Capítulo 47

Lisa

Já havia se passado uma semana desde minha briga com Rubí eu estava afastada do trabalho por dez dias no total e aproveitei esse tempo para monitorar e vasculhar o sistema atrás de algo que comprovasse minha teoria sobre o perseguidor, mas analisar um sistema inteiro a procura de uma pessoa era como procurar agulha em um palheiro, conversei com Dália algumas vezes em que veio me visitar ao que tudo indicava estava tudo bem apesar do silêncio de Rubí a respeito de tudo, pelo visto ela estava dedicada a esquecer minha existência e eu não consegui deixar de ficar magoada com essa postura, mas não poderia obrigá-la a me aceitar, no trabalho as coisas estavam dentro do que poderia ser normal quando se trata do setor de homicídio, os homens que assassinaram o advogado já foram transferidos para a prisão estadual e claro que Mônica não apareceu para esclarecer nada apenas enviou um advogado das empresas aos jornais para que desse uma declaração oficial informando a indignação da diretoria ao ato de um dos seus associados e que repudiavam sua conduta acrescentando que fariam uma auditoria para investigar e impedir outras condutas como aquela, isso foi a dois dias atrás, o motivo do assassinato não foi permitido que divulgassem para o público deixando a entender que fora por desavenças pessoais entre os dois homens o que era mentira, durante a investigação descobrimos que a vítima havia se negado a defendê-los em um processo aberto por um grupo de funcionárias que alegavam sofrer assédio sexual do gerente geral o mesmo homem visto nas câmeras, de qualquer forma o caso estava encerrado.

_Ainda estudando esses arquivos? –Luna abriu a porta do meu escritório quase que silenciosamente, depois que voltei para casa ela havia dormido comigo por alguns dias enquanto eu não podia mexer meu braço depois disso resolvi dar uma chave reserva para que ela ficasse mais à vontade, agora tinha livre acesso a minha casa não que eu estivesse reclamando.

_Que visita maravilhosa ao que devo a honra? – Disse abrindo espaço para que ela se sentasse no meu colo e envolvesse seus braços em meu pescoço.

_Imaginei que estaria enfurnada nesse escritório sendo consumida por esse computador então resolvi vir aqui te socorrer. – Luna dizia tudo em um tom baixo e intercalando com beijos por meu rosto e pescoço.

_Algo me diz que você não vai aceitar não como resposta. – Disse já envolvida por seus carinhos.

_Ainda bem que você aprende rápido.

Ela riu e se levantou do meu colo me puxando junto, saímos para jantar fora e foi bom conversar e comer fora de casa, já havia dias que eu não sabia o que era rua, todos os dias me enfiav* nos arquivos olhando ficha por ficha e não achar nada estava me enlouquecendo. Decidimos ir ao shopping ver um filme e comer besteira, fazia uma vida que eu não fazia algo tão simples e ter Luna como companhia era incrível, ela era divertia e animada e eu estava completamente apaixonada, tentei não pensar em nada além do passeio afinal Luna merecia que eu estivesse ali cem por cento e foi o que fiz, vimos filme com direito a pipoca e refrigerante e fiquei feliz quando ela sugeriu que fossemos a pizzaria já que ela vivia com neura de engordar e nunca aceitava muito bem comer besteira no meio da semana, ou ela queria me agradar ou estava menos preocupada com engordar e toda essa neura.

_E então o que tanto você pensa? - Perguntou ela.

_Estou na dúvida se pedimos grande ou família, porque estou com fome e o tamanho da média deles eu acho pequena. – Falei pensativa disfarçando minha real preocupação.

_Sei, e você acha que nesses quase quatro meses que nos conhecemos eu não sei reconhecer quando você está me escondendo algo? – Falou sorrindo e tirando o cardápio das minhas mãos e me fazendo encará-la.

_ Olha estamos nos divertindo e não quero te preocupar com minhas coisas, você já está sendo um anjo comigo e hoje quero esquecer um pouco toda essa confusão. – Falei segurando uma de suas mãos e fui sincera.

_Tudo bem, mas se precisar conversar já sabe, às vezes é bom por pra fora ajuda a organizar as ideias.

_Vou tentar, mas esse assunto está me deixando com mais fome. – Disse a fazendo rir e logo depois pedimos nossa pizza tamanho família.

_Já sabe quando vai voltar a trabalhar?

_ Amanhã vou fazer a última avaliação, mas a doutora disse que não tive nenhum dano sério então ela está confiante que me libere amanhã mesmo.

_ Isso é ótimo, mas tenta tomar mais cuidado sei que acidentes acontecem, mas tem situações que tem como evitar.

_Você fica ainda mais linda toda preocupada, não se preocupe vou ficar mais atenta. – disse da forma mais convincente que consegui, tenho certeza de que ela não acreditou que eu tomaria cuidado, mas eu estava falando sério não estava disposta a morrer agora.

Rubí

Finalmente um dia de folga eu particularmente tinha decidido não fazer absolutamente nada hoje, era sexta-feira dia primeiro de dezembro e hoje Lisa voltava para seu posto então decidi que iria ficar em casa, ainda não queria lidar com ela, na verdade não pretendia nem tocar no assunto já tinha decidido ignorar tudo o que ela representava e ainda estava magoada por ela ter escondido a verdade, agora era difícil simplesmente fingir que nada aconteceu e sermos amigas.

Ficar remoendo isso não ia adiantar nada então levantei e fui fazer começar meu dia com um banho quente, precisei por um suéter o clima havia caído muito durante a noite, encontrei Arthur enrolada em sua mantinha deitado no sofá esperando seu café assistindo desenho assim que me viu abriu um sorriso enorme e veio me abraçar.

_E aí grande herói dormiu bem? Cadê sua mãe? – Falei pegando o menino no colo, apesar de eu aguentar o seu peso tranquilamente percebi que havia crescido bastante nos últimos meses.

_A momi ta na cozinha e eu “dumi” com a tia Lia “tava” frio e ela não deixou eu ir “dumi”com você e a momi. – Disse fazendo bico me fazendo rir.

_Entendi agora o motivo do bico, mas quer saber de uma coisa? – Disse em tom de segredo o fazendo ficar curioso. – Hoje vou ficar em casa e vamos curtir um dia todinho juntos o que acha? – Disse o fazendo ficar elétrico com a ideia e quase pular do meu colo para ir à cozinha contar a sua mãe a novidade.

_Momi a Rubí vai ficar em casa hoje, podemos ir fazer boneco de neve no parque? – Falava o menino agitado segurando as pernas da mãe a fazendo rir.

_Desde que você se comporte, coma tudo, a obedeça podemos pensar no assunto. – Falou ela fingindo seriedade.

_Mas eu sou um bom menino momi. – Disse sério.

_Sei, então vai calçar suas pantufas e se senta para tomar seu café bom menino. – Falou bagunçando o cabelo dele que saiu rindo.

_Bom dia mi amor, pensei que não iria trabalhar hoje? –Abracei e beijei o pescoço de Carolina.

_Bom dia amor meu eu também pensei que iria ficar em casa, mas alguns investidores precisaram adiantar a reunião de segunda pegando minha chefe e eu de surpresa, imagina aquela senhora toda metódica mudando tudo de uma hora para outra o caos que foi.

_Imagino, é uma pena faz tempo que nossas folgas não batem. – Falei a virando de frente para mim.

_ Eu sei amor, mas não tem o que fazer pelo menos vou sair cedo e posso encontrar vocês no parque o que acha? – Disse envolvendo meu pescoço e selando nossos lábios de leve.

_Acho uma excelente ideia. –Me aproximei tentando a beijar direito, mas ela não deixou porque iria tirar seu batom.

Tomamos café e Carolina saiu para o trabalho, ontem à noite Dália comentou chateada que havia ficado com pendência em uma matéria e que iria ter que voltar a faculdade hoje para fazer uma prova, e pelo visto já havia saído, ela iria passar o final de semana na casa do rapaz que estava ficando que para minha sorte era amigo de Lisa, parecia que toda minha vida estava conectada a ela, eu e Arthur passamos a manhã vendo desenho e no horário do almoço decidimos comer fora já que eu nunca fui muito boa de cozinha fomos ao shopping e depois de comer aproveitamos para brincar nos brinquedos de lá. Por volta das quatro horas da tarde recebi uma mensagem de Carolina que já estava saindo do trabalho e confirmei que já estávamos indo para o parque verde da cidade que devido a nevasca da noite anterior estava todo coberto de neve, eu ainda estava paranoica e todo carro que seguia nosso taxi eu ficava tensa, mas pelo visto era apenas paranoia mesmo, passamos o dia fazendo bonecos de neve e brincando de bolas de neve, depois fomos tomar café na cafeteria próxima a nossa casa, Arthur amava tomar o chocolate quente deles porque vinha com chantilly e chocolate raspado em cima.

_É no mínimo nostálgico estar aqui com vocês. – Disse bebericando o meu café.

_Parece que foi há anos e fazem o quê dez meses que nos conhecemos? – Disse Carolina sorrindo.

_Isso e dia seis fará nove meses desde que nos beijamos pela primeira vez. – Entrelacei nossas mãos na necessidade de estar perto dela.

_Ai amor você lembra do dia do nosso primeiro beijo, que coisa fofa! – Falou antes de me beijar suavemente.

_É claro foi o dia que decidi que não precisava beijar mais ninguém por toda a minha vida. – Disse beijando sua mão e selando nossos lábios um pouco mais intensamente.

_Eu amo você sabia? –Carolina me encarou com aqueles lindos olhos azuis claros fazendo meu coração acelerar.

_Eu sei, e eu amo você hoje mais que ontem e menos que amanhã porque amanhã eu vou amar ainda mais. – Disse acariciando seu rosto. _Vocês são toda a minha vida, acariciei os cabelos de um Arthur entretido comendo seu bolo, quando voltei a encarar Carolina ela estava com os olhos marejados. _Ei não chora, falei algo errado? –já me desesperando.

_Não, você não disse nada, mas é que eu nunca pensei que eu encontraria alguém como você... Eu nunca pensei que existiria alguém como você. – Ela enxugou as lágrimas que teimavam a cair. _ Tudo entre nós aconteceu tão rápido que às vezes eu fico esperando dar tudo errado, não sei, é só que eu não quero perder você, perder o que temos sabe, tinha medo de você não se sentir da mesma forma ou cansar...

_Ei, para de pensar besteira mi amor, tudo aconteceu no tempo certo se eu não sentisse a mesma coisa eu deixaria claro desde o início eu não sei se reparou, mas eu não sou boa em fingir. – Disse rindo e a fazendo rir. _Eu nunca disse que amava alguém até dizer a você. – Falei séria.

_Eu nem sabia o que era amor antes de você então estamos quites. –Carolina sorriu me fazendo sorrir junto e foi inevitável não a beijar.

_Momi, agora eu posso chamar a Rubí de mamãe? Você disse que só mamães e papais podem beijar na boca e vocês estão beijando, então vocês são mamães, não é? –Arthur parecia pensativo e deixou Carolina mais vermelha que um tomate.

_Esse menino é esperto demais para o meu gosto. - Sussurrou ela antes de beber um gole de água que havia na mesa me fazendo rir mais.

_Se você quiser me chamar de mãe eu vou adorar grande herói porque pra mim você é meu filho também, mas preciso te explicar que apenas adultos que se gostam muito se beijam, para ser mamãe ou papai precisa apenas ter um filho entendeu? - Tentei explicar da melhor forma.

_Entendi, por isso que a tia Lia beija o tio Pepe, mas eles não são mamãe e papai né?

_Isso mesmo rapaz! “E eu espero que eles não se tornem mamãe e papai nem tão cedo”. – Pensei com certo medo de ver minha menininha com um bebê tão cedo.

Mônica

Rubí havia tirado toda a minha paz com essa investigação, mas como sempre não conseguiu nem chegar perto dos meus sapatos, eu amava a França, mas já era hora de voltar e retomar minha vingança e governar meu império. Tomei o restante do meu conhaque e disquei o número que já havia decorado.

_E então como está o andamento?

_ O cara está pronto só esperando o seu sinal.

_Perfeito, quero estar aí quando tudo acontecer, quero ver o desespero dela de camarote, vou estar em casa em breve deixe tudo pronto para quando eu ligar de novo, tudo deve sair como planejado.

_Entendido estaremos prontos.

O homem do outro lado da linha desligou me deixando em êxtase com tudo que estava por vir, era uma pena que minha adorável secretária não veio comigo, hoje seria um excelente dia para me satisfazer, mas quem disse que precisava ser com ela? Me levantei de minha cadeira, peguei minha bolsa e parti para um lugar exclusivo no centro da cidade onde apenas a alta classe e as melhores mercadorias estariam disponíveis, hoje era uma noite para se comemorar.

Fim do capítulo