" Vier é lei da natureza,
mas a vida pessoal é a obra de cada um."
Capitulo 111. Questões Familiares III Tudo em Paz.
Quando o major partiu para cima da coronel, ela estava prestando atenção em Andressa e não percebeu o ataque. Quando deu por si, já estava no chão. Levantou-se rapidamente, porém, sentiu uma tontura. Mesmo assim rebateu as agressões do trevoso criando em volta de si e de Andressa um campo magnético de luz. O major sentiu quando Márcia formou essa barreira pois na sua bondade e sede de justiça, a coronel com essa luz, conseguia manter afastados o sogro e os outros espíritos que com ele estavam. Andressa também estava com a aura mais brilhante do que se poderia imaginar. Ela mesmo não tinha conhecimento do poder que a tomava nessa luta da luz com as trevas.
Quando percebeu que o major estava fraco e que os outros que o acompanhavam haviam fugido, Márcia disse ao sogro:
-- Já aprendeu Paiva? – Eu disse que você não deveria duvidar do poder que tenho. A Andressa talvez não tenha toda essa força. Mas eu tenho. Não que eu seja a dona do mundo. Porém, eu tenho uma coisa que você não tem. Amor pelas pessoas honestas que sofrem com pessoas e espíritos iguais a você. Pessoas que nem imaginam que espíritos malignos estão ao redor delas fazendo com que, façam coisas que elas jamais imaginaram que poderiam fazer. Muitos espíritos reencarnam para consertar seus erros e se redimir. Mas você Paiva? – Infelizmente não aprendeu nada com o seu retorno à terra. Você prejudicou pessoas que estavam a seu lado que também te amavam. Seus filhos, sua esposa, colegas que trabalharam com você, meu irmão, a Celina, aquele jovem tenente da cavalaria que eu acabei matando por culpa sua! -- Você fez tudo e agora se lhe resta um pouco de temor, de vergonha na cara e brio, está na hora de decidir o que lhe for bom.
Paiva ficou olhando para Márcia. Estava confuso com tudo o que a coronel havia falado. Olhou e viu que os capangas já tinham debandado. Se viu sozinho e abandonado.
De repente uma vaga lembrança surgiu em sua mente. Lembrou-se de quando era criança, dos irmãos, dos pais, avós, tios e do quanto era feliz. Lembrou-se também quando conheceu dona Severina, do casamento e do nascimento de seus filhos. Júnior era um menino bonito e Andressa sua princesinha era linda. Já era um homem feito quando entrou na polícia e aos poucos foi galgando patentes. Com o tempo deixou que talvez como lhe disse a coronel espíritos malignos e obsessores o deixaram do jeito que era. Lembrou-se também de quando conheceu os Mantovanni Pai e depois a filha que havia se tornado a pedra em seu sapato. Apesar de odiar a futura que ainda não era sua nora, sempre a admirou pelo caráter e por se sobressair sobre os outros oficiais que em sua maioria eram homens. Ela tinha uma força interior que a destacava de muitos. Lembrou-se também da primeira vingança contra a coronel quando arquitetou todo o plano que culminara com a morte da primeira esposa de Márcia. Mas sabia também que ela havia reencarnado como sua neta. Sentiu-se em partes orgulhoso porque ela era uma menina de fibra. André era sim parecido com a mãe em tudo. Mas porquê, queria fazer mal ao menino que nem chegou a conhecer, ou seja, conheceu sim, mas como o jovem tenente Gonçalo da cavalaria a quem conseguiu convencer a matar a major Mantovanni. O jovem acabou morto e retornou no filho mais velho dos homens da coronel. Nicola que fora irmão de Márcia, agora era filho, Antônia era o reencarne de sua mãe e Gabriel era o major Assunção que em vida terrena fora amigo de Márcia. Sem contar os outros que sempre foram irmãos de caminhada em vidas passadas da coronel.
Mas porquê, estava se sentindo assim? Ele o major Paiva não era disso! Mas não deixaria se abater com doces e amargas lembranças do passado. Iria até o fim em sua vingança e ninguém iria dissipar isso.
-- Coronel Mantovanni você acha que é indestrutível? – Eu sou indestrutível! Eu posso acabar com você quando quiser.
-- Não vai não Paiva, hoje eu coloco um limite final em suas maldades. Ou você se redime ou vai para uma colônia da qual nunca mais sairá. Ficará eternamente preso nela. Nunca mais irá ver a luz e nem ficará perambulando por aí infernizando a vida de ninguém. Você tem somente mais uma chance. Olhe para o seu lado esquerdo, aqueles guardas vieram para leva-lo para a tal colônia. Mas antes vou te mostrar como as coisas funcionam por lá.
O major começou a assistir como era a colônia. Os espíritos que lá habitavam nunca mais reencarnariam e nem teriam mais direito ao livre arbítrio. Eram presos perpétuos naquele lugar.
Lá as coisas eram piores e mais amedrontadoras do que o lugar aonde de momento o major agora estava. Sim, porque aquele lugar ficava bem abaixo da crosta terrestre, ou seja, um degrau a menos para aqueles que não queriam se regenerar. Ao ver as cenas do lugar, começou a sentir um temor em suas entranhas. Pela primeira vez em sua vida agora espiritual Paiva sentiu medo. Percebeu que a justiça divina por mais misericordiosa que fosse, tinha lá também as suas regras, direitos e principalmente os deveres. Não era uma coisa desorganizada como ele havia conhecido em sua vida quando ainda era um encarnado. Não haviam castigos e sim punições que eles mesmos enquanto espíritos rebeldes traziam para si. Agora ele começava a entender claramente que era equivocado achar que Deus fosse o vilão. Afinal, o livre arbítrio fora dado para todos os encarnados e desencarnados que seguiam suas próprias intuições desde que, assumissem as próprias consequências de seus atos. Fosse para o bem ou para o mal.
Sentiu-se triste com a possibilidade de não poder mais ver os seus. Começou a raciocinar e em seu íntimo, sabia que a coronel estava certa. Ele havia feito tudo quanto fora tipo de maldades possíveis e impossíveis de se imaginar. Sempre procurou culpar aos outros por suas atitudes nada católicas e cristãs. O seu ego e orgulho juntos, haviam deixado o velho major cego de ódio por aqueles que tentaram ou impediram de continuar no mundo dos encarnados e Márcia foi quem encerrou sua vida de maldades contra aqueles que ele julgou serem fracos. Sentiu que estava cansado e que seu ferimento feito pelo tiro que a coronel havia dado em suas costas, ainda doía e sangrava muito. Com isso, entendeu que a regeneração e aceitação de seus erros poderiam ter um outro caminho. Somente ele poderia decidir se ficaria na luz arrependido de tudo o que fizera e ter o direito de tentar reencarnar novamente para corrigir erros da vida passada, ou se ficaria eternamente na escuridão junto com aqueles aos quais não havia mais salvação e nem tão pouco regeneração ou arrependimento algum.
- Então Paiva, você decidiu o que deseja para a sua vida espiritual? Perguntou Márcia.
Olhando para a coronel e para os demais espíritos de luz que lá estavam para auxiliar tanto Márcia como Andressa, sentindo que não havia mais como lutar e sem forças, respondeu:
-- Me dê só mais alguns minutos. Pediu sentando-se em uma pedra limbosa.
A hora estava passando e tanto a coronel como Andressa, tinham que retornar para a sua matéria. Paiva levantou de onde estava sentado e pediu:
-- Por favor minha filha! – Me tire desse lugar, eu não aguento mais ficar aqui. Eu preciso de luz. Me perdoe por tudo o que fiz para você, sua mãe e seu irmão. Peço perdão a todos que fiz sofrer. Só agora depois do que a sua esposa me mostrou, eu sei o quanto errei e acabei com a minha vida.
Andressa chorava ao ver como aquele que fora seu pai estava. Sentiu em seu intimo que Paiva estava se arrependendo do que fizera. Márcia conseguiu fazer com que, o finado sogro reconhecesse que o único responsável por todas as coisas que havia feito, era ele mesmo.
-- Márcia quero que me perdoe pelo que fiz a você também ou melhor, para a sua família. Por pura maldade e ganância de poder, eu fui responsável pela morte da Celina, seu irmão e daquele jovem rapaz que hoje é meu neto. Fique tranquila que eu não irei chegar perto do André e do Gabriel. Se um dia eu encontra-los, quero que seja um encontro amigável. Andressa, diga para a sua mãe que eu agora estarei bem e fale que no começo eu senti ciúmes, mas quero que ela e o Raimundo sejam felizes. Ao seu tio Manoel pedirei em oração que ele também me perdoe. E quanto ao seu irmão, diga que eu estou orgulhoso pelo homem que se tornou. Apesar de ter o meu nome ele foi abençoado e graças a Deus não puxou a mim.
Márcia chegou junto de Paiva e falou:
-- É isso mesmo que você quer? – Está arrependido e quer ir para um plano espiritual melhor? – Lembre-se que essa é a sua única chance!
-- Sim eu quero! – Tenho muito o que aprender e preciso corrigir as coisas erradas que fiz.
Assim que Márcia fez um sinal, dois seres iluminados se aproximaram do major com uma maca e o colocaram deitado.
-- Para onde estão me levando? Perguntou assustado.
-- Agora você irá para um hospital e será cuidado pelos médicos e enfermeiros de lá até que possa se recuperar totalmente. Vá em paz major Paiva e que os mentores de luz continuem olhando por você.
-- Obrigada coronel Mantovanni. Adeus minha filha, seja feliz. Diga aos meus netos que eu vou amá-los sempre.
Paiva agora estaria em um lugar superior ao que estava. E, quando se recuperasse e começasse a entender o que de fato havia acontecido, iria reaprender com os outros irmãos de luz que tudo de bom ou ruim que fazemos beneficia ou prejudica somente a nós mesmos. Quem sabe depois de reaprender como as coisas funcionam e se sentir preparado, não retorne ao seio dos Mantovanni?
Fim do capítulo
Márcia e Andressa venceram a batalha.
A coronel conseguiu fazer que o finado sogro entendesse que o único responsável por estar naquele lugar era ele. É claro que ele ficou muito assustado e com medo de ser mandano para a outra moradia que não lhe reservava nada que pudesse usufruir. diferente de onde estava.
O arrependimento bateu e quando o coração fala mais alto, acontece o que ninguém espera.
Agradeço as leituras e comentários.
Patty te amo.
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patty-321
Em: 27/06/2024
Caiu um cisco nos meus olhos. Muito emocionante o arrependimento do sogro, finalmente entendeu que suas maldades voltam todas. É a lei universal: vc colhe o que planta. Parabéns pelo desenrolar da estória. Te amo, sou grata. Bjs
Catrina
Em: 27/06/2024
Autora da história
Boa noite meu amor!
Eu que sou grata por ter vc ao meu lado.
Sim, o arrependimento foi sincero. Felizmente ele percebeu que o único responsável por seu sofrimento era ele mesmo.
Te amo!
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Catrina Em: 16/10/2024 Autora da história
Bom dia Marta!
Querida nenhum de nós estamos livres de ser igual ou pior que ele. O importante foi a coronel fazê-lo entender que as maldades feitas que prejudicaram tantas pessoas, recaiu em sua maioria nele. Nada nos deixa de ser cobrado pelo universo. Nada.
Grata pelo comentário.
Bjs.