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Preciso Dizer Que Te Amo por escrita_em_atos

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Palavras: 4064
Acessos: 2306   |  Postado em: 04/06/2024

Laços

— Mas mamãe eu…

Pedro tentava argumentar com a mãe ao telefone sem sucesso. Manu o encarava e ria da total falta de habilidade do rapaz em convencer a mãe sobre qualquer tema. Pedro havia passado no escritório da publicitária para cumprimentá-la enquanto aguardava Willian terminar um telefonema com um cliente do Rio de Janeiro. Nesse meio tempo a mãe do rapaz ligou para exigir que ele falasse com Julia, ele ouvia o que a mãe dizia olhando para Manu e temendo que a amiga percebesse qual era o tema da conversa.

— Tudo bem, mamãe. Eu te ligo mais tarde e a gente conversa direito sobre isso. — O rapaz aguardou por uma resposta e ficou grato por sua mãe não insistir em continuar conversando naquele momento. — Sim, eu ligo. Beijo.

Quando o telefonema acabou ele suspirou de alívio.

— Nunca vou conseguir entender como você e a mamãe se dão bem, Manu. Acho que você é a única pessoa que eu conheço que é capaz de contornar as ordens dela.

— A Silvia é um amor de pessoa. Na verdade, ela é incompreendida na maior parte do tempo.

— Tá, tá. Vocês têm a amizade mais estranha que eu conheço, mas tudo bem. Eu fico satisfeito por poder recorrer ao fato de que somos amigos sempre que preciso.

— O que é um ultraje. Um homem do seu tamanho tendo que dizer pra sua mãe que eu disse algo, ou que eu vou a algum lugar, para convencê-la do que você quer. — Manu falou com um sorriso divertido no rosto.

— O que eu posso fazer se é só colocar o seu nome na história que ela concorda com tudo. Eu apenas me apropriei dessa... digamos, vantagem. Jamais vou me conformar por não ter te conhecido na adolescência, quando ainda morava com a dona Silvia, você teria sido de uma utilidade que não faz ideia…

— Coisas da vida, meu caro.

Os dois sorriram. Pedro e Manuela ainda não haviam conversado sobre o assunto que eles tinham em comum. O rapaz, como era usual, não interpelou a moça quando estiveram junto aos outros amigos. Ele preferia conversar com ela sobre o assunto a sós e sabia que Manuela preferia assim também. Há cerca de três anos quando eles se reencontram, muito por acaso, por causa do envolvimento de Pedro com Willian, Manu o reconheceu imediatamente. Ela conheceu Pedro na época que namorava Julia e depois que as duas se separaram definitivamente os dois não se viram mais. A relação dos dois, que sempre foi muito boa, embora não tão próxima, passou ao status de amizade devido a proximidade que Manu tinha com William.

Na época do reencontro, com uma conversa franca e direta, os dois decidiram não deixar que Julia interferisse na relação deles. O rapaz deixou claro para Manu que não tinha contato com a prima e que mesmo se tivesse não iria se intrometer jamais na vida da publicitária dessa maneira. Foi o que bastou para Manu, que sempre gostou de Pedro. No começo ela chegou a pensar que ter o primo de Julia tão próximo poderia ser um eterno lembrete da existência da arquiteta, mas o rapaz foi sempre tão discreto sobre o assunto que ela até se esquecia do parentesco dos dois.

— Eu queria aproveitar que nós estamos sozinhos para conversar com você sobre um assunto. — O rapaz falou.

Manuela se remexeu na cadeira insatisfeita com o rumo da conversa. Ela já imaginava que Pedro em algum momento falaria alguma coisa, o que levou a publicitária a evitar conversar a sós com ele.  Ela temia, que de algum modo, o rapaz pudesse ser o elo que levaria Julia até ela.

— Se você quiser, é claro. — Ele completou ao ver o desconforto evidente de Manuela.

— Eu tenho evitado falar sobre isso com quem quer seja, mas acho que você e eu precisamos, de certa forma, colocar algumas coisas em claro.

— Sim, eu imaginei. Por isso achei melhor conversarmos de uma vez.

— Eu nunca lhe agradeci pela sua discrição durante todo esse tempo, mesmo com o Will você foi absolutamente cuidadoso sobre esse assunto. Você não tinha, e não tem, a menor obrigação, mas ainda assim sempre respeitou o meu pedido silencioso. E eu sou realmente grata a você por isso. — Manu falou em um tom sério e cordial.

— Não há o que agradecer, Manu. Nós dois sabemos como aquela época foi dolorosa para você e para mim. Por isso acho que nós dois temos o crédito da nossa amizade ter dado certo.

Manuela sorriu e balançou a cabeça afirmativamente. O rapaz tinha razão, os dois haviam ultrapassado a barreira do passado que os unia e optado por recomeçar, sendo assim era mérito dos dois que eles estivessem no lugar que estavam.

— Bem, sobre o que você quer conversar especificamente? — Manu perguntou com um tom sério.

Um pouco nervoso com o assunto, o rapaz falou tudo de uma vez.

— Desde que a Julia voltou, ela tem tentado falar comigo. Eu tenho evitado esse encontro, porque a mágoa que eu tenho é muito grande, mas a minha mãe tomou conhecimento das investidas dela e está exigindo que eu aceite encontrá-la.

Pedro falou tão rápido que Manu ficou até um pouco confusa.

— Então era sobre isso que você falava com sua mãe no telefone? — Manu preferiu focar nessa parte e deixar de lado a sensação que ouvir aquele nome ainda provocava.

— Sim. Eu não sei bem como ela soube, mas acredito que a própria Julia recorreu a ela para tentar me dissuadir a aceitar esse encontro. — Pedro falou contrariado.

— Tudo bem. Eu entendo a situação, mas não sei bem em que ponto você quer chegar.

— Bom, é que naquela época eu e você nos conhecemos, mas não tivemos o mesmo nível de intimidade que temos hoje em dia. Por que eu estava envolvido nos meus próprios dramas e você nos seus. Fato é que quando o Will me apresentou você como amiga e sócia, eu achei que a Julia estaria sempre entre nós. Logicamente isso não aconteceu, afinal aqui estamos.

O rapaz respirou fundo e prosseguiu.

— Eu não quero ser leviano e usar a expressão lealdade. Eu e a minha prima éramos muito amigos e meu carinho por ela, embora abalado e magoado, continua imenso. Mas eu te conheci e passei a gostar de você como amiga, nós dois somos amigos e isso não tem nada a ver com a Julia. A questão é que nós tivemos durante esses anos o respeito mútuo de não falar sobre ela, mas eu sei o quanto essa história mexe com você. Por isso eu queria falar com você antes, eu não quero você sendo pega de surpresa ao saber que eu conversei com a Julia. E menos ainda quero que exista qualquer margem para você pensar que eu trairia a sua confiança falando para ela qualquer coisa sobre você.

Manuela olhou profundamente para Pedro, ela detestaria que toda aquela situação afastasse o rapaz da sua vida. Ela admirava o homem que ele era, Pedro era sempre tão honesto que mesmo se ele não tivesse dito com todas as palavras, ela sabia que ele jamais agiria de maneira a afetar a relação dos dois.

— Pedro, eu sei que essa situação é um pouco delicada. Nós provavelmente não vamos conseguir encontrar uma solução para ela, não agora. Mas eu também não quero ser responsável por você não falar com a sua prima, eu lembro bem da amizade de vocês e por isso sei que essa conversa é muito importante para você.

O rapaz concordou com a amiga acenando com a cabeça. Manu respirou fundo e decidiu que pensaria sobre as possíveis causas da amizade de Pedro e Julia em sua vida, em outro momento. O rapaz tinha direito de fazer as pazes com a prima e a publicitária não queria ser responsável por manter os dois afastados.

— O que eu acho é que você deve fazer o que achar melhor. Você não precisa se preocupar comigo, isso é sobre você. Sobre o que você quer. — Finalizou Manu.

Pedro sorriu para Manuela. O rapaz não esperava outra postura da amiga, mas ainda assim ele se preocupava. Para ele uma coisa era muito clara, se a prima quisesse, pelo motivo que fosse, se encontrar com Manu, ele não seria a pessoa responsável por isso. Manuela tinha o respeito e total compreensão de Pedro, ele não iria interferir naquela história sob hipótese alguma.

— De qualquer forma eu queria conversar com você. Como eu já disse antes, eu prefiro que você saiba por mim.

O tom formal e impessoal empregado na conversa até ali deixou Pedro com uma sensação de desconforto, mas não havia outra escolha. Eles precisavam falar sobre aquilo, mesmo que fosse daquela maneira distante.

— Eu entendo, afinal com a Silva se envolvendo você vai ter que decidir rápido o que quer fazer. — Manu falou com um sorriso que não pareceu tão verdadeiro quanto Pedro estava acostumado a ver no rosto da amiga.

— Nem me lembre da mamãe, quando ela põe uma coisa na cabeça fica impossível. — Pedro se sentiu grato pela mudança no clima da conversa.

Os dois acabaram rindo. A mãe do rapaz era mesmo difícil de contornar.

— Bem, vou deixar você trabalhar e vou atrás daquele enrolado do seu sócio que não sai do telefone. — Ele falou já se levantando.

— Ok, meu querido. Bom almoço para vocês.

— Obrigado.

Pedro saiu da sala da amiga com a sensação de alívio e apreensão. Alívio por ter falado com Manuela e apreensão pela iminente conversa com Julia. Já Manu ficou mais uma vez sem saber o que pensar, ela decidiu esperar as coisas se desenrolarem para então avaliar como ficariam no final.

**

Julia decidiu envolver a tia naquela história pelo simples fato de que Pedro não conseguiria contornar uma ordem direta vinda da mãe. Por isso, logo após Tati deixar seu apartamento na noite anterior, ela ligou para Silvia e explicou o que estava acontecendo. Prática e decidida como era, Silvia acalmou Julia e disse que ela poderia procurar o primo no dia seguinte sem medo de ser escorraçada ou qualquer coisa do gênero.

Já na porta da escola de dança que o primo tinha no centro da cidade, ela respirou fundo tentando se preparar para o que viria a seguir. Seria uma conversa dura, mas ela sabia que era necessária.

Pedro tinha acabado de voltar do almoço com Willian, ainda estava na recepção pegando alguns envelopes que haviam chegado. Formado em administração e apaixonado por dança, o rapaz resolveu unir o útil ao agradável e abriu uma escola que ensinava vários tipos de danças. Ele estava totalmente distraído ao pé da escada que levava ao segundo andar, onde ficava sua sala, lendo um dos papéis que tinha em mãos quando ouviu seu nome.

— Pedro?

Julia havia sido orientada a subir as escadas e virar à direita para encontrar o escritório do primo, que segundo a recepcionista havia acabado de subir para sua sala. Quando disse quem era, mais especificamente quando disse seu nome completo, ela foi encaminhada direto para o primo, sem precisar ser anunciada. Certamente tinha o dedo da sua tia Silvia nisso.

Quando o rapaz ouviu seu nome sendo chamado, se assustou. Mesmo sabendo que Julia estava de volta, e provavelmente ela iria procurar por ele, Pedro não estava preparado. Ele se virou e a olhou com a absoluta certeza de que aquela conversa seria dolorosa, especialmente para ela.

— Que surpresa. — Disse com um tom sarcástico e agressivo.

— Eu imagino que você já esperava pela minha visita. Eu vim até aqui pra gente conversar. — Julia falou calmamente.

— Com certeza, depois que você envolveu a minha mãe eu esperava. Vamos até o meu escritório, é melhor. — O rapaz falou já subindo as escadas. Se Julia se assustou pelo tom agressivo do rapaz, não demonstrou. Parecia que ela havia vindo preparada.

**

— Como foi a viagem? — O rapaz inquiriu com um sorriso enquanto se sentava e indicava a cadeira para a prima se sentar.

Julia respirou fundo antes de se sentar. Encarou os olhos do primo que naquele momento estavam tomados por uma raiva que não combinava com o que ela se lembrava dele.

— É bom voltar pra casa. — Ela disse com suavidade.

— Imagino. Embora eu deva confessar que depois de todo esse tempo eu deixei de acreditar que você pudesse voltar.

— Eu nunca quis partir, então voltar sempre me pareceu o mais correto.

— E veio esperando encontrar o quê? — Pedro estava tentando controlar sua agressividade, mas na verdade o que ele queria era começar a gritar com Julia dizendo o quanto ela havia sido egoísta com todos quando foi embora — Porque depois de todo esse tempo eu espero que você saiba, que tenha consciência, que as coisas não ficaram te esperando.

— Eu não voltei para cá querendo a vida que eu tinha, mesmo porque eu saí daqui uma menina que não sabia direito o que estava fazendo e voltei uma mulher bastante consciente das minhas falhas.

Os dois ficaram se fitando alguns instantes. A conversa estava caminhando por um terreno perigoso, eles sabiam, mas estavam dispostos a ir até o fim. Julia com a certeza de que precisava explicar, mostrar e principalmente se desculpar. Pedro com a disposição de ouvir, compreender e quem sabe perdoar, mas não sem antes ouvir e dizer todas as verdades que ele acreditava necessárias.

— Desde que você partiu eu me faço a mesma pergunta, Julia. Valeu a pena? Fugir sem olhar para trás.

Direto e incisivo, a arquiteta quase se esqueceu de como o primo poderia ser.

— Se eu disser que não me arrependo estaria mentindo, mas durante o tempo que eu fiquei fora aconteceram coisas pelas quais eu sou grata.

— Então porque voltar?

— Você está procurando uma confissão que não vai achar, Pedro. Eu vim até aqui para a gente conversar, se acertar, não para ser acusada de erros que eu não cometi.

— Tudo bem, vamos fazer de conta que você está certa. — Ele disse com um sorriso debochado. — Então me diz o que você veio me dizer?

Julia observou o primo que estava de pé, olhando para ela com uma feição de genuína curiosidade. Os anos tornaram o menino um homem e a vida, aparentemente, o fez ainda mais forte e franco do que costumava ser. A saudade que ela sentia do amigo era imensa e o carinho também, por esse motivo ela decidiu não brigar.

— Me desculpa. Foi para isso que eu vim aqui, para te pedir desculpas.

— Desculpas pelo quê?

— Por todos esses anos, por ter ido embora e principalmente por não ter falado com você.

Pedro voltou a se sentar. Julia estava ali, pedindo desculpas por ter deixado a amizade deles para trás na sua fuga desesperada. O mais importante para ele era que ela estava se desculpando por não falar com ele durante o tempo que ficou fora e especialmente por não dizer por que ir embora.

— Foi sempre o que mais doeu. — O rapaz falou com uma voz absolutamente triste.

— Eu sei. Tem tanta coisa que eu quero te contar, tanta coisa que eu preciso te dizer.

— Eu honestamente não sei se estou disposto a ouvir.

Aquela frase doeu em Julia. Ela conseguia ver no rosto do primo o quanto ele estava magoado, o quanto ela havia ferido o primo com todas as coisas que fez. De todas as coisas que ela deixou para trás, de tudo que ela perdeu e sabia que não iria recuperar, imaginar que seu primo não a perdoaria era a que lhe causava mais pânico.

— Durante um bom tempo eu não tomei consciência do quanto eu fui injusta com você. Nada que eu diga vai ser capaz de compensar a minha ausência quando você mais precisou, mas em nome de tudo que nós significamos um para o outro eu queria que você ao menos me ouvisse. — Ela disse com pesar.

Pedro se levantou novamente. Encarar Julia naquele momento foi impossível para o rapaz, por isso ele se virou encarando a janela. Julia havia o deixado para trás justamente quando a vida dele virou de cabeça pra baixo. O pai do rapaz descobriu sobre sua sexualidade e o expulsou de casa. O resto da família o rechaçou sumariamente, tanto do lado paterno, quanto do lado materno. Os avós paternos do rapaz, que eram também avós de Julia, foram tão radicais na época que Pedro deixou de usar o sobrenome Campana. Pedro contou com apoio incondicional de sua mãe, Silvia se separou do marido e foi viver com o filho sem pensar duas vezes.

Pedro nunca esperou que Julia assumisse que também era gay para dar suporte para ele. Se na época ela tivesse cogitado essa ideia o rapaz jamais a deixaria fazer algo nesse sentido. O apoio que ele queria era o da amiga, para ouvir as suas mazelas, para apoiá-lo independente de qualquer coisa e isso, de Julia, ele não recebeu. Atrelado a essa sensação de abandono, o rapaz teve que lidar com a ida repentina de Julia para fora do país. Tudo aconteceu tão de repente que ele só soube onde ela estava duas semanas depois, porque a mãe dele descobriu e o informou.

— Porque eu deveria te ouvir agora? Se quando deveria ter falado comigo, você simplesmente foi embora sem olhar para trás? — Acusou o rapaz voltando a encarar Julia.

— Porque eu estou aqui pedindo perdão a você por todos os meus enganos. Magoar você nunca foi e nunca será a minha intenção. Eu me arrependo todos os dias por não ter te procurado antes de deixar o Brasil. — Ela respondeu também se colocando de pé.

— Antes e durante o tempo que você viveu fora, vale lembrar. Você consegue imaginar como foram os meus dias sem saber onde você estava ou o que havia acontecido com você? — Ele respirou fundo. — Eu fui atrás de todos os nossos amigos em comum, fui atrás de todos os seus conhecidos, eu cheguei a procurar a…

Pedro se calou antes de dizer o nome de Manuela. Ele não queria trazer o nome da amiga para aquela conversa. Na verdade, Pedro não se sentia no direito de falar com Julia sobre a publicitária. Na cabeça dele sua prima havia perdido todo e qualquer direito a receber dele qualquer informação sobre Manuela. E ele tinha absoluta certeza, que mais cedo ou mais tarde, quando Julia descobrisse que ele e Manu eram próximos, ela iria no mínimo querer saber como a ex-namorada estava depois de todos os anos passados.

Julia cerrou os olhos, ela sabia que o primo ia falar Manuela. O que ela não entendeu é porque ele se calou tão repentinamente, como se pensasse duas vezes antes de dizer. Aquele não era o momento para esse tipo de questionamento, mas a hesitação de Pedro deixou a arquiteta bastante curiosa.

— Eu sei que tudo que eu fiz provavelmente não merece perdão. — Tentou argumentar a arquiteta.

— E mesmo assim aqui está você. — O rapaz cortou.

— Sim. Porque eu sempre acreditei no amor que nós sentimos um pelo outro. E conhecendo você tão bem quanto eu conheço, tenho absoluta certeza que você é capaz de me aceitar de volta em sua vida.

— E você se preparou para estar enganada?

Respirando fundo, tentando manter a calma, Julia disse:

— Usando toda honestidade que você sempre mereceu, existem muitas coisas para as quais eu me preparei quando decidi voltar. Algumas mais, outras nem tanto. A única para a qual eu simplesmente não me preparei, e para a qual provavelmente jamais estarei pronta, é para desistir da nossa relação.

A voz de Julia soou tão fatigada que o rapaz cruzou os braços e a encarou. Pedro estava escorado na janela e Julia estava de pé próxima à cadeira que havia ocupado no começo da conversa, de frente para o rapaz. Os dois se fitaram, se reconhecendo, analisando todas as possibilidades, calculando todos os possíveis resultados. Pedro foi o primeiro a falar.

— Se você acha que vai chegar aqui com essa conversa mole e vai conseguir o que quiser de mim, incluindo o meu perdão, você está muito enganada, queridinha.

Julia sorriu sem querer. Julia sempre gozou a cara do primo que quando ele ficava nervoso o seu lado bicha ficava ainda mais aflorado, por isso, sempre que ele estava em alguma discussão ele acabava ‘escorregando’ e soltando uma ou outra expressão que não condizia muito com a personalidade sempre mais contida. E quando ele fazia isso sempre levantava a sobrancelha esquerda e fazia algo parecido com um bico com os lábios.

Diante do sorriso contente que a prima lhe lançou, Pedro soube que tinha falhado no seu papel principal naquela conversa, o de acusador. Por isso fechou a cara e voltou a se sentar, indicando mais uma vez a cadeira para a prima. Com uma expressão nem um pouco satisfeita, depois do seu ato falho, ele voltou a falar. Dessa vez ainda mais sério do que no antes.

— O que você pretende agora? Vai ficar em São Paulo mesmo?

Julia respirou fundo pensando em por onde começar a explicar.

— Eu já estou instalada em um apartamento, meu próximo passo é articular para abrir um escritório de arquitetura. — Julia falou de forma suave, ainda com um leve sorriso nos lábios.

Pedro olhou profundamente dentro dos olhos da prima. Haviam tantas coisas que ele ainda não entendia, tantos detalhes que ele queria esclarecer. Até aquele ponto da conversa ele ainda não sabia bem o que pensar, a surpresa de ter Julia diante dos seus olhos havia tirado ele um pouco do prumo. Agora ele estava começando a se acalmar e estava pronto para as perguntas mais importantes. E mesmo sem admitir já existia uma pontinha de esperança de que no fim das contas ele e a prima talvez conseguissem se acertar.

— E o seu casamento? — Ele questionou.

Julia suspirou, como que pensando bem se queria entrar naquele assunto chato, mas absolutamente necessário.

— Eu não tenho mais um casamento.

Pedro não escondeu a surpresa. A mãe dele até disse que Julia havia dito que iria se separar, mas ele não acreditou sinceramente que aquilo fosse acontecer.

— Eu sei que você está pensando que nunca acreditou que eu fosse me separar, mas é fato consumado.

— Então você está solteira? De papel passado, eu digo. — Quis saber o rapaz.

— Sim. Eu esperei a homologação do divórcio para deixar a Inglaterra e retornar ao Brasil.

Pedro se ajeitou na cadeira e pensou um pouco antes de perguntar, de forma direta e cortante.

— E o excelentíssimo Mateus Bergmann Köller, aceitou?

Julia sentiu a ironia e o desprezo do primo em cada sílaba do nome, do agora ex-marido, sendo pronunciado.

**

Amanda estava distraída lendo o prontuário de um paciente quando o celular tocou. Sem olhar quem era ela atendeu.

— Alô.

— Mandys, como vai? Pode falar agora.

A médica sorriu.

— Oi, Pedro. Tudo bem, posso falar sim. Como você está?

— Tudo bem. Quer dizer, mais ou menos. A gente precisa conversar.

Amanda estranhou o tom urgente de Pedro. Um mal pressentimento tomando conta dela. Ela sabia que Julia havia ido se encontrar com o rapaz hoje, Willian tinha ligado mais cedo para contar. Ela ficou em cirurgia o resto da tarde e havia saído a pouco da sala de cirurgia, por isso não tinha falado com Will outra vez. Pedro cortou sua linha de raciocínio.

— Amanda?

— Oi, desculpa. O que foi que houve?

— Conversei com a Julia hoje.

— Sim. O Will me disse mais cedo. E então, qual o problema? A conversa não correu bem?

— Na verdade, entre a Julia e eu até que está tudo bem. O problema é outro.

Amanda ficou realmente confusa.

— Como assim Pedro? O que você quer conversar afinal?

— É sobre o ex-marido dela.

Amanda fechou os olhos já imaginando o tamanho do problema.

 

— O Mateus também está no Brasil?

Fim do capítulo

Notas finais:

Mais um, pessoal. *-*

Hoje deu pra postar mais um e amanhã tem mais.

Abraços e beijo no coração. ♥


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Comentários para 5 - Laços:
Brruh12
Brruh12

Em: 02/07/2024

Desejo que a Manu encontre um novo amor e a Julia viva com as consequências das suas ações!

Responder

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Brruh12
Brruh12

Em: 02/07/2024

Desejo que a Manu encontre um novo amor e a Julia viva com as consequências das suas ações!

Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 05/06/2024

O cão do inferno voltou também.

Responder

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 04/06/2024

Tia Silvia é demais

Agora vamos ver como serão os próximos encontros 

Oba!

Até amanhã 

Responder

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Mmila
Mmila

Em: 04/06/2024

Não acredito que ela ainda trouxe o ebó com ela pro Brasil!

Vai ser muito sofrimento para a Manu.

Aguardando ansiosamente o próximo capítulo.

Responder

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