Boa noite, leitoras! Espero que estejam tendo uma boa noite, e boa leitura!
Esse tá especial <3
Capitulo 21 – Covarde?
Sofia
Alguém me lembra de nunca mais tirar férias de novo??
Já faz mais de duas horas que estou arrumando o pequeno cômodo onde ficam os DVDs de filmes antigos de faroeste, e – sem mentira nenhuma – acho que tá mais caótico do que no dia em que comecei a trabalhar aqui. Sem falar dos outros setores, que estão tão bagunçados quanto esse – ou mais.
Mas eu não podia nem reclamar do Seu Afonso, afinal, qual é o outro patrão que te dá um mês (e mais alguns dias) de férias, e de super bom grado? Quando pedi uns dias a mais – porque estava querendo aproveitar o que o verão (e a Emma) tinha a me oferecer de melhor, ele nem hesitou. Pelo contrário, tinha até ficado contente por eu ter acabado gostando da ideia de tirar férias, no final das contas.
Mas também não quero que vocês pensem que estou reclamando de voltar ao trabalho, porque não estou. Na verdade, eu tô é bastante aliviada por ter voltado, porque não quero nem imaginar como seriam as coisas se eu não pudesse contar com essa distração, agora que...
Paro o meu raciocínio ao encontrar um exemplar de “Seres Rastejantes” – um dos filmes que eu tinha indicado para a Emma quando ela veio aqui sem eu saber que ela era ela. Alguém deve ter deixado nesse setor com preguiça de devolver no lugar certo (isso que eu chamo de bagunça) e eu tinha que o encontrar justo agora, como uma piada de mau gosto do universo. As fungadas saem no automático, assim que volto a me lembrar (mais uma vez) da nossa conversa de hoje cedo.
Era doloroso ter que admitir que ela estava certa, em cada uma das suas palavras. Tudo o que eu tentei negar, tudo o que tentei esconder por todo esse tempo estava mais vivo e claro do que nunca agora, e, infelizmente, não só para mim. Eu tinha deixado aquilo escapar e transbordar para fora. Eu me odiava por ter feito tudo o que fiz com ela, me odiava por ter estragado tudo, mas acho que diante de toda a merd* que nos meti, a gente até que conseguiu terminar da melhor forma possível, ou pelo menos é nisso que eu tento me agarrar e acreditar.
Uma lágrima acaba escapando e é inevitável não sentir a ardência nos meus olhos, de tanto que eu já chorei nas últimas horas. Faço uma promessa mental a mim mesma de que essa vai ser a última vez, mesmo tendo quase certeza de que ainda vou voltar a chorar, assim que minhas mãos (e minha mente) voltarem a se desocupar novamente.
– Sofia, será que você pode me ajudar com uma entrega que acabou de chegar? – O Seu Afonso surge da pequena abertura da porta.
Mais uma entrega no meio dessa bagunça? Ele só pode estar de brincadeira. Sem falar em todas as entregas e caixas de papelão que já estão deixando os estreitos corredores ainda mais estreitos do que já são e quase que completamente obstruídos.
A gente caminha até o hall de entrada do Sebo, onde uma caixa de tamanho médio nos espera. Não é muito grande e isso me deixa menos desesperada, mas ainda assim...
– Seu Afonso... Eu sei que não estou no direito de contestar ou de reclamar de alguma coisa, mas se eu abrir mais uma caixa nesse momento... – Eu acho que vou acabar surtando, mas não digo isso.
– Não é uma entrega para a loja. – Seu tom sai suave e enigmático.
– Ah, não? – Pergunto num misto de confusão e surpresa.
– Sei que estou ficando velho, mas eu não poderia me esquecer do aniversário da minha única funcionária. – Ele diz e o meu humor muda de imediato enquanto meus olhos começam a se iluminar. – E você não é uma funcionária qualquer, não é? Afinal, foi você quem abriu a sua própria vaga. – Ele diz e eu sorrio, enquanto me abaixo para alcançar e abrir a caixa de papelão, já imaginando os DVDs raríssimos de coleção que devem estar me esperando nela.
Mas então fico sem reação quando a caixa se abre e meus olhos não encontram o que esperavam, e eu volto a olhar para o Seu Afonso, confusa.
– Você se lembra daquele antigo aparelho de Videocassete VHS que chegou aqui na loja, meses atrás?
– Aquele que você disse que não valia a pena consertar? – Pergunto, enquanto ainda tento processar.
– Eu disse que não valia a pena vender. – Ele me corrige, dando ênfase na última palavra, e então, aos poucos, tudo vai fazendo sentido na minha cabeça e... Puta que pariu, eu nem acredito.
– Eu esperei que tirasse suas férias para mandar consertar. Deu um pouco de trabalho, mas... Ele está totalmente restaurado e em pleno funcionamento. Você ainda tem aquela TV antiga de tubo que você pegou aqui da loja, no ano passado, certo? – Seus olhos brilham por trás das lentes dos seus óculos enquanto não consigo conter o meu sorriso e minha euforia.
– O Senhor... Você só pode... – Estou feliz demais para completar qualquer linha de raciocínio. – Eu não sei nem como agradecer. – Eu me levanto para abraçá-lo.
– Não tem nada mais gratificante do que esse seu sorriso. – Ele diz e posso jurar que seus olhos estão úmidos nesse exato momento. Bem, os meus estão. – Além do mais, esse foi o primeiro sorriso verdadeiro que você deu desde que chegou aqui. – Ele diz e eu estremeço. – Pensei que as férias fariam você voltar mais animada do que quando saiu daqui, mas acho que me enganei, não foi? – Ele diz e eu me encolho.
Se ele soubesse de tudo o que aconteceu nessas últimas semanas... Mas ele nunca poderia saber, então...
– Eu estou bem. – Minto. – Eu estou ótima, na verdade... – Volto a olhar para o meu presente. – E mal posso ver a hora de inaugurar essa belezinha com alguns dos VHS que você tem por aqui. – Volto a sorrir, afinal, aquilo não era uma mentira.
Ele se afasta, sorrindo, e pego o meu celular para tirar uma foto do aparelho e, assim que a tiro, o meu primeiro reflexo é de mandar para a Júlia, mas então me deparo com a primeira consequência do nosso beijo: A de que a gente não tem se falando desde então.
Quero dizer, sei que só se passaram algumas horas desde que aconteceu, mas o fato é que a Júlia não respondeu a minha última mensagem, não respondeu nenhuma delas, na verdade, desde aquela última ligação. A maldita ligação que me fez chorar a noite inteira, porque...
Bem, não vou mentir, eu não esperava muita coisa da Júlia, não esperava nada daquilo, na verdade – a música, o beijo... – então não fiquei tão surpresa assim quando ela saiu da boate às pressas sem nem se despedir direito. Se a minha cabeça já estava à mil com tudo aquilo, imagina a dela... É da Júlia que estamos falando.
Eu só não esperava que ela seria assim tão... babaca, da forma que ela foi quando me ligou, colocando na conta da bebida algo que ela também teve participação para que acontecesse, não foi? Ela também quis. As mãos dela estavam em mim, também, não estavam?
“Eu vou passar na sua casa assim que sair do trabalho. A gente precisa conversar.”
Envio uma última mensagem antes de guardar o celular e voltar para as pilhas intermináveis de DVDs.
Eu não era uma estranha que a Júlia ficou na balada e que ela poderia fingir que nunca aconteceu, no dia seguinte. Como ela sempre faz questão de deixar claro, eu sou basicamente da família, o que significa que nos veríamos em breve, ela querendo ou não.
Que seja o quanto antes, então. Porque, ao menos na minha cabeça, não faz sentido adiar o inevitável.
xxx
Meu coração está aos pulos quando paro em frente ao portão de madeira. Sei que parecia confiante antes, mas acho que fui perdendo a confiança no caminho para cá. Hesito algumas vezes e então destranco a alavanca e em questões de segundos estou dentro do seu jardim, simples assim. Eu não sei como a Júlia conseguia dormir aqui sozinha, com uma entrada tão insegura quanto essa. Mas quando eu a questionei uma vez, ela disse que a maioria das casas da rua era assim, também, e depois que passei a reparar melhor vi que ela tinha razão mesmo, então... vai entender.
Entro na sua sala, mas a TV está desligada e a cozinha está vazia. Apenas as luzes de alguns de seus abajures estão acesas. Então concluo que ela esteja lá em cima. Subo os degraus e quase não consigo respirar, conforme meus pulmões vão se enchendo de um aroma que é a mistura de rosas, jasmim e vapor. Ela deve ter saído do banho há pouco tempo, deduzo.
Bato umas três vezes na porta do seu quarto, mas ainda assim, as batidas do meu coração soam mais altas para mim do que os nós dos meus dedos na madeira.
– Quem é? – Ela pergunta, um pouco assustada.
– Hm... Sou eu. – Digo.
– Sofia? – Sua voz vai soando mais aliviada, aos poucos.
Eu não acho que ela queira me ver, mas acredito que eu continuava sendo uma opção melhor do que estranhos mascarados invadindo a sua casa, por exemplo.
– Posso entrar?
– Você já entrou, não foi? – Sua voz parece um pouco irritada conforme empurro a porta entreaberta do seu quarto, revelando a sua imagem.
De início, seus olhos parecem se iluminar ao me ver, mas então vão escurecendo assim que esse sentimento bom vai sendo substituído por preocupação e receio.
Ela está com uma toalha na mão, seus cabelos umedecendo a camiseta cinza comprida do Queen que está usando, conforme caem em cascata pelos seus ombros. A blusa está cobrindo o possível shortinho curto de pijama que ela deve estar vestindo agora e meus olhos caem para suas coxas, inevitavelmente. Se eu já sentia coisas olhando para ela antes, depois de ontem, então, sabendo de tudo o que eu estava perdendo durante todo esse tempo...
Puta que pariu, alguém me ajuda a superar a tentação que é essa mulher??
– Você deveria ter avisado que vinha. – Ela diz sem olhar nos meus olhos, enquanto pendura a toalha em uma das suas poltronas.
– Eu avisei, na verdade. Mas você não olha as minhas mensagens desde... – Faço uma pausa. Agora que estamos aqui, frente a frente, parece ter ficado mais difícil relembrar o que tinha acontecido, mas era preciso e eu já tinha feito o mais difícil, que era ter vindo até aqui. – Eu acho que nós precisamos conversar, você não acha? – Ela me olha, sua respiração denunciando que está nervosa, também. – Você não pode ficar fugindo o tempo to...
– Eu voltei com o Clóvis, Sofia. – Ela me corta, e fico sem conseguir processar o conteúdo das suas palavras, por um momento.
– O quê? – A minha voz sai rouca.
– Ele me procurou de novo, depois que... – Ela faz uma pausa, olhando para baixo, parecendo mais envergonhada do que gostaria de demonstrar. – Bem, eu decidi reconsiderar. – Ela volta a olhar para mim.
Mas eu não acredito nela, não consigo acreditar.
– Você não pode estar falando sério, não pode ter voltado pra ele. Isso não faz o menor sentido, Júlia. – Ela parecia tão certa antes, tão decidida... como...
– Ah sim... Porque o que aconteceu entre nós duas ontem faz bastante sentido, também... – Ela joga no ar.
Sim, faz??
– Então foi por causa do nosso beijo? Não acredito que esteja voltando com ele pelo mesmo motivo que te fez terminar.
Ela parece confusa por um momento.
Era presunção minha achar que ela tinha realmente terminado com ele por minha causa. Mas eu não poderia estar assim tão iludida. Não poderia ter me enganado tanto assim.
– O quê? Eu já te disse que eu e o Clóvis terminamos, porque...
– Eu sei, mas eu tô falando do motivo de verdade. – Eu digo e se faz um silêncio. – Eu não acredito nisso, Júlia, não acredito que... – Eu levo a mão até a cabeça, onde afundo os dedos no meu couro cabeludo.
Fecho os meus olhos com força e fico segurando a minha vontade de chorar, de raiva, de decepção, de tudo. Porque eu simplesmente não podia acreditar que ela estava me fazendo a odiar de novo, mais uma vez.
– Sofi... por favor, a última coisa que eu queria era te ver assim. – Ela diz e aquilo direciona a minha atenção para as lágrimas que eu já tinha deixado escapar sem nem perceber, o que só aumenta a raiva que estou sentindo dela.
– Ah, é? E como você queria que eu tivesse? – Não consigo esconder a minha irritação.
– Aquilo não deveria ter acontecido, Sofia... A música que eu cantei pra você, as coisas que eu te falei nos últimos dias e... aquele beijo... nada disso, mas... ainda dá tempo de a gente esquecer tudo isso e... sermos como éramos antes. Você é jovem, uma garota divertida, inteligente, você pode ter todas as garotas dos seus sonhos, Sofi, na verdade, você já tem, essa garota é a Emma e... – Ela começa a dizer e eu não ouço nada direito, até essa última palavra.
– Eu e a Emma não estamos mais juntas. – Digo com um peso na voz, que não consigo disfarçar.
– O quê? – Ela pergunta, parecendo verdadeiramente surpresa.
– Eu não poderia... – Faço uma pausa. – Bem, ela que terminou comigo, na verdade. Não que faça muita diferença.
– Você não deveria ter feito isso, você... não deveria ter contado sobre nós duas. – Ela se encolhe um pouco.
– Eu contaria de qualquer forma, Júlia, a Emma é uma garota legal demais pra não saber a verdade. Mas ela terminaria comigo mesmo que eu não tivesse falado nada. – Confesso.
– Como assim? – Ela pergunta com vontade e receio de saber a resposta.
– Porque a gente pode até não dizer nada, mas vai ter sempre esse segredo nos meus olhos, o mesmo que está nos seus agora e... isso já não é mais algo que a gente esteja conseguindo esconder, você não acha?
– Sofi... – Ela diz, e vejo quando os seus olhos começam a querer se encher de água.
– A quem nós estamos tentando enganar, Júlia? Nós temos mentindo para nós mesmas há tanto tempo... fingindo que somos outra coisa enquanto...
– Sofia... – Ela tenta me parar.
Mas eu não paro.
– Não. – Ela vai ter que me ouvir agora. – Eu sei que não estou sozinha nisso. Sei que você também sente isso por mim. – Digo. – Você também me beijou, Júlia. – Eu senti cada centímetro do corpo dela me querendo, também, e isso não era algo que ela pudesse negar.
– Eu sei... Eu quis, você tá certa. Naquele momento eu... por algum motivo eu... quis muito beijar você, Sofia, mas... – Sua voz começa a oscilar, pela primeira vez naquela noite. – Isso não muda nada, não muda o fato de você ser quem você é, e eu ser quem eu sou. Você pode não querer aceitar, mas, para todos os efeitos, eu te vi crescer e continuo sendo praticamente a sua madrinha e...
– Você pode chamar do que quiser, Júlia... – Eu a interrompo. – E pode até se passar dez anos, mas... toda vez que a gente se ver, você ainda vai desejar me beijar de novo. – Eu digo e uma lágrima escorre dos seus olhos, porque ela sabe que é a verdade, mesmo não querendo que fosse.
– E quando você me ver com outra garota, ainda vai desejar, em segredo, que eu fosse sua. – Eu me aproximo mais dela e ela respira fundo, e então para, presa no meu olhar, e na minha boca. – Porque a gente sempre vai ser isso... – Digo roçando sua bochecha, seu queixo e o cantinho da sua boca com o nariz, e ela ofega, fechando os olhos. – Um beijo à uma da manhã que tem gosto de tequila – eu sorrio – ou de vodka, ou de vinho... Onde estamos voltando para casa no escuro, com nossos dedos entrelaçados... Onde você me vê o tempo todo, mas ainda vai desejar que pudesse me ver mais. – Provoco, sentindo o quanto sua respiração está quente agora, enquanto seus olhos estão presos em mim.
– Sofia... – Ela se afasta para conseguir falar. – Isso... A sua mãe... – Sua voz sai em um sussurro.
– Mas o que você quer, Júlia? – Minha voz sai mais alta do que a dela, e isso a assusta um pouco, eu acho.
– Sei que você pode, mas eu não posso me dar ao luxo de pensar assim. – Ela se afasta de mim e sinto lágrimas queimarem em algum lugar dos meus olhos.
– A Emma tem razão... – Eu digo e ela se vira para mim, novamente. A Júlia não estava pronta, nunca estaria, porque... – Você é uma covarde, sabia? – Eu digo e vejo quando o seu peito estufa e seus olhos inflamam. – É tudo o que você é, uma puta de uma covarde! – Eu grito enquanto algumas lágrimas escorrem e, num movimento brusco, ela avança para cima de mim.
Eu me desequilibro e dou meio passo para trás, por reflexo, com a certeza de que ela vai me dar um tapa, ou algo parecido, mas então ela me empurra e nos força até uma das paredes do seu quarto, me beijando e roubando minha respiração com tanta força que me sinto tonta e perdida por um momento.
A minha cabeça dói com o impacto da parede dura atrás de mim, mas não me importo. Eu abro a boca e deixo com que sua língua quente me invada e tudo o que eu sinto é necessidade – e o calor entre as pernas que cresce e se espalha por toda a parte – enquanto nós duas nos agarramos uma à outra conforme ela me empurra ainda mais.
Puta que pariu, é disso que eu estou falando, merd*...
– Não fala do que você não sabe, porr*. – Ela rosna, nos lembrando de como viemos parar aqui. Mas eu não digo nada, e ela insiste. – Nunca fale assim comigo de novo... ouviu? – Seus olhos transbordam desejo, confiança, ternura, excitação e minhas pernas enfraquecem aos poucos, enquanto ela me olha assim.
Meu Deus, que puta gostosa.
– Ou então...? – Provoco.
Tento conter o sorriso, mas estou feliz demais agora para ter algum sucesso nisso.
Se fosse para ter ela assim, eu falaria quantas vezes fossem necessárias.
Eu quero senti-la um pouco também.
Eu a empurro contra parede e ela deixa escapar um gemido quando o seu corpo fica entre eu e a madeira. Um quadro que fica pendurado ali – o com o diploma de Administração – cai aos nossos pés com o impacto dos nossos corpos, mas a gente não para.
Eu pressiono o meu corpo no dela e nossas pernas se enlaçam, o calor entre as suas coxas me acerta e a gente gem*, o som sendo abafado pelos nossos beijos. Deixo um rastro deles na sua boca, no seu queixo e no seu pescoço, onde ela deixa a cabeça cair para trás, me dando livre acesso, enquanto se segura com as duas mãos nos meus ombros, acho que para não cair.
– Isso não está certo, Sofi... nós... nós não deveríamos... – Ela diz ofegante, com os lábios bem próximos aos meus, completamente embriagada por aquelas sensações, da mesma forma que eu me encontro agora. – A gente precisa parar... – Ela insiste, mas estou cega e surda de tesão por ela.
– Não... – Digo enquanto estamos nos beijando, mordiscando e se esfregando. – Você não quer que eu pare, quer? – Eu sussurro em seu ouvido e vejo quando ela parece derreter ainda mais, em resposta, enquanto eu sinto o quanto está encharcado entre minhas coxas agora.
Pressiono uma delas e meu joelho direito entre suas pernas, me movimentando, me esfregando... friccionando... Quero ver até onde ela consegue ir desse jeito.
Ela gem* alto e aperta a minha bunda por cima do meu short jeans, me puxando ainda mais para si, na tentativa de intensificar o nosso contato, e eu posso sentir como ela está quente e ensopada, por debaixo do tecido fino daquele maldito short e... Deus... Eu preciso que ela nos leve para sua cama, preciso fazê-la perder completamente a porr* da razão enquanto gem*, se contorce e goz* sussurrando o meu nome, eu...
Mas de repente a gente para, num movimento repentino, quando ouvimos uma porta batendo no andar de baixo da casa.
– Júlia? – É a voz da minha mãe.
Puta que pariu.
– Ah, merd*. – A Júlia grita baixinho, e eu me afasto na mesma hora, deixando-a livre.
– O que ela tá fazendo aqui? – Eu murmuro entre dentes.
– Eu não sei... – Ela diz ajeitando o próprio cabelo e descendo parte da camiseta que tinha entrado para dentro do seu short, com os nossos movimentos. – Mas você fica aqui. – Ela olha para mim, séria, e eu não tenho tempo de protestar ou impedir que desça as escadas, em sua direção.
Eu vou até o corredor, e fico entre a parede e o início dos degraus, ouvindo.
– Está tudo bem? Você parece... – Minha mãe estranha o que quer que esteja vendo no rosto da Júlia agora.
– Não. Quero dizer... está. Eu só saí do banho agora e... tava um pouco quente. – A Júlia dá uma desculpa e eu rio em silêncio.
Oh, nossa, sim, bem quente.
– Você não atendeu nenhuma das minhas ligações desde ontem à noite, Júlia, nem respondeu as minhas mensagens... – Minha mãe diz, naquele tom.
Bom, pelo menos não foi só a mim que a Júlia ignorou durante o dia todo.
– Você não ficou muito chateada por eu ter falado para o Clóvis a onde você estava, ficou?
A minha mãe diz como se não tivesse partido dela a ideia de marcar esse encontro, e eu reviro os olhos.
– É claro que eu fiquei, né, Marta? Ainda mais por você ter feito isso no aniversário da Sofia. – Ela me defende, e eu me desfaço um pouco.
– A Sofia, claro... Porque tudo tem que sempre girar em torno dela.
Minha mãe diz e eu me encolho. Na verdade, tudo tinha que girar sempre em torno dela. Esse era o grande e verdadeiro problema de tudo.
– Eu e o Clóvis voltamos, se é o que estava querendo tanto saber. Satisfeita? – A Júlia diz, mudando de assunto rapidamente, parecendo mais irritada do que qualquer outra coisa.
– Jura? – A voz da minha mãe soa exageradamente animada e sinto um embrulho no estômago. – Como foi? Vocês reataram mesmo, tipo, trans*ram?
Como é que é?
Ah não, se a Júlia acha que eu vou ficar aqui em cima ouvindo detalhes sórdidos – e nojentos – da noite incrível de amor que tiveram juntos depois do nosso beijo, ela está totalmente enganada.
Desço as escadas com força, marcando meus passos a cada degrau.
– Sofia? – Minha mãe pergunta surpresa e a Júlia revira os olhos ao me ver ali. – Eu pensei que ainda estivesse voltando do trabalho.
– Eu que pedi pra ela passar aqui, na verdade, pra entregar o seu segundo presente de aniversário. – A Júlia se adianta na minha frente, me impedindo de responder, e eu levanto uma das minhas sobrancelhas, intrigada.
Se ela chama o que acabamos de fazer lá em cima de “presente de aniversário”, acho que eu não me importaria de fazer aniversário todos os dias...
– Tava aqui em baixo, e eu procurando lá em cima... – Ela diz para mim com um olhar desesperado de “entra na minha onda”, enquanto pega um envelope em cima da mesa.
– Você já reparou como a Júlia tá com a cabeça longe, mãe? – Entro no jogo dela, mas acho que não do jeito que queria, e ela me repreende com o olhar.
– Claro que eu não te daria só aquela tiara, afinal, sou quase a sua madrinha, né? – Ela fala aquilo de propósito, só para provocar, e sinto minhas bochechas esquentarem. – Não é muito, mas quero que gaste com os livros que vão cair no vestibular desse ano e com algumas apostilas, também.
Ela me entrega o envelope rosa com detalhes em azul, onde está escrito:
"Eu quero o melhor pra você, Sofia, e o melhor pra você é me ter como sua quase madrinha =)"
Desgraçada.
– Bom, já tá meio tarde. – A Júlia anuncia. Uhum, tarde tipo oito da noite. – Acho melhor a gente continuar essa conversa amanhã, Marta. – Ela diz, querendo dar um ponto final àquela visita inesperada.
Pensando melhor, está tarde mesmo, e aquela é uma ótima ideia.
– Tudo bem, mas eu ainda quero saber dos detalhes, ouviu? – A Dona Marta diz para a Júlia e eu reviro os olhos, é mais forte do que eu. – Você vem comigo, né? – Minha mãe pergunta, olhando para mim dessa vez.
Aquilo não era preocupação ou um gesto do tipo “eu me importo com você”. Não. Era só ela dizendo: “Se eu não posso ter a Júlia, você também não pode ter.” Quantas vezes ela já tinha feito aquilo sem eu nem perceber?
– Sim, pode indo pro carro, eu só vou pegar a minha mochila que esqueci lá em cima.
A minha mãe se afasta, contrariada, e eu volto a me reaproximar um pouco mais da Júlia, quando a vejo saindo pela porta.
– Eu não acredito que vocês trans*ram ontem à noite depois de... tudo. – Digo em baixo tom.
– Como eu disse, eu reconsiderei e... é assim que os adultos reconsideram.
Aham, claro, “eles fodem”, a voz da menina do filme “A Órfã” surge na minha cabeça e eu quase rio, num momento fora de hora. O jeito com que ela tentou soar firme e indiferente devia ter me magoado, mas sei que tudo isso não passa de uma máscara.
– E quais os detalhes que você vai contar para minha mãe, hein? – Pergunto, fazendo questão de enfatizar a minha curiosidade provocativa. – Que você ficou com tanto tesão depois do nosso beijo que teve que trans*r com o seu ex-boy-lixo, enquanto o que queria de verdade era poder trepar com a filhinha dela?
Sua respiração volta a ficar pesada – da mesma forma que estava, há poucos minutos atrás – e posso vê-la enfraquecendo enquanto me sinto empoçar lá em baixo, de novo.
– Sofi... O que aconteceu lá em cima... – Ela diz com a respiração ainda comprometida.
– Foi gostoso pra cacete... – Eu a interrompo, e vejo o quanto ela se esforça para não fazer nada que demonstre que tinha achado o mesmo, também.
Há quanto tempo eu venho desejando isso, e nem sei?
– Não pode voltar a acontecer, tá me ouvindo? – Sua voz sai firme dessa vez. – Nós não podemos, Sofia. – Aos poucos, o irracional vai dando espaço para a razão. – Se a Marta tivesse subido e visto a gente... – A nossa vida já teria se transformado em um inferno, eu sei. – Isso não vai acontecer. – Ela diz enfatizando a primeira palavra e englobando mil coisas nela, também.
É, nós não podíamos e eu sabia disso.
Só que eu já não me sentia mais aquela garotinha acuada, ou confusa, de meses atrás. Já tinha perdido a minha sanidade há muito tempo, e aceitado isso também. O que mais eu teria a perder? Penso na Emma e no amor tranquilo que ela havia me trazido. Eu já tinha perdido tudo.
Tudo, menos isso. Porque eu não estava mais disposta a abrir mão da Júlia por mais ninguém.
Não dessa vez.
Fim do capítulo
Boa noite, leitoras!
Alguém vivo depois desse capítulo? Hahaha
Entãooo, o primeiro momento "mais hot" e tãoo aguardado entre #Soju chegou!
A minha intenção é fazer um hot gradativo, por isso não fiz tudo o que essa cena poderia ser, porque ainda teremos muitas coisas pela frente...
Mas o que estão achando?? Posso até dar um tempinho pra se recuperarem, mas não deixem de comentar, por favor! hahahaha
O que estão achando das provocações e diretas da Sofia e da tensão sexual que tá rolando por causa delas?? A Sofia fazendo acontecer e entregando tudo, como sempre, rainha do nosso fandom kkkkk
E o que estão achando das atitudes da Júlia?? E dessa nova interação entre as duas, com conversas mais francas e diretas?
O que acham que vem pela frente??
Ainda teremos muitas emoções, então fiquem comigo!
Enfim, obrigada por estarem comigo durante todo esse tempo (tem gente que está aqui desde janeiro), obrigada a quem está chegando agora também (a presença de vocês significa que a história está andando e isso me deixa imensamente feliz). Obrigada pelos comentários, pelo engajamento, pelo carinho, por tudo.
Sei que não estou conseguindo responder os comentários, mas leio tudo, e sempre levo em consideração o que vocês falam, podem acreditar! Então não deixem de comentar, por favor!
Então é isso, até semana que vem!
Comentar este capítulo:
Jaque_Dias93
Em: 04/06/2024
Estou adorando. Tirando a parte de querer entrar na história só pra acabar com o Clóvis. O homem chato.
Fiquei desde o capítulo 20 sem ler com raiva do que. A Júlia fez mas hoje a curiosidade foi mais forte kkkk. Ansiosa pelos próximos capítulos.
alinavieirag
Em: 05/06/2024
Autora da história
Oooi, querida. Ainda bem que você deu uma segunda chance pra mim e para a Júlia. Não abandone a história não! Como eu falei desde antes, ainda vem coisa boa pela frente! Fico feliz que você tenha gostado desse capítulo.
[Faça o login para poder comentar]
N@ty
Em: 03/06/2024
Amando sua história...
alinavieirag
Em: 05/06/2024
Autora da história
Aaah, muito obrigada pelo comentário. Fico muito feliz em saber, viu?
[Faça o login para poder comentar]
S2 jack S2
Em: 03/06/2024
Gzus!!! Que calor!!!! Kkkkkkkk
Eu achei perfeita a ideia do hot gradativo...
Agora a Sofia vai dar trabalho pra Júlia, no bom sentido! Kkkkkkk
alinavieirag
Em: 05/06/2024
Autora da história
Simmmm kkkkkkk obrigadaa por comentar, Jack!
[Faça o login para poder comentar]
Leidigoncalves
Em: 03/06/2024
Olá, voltei kkk
Não vou mentir que quando li o último capítulo e soube que a Júlia ia mentir pra Sofia sobre ter voltado com o Clóvis, eu fiquei meio decepcionada e com medo de como a história ia seguir, mas depois desse capítulo e dessa reação da Sofia eu mudei totalmente meu pensamento, se eu já gostava dela antes, agora vendo ela tomar atitude e confrontando a Júlia, ela tá Fodastica kkk
A atitude da Júlia é compreensível pra alguém que foi tão reprido a vida inteira, mas espero que ela aos poucos vá se deixando levar e criando coragem, ela já passou muitos anos se escondendo e deixando os outros ditarem a vida dela, agora é hora dela tomar as rédeas e ser feliz.
alinavieirag
Em: 05/06/2024
Autora da história
Oooi Leidi, sinto sua falta por aqui, viu??
Aproveitando esse comentário para comentar sobre o seu último: sobre o aniversário da Sofia ser no mesmo dia que o seu. Eu queria que fosse ainda em fevereiro, tinha que ser em uma segunda-feira, e era pra ser esse ano, no caso, aí olhei o calendário e não queria fosse no carnaval, enfim... Mas vai que ficou no meu subconsciente kkkk de qualquer forma, fico feliz em a Sofia fazer aniversário no mesmo dia que uma leitora que está acompanhando a história desde o início! E no fim, o beijo rolou horas depois do dia 26, mas ainda era no capítulo do aniversário! Sobre o seu comentário desse capítulo, fico feliz por você não ter desistido da história e persistido aqui. Agora fiquei até com medo de algumas leitoras terem desistido, mas espero que não kkkkkk As coisas não seriam fáceis entre as duas, depois do beijo, a Júlia enfrenta muitos dilemas morais na cabeça e eu queria pontuar isso. Acho que é algo que torna a narrativa até mais realista, espero que vocês compreendam isso e perdoem eu a Júlia, e continuem comigo! Porque como eu sempre falo, ainda vem coisa boa por aí! Então é isso, obrigada por estar acompanhando e até o próximo capítulo!
[Faça o login para poder comentar]
Mmila
Em: 03/06/2024
Quanta emoção!!!!!!!!
Uau! Uau! Uau!!!!!!!
Muita entrega, muitas situações.
Aguardando ansiosamente o próximo capítulo.
alinavieirag
Em: 05/06/2024
Autora da história
Aaaah, fico muito feliz que tenha gostado, viu? O retorno de vocês é muito importante pra mim, e para o desenvolvimento da história!
[Faça o login para poder comentar]
MVaz
Em: 03/06/2024
O que dizer desse capítulo onde entregaste tudo?
Maravilhoso!
Tô com essa energia retumbando aqui.
Que situação difícil e intensa.
Mas tudo que tem que ser tem muita força...
Obrigada.
alinavieirag
Em: 05/06/2024
Autora da história
Oooi, amei o seu comentário. Muito obrigada por estar acompanhando e pelo retorno carinhoso! Sim, é uma situação difícil mesmo, mas era pra ser, realmente! Obrigada por estar acompanhando a minha história, viu?
[Faça o login para poder comentar]
bfz
Em: 02/06/2024
Estou sem palavras!
Amei esse capítulo, estou super curiosa para o próximo!
alinavieirag
Em: 05/06/2024
Autora da história
Aaah, muito obrigada por estar aqui e pelo comentário. Isso é o que mais me motiva!
[Faça o login para poder comentar]
solbezerra
Em: 02/06/2024
Senti arrepios lendo esse capítulo, parabéns! Um capítulo de tirar o fôlego
alinavieirag
Em: 05/06/2024
Autora da história
Aaah, muito obrigada por estar aqui, pelo comentário e carinho. Saber que vocês estão sentindo o que eu quis transmitir com o capítulo, me anima demais!
[Faça o login para poder comentar]
SeiLá
Em: 02/06/2024
eu simplesmente não tenho palavras, para me expressar e agradecer!
as sensações que senti lendo esse capítulo...
e claro essa história num todo...
só obrigada.
por essa oportunidade de ler uma história tão..
gostosa de ler..
surpreendente...
realista...
não sei o que falar...
apesar dos apesares até aqui da história,
eu e todos que estão lendo, ter essa oportunidade de ler a sua história,
é uma honra e obrigada novamente, por compartilhar comigo e com todos que estão lendo.
Gostinho bom de estar viva e viver pra ler um romance tão doce!
Obrigada espero que se torne um livro sinceramente!
alinavieirag
Em: 05/06/2024
Autora da história
Oooi. Meu Deus, que comentário lindo, me emocionei de verdade. Obrigada pelas palavras tão carinhosas, e de tanto incentivo. Me faz ter a certeza de que tudo valeu a pena, para chegar até aqui. Obrigada obrigada obrigada!
SeiLá
Em: 05/06/2024
E eu com sua história kkkk.
Imagina, eu quem agradeço de ter essa oportunidade.
Me identifiquei com algumas partes da história, acho que com isso me tocou mais profundamente kkkkk. Logo, me fazendo refletir sobre o tempo num todo...
Gostaria que acontecesse, o que não acontece na realidade.
Mas é aquilo vivendo e aprendendo....
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]