Circunstância
Julia estava sentada girando na cadeira enquanto olhava para o teto. O escritório dela estava funcionando a duas semanas e haviam se passado três desde seu encontro com Manuela. Não tinha um único dia que ela não pensasse na conversa com a ex-namorada. Julia cogitou a ideia de deixar São Paulo e se mudar para outra cidade, mas não teve coragem de ir. Ela sabia que não estava cem por cento recuperada daquele reencontro, mas ao menos depois daquelas semanas já era capaz de dormir sem chorar todas as noites. Sobre Manuela ela não sabia mais nada, Pedro disse apenas que ela havia ido para Fortaleza a trabalho, que estava bem e que não tinha data para voltar. Julia desconfiava que pelo menos uma dessas coisas fosse mentira, a arquiteta duvidava muito que Manu pudesse estar completamente bem depois de rever as duas pessoas que mais a magoaram na vida e também não tinha certeza se ela ainda estava em Fortaleza.
Havia outra coisa perturbando o imaginário da arquiteta. Quando saiu daquela sala de reuniões ela estava tão psicologicamente abalada que algumas sensações só foram assimiladas depois. Na época em que Ju e Manu tinham se conhecido havia uma tensão sempre presente entre as duas, no começo Julia não sabia o que era, mas depois de ter namorado Manu por quase um ano ela sabia muito bem qual era a razão daqueles sentimentos. Embora o efeito não tenha sido imediato, nos últimos dias ela andava se esquecendo do teor da conversa e se prendendo aos detalhes da forma como Manu estava vestida e o jeito que ela havia passado nervosamente a mão no cabelo. A insensatez daqueles pensamentos não tinha tamanho, mas Julia simplesmente não conseguia controlar, era algo muito mais forte do que ela. Julia foi tirada de seus pensamentos pela chegada de Tati a sua sala.
— Posso entrar? — advogada perguntou depois de abrir a porta e projetar o rosto para dentro da sala.
— Claro. — Julia respondeu se sentando direito na cadeira.
— Tudo bem? — Tati perguntou depois de se sentar em uma das cadeiras em frente à mesa da amiga.
— Tudo e você? — a arquiteta respondeu sem muito entusiasmo.
— Nossa! Quanta animação. — a advogada respondeu.
Julia não disse nada, apenas se afundou um pouco na cadeira e voltou a olhar para o teto.
— Até quando você pretende ficar assim? — Tati perguntou.
— Assim como? — Julia se fez de desentendida.
— Julia, qual é? Você acha que está tudo bem? Está tudo ótimo?
— Eu estou fazendo o meu melhor.
— O que não é nem perto do aceitável! — Tati foi dura.
— Você veio até aqui para brigar comigo outra vez? — Julia falou ainda olhando para o teto.
— Mesmo se fosse por esse motivo, aparentemente não faria muita diferença. — Tati falou impaciente.
Julia se sentou direito na cadeira e encarou a amiga.
— Ju, você precisa fazer alguma coisa. Precisa arrumar uma solução para essa situação.
— Bom, eu estou totalmente aberta a sugestões. — Julia respondeu com ironia.
— Já tem três semanas que você encontrou a Manu e nada mudou. O Mateus já voltou pra Europa e não quer saber de falar com você. Está mais do que na hora de você deixar isso pra lá. Você queria saber da Manu e conseguiu até falar com ela. Agora bola para a frente.
— Você não entende Tati. As coisas não são tão simples assim. Eu já estou cansada de dizer que se fosse fácil eu já teria tirado ela da minha cabeça, mas não é. — Julia falou sem paciência.
— Tudo bem, desculpa. Vamos falar sobre algo que você ainda não me explicou, porque o Mateus veio até aqui só para conversar com a Manuela?
Julia suspirou antes de responder. Ela tinha uma ideia do motivo que havia feito com que o ex-marido tivesse feito aquela viagem, mas ela preferia não ter certeza.
— Não sei. Eu não consegui encontrar com ele enquanto ele estava aqui e agora, como eu já te contei, ele decidiu que não quer mais falar comigo.
— E você não imagina nenhuma razão para ele querer tanto falar com ela?
— Não. — Julia respondeu simplesmente.
Tati não questionou mais, se a amiga não quis dizer, o melhor era esperar até que ela quisesse contar. Julia sabia que mais cedo ou mais tarde Mateus voltaria e que certamente as intenções dele não eram nada boas. A arquiteta não queria nem imaginar quais artifícios o ex-marido iria usar para impedir que ela conseguisse se explicar para Manuela.
**
Desde o reencontro com Julia, Manu estava vivendo numa eterna ponte aérea entre Belo Horizonte e São Paulo. A publicitária ia ao escritório três ou quatro vezes por semana e ficava na capital paulista para os encontros com alguns clientes. O resto do tempo ela trabalhava de BH e só dormia em São Paulo quando era absolutamente inevitável. Com isso ela quase não via os amigos, Amanda sempre ligava para saber como ela estava, mas fora isso estava bastante afastada do círculo de amizade. Em um dos dias que pode ficar na capital mineira, Manu estava trabalhando no final da tarde na sala da casa dos pais quando o irmão apareceu por lá.
— Não foi pra Sampa hoje? — ele falou entrando na sala.
— Não. Hoje deu para eu trabalhar daqui mesmo. — Manu respondeu olhando rapidamente para Marcos.
— Acho que eu vou montar um escritório de publicidade para mim. — ele falou se sentando no sofá oposto ao de Manu.
— Ótima ideia. Um engenheiro de mecatrônica sabe muito bem como cuidar de um escritório de publicidade, não sei como ainda não tiveram essa sua ideia genial. — Manu respondeu sem tirar os olhos do notebook.
— Então você podia me arrumar uma vaga no seu escritório mesmo. — ele respondeu com um sorriso.
— E qual seria o seu bom motivo para eu fazer isso? — Manu falou olhando para o rosto do irmão.
— Eu sou seu irmão, logo você vai querer que eu tenha a mesma boa vida que você.
— Boa vida?
— Boa não, ótima. — ele disse rindo — Só alguém com uma ótima vida pode morar em BH e trabalhar em São Paulo. Imagino que ser publicitário dê muita grana.
— Entendi. — Manu falou voltando a olhar para o computador — Você acha que viver nessa ponte aérea é uma coisa boa?
— Eu acho que não, quem parece gostar é você.
Manuela voltou a olhar para o irmão ao notar a mudança no tom de voz dele. Não era mais uma brincadeira, aparentemente o que Marcos tinha a dizer era bastante sério.
— Vá direto ao ponto, Marcos.
— Tem certeza que eu posso falar? Afinal você não tem estado… como eu posso dizer, disposta a ouvir o que as pessoas te dizem. — ele falou com seriedade.
— Eu escuto o que você me diz, como sempre escutei aliás. — Manu respondeu colocando o notebook de lado no sofá.
— Não nos últimos tempos.
Manuela não respondeu. Ela sabia muito bem em que ponto o irmão iria chegar, ela andava um pouco cansada de ser colocada contra a parede por todo mundo. Marcos tinha agido como se aquele assunto não existisse e Manu estava agradecida por isso. Aparentemente ele havia se cansado de fingir que nada estava fora do lugar e Manuela se preparou mentalmente para ouvir tudo que o irmão certamente iria dizer.
— Eu resolvi que não iria me meter na sua vida, que se você não me procurou para conversar era porque você não queria, não precisava. Mas eu não consigo, Manu. Eu não sei olhar para você e ignorar que alguma coisa não está nada bem aí dentro. — Marcos falou com um tom de voz triste.
— Esse é o ponto que eu gostaria que todo mundo entendesse: eu estou bem. — Manu respondeu rispidamente.
— Eu não sou todo mundo. — Marcos respondeu magoado — E não vem com esse papo de que está tudo bem, porque eu sei que não está.
— Ok. Se você já sabe, o que você quer de mim então? — Manu perguntou ficando de pé.
— Que você reaja e saia dessa. Aquela mulher nunca mereceu o seu amor, deixar ela atrapalhar a sua vida agora é uma burrice sem precedentes.
— Você não sabe como eu estou cansada desse assunto, como eu estou farta de ter que explicar sempre a mesma coisa.
— Você não precisa me explicar nada, eu sei muito bem qual o problema aqui. — Marcos falou também ficando de pé.
— É mesmo? Você realmente sabe?
— Você continua vivendo como se um dia ela fosse bater na sua porta para dizer que te ama e te pedir perdão, você escolheu continuar no mesmo lugar esperando por ela. Olha na minha cara e fala que eu estou errado.
Manuela encarou o irmão antes de responder, as palavras dele se tornando verdades dentro dela de uma forma que ela queria ser capaz de negar ao menos para si mesma. Os dois estavam tão absortos naquele debate que não notaram a chegada de Alice na sala.
— Você não sabe nada sobre ser traído. Você não tem a mínima ideia de como é carregar esse tipo de dor. — Manu respondeu entre dentes.
— Então me explica. Me diz como pode fazer bem continuar nutrindo esse tipo de sentimento depois de todo esse tempo?
— Eu não preciso me explicar, Marcos. E eu também não quero que as pessoas entendam como eu me sinto. Tudo que eu quero é ficar em paz. Não interessa como eu decida viver a minha vida, eu só quero ser deixada em paz! — Manuela disse isso e saiu da sala em direção ao quarto decidida a voltar para São Paulo naquele momento.
— Você pode me explicar o que foi isso? — Alice perguntou olhando para o filho que encarava a porta por onde a irmã havia saído.
— Ela não pode continuar vivendo assim, mamãe. — ele falou olhando para o rosto da mãe.
— Ela sabe disso meu filho. Mais do que qualquer um de nós, ela sabe. Acontece que a sua irmã sempre teve um jeito próprio de encarar as coisas, fazer pressão não vai adiantar. O que a gente precisa fazer é dar tempo e espaço pra ela. Quando a Manu achar que precisa ela vai pedir ajuda, mas no momento eu acho que ela só quer tranquilidade pra tentar organizar os sentimentos dentro dela. — Alice falou segurando as mãos do filho.
— Ver ela assim e não fazer nada me deixa arrasado, mãe. Ela é minha irmã, como supostamente eu vou conseguir ficar vendo ela sofrer sem interferir? — ele questionou amargurado.
— Sendo o irmão que ela precisa e não o que você acha que deveria ser. — Alice respondeu com um sorriso — Eu vou ver como ela está. — ela completou antes de sair.
— Filha? — Alice disse entrando no quarto.
— Oi. — Manu respondeu saindo do banheiro com a nécessaire na mão.
— Você não precisa ir embora assim. Seu irmão só está preocupado com você. — ela disse se sentando na cama ao lado da mala que Manu arrumava.
— Eu sei, mas eu prefiro ir. Eu tenho umas reuniões amanhã cedo. — Manu explicou sem tirar os olhos da mala.
— Tudo bem. — Alice falou analisando o rosto da filha — Você pode olhar para mim só um pouquinho?
Manu parou de mexer nas coisas por um instante e depois virou o rosto para Alice.
— Eu sei que essa inquisição toda pra cima de você te deixa com raiva, mas as pessoas só estão preocupadas. Você nunca foi boa em deixar as pessoas entrarem e te conhecerem, saberem da sua intimidade e quem convive com você sabe disso, mas isso não quer dizer que a gente possa simplesmente ignorar como você está e deixar você resolver tudo sozinha e do seu jeito. — Alice falou olhando nos olhos da filha.
— Eu não importo que as pessoas se preocupem, mãe. O que me deixa irritada é elas não aceitarem as minhas decisões e acharem que eu sou obrigada a fazer como elas acham melhor.
— Eu sei, mas você vai precisar ser paciente nesse departamento. Felizmente ou infelizmente as pessoas são mais como o seu irmão do que como você. Ele está preocupado e não devia ser surpresa pra você que te amando como ela ama, ele fosse querer que você seguisse o que pra ele parece o caminho mais óbvio e fácil pra resolver essa situação. — Alice respondeu com um sorriso carinhoso — Eu vou me trocar para te levar ao aeroporto.
Manuela voltou a arrumar a mala assim que a mãe saiu do quarto. Fosse como fosse, ela achava que as pessoas deviam aprender a respeitar as decisões dos outros e pararem de querer impor as suas próprias escolhas nas vidas alheias. Essa opinião ela duvidava muito que fosse mudar em sua cabeça, mas ela sabia que o irmão só estava preocupado e que a mãe, como sempre, tinha razão.
**
A sexta-feira de Manuela havia começado com duas reuniões fora do escritório que tomaram toda a sua manhã. Era quase duas da tarde e ela estava saindo de um almoço com um cliente, enquanto caminhava até o carro ela estava pensando se ia para o escritório ou se tinha algum outro lugar para ir antes. Assim que ligou o carro, uma música começou a tocar, a publicitária achou irônico o quanto aquela letra lembrava as palavras que o irmão tinha dito para ela no dia anterior. Decidida a ir para o escritório ela foi acompanhando a letra de The Man Who Can't Be Moved da banda The Script.
Quase chegando na iDraw, o celular começou a tocar. Quando ela viu o nome de Pedro no visor ficou surpresa. Como estava próxima ao escritório ela resolveu atender pelo bluetooth do carro.
— Oi, Pedro. — ela atendeu com um sorriso.
— Você ainda está em São Paulo? — o rapaz falou com seriedade.
O sorriso no rosto da publicitária se desfez assim que ela notou o tom de voz do amigo.
— Sim. Aconteceu alguma coisa? — ela perguntou estacionando o carro em frente ao prédio onde ficava a iDraw, preferindo não entrar no estacionamento.
— A Isa sofreu um acidente. — Pedro falou sem rodeios.
Manuela sentiu o coração parar na mesma hora e não foi capaz de fazer a pergunta seguinte.
— Eu ainda não sei como ela está, mas ela foi levada para o São José. — Pedro explicou.
— A Amanda já sabe? — Manu ficou preocupada, a amiga trabalhava no São José.
— Sabe. Ela estava junto com o Will quando algum médico amigo dela ligou para dar a notícia. Eles estão indo para lá e eu também, mas a Mandys não tá bem.
— Entendi, eu devo chegar lá em uns 20 minutos. A gente se encontra lá então. — Manuela disse dando partida no carro e encerrando a ligação.
Manuela foi a última a chegar no hospital. Assim que ela entrou na sala de espera onde os amigos estavam ela viu Amanda de pé andando de um lado para o outro. Pedro estava sentado de frente para onde Mandys andava, mas parecia não saber muito bem o que fazer. Foi com alívio que ele encarou o rosto de Manu quando notou a sua presença e assim que Amanda viu Manu, foi em direção a ela.
— Vai ficar tudo bem. — Manuela disse recebendo a amiga nos braços.
— Eu tô com medo. — Amanda disse entre lágrimas, era a primeira vez que ela falava alguma coisa desde a chegada deles ao hospital e isso trouxe mais uma onda de alívio para Pedro — Eles ainda não vieram me explicar nada. Eu não sei o que fazer, Manu. Deve ser muito grave, se não eles já teriam vindo falar comigo. — ela tentava explicar enquanto Manu levava ela de volta para se sentar ao lado de Pedro.
— Olha pra mim. — Manu falou se ajoelhando na frente da amiga — Vai dar tudo certo. A Isa é a mais forte de todos nós, você sabe que ela vai voltar pra você. — Manuela falou com convicção, ela precisava estar certa.
Amanda simplesmente voltou a chorar concordando com a amiga. Mesmo que Isabela fosse forte, o fato de ainda não haver notícias era algo que estava preocupando a médica. Ela sabia bem como era o procedimento e isso só a deixava com mais medo. Ter Manuela ali era bom, ela precisava da força que só a publicitária ia conseguir fornecer, mas o medo estava grande demais.
— O que nós sabemos até agora? — Manu perguntou para Pedro enquanto se sentava do lado de Amanda segurando suas mãos.
— O médico amigo da Mandys que ligou disse que a Isa sofreu um acidente e pediu para ela vir o mais rápido possível. A gente chegou uns dez minutos antes de você e a Amanda queria ir lá dentro, mas eles não deixaram. Disseram pra ela esperar aqui junto com a gente que o médico já estava vindo falar com todos nós. — Pedro explicou.
— E o Will? — Manu questionou a ausência do amigo.
Antes que Pedro pudesse responder, Willian entrou na sala. Manuela virou o rosto e viu que ele vinha com um copo na mão e que não estava sozinho. Ao notar Manuela sentada ao lado de Amanda, Willian hesitou por um instante e tentou encontrar o olhar da amiga para ver como ela reagiria, mas o olhar de Manu já estava grudado no de Julia, naquele magnetismo que as duas não sabiam explicar e nem fugir.
— Ela estava comigo quando o Will me ligou e como eu fiquei um pouco nervoso ela resolveu me trazer. — Pedro explicou para Manu vendo Will e Julia se aproximarem.
— A sua água. — Will falou entregando a água para Amanda e antes que ele conseguisse dizer qualquer coisa para Manuela o médico entrou na sala.
— Doutora Amanda, minha querida. — o médico disse se aproximando.
— Como ela está? — Amanda perguntou, se colocando de pé num salto.
— Totalmente fora de perigo. — o médico, acostumado àquele tipo de situação, não quis prolongar a aflição de Amanda. Manuela, que também havia ficado de pé, sentiu a mão da amiga apertar a sua.
— Eu posso ver ela? Como ela está? O que foi que aconteceu afinal? — Amanda perguntou para o homem à sua frente.
— Pelo que eu entendi ela sofreu um acidente de trabalho, parece que ela caiu de algum lugar. Ela teve uma fratura no tornozelo esquerdo, bateu a cabeça e ficou desacordada. Nós já fizemos os exames neurológicos e nada apareceu, mas ela levou alguns pontos na testa. Ela vai ficar em observação pelos próximos dois dias, pra nós termos certeza que a batida na cabeça não vai dar nenhum problema. Apenas por precaução, Doutora. Um cuidado extra. Ela já acordou, está consciente e lúcida de tudo ao redor e a primeira coisa que ela fez foi perguntar por você. — A medida que o médico ia explicando os detalhes, Amanda ia concordando com a cabeça e voltava a respirar com mais tranquilidade — Eu vou liberar a sua entrada imediatamente, mas os outros vão ter que esperar mais um pouquinho até a gente levar ela para o quarto.
— Doutor Rogério, muito obrigada. — Amanda falou aliviada — Eu fiquei tão assustada no telefone, mas eu sei que minha esposa não poderia estar em melhores mãos. Obrigada mesmo.
— Imagina, minha amiga. Nós dois sabemos como essas coisas são. O importante é que ela está bem, fora de perigo e tudo isso não passou de um susto. Você me acompanha?
— Sim. — ela respondeu imediatamente e logo em seguida se virou para os amigos — Eu vou entrar e venho dar notícias daqui a pouco. — ela olhou Manu nos olhos por um instante antes de apertar a mão da amiga que ainda estava na sua, as duas trocaram um sorriso breve e a médica saiu em direção a onde Isabela estava.
Manuela finalmente respirou aliviada enquanto via a amiga seguir o médico.
— Nossa, que alívio. — Will falou se sentando em uma das cadeiras e bebendo o copo de água que tinha ido pegar para Amanda.
Manuela estava de costas para os amigos e podia sentir o olhar de Julia grudado na sua nuca. Julia não havia dito nenhuma palavra desde que havia visto Manuela sentada ao lado de Amanda. Ela estava com o primo quando ele recebeu a ligação de Willian e obviamente imaginava que Manu também seria chamada ao hospital, mas ela não podia deixar o primo sair sozinho no estado em que ele estava. Agora, olhando para Manu, ela tentava decidir qual era a melhor coisa a fazer. Pedro estava tão aliviado com a notícia de que Isa estava bem que se esqueceu por uns minutos do problema em potencial que estava diante de si. Ele olhou de Julia para Manu e decidiu que precisava intervir.
— Manu? — ele falou se aproximando da amiga que ainda olhava para a porta por onde Amanda tinha ido.
— Oi. — Manu falou olhando para Pedro ao seu lado.
— Tudo bem? — ele perguntou colocando o braço ao redor dos ombros da amiga.
Manuela entendeu o sentido daquela pergunta e baixou os olhos antes de responder. Dentro dela sempre ia haver alguma coisa que ficava fora do lugar quando estava no mesmo ambiente em que Julia estava, ela ia sempre ser afetada pela presença de Julia. Talvez aceitando isso as coisas ficassem mais fáceis, Manuela só podia supor, mas o ponto era que naquele momento ela não podia ser egoísta, não quando Amanda e Isabela eram quem precisavam de toda atenção possível.
— Vamos deixar as coisas calmas como elas estão, Pedro. A Amanda e a Isa precisam da gente, é por elas que nós estamos aqui. — ela respondeu olhando nos olhos do amigo.
— Claro! Com certeza. — Pedro respondeu com convicção.
— Ótimo! Eu vou pegar uma água enquanto a Mandy não volta. — Manuela concordou com um aceno e saiu da sala sem voltar a encarar Julia.
Pedro viu a amiga sair e se voltou para Julia. Era hora de resolver a outra parte do problema.
— Tudo bem? — ele perguntou olhando para a prima.
— Tudo. Acho melhor eu ir agora. — ela respondeu.
Julia viu Manuela sair da sala, mas sabia que ela ia voltar. Ela não tinha ouvido o que o primo e ela conversaram, mas se ela ainda conhecia alguma coisa de Manu, tinha certeza que a publicitária não ia querer causar nenhum problema quando as amigas estavam passando por aquele momento difícil. Julia também não queria atrapalhar e por isso julgava que era melhor ir embora. Racionalmente ela sabia que não deveria ter ficado ali para esperar Manuela chegar, mas a vontade de vê-la foi mais forte e poder olhar para ela mais uma vez valeu a pena.
Julia respirou fundo e olhou para o primo com um sorriso triste.
— Qualquer novidade, me mandem notícias. Ok? — ela falou para os dois rapazes.
— Pode deixar. Obrigada por ter trazido o seu primo até aqui e desculpa por essa situação toda. — Will respondeu se levantando e segurando uma das mãos da arquiteta.
— Tudo bem, não se preocupe. — ela respondeu com um sorriso.
— A gente se fala depois, pode ser? — Pedro perguntou enquanto levava Julia até o corredor.
— Claro.
— Promete que vai ficar bem e que se precisar vai me ligar imediatamente?
— Prometo. — ela disse dando um abraço no primo antes de ir em direção a saída.
Fim do capítulo
Olá! Segue mais um capítulo, esse com algumas emoções, mas sobrevivemos todas. kkkkkkkkk
Eu amo muito as análises que vocês fazem nos comentários. De verdade! A Manu e a Julia são personagens tão complexas (na minha opnião), que dividem esse passado contubardo e esse presente mais confuso ainda e é natural que eles causem sesações e opniões deiversas. E é sempre muito interessante ler o que vocês acham e como vocês enxergam elas. Vamos ver o que vem aí para elas no futuro.
Beijo no coração e obrigada por todas as leituras e comentários. ♥
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