu me senti triste, não queria que fosse assim. Queria que ela sorrisse todo tempo, porque era lindo. Queria que ela aproveitasse a vida, porque isso também era lindo. Por fim, terminamos e fomos pagar a conta. No caixa havia algumas tortinhas, me lembrei dela, não sei bem o porquê. Escolhi uma de morango com chantilly, 'espero que ela goste disso', pensei, e fomos caminhando para o prédio.
Lucas foi tagarelando sobre uma festinha nesse fim de semana. Ele queria me apresentar algumas pessoas, principalmente seu novo affair, um carinha que ele estava conhecendo melhor e também queria me socializar, como ele dizia todo tempo. Fomos conversando sobre isso, mas Ana e as novas informações não saiam da minha cabeça. Acho que ele percebeu porque antes de nos separar ele disse:
- Não se preocupe, ela ainda sorri pra você. Nunca vi ela fazendo isso com ninguém. Até mais, gatinha. - deu um ultimo sorriso encorajador e foi-se embora. Olhei pra tortinha em minhas mãos, senti a garganta seca e entrei na sala dela.
Ela não estava lá ainda. Não sei se me sentia aliviada ou não com isso. Dei a volta na mesa e fiquei olhando suas anotações, não consegui conter a curiosidade. Seu notebook estava aberto e havia uma imagem dela com a Minnie e o Mickey, na Disney. Achei engraçadinho, uma mulher tão durona ter essa imagem tão moleca de fundo de tela. Nada de família, nada de namorado, em lugar nenhum.
A porta se abriu bem nessa hora, assustei. Ela entrou e ficou olhando pra mim, com uma cara tipo 'que você tava fazendo?'. Não sabia bem o que fazer! Sem pensar muito levantei a tortinha com receio e disparei a falar:
-- Hum... Trouxe pra você. E bem... Espero que você goste. Ela é de morango e tem um pouquinho de chantilly aqui por cima... – Eu virei a torta e apontei com o dedo, como se ela pudesse ver e eu provasse o que eu falava. - Eu não sabia se você tinha ido almoçar, mas... Quando vi achei tão gostosa, lembrei de você e pensei em trazer e... - eu mexia as mãos, virava a cabeça, gaguejava, me enrolava e mostrava a torta no meu nervosismo. Realmente quando vi aquela tortinha tão gostosa, me imaginei comendo junto com ela, entre outras coisas aí. Sumi com esse pensamento da minha cabeça e depois de muita enrolação, por fim, apenas estendi a tortinha esperando que ela não fizesse nenhuma critica muito maldosa. Ela andou até onde eu estava, pegou a torta, sentou em sua mesa e sorriu.
-- É minha favorita, Lara... Obrigada.
Nossa, ate respirei de novo. Ufa.
-- Ah, que bom! Então, divirta-se... - voltei pra minha mesinha que tinha sido colocada do lado da dela. Sentei, mas do nada levantei num pulo. - Ah, aqui a colherzinha.
Ela sorriu de novo, talvez do meu nervosismo, talvez porque gostou mesmo. Voltei pra minha mesa. Não parecia muito nenhum dos dois, parecia a cara de alguém que tinha alguma tiradinha ou comentário na manga. Abriu a tortinha e comeu o primeiro pedaço.
-- Huuum, muito bom...
Sorri, sem graça ainda. Comecei a mexer em meus papeis tentando voltar ao normal, para a realidade. Além de tudo, ela tinha o poder de me deixar sem graça também.
-- Lara?! – Escutei meu nome e até gelei.
-- Hum??
Ela ainda comia, olhando pro computador e com uma cara de quem está te zoando disse:
-- Você disse.. – Ela fez uma pausa de suspense. - Que comprou isso pra mim porque achou gostosa e aí se lembrou de mim?
Ela queria rir e estava se contendo, colocou outra colherada na boca. Minha cara não devia ter ajudado, sempre fico vermelha muito fácil. Meu Deus! Que fora! Fiquei lá parada, de boca aberta sem saber o que dizer.
-- Ahn, não... Não foi assim como você entendeu, é que... Mas é só que... Bem, olha só... - respirei fundo. - Vi lá na bancada, achei gostosa e pensei que você também ia achar gostosa, e... Foi só isso mesmo. - disse essa última parte baixinho e me afundei nos papeis de novo. Eu era muito atrapalhada mesmo.
Ela riu, olhei pra ela de canto de olho, ela percebeu. Outra vez ela sendo um pecado. Gostava tanto quando ela sorria. Não me contive e ri também, rimos juntas... Tão bom.
-- Ah sim, ok então. Obrigada, mais uma vez... Quer um pouco?
Fiquei receosa. Eu devia aceitar? Decidi que sim!
-- Quero sim!
Ela estendeu a colher pra mim e eu peguei alguns bocados. Sorrimos uma para a outra enquanto eu comia, até que eu lhe devolvi o seu doce.
-- Vamos trabalhar agora!
Lá estava ela de novo e estava demorando!
-- Sim, vamos! – Não tinha outro jeito, né?
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Fim do capítulo
Espero que gosteeeemmm (quem gostar e nao comentar, a Cuca feia vem pegar hahaha não a versão linda da Alessandra Negrini, ein?)
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Sem cadastro
Em: 08/07/2024
Oi Autora!!!
Eu estou adorando a interação das duas.. <3
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S2 jack S2
Em: 08/07/2024
Oi Autora!!!
Eu estou adorando a interação das duas.. <3
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