A Detetive por Isis SM
Capitulo 56
Capítulo 56
Colocando os planos em ação
Rubí
Até onde sabíamos o endereço da viúva de Joshua permanecia o mesmo então ir até lá não seria difícil o que tornava a viagem complicada era enfrentar o passado, olhar em seus olhos e tentar não me sentir culpada por ter sido tão imatura e inconsequente. Levei mais tempo do que o normal por causa da neve que se acumulava na estrada, Joshua gostava da vida calma do subúrbio então demorava quase 45 minutos de carro do centro até onde ele morava isso com tempo bom, Então 1h depois lá estava eu estacionada do outro lado da rua observando aquela casa que já viu dias melhores, anos atrás o gramado estava sempre aparado, a fachada branca estava sempre pintada, Joshua era meticuloso e eu já tinha perdido as contas de quantas vezes o ajudei a remendar o telhado ou a pintar aquelas paredes, agora parecia uma casa abandonada, paredes descascando e que não viam uma pintura a eras e imagino que o que restou do gramado não devia estar em melhor estado, mas a neve acumulada não deixava visível o estrago.
Respirei fundo, coloquei a touca e desci do carro e a cada passo até a porta uma sensação de dor e tristeza se apoderava de mim, tentei colocar cada gota daquele sentimento no fundo da minha mente para conseguir tocar a campainha, minutos depois uma jovem atendeu a porta e por um momento pensei que estava no lugar errado, mas assim que falei o nome da dona da casa à jovem que se apresentou como diarista me deixou entrar e me fez aguardar Shanon na sala, o lugar diferente do lado de fora parecia como se o tempo estivesse congelado, o mesmo sofá apesar de um pouco desgastado estava no mesmo local, a TV era mais moderna do que a que eu estava acostumada e passava algum programa de auditório em volume baixo, as fotos distribuídas pela lareira mostrava cenas de uma família feliz, Jason pequeno com roupa da escola primaria, Jason e Joshua em frente à cabana de pesca posando com um peixe que haviam pescado no que seria seu último verão em família, meu amigo e o filho pareciam felizes, não consegui evitar o pensamento que eu havia destruído aquilo tudo e hoje Jason quer me dar a mesma dor que ele sentiu, fui desperta daquele pensamento e mar de sentimentos ao ouvir a voz de Shanon.
_Rubí? Quanto tempo o que a traz aqui depois de tantos anos? – Shanon ainda que mais velha aparentava a mesma beleza e gentileza no olhar, seus cabelos castanhos agora disputavam lugar com seus fios grisalhos e ela agora usava óculos, sua voz parecia apenas de curiosidade com a minha presença.
_Como vai Shanon, eu sei que deveria avisar antes de vir eu não quis incomodá-la, será que podemos conversar? – Falei ainda insegura se estava fazendo a coisa certa.
_É claro, sente-se minha ajudante está preparando um chá, com esse tempo ando indisposta, mas o que a trouxe aqui depois de tantos anos? Pensei que não quisesse contato?
_ E eu não queria, na verdade eu achei que não seria uma boa ideia depois de tudo, mas cada vez que penso em tudo o que aconteceu mais me arrependo de não ter vindo antes. – Disse pausadamente para que a emoção e culpa não me dominasse.
_Eu imagino, a perda de Josh foi um golpe forte para todos nós, mas senti falta de suas visitas querida, você era como uma filha mais velha para nós, mas eu não quis impor essa ligação a você.
As palavras e a recepção de Shanon me surpreenderam de tal forma que senti meus olhos lacrimejar, a jovem nos serviu o chá e a própria Shanon me trouxe uma xícara e se sentou ao meu lado eu não conseguia encará-la com medo do que veria em seu olhar.
_Acredito que você se culpa pela morte dele estou certa? – Disse me fazendo encará-la.
_Shanon eu não me culpo... Eu fui a culpada, seu eu tivesse esperado um pouco mais. –Falei deixando uma lágrima molhar meu rosto.
_Rubí, me escute! Joshua não teria lhe levado naquela missão se ele não soubesse o que você seria capaz de fazer, ele confiava em você e contava com as suas habilidades, vocês sofreram uma emboscada e poderia ter sido qualquer parceiro com ele naquele momento, mas ele queria você com ele. Joshua sempre dizia o quanto você cresceria e se tornaria uma grande detetive por sua astúcia e força de vontade, ele também arriscou perder você ao levá-la naquele dia e quase a perdeu, você era inexperiente e cheia de vontade de se provar, ele sabia dos riscos não deixe que esses pensamentos apaguem o brilho que ele viu em você querida. – Shanon falava de forma tão maternal e carinhosa que foi difícil não desmoronar na sua frente, mas me contive, eu não sabia que a perda de Joshua me afetava tanto ainda.
_Me desculpe, eu deveria ter ajudado, feito mais por ele eu nunca tive coragem de vir aqui apoiar vocês por pura culpa, Jason deve me odiar. –Falei com sinceridade apesar do meu objetivo ser exatamente saber mais sobre Jason eu estava sinceramente afetada com aquela conversa.
_Infelizmente o Jas mudou muito depois da morte do pai, se fechou para tudo e todos e hoje mal nos falamos, depois que ele fez 19 anos ele tentou entrar nas forças armadas, mas foi recusado por ser instável e ter acessos de raiva, tentou a polícia por três anos seguidos e foi reprovado em todas às vezes e cada vez que ele falhava algo nele se transformava ao ponto de eu não reconhecer meu próprio filho, quando ele fez 24 anos ele se mudou e fiquei sem notícias até ano passado quando ele voltou para a cidade.
Aquela informação me chamou atenção, saber que ele estava por perto era um ótimo sinal.
_ Ele vem te ver com frequência agora imagino? – Falei bebericando o chá preto, mas eu nunca gostei daquele tipo de chá então o deixei em cima da mesinha de centro.
_Na verdade só o vi umas duas ou três vezes desde que voltou, disse que anda ocupado e que está sem tempo agora, ele nem me passou seu novo endereço acredita? – Disse sentida.
_Eu sinto muito, mas pelo menos ele está por perto agora quem sabe as coisas não melhoram? – Falei por pura educação, já que se eu estiver certa seu filho vai apodrecer na prisão e desde já eu sentia muito por ela, Shanon era uma boa pessoa não merecia passar por isso.
_Eu queria acreditar nisso, mas já me conformei que perdi meu filho há muitos anos Rubí e eu não sei se foi só a morte do pai que o transformou sabe, eu acredito que escolhemos o nosso caminho, escolhemos nos render a escuridão ou seguir em frente e só nós mesmo podemos fazer essa escolha.
_ Eu realmente sinto muito. –Segurei suas mãos com ternura, meu pesar era pelo que viria daqui para frente.
Nos abraçamos por algum tempo e quando comecei a me despedir dela um plantão de urgência nos chamou atenção na televisão, Shanon aumentou o volume e ao ver o conteúdo meu coração acelerou e eu voltei a me sentar, eu não conseguia acreditar que haviam vazado sobre o desaparecimento de Dália e Arthur e o pior que ainda deturparam tudo que havia acontecido colocando em dúvida se Dália havia mesmo desaparecido ou havia sequestrado Arthur, toda aquela mídia sensacionalista era tudo o que eu não precisava no momento e menos ainda ter que provar que minha própria irmã não era uma suspeita e sim uma vítima. Shanon me encarou pálida e horrorizada, acredito que ligou os pontos de minha visita ao filho dela na mesma hora desliguei a televisão.
_Meu Deus Rubí eu não sabia, eu sinto muito... Você acha que Jason fez algo contra eles? É por isso que veio me ver não foi? - Disse começando a tremular e se emocionar, pedi um pouco de água para a jovem que nos encarava da entrada da cozinha e pedi que Shanon se sentasse e se acalmasse.
_ Shanon eu não queria alarmar você por algo que ainda não tenho certeza, e eu não menti sobre nada do que lhe disse antes eu realmente não tive coragem de vir antes e confesso que se eu não estivesse com essa suspeita eu talvez nunca viria aqui, mas não me arrependo de ter vindo e conversado sobre tudo, você e Joshua sempre foram importantes para mim, em pouco tempo criei sentimentos por vocês que pensei que nunca mais sentiria, então por favor não ache que eu mentiria sobre o que sinto apenas por informações eu não queria que você se desesperasse por apenas uma suspeita. – Falei rápido na esperança de que Shanon não pensasse o pior de mim.
_Mas se há uma suspeita... Meu Deus eu criei um monstro, eu não posso acreditar que meu Jas... Oh Meu Deus... – Continuou ela em puro desespero.
_Ainda não sabemos Shanon, mas sim ele é um suspeito, não posso te dizer o motivo da suspeita, mas ele é um deles eu lamento.
Confirmei mesmo preocupada com o andar das investigações, mas se ele mesmo queria que eu descobrisse sua identidade ele saberia que estive na casa de sua mãe e isso só confirmaria ele como culpado, eu não tinha muita escolha. Depois de um longo tempo consegui acalmar Shanon que só sabia pedir perdão pelo filho, não deveria ser fácil estar no lugar dela, mas eu não tinha como ajudá-la naquele momento, a deixei descansando e fui embora com a mente fervilhando me perguntando quem foi o imbecil que vazou aquela história torta para a imprensa? Assim que entrei no carro recebi a ligação de Enzi e mensagens de González e Lisa que perguntavam se eu estava bem e se havia visto os jornais, preferi atender Enzi primeiro.
_ Valdez.
_Oi Rubí, imagino que já saiba das últimas.
_Sim e quero saber quem foi o maldito que vazou a notícia e ainda toda deturpada, eu pensei que Terry havia deixado tudo em sigilo interno! –Disse quase gritando dentro do carro, eu estava furiosa.
_Ainda não temos provas, mas fazemos uma ideia, acho melhor não falarmos muito sobre isso no telefone, estou avançando na minha parte da investigação, mas Terry está nos respirando, isso vai demorar um pouco.
_Não se preocupe vocês já estão se arriscando até demais por mim, faça o que der não vá se meter em encrenca por minha causa. –Falei respirando fundo e tentando me acalmar. _ Amanhã nos encontramos e juntamos tudo que temos e planejamos o próximo passo.
_Está bem, nos vemos amanhã se cuida e não se preocupe vamos contigo até o fim disso.
Agradeci a ajuda e respondi os dois ansiosos que continuavam me mandando mensagem, mas nem tive tempo de ligar o carro recebi a ligação de Carolina, ela havia visto a reportagem e estava furiosa, ela não demonstrou nada evidente na ligação, mas eu sabia o quanto ela estava no limite, tentei acalmá-la e liguei o carro indo direto para casa minha mãe e Carolina precisavam de mim e para ser sincera eu também precisava estar com elas naquele momento, mas se ter minha vida exposta na televisão já havia me tirado a paz nada me preparou para a raiva que tive ao perceber os abutres ao redor do meu prédio, eu estava em um grande pesadelo, com muito custo passei por eles na entrada da garagem e tentei evitar as câmeras que tentavam me fotografar a todo custo, nunca agradeci tanto ter os vidros escuros, já no elevador pude respirar um pouco antes de ter que lidar com minha mãe e namorada que a essa altura deveriam estar com os nervos à flor da pele.
_Graças a Deus é você eu pensei que você iria fazer uma besteira. –Disse Carolina me abraçando assim que entrei pela porta.
_Acredite se eu pudesse já teria prendido todos eles. – Falei estressada, mas estranhando a reação de Carolina, percebi que eu tinha perdido algo da história toda. _Eu conheço esse olhar o que eu não estou sabendo?
_Mi hija você assistiu a reportagem completa? – Minha mãe olhava de mim para Carolina.
_ Toda não, eu estava meio que ocupada na hora e Carolina não falou muito ao telefone por quê? – Falei já ficando apreensiva.
_Acho melhor sentar então porque se não fosse esses abutres ali embaixo eu mesma poderia estar sendo presa agora. - Comentou minha namorada claramente furiosa.
Carolina se aproximou me dando o celular que estava com um vídeo pausado, encarei a tela e após trocar olhares com as duas mulheres na minha frente dei play para entender do que se travava e a cada palavra dita no vídeo eu entendia a revolta delas. O trecho em questão mostrava uma repórter entrevistando Mônica que aparecia de branco e sem maquiagem com olhos vermelhos que aparentavam choro, contando uma história quase digno de roteiro de filme onde ela havia deixado o filho dela com a ex-mulher por alguns dias e essa tragédia aconteceu, deixava no ar uma suspeita contra minha irmã e isso somando ao meu afastamento da polícia só piorava tudo, não satisfeita com a encenação ela ainda fazia um apelo ao sequestrador que não machucasse o seu filho e que ela pagaria qualquer quantia para que ele fosse entregue com vida e intacto ao final do vídeo, eu quase vomitei de nojo daquela mulher, mas não consegui esboçar todo o mar de sentimentos odiosos que eu sentia.
_Mas que porr* é essa? Eu não acredito que essa filha da puta teve a cara de pau de falar algo desse tipo, quem ela pensa que é? – Me levantei do sofá alterada ainda olhando aquele vídeo, minha pele fervia em pura fúria.
_Eu não sei o que Mônica espera ter com isso tudo, mas se arrependimento matasse eu estaria morta há tempos, como eu não vi a pessoa odiosa que ela era, meu Deus eu sou muito burra!
_Eu não sei o que essa mulher quer, mas claramente ela está conseguindo! Ela está desequilibrando vocês e tirando o foco da Rubí e de todos! Nós sabemos que ela está mentindo agora por qual motivo? – Completou minha mãe e seu comentário me fez voltar a mim e até Carolina parecia se controlar.
_Mamá tem toda razão temos que pensar o que ela ganha com todo esse circo. – Falei pensativa.
_Ela ganha a minha atenção, ela tentou isso vindo aqui e não teve sucesso então resolveu jogar baixo, ela quer a mim e não duvido que ela esteja por trás de tudo isso e se ela estiver eu quero que ela apodreça na cadeia. – Disse Carolina finalmente deixando o ódio se transformar em tristeza e sucumbindo as lágrimas.
_Ei vamos superar isso e ela vai ter o que merece confia em mim, mas agora preciso falar com nosso advogado porque eu duvido que só a imprensa comece a nos perturbar, vou pedir medida protetiva para vocês para que esses nojentos não se aproximem mais do prédio. - Falei a abraçando e beijando o topo de sua cabeça, decidi ficar em casa para o caso de surgir mais alguma surpresa e torcia para que os outros encontrassem mais pistas que pudéssemos seguir. Juan ficou mais que feliz por ajudar, mas deixou claro que a situação era delicada e que não poderíamos falar com a imprensa sem a presença dele porque poderiam distorcer nossos depoimentos, ele também nos instruiu a processar a emissora que divulgou a notícia sem autorização de todos os envolvidos, depois de uma longa conversa com ele eu tinha certeza que teríamos mais dores de cabeça pela frente.
Lisa
Rubí deveria estar uma pilha de nervos, mas minha maior ajuda era encontrar algo que servisse para encontrá-los claro que minha ideia principal era colocar uma escuta na sala ou no telefone de Terry, mas Luna me alertou dos riscos e me fez desistir da ideia, já que eu não tinha um mandato ou uma ordem para isso e eu poderia piorar ainda a situação agora o que me restava era abrir uma denúncia contra meu chefe junto à vara criminal do estado, mas para isso eu precisava de um motivo e uma prova de corrupção contra ele e por isso eu estava agora enfiada nos arquivos mortos de processos onde Terry esteve trabalhando diretamente nos últimos anos na busca por algo minimamente suspeito.
_Estudando casos antigos detetive?
Um homem de aparentemente quarenta e poucos anos engravatado que eu nunca tinha visto no DP me abordou quando pegava mais uma caixa de arquivo morto da estante, estranhei alguém como ele estar naquela área, pois era reservada apenas a oficiais.
_Pois é estou tentando aprender sempre um pouco mais. – Falei sem graça e depositando a caixa pesada em uma mesa onde eu havia me instalado.
_Entendo, sou Kenji Yagami trabalho para o Setor de Investigação Federal e você?
_Detetive Lisa O’Brien, mas se não for perguntar muito o que um agente do SIFE veio fazer no nosso DP? – Estava curiosa com o motivo de um agente da patente dele vir no nosso departamento e ninguém falar nada e o que ele queria no setor de arquivo morto?
_É confidencial, mas pelo teor de seu estudo acredito que pode me ajudar. – Falou olhando as fichas que eu já tinha separado.
_Não posso ajudar se eu não souber o que está procurando senhor Kenji. – Cruzei meus braços desconfiada das intenções daquele senhor que continuava olhando meus arquivos.
_Está certo, preciso dos arquivos que seu Departamento mantém sobre desaparecimento de pessoas na maioria imigrantes que foram encerrados sem conclusão nos últimos 30 anos, mas pelo que vi aqui você já os está reunindo, agora é a sua vez o que realmente está procurando detetive O’Brien?
O homem parecia que não iria engolir qualquer desculpa que eu inventasse, meu coração acelerou e eu não conseguia pensar em nada realmente plausível fiz um esforço para não secar as palmas das mãos na calça jeans e entregar todo meu nervosismo e se ele fosse alguém da turma do Terry eu estaria ferrada, a cada segundo de silêncio meu mais o homem parecia curioso.
_Bom pelo visto não irá me dizer, pensei que poderíamos trabalhar juntos infelizmente seus estudos serão confiscados já que preciso deste material é uma pena. – Falou recolhendo minhas pastas e eu não tive outra escolha a não ser abrir o jogo.
_Está bem! Eu tenho um suspeito importante de um caso que estou ajudando uns amigos a solucionar e este suspeito pode ser alguém de dentro, mas para denunciá-lo ou investigá-lo eu preciso de algo concreto e sem essas pastas eu nunca vou conseguir fazer isso, esse caso é muito importante. – Tentei ser o mais sincera sem dar nomes aos bois e torcia para que o agente estivesse do meu lado e me ajudasse.
_Muito bem, o que acha de começarmos de novo? Acredito que podemos formar uma bela dupla senhorita O’Brien. – Falou o homem estendendo a mão.
_Pode me chamar apenas de Lisa. –Apertei sua mão em um cumprimento breve na esperança de não estar ferrando ainda mais com tudo.
Fim do capítulo
Me falem s que estao achando e o que esperam para os proximos capitulos!!!
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