Boa noite, leitoras!
Dedico esse capítulo, em especial, para as minhas leitoras do Rio Grande do Sul. Que esse capítulo possa transportar vocês para um outro lugar e trazer um pouco de conforto.
OBS: Esse capítulo contém os dois pontos de vista (primeiro o da Júlia, depois o da Sofia, logo a baixo)
Capitulo 18 – O pior e melhor aniversário de todos
Júlia
Não consigo deixar de sorrir ao notar a expressão no rosto da Sofia, seu olhar se iluminando quando percebe eu e a Marta entrando no salão da pizzaria com o bolo de cobertura de glacê e confeitos coloridos. Mas acho que o que mais chama a sua atenção são as velas de número um, rosa, e a de número nove, azul, que pairam sobre a cobertura.
No seu aniversário de seis anos, a Marta queria muito que as velas fossem rosa, para combinar com o restante da decoração, enquanto que a Sofia queria muito que fossem azuis porque, até então, rosa não era exatamente a sua cor favorita, ou porque simplesmente já queria provocar a mãe desde aquela época.
No final das contas, eu consegui convencer as duas a colocar metade das velas azuis e metade das velas rosa, desempenhando muito bem esse meu papel, acho que desde sempre. E tinha sido assim desde então, como uma velha tradição que nunca perde a graça.
Quando finalmente retomamos para a nossa mesa, retiro do bolso da minha calça o isqueiro que ela tinha me dado de presente e acendo uma vela, depois a outra. Nós trocamos um olhar silencioso, por alguns instantes, a tiara que eu lhe dei cintilando no seu cabelo, e é como estar em casa outra vez. Como se as coisas estivessem entrando nos eixos de novo e como se ela quisesse me dizer que sentia o mesmo, também. Ela assopra as velas, finalmente, e depois corta o primeiro pedaço do bolo, o qual entrega para a Emma.
Aquilo me desperta para a realidade, e a realidade é que os “eixos” já não são mais os mesmos e que estamos falando de uma outra configuração de alinhamento aqui. Desvio o olhar, fingindo que aquilo não me magoou, afinal, aquele primeiro pedaço sempre foi meu. Mas eu entendo os motivos dela.
Eu vi como a Emma me olhou a noite inteira, e a Sofia também deve ter percebido. Tinha sido o mesmo olhar de quando ela me viu com a Sofia, ontem à noite, e olhou para a jaqueta que eu estava usando. Ela sabia que não era minha – provavelmente já deve ter a visto usando-a alguma vez – e parece não ter ficado nada confortável com aquilo, o que é super compreensível, também. Só que, perversamente, eu gostei da sensação, principalmente por alguém achar, mesmo que por um breve momento, que eu poderia... que eu e a Sofia... poderíamos mesmo ter algo a mais do que um devaneio sem o menor cabimento e que viveria eternamente apenas na minha imaginação
O Seu Olavo começa a relembrar o dia em que a Sofia nasceu, comentando sobre como foi um dia ensolarado e quente, exatamente como o dia que fez hoje. Minha mente viaja para aquele dia, o qual ainda está bastante vivo dentro da minha mente, apesar de ter sido há dezenove anos atrás. A Marta já não estava mais indo para a faculdade uma semana antes da Sofia nascer, e quando eu soube que tinha entrado em trabalho de parto – pelo Seu Olavo, que ligou para o meu Nokia 1110 – saí do meio da aula de Fundamentos Econômicos e fui direto para a Maternidade Carmela Dutra, sem nem pensar duas vezes.
A lembrança se tornou doce e amarga. E, assim como no seu aniversário do ano passado, estou com a mesma sensação de estar perdendo-a, aos poucos. A Sofia está com a Emma agora, e era para ela que iriam os próximos primeiros pedaços, e se não fosse para ela, com certeza seria para uma outra garota, talvez da faculdade de Cinema.
É verdade que eu pensei a mesma coisa no ano passado, e que depois do seu aniversário de dezoito nós acabamos ficando ainda mais próximas. Mas, no fim, se for parar pra pensar bem, toda essa nossa aproximação nos levou a isso, a algo que vai fazer com que a gente se afaste de novo, porque eu não posso, simplesmente não posso deixar algumas coisas passarem de certo ponto, como quase deixei que passassem, ontem.
Molho os lábios, só com a lembrança dos seus olhos castanhos nos meus, e como ela estava linda com aquela maquiagem e com aquela ousadia toda, que eu nem sabia que existia nela.
A Sofia é linda, carinhosa, fala o que você mais quer ouvir na hora que mais está precisando daquilo, e acredito que ela ao menos se dá conta disso. Ela merece alguém que possa dar isso tudo de volta. E eu jamais poderei ser esse alguém.
– Por que você e os meninos não esticam a noite? – A Marta pergunta para mim, assim que saímos pela porta da pizzaria. – A Ivone me falou de um Pub que é meio boate, aqui pertinho, que os filhos adoram. – Ela diz aquilo para a Sofia, Emma, Vinícius e João Pedro, e eu ergo uma das minhas sobrancelhas, estranhando a sua sugestão.
Além de ficar de babá ela ainda quer que eu assista a sua filha beijar outra garota a noite toda? Ela só pode estar de brincadeira.
– Você vem, Em? – A Sofia pergunta, o que estranho mais ainda.
A Sofia estava mesmo considerando uma sugestão vinda da mãe? Será que bebi tanto vinho assim?
– Amanhã eu tenho que acordar cedo, Ma, você sabe. – Tento reprimir e afastar para longe a vontade que sinto de revirar os olhos com aquele apelido.
A parte racional que ainda habita em mim deveria estar implorando para ela ficar.
Estar sozinha com a Sofia é a última coisa que eu deveria querer agora, mas a verdade é que meus hormônios estão aos pulos apenas com a ideia.
Mas que merd*.
– Poxa, Emma, eu bem que queria esticar à noi...
– Nem vem, você ficou de me levar embora, lembra? – A Emma não deixa o Vinícius terminar.
– Não vai ter graça sem você. – A Sofia lamenta, e parece estar sendo sincera, o que aumenta a minha sensação de estar sobrando aqui.
– Aposto que vai. – A Emma se força a sorrir. – E você está com a sua família, não está? – Sinto sua alfinetada, de longe, quando ela olha por cima do ombro da Sofia, na minha direção.
– Tá. – A Sofia concorda, um pouco melancólica, e eu desvio o olhar quando vejo que vão se beijar.
Eles se despedem da gente e a Sofia se vira para mim, assim que o Vini dá a partida e vemos o Gol se afastar.
– Você vem, né? – Ela me olha com aquele mesmo olhar pidão de quando tinha uns cinco anos e ficava implorando para eu fazer brigadeiro, ou então para que eu a levasse no cinema, ou então para que eu a deixasse subir na minha moto, só para ela “fingir que estava dirigindo”, e eu, óbvio, derreto com o seu pedido.
Estamos entrando na Boate, a Sofia do meu lado e o João Pedro logo atrás da gente, quando escuto o meu nome. E logo de cara reconheço a sua voz. Puta merd*. O que diabos ele está fazendo aqui?
– Você estava sabendo disso? – Me inclino para perguntar para a Sofia, enquanto o Clóvis caminha em nossa direção.
Ela teria me contado se soubesse, não teria? Mais do que isso, ela nem teria vindo se soubesse.
– É claro que não, Júlia. – Ela diz, parecendo tão surpresa (e irritada) quanto eu, confirmando a minha teoria. Mas então como...
Marta.
Mas que droga.
Como pude cair nessa armadilha? Eu logo deveria ter estranhado o fato de a Marta ter insistido tanto nisso – ao ponto de ir falar com o segurança daqui e fazer com que ele deixasse o João Pedro entrar, mesmo sendo menor de idade, porque ele estaria com a “tia dele”.
O Clóvis me cumprimenta com um meio sorriso e beija a minha bochecha.
– A Marta me falou que você estaria aqui. Eu queria apenas conversar com você, Júlia. – Ouço aquilo sem acreditar que ele está aqui, enquanto me sinto traída de todas as formas possíveis.
Como a Marta tinha conseguido transformar o aniversário da própria filha em algo sobre ela? Algo que nem chega a ser sobre ela, na verdade, e sim sobre uma coisa que ela quer a todo custo, em cima da minha infelicidade.
– Você não deveria ter vindo. – Sou dura, mas não me arrependo.
– Eu não quero estragar isso de novo, Ju. – Ele se aproxima, naquele tom de quando quer muito alguma coisa.
– Patético. Você e o apelido. – A Sofia dispara, não se controla, e eu fico tentando segurar o meu riso.
Merd*.
Se ela soubesse o quanto odiei presenciar a Emma a chamando de “Ma”, também.
Porque nós somos melhores sendo Sofi e Jules, penso, em segredo.
– Boa noite pra você também, mocinha. – O Clóvis provoca, contido, sabendo que teria que pisar em ovos se quisesse mesmo ter qualquer tipo de conversa comigo.
– Pega leve, é o aniversário dela hoje. – Eu o repreendo de qualquer maneira.
– É claro. – Ele diz contra a sua vontade. – Feliz aniversário, Sofia.
Ela revira os olhos, e tudo o que penso é que preciso manter os dois em uma distância segura agora.
– Vamos lá para fora. – Peço para ele, acenando para uma espécie de varanda-sacada que havia no lugar, sem acreditar que estou tendo que lidar com isso agora.
Sofia
– Esse cara é bem babaca mesmo, né? – Meu irmão diz assim que a gente acha um lugar para se sentar, em uma das mesinhas redondas de madeira.
A minha mãe era inacreditável. Sério, o que tem de errado com ela?? Com certeza essas atitudes dela são dignas de estudo.
Isso tudo só podia ser castigo. Eu nunca deveria ter vindo aqui sem a Emma. Eu estava com zero vontade de me socar em um lugar com gente saindo pelas janelas e eu deveria ter desconfiado no instante que minha mãe pareceu estar mais animada para aquilo do que eu. Quando a Dona Marta vai para um lado, eu deveria imediatamente correr para o outro. Essa era a regra. Mas, uma parte de mim – aquela parte insana que vem me habitando há algum tempo – não queria que a noite acabasse ali, não queria dizer adeus, não para ela.
Aquilo só podia ser carma. Deus, o que eu fiz? Atirei logo o Diabo na cruz?
– É. – Respondo, com pouco ânimo na voz.
Eu nunca achei que concordaria com o meu irmão em alguma coisa. Definitivamente esse é o pior aniversário de todos.
Começo a me lembrar do meu último aniversário, onde, uma hora dessas, eu estava no meu quarto com a Júlia. Nós estávamos bebendo de tudo um pouco, conversando... depois ficamos assistindo filme até amanhecer e só acordamos perto das duas da tarde, juntas.
Eu acordei com uma ressaca dos infernos e também vomitei de madrugada. Mas eu faria tudo de novo. Pelo menos, naquela época, eu podia contar com ela, e não precisava ficar disputando ou implorando pela sua atenção.
Sinto vontade de chorar. Mas não choro.
– Por favor – Chamo um dos bartenders que passa pela gente. – Pode me trazer uma margarita?
Às vezes, tem coisas melhores do que chorar.
– O que você acha da Júlia? – Pergunto para o meu irmão, depois de tomar uns dois ou três goles.
Sei que foi uma péssima ideia tocar nesse assunto, ainda mais com ele. Percebo isso assim que termino de dizer aquilo, mas acho que já estava meio que enlouquecendo, sentindo tudo aquilo sozinha.
– Tirando o fato dela ser gostosa pra caralh*?
Eu bato no seu ombro com tanta força que seu corpo cambaleia para trás.
Por que ele se achava no direito de dizer aquilo? Enquanto eu me recriminava a todo momento por... achar o mesmo, eu acho.
Talvez pela Emma? Não, mas não era só por isso.
– Ai, porr*, ficou louca? – Ele diz massageando o lugar atingido. – Eu sei que ela é a nossa tia.
É, talvez por isso. Não que eu achasse que ela era mesmo a nossa tia, óbvio. Para início de conversa, ela era a madrinha dele, não minha, muito menos a minha tia. Não sei por que ele ainda insistia tanto em chamá-la assim.
O fato é que ele podia até achar ela gata, ou fantasiar, mas era só. É algo seguro quando está só na sua mente. Na vida real, ele sabia que jamais ia acontecer porque a Júlia era... bem, quem era.
– Por que tá me perguntando isso?
– Por nada. – Dou de ombros.
– Sei. Então por que ficou tão puta? Vai dizer que você não acha o mesmo, também?
– Eca, não? – Reviro os olhos e dou mais um gole com o canudinho, tentando disfarçar, mas não soa nada convincente.
– Mentirosa do caralh*. – Ele diz, zombando.
É, tá aí uma boa definição para mim. Eu mentia o tempo todo, pra mim mesma, principalmente. Mas antes que fosse só a mim que eu enganasse.
– Eu vou procurar o banheiro, tá? – Ele avisa, se levantando.
– Só não se perde, tá? – Digo como se ele ainda tivesse uns dez anos e ele revira os olhos. – E se te oferecerem drogas, não aceite! – Grito ao ver ele se afastar.
– Espera, eles oferecem drogas de graça? – Ele grita de volta, e eu mostro o dedo do meio, rindo.
Idiota.
Estou sorrindo ainda quando sinto a presença da Júlia atrás de mim. Olho rapidamente e vejo que ela não está acompanhada.
Respiro aliviada.
– O príncipe já virou abóbora? – Zombo.
– Ele saiu pra atender uma ligação do trabalho, acredita? – A observo, calada. O que exatamente ela queria que eu dissesse? – Mesmo quando ele parece se esforçar para fazer a coisa certa, ele não consegue. – Ela desabafa.
– Talvez porque não seja a coisa certa, né? – Insinuo. – Eu não acredito que minha mãe armou tudo isso. – Confesso.
– Eles devem ter imaginado que essa seria a única maneira de eu “aceitar” ter uma conversa com ele. – Ela diz fazendo aspas no ar. – Mas eu concordo com você, ela passou dos limites, não deveria ter usado o seu dia para isso. Eu vou ter uma conversa com ela.
Na verdade, minha mãe já tinha passado dos limites há muito tempo – se é que ela conhecia essa palavra – e eu duvido muito que qualquer conversa surtisse algum resultado, mas resolvo ficar calada.
– Me desculpa por isso. – Culpa transborda pelo azul de seus olhos. – É o seu aniversário, você não deveria ter que se preocupar com essas merd*s.
– Eu já tive aniversários piores. – Aquilo não era verdade, só parecia uma boa resposta pronta para dar.
Ela deve ter percebido isso, porque começa a rir. Eu a acompanho, o riso sai fácil, como costumava a ser entre nós duas antes de tudo começar a mudar e não parar mais.
– Quer saber? Que se foda, é o seu aniversário e eu não vou perder mais nenhum segundo com... com quem não tem a menor importância. – Ela fala e não consigo conter meu sorriso. O jeito com que ela o tinha feito parecer tão pequeno agora.
E eu... eu tinha importância, porr*.
– Na verdade, falta menos de meia hora pro meu aniversário acabar, Júlia – Digo mostrando o meu celular com o relógio na tela.
– Mais um motivo para não perdermos mais tempo. – Ela pega o copo da margarita da minha mão e bebe como se fosse suco de morango, virando de uma só vez.
Como ela consegue? Fico me perguntando, mas não tenho muito tempo para pensar já que ela me pega pela mão e me guia até a pista. Sinto uma corrente elétrica passar pelos nossos dedos, mas tento fingir normalidade.
Acho que noto pela primeira vez a música que está tocando. “Work It” de Missy Elliott preenche os nossos ouvidos com a sua letra imprópria para... qualquer idade, eu acho – fico pensando se minha mãe teria concordado com esse “ponto de encontro” se soubesse que tocaria esse tipo de música por aqui – e a Júlia começa a dançar bem na minha frente.
Mas ela não dança de um jeito sensual. Na verdade, está tentando fazer o oposto: querendo parecer ridícula, mas ela não consegue – porque é sexy pra caralh* de qualquer forma?? – mas consegue me arrancar um sorriso.
Pensando agora, aquilo era bem a cara dela. A Júlia vivia fazendo palhaçada, caretas e sendo... ela mesma, eu acho, sem se dar conta de que aquilo já era ela sendo sensual o suficiente, não precisava de mais nada.
Puta que pariu, eu devo estar tão, tão bêbada, porque prefiro acreditar que é a bebida que está me fazendo pensar essas coisas.
– Ei, eu vou buscar mais bebida. – Ela se inclina, para que eu a escute em meio ao barulho. Espero que não tenha notado o quanto eu estava babando por ela agorinha mesmo. – Já volto, tá?
Eu não quero que ela vá. O medo de perdê-la toda vez que ela se afasta vai me dominando, mas tento não pensar muito nisso e apenas aceno com a cabeça.
Deixa de ser paranoica, Sofia.
Fico ali, esperando, e começo a pensar se não seria a hora de eu ir atrás do meu irmão – vai que alguém ofereceu drogas mesmo? – quando escuto o primeiro verso de “Delicate” tocar pelas caixas de som, e meu coração começa a bater sem parar. Meu cérebro fica tentando racionalizar o que está acontecendo, quando vejo a Júlia surgir no meio da multidão com um sorriso no rosto e mais dois drinks.
– Você fez isso? – Pergunto, querendo saber sobre a música.
O lugar não fazia muito o estilo “jovem”, e pelas músicas que estavam tocando agora há pouco, é pouco provável que alguma da Taylor começasse a tocar assim do nada.
– Tudo para a minha baby girl. – Ela sussurra no meu ouvido enquanto me entrega um dos copos, seus lábios quase tocando a pontinha da minha orelha fazem arrepios se espalharem pelo meu corpo. O seu hálito está tão perto que quase consigo sentir o gosto dela.
Ah, merd*.
Ela se afasta um pouquinho e vejo um sorriso lento se infiltrar nos lábios e nos olhos dela, o mundo parando por alguns instantes enquanto a letra da música parece dizer por nós duas:
“Minha reputação nunca esteve pior, então você deve gostar de mim pelo o que eu sou” “Sim, eu quero você” “Nós não podemos fazer nenhuma promessa agora, podemos, amor?” “Mas você pode me fazer uma bebida” “Está tudo bem eu ter dito tudo isso?” “É normal que você esteja na minha cabeça?” “Porque eu sei que é delicado” “Delicado”.
Ela escolheu essa música de propósito? Ou era a única da Taylor que eles tinham?
Quantas vezes eu já tinha ouvido essa letra e terminado pensando... nela, sem ao menos saber o porquê? Bem, agora eu acho que já tinha uma ideia.
– Vamos sair daqui? – Ela pergunta assim que a música termina de tocar.
– Hã? – Pergunto de volta, confusa.
– Esse lugar não tem nada a ver com você. – Nós trocamos um sorriso silencioso. Ela me conhecia tão bem. – Não tem algum lugar aqui perto que você gostaria de estar? Acho que você tem o direito de escolher onde quer passar os primeiros minutos do seu primeiro dia com dezenove, pelo menos...
“Em qualquer lugar que você esteja”, é o que penso em responder.
Ah, se ela soubesse.
– Tem certeza que não quer que eu vá com vocês? – Meu irmão pergunta quando o Uber que chamamos para ele se aproxima de nós três.
– Eu já te disse, nós vamos para um lugar de adultos. – Eu e a Júlia trocamos um sorriso e ele revira os olhos para mim. – Mas é sério, você só pôde entrar aqui porque a mamãe autorizou. E a Júlia é a sua madrinha, não a sua tia, lembra? – Alfineto ele com a minha pergunta. – Ela não tem nenhum documento que prove que é a sua responsável – bem, porque ela não é – então...
Eu amo aquele moleque, mas não quero ele aqui agora. Quero estar sozinha, com ela. Não quero ter que dividi-la com mais ninguém, pelo menos, pelas próximas horas.
– E você tem aula amanhã cedo, não tem? – A Júlia diz automaticamente entrando no seu papel de “tia responsável”, do jeito que só ela sabia fazer, e eu quase rio.
– E o que eu digo pra mamãe quando eu chegar sem você? – Ele entra no carro e me pergunta da janela do banco de trás.
– Diz que ela ficou comigo. – A Júlia responde por mim e nós duas compartilhamos um sorriso.
– Você ainda não me disse aonde nós vamos. – Ela fala depois da gente caminhar por pelo menos uns quinze minutos.
– Na verdade, nós acabamos de chegar. – Digo ao parar em frente à Lua Azul, olhando para o letreiro luminoso.
Era uma boate LGBT em que a Júlia veio comigo, uma vez. Quer dizer, não era uma boate gay de fato, mas a maioria que frequentava o lugar fazia parte de alguma sigla da bandeira e meio que acabou virando.
Ela tinha vindo comigo um pouco depois de eu me assumir, porque fiquei insistindo muito que queria ir em um lugar assim e tal. A gente veio sem minha mãe saber (óbvio) e a Júlia deu um jeito de eu entrar mesmo sendo menor de idade. Eu lembro dela ter ficado bastante desconfortável por estar em lugar assim, mas não reclamou em nenhum momento.
Quando penso em tudo o que a Júlia fez por mim... Era inacreditável. Ninguém faz essas coisas por ninguém.
Bem, a Júlia faz.
– Você quer entrar aqui? – Sinto um pouco de receio em sua voz.
– Por que? Algum problema? – Provoco.
– Nenhum. – Ela sorri, tentando demostrar confiança, e entra na minha frente.
Nós recebemos as nossas comandas na entrada e logo somos atingidas por uma iluminação que varia do ciano, para o magenta. “Nothing's Gonna Hurt You Baby” de Cigarettes After Sex fica cada vez mais alta nos nossos ouvidos conforme entramos no local.
Vejo que o lugar não tinha mudado quase nada, continuava bastante aconchegante, com mesas e poltronas estilo lanchonete americana, uma pista de dança em uma das extremidades e uma área de karaokê, na outra. O local cheirava a hambúrguer e bebida destilada e sempre tinha algum – ou mais de um – casal se pegando em algum canto, porque aqui era um lugar seguro. Era bom poder fazer isso sem ser apenas entre quatro paredes e sem precisar se preocupar com todo o tipo de coisa, como: será que tá todo mundo olhando? O que vão pensar? E se alguém chegar aqui pedindo para parar? E se alguém reclamar dizendo que aqui tem crianças e que não é certo fazer algo assim na frente delas? E se esse alguém for violento e tudo acabar em briga?
Sim, por causa de um beijo.
– Você quer sentar? – A Júlia me tira dos meus pensamentos.
A gente senta em uma das mesas, a que fica mais perto da “estação de karaokê” e a ela pede duas caipirinhas: uma de morango com vodca, para mim, e outra de limão com tequila, para ela. As bebidas logo chegam e ela aproveita para pedir uma pequena porção de batatas fritas, por precaução.
Uma das funcionárias vai até o palco do karaokê, nos incentivando, para ver se alguém sobe lá em cima. É quando uma garota trans vai até lá e começa a cantar “I Want To Break Free”, dos Queen, e eu a Júlia trocamos um sorriso. Assim como ontem, ela parece leve de novo, agora que estamos a sós. A nossa batata frita chega e a gente come uma ou outra, enquanto ouve a garota cantar. E o nosso silencio não nos incomoda.
A música chega ao fim e nós batemos palma enquanto a menina “pula” para fora do palco e cai nos braços da sua namorada, a qual a beija com bastante vontade. Eu olho para a Júlia e, ao contrário da última vez, ela não parece estar desconfortável em ver aquilo.
Pelo contrário, sei o que está em seus olhos agora, porque é o mesmo que estava nos meus quando estivemos aqui, anos atrás. É aquele mesmo sentimento de esperança que eu tive quando vi outras garotas se beijando – tão lindas, tão felizes – e me agarrei à ideia de que eu poderia ser feliz desse jeito, também.
– Poderia ser nós duas. – Sugestiono, seguindo o seu olhar, um sorriso atrevido se infiltrando nos meus lábios. – Aposto que poderíamos fazer uma cena mais linda do que essa. – Nem acredito nas minhas palavras, mas não me arrependo de dizê-las, no entanto.
Ela lambe os lábios e desvia o olhar, envergonhada por seus olhares não terem passado desapercebidos.
– Sofi... – Ela sussurra, sua respiração desregulando. – Você precisa parar com isso. – Ela tenta me repreender, mas vejo quando morde os lábios para esconder o sorriso, e aquilo lhe entrega.
– Eu paro... – Olho dela para o palco que está à nossa frente, em diagonal. – Se você subir ali e cantar alguma coisa. – Provoco, tendo a certeza de que ela jamais faria isso.
A Júlia não canta nem para mim – mesmo eu insistindo muito –, quem dirá na frente de estranhos.
– Eu vou. – Ela anuncia, firme.
– O quê? – Pergunto, incrédula, me certificando do que tinha acabado de ouvir.
– Eu faço isso. – Ela reafirma e toma mais um gole da sua bebida. – Receba isso como mais um presente de aniversário. – Seus olhos se iluminam, de repente, como se o desafio a tivesse dado uma dose a mais de serotonina.
– Nem é mais meu aniversário, Júlia. – Digo, olhando para a tela do meu celular (que marca 00:45), completamente certa de que ela está blefando.
– Então a gente finge que ainda é. – Ela sussurra ao se levantar, levando o seu copo consigo.
– Júlia... – Eu tento a impedir, dizer que ela não precisa fazer aquilo, mas quando me dou por conta, ela já está subindo os degraus do pequeno palco.
Deus, ela vai mesmo fazer isso?
– Boa noite. – Ela diz tirando o microfone do suporte, e eu a olho, ainda sem acreditar. – A minha... – ela hesita por um breve segundo, mas acho que só eu percebo isso – melhor amiga, me desafiou a vir aqui, vejam só. – Ela levanta uma das sobrancelhas para mim, um sorriso se infiltrando e iluminando os seus olhos. – O que é uma ousadia, porque ela era pra ter sido a minha afilhada. – Ela ri. Tenho certeza de que já está bastante bêbada com tudo o que tomamos, mas não se enrola nas palavras. – É uma longa história, na verdade... a mãe dela adoraria contar se estivesse aqui. – Deixo escapar uma risada.
Eu olho em volta, e as pessoas também acham graça, mesmo que aquilo seja uma piada interna nossa. É quando me dou conta da sua presença de palco e de que ela leva muito jeito pra coisa. Mas acho que eu sempre soube disso.
– Bem, a verdade é que ela é mais do que isso, mas acho que ela meio que já sabe disso. – Ela diz olhando nos meus olhos e eu paro de respirar, completamente nervosa.
Ela acabou de repetir o que eu tinha falado para ela, ontem à noite?
Não foi ela quem disse que eu precisava “parar com isso”, instantes antes de subir na merd* daquele palco?
Eu não estava alucinando, e dessa vez ela fez isso na frente de outras pessoas, também, todo mundo aqui está de testemunha.
– Feliz aniversário, Sofi. – Ela coloca o microfone de volta no tripé e bebe mais um gole da sua bebida. Acho que está nervosa, também, mas disfarça bem.
Droga, meu coração tá batendo tão forte que parece que quem está lá em cima sou eu, e não ela. Como se algum membro tivesse se desvinculado do meu corpo e subido lá em cima, sem mim. Mas, na verdade, meio que é.
Ela fica ali parada por alguns instantes, e eu quase chego a pensar que vai desistir, mas então começa a cantar à capela, sem qualquer instrumento ou base de fundo:
It's funny how life takes time from under your fingers
(É engraçado como a vida leva tempo sob seus dedos)
Like snowfall takes the life of flowers in winter
(Como a neve tira a vida das flores no inverno)
We're all just passing by too quickly to linger
(Estamos todos passando rápido demais para demorar)
So scared we're gonna die before we begin to
(Com tanto medo de morrer antes de começarmos a)
E porr*, a voz dela é linda pra caralh*, fico completamente hipnotizada, com cada expressão, com cada movimento seu, com a maneira com que fecha os olhos, sentindo a música, e como o seu corpo todo parece se iluminar. Acho que nunca vou conseguir me esquecer de como ela está lá em cima agora, de como parece algo quase que celestial.
Get done all the left undones
(Faça tudo o que está por fazer)
There's still so much I'm running from
(Ainda estou fugindo de muito)
I felt us start to fall in love
(Eu senti que começamos a nos apaixonar)
But I didn't see it through
(Mas eu não vi através)
Ela levanta a cabeça e rapidamente os seus olhos encontram os meus. Eu prendo o ar no meu peito, e é como se sua voz tivesse tocando dentro de mim e saindo pela minha boca.
Oh, what did I do?
(Oh, o que eu fiz?)
Tried to follow my heart, follow my heart, far from you
(Tentei seguir meu coração, seguir meu coração, longe de você)
Oh, what did I do?
(Oh, o que eu fiz?)
'Cause now I'm falling apart, falling apart, far from you
(Porque agora estou desmoronando, desmoronando, longe de você)
You told me to fly away, you don't wanna weigh me down
(Você me disse para voar, você não quer me pesar)
But I'm drowning in all the space, my wings feel smaller now
(Mas estou me afogando em todo o espaço, minhas asas parecem menores agora)
Oh, what did I do? Mm-mm
(Oh, o que eu fiz? Mm-mm)
Ela termina de cantar e muita gente aplaude ou assovia, acho que todo mundo que está aqui, na verdade. Mas eu continuo vidrada nela, e ela em mim, enquanto sinto meus olhos umedecendo. Ela desce do palco e uma das funcionárias toma o seu lugar, a procura de mais um voluntário a subir lá em cima. O pessoal dispersa e começa a voltar a sua atenção para qualquer outra coisa, menos eu, que continuo completamente focada nela quando ela chega bem perto de mim e nossos corpos se colidem em um abraço desordenado e não planejado. Nossos corpos tremem e eu estou prestes a explodir, mas não ligo, porque eu poderia morrer agora, enquanto me desfaço em seus braços.
– Eu não acredito que você fez isso. – Digo com o rosto enterrado no seu cabelo, ainda tentando processar, enquanto passo a mão pelas suas mechas loiras, acariciando, sentindo a textura, o seu cheiro. Sentindo-a sendo minha um pouco, pela primeira vez.
– Merd*, nem eu. – Ela se desvencilha do nosso abraço, apenas o suficiente para olhar nos meus olhos, sem jeito, um sorriso tímido se insinuando entre seus lábios.
Como ontem à noite, ela olha dos meus olhos para a minha boca, vidrada, e me sinto derreter por completo lá em baixo. Meu coração está descontrolado e não para de bater, mais forte e mais rápido, e eu só desejo ser capaz de memorizar esse momento, o momento em que Júlia de Almeida encara a minha boca como se estivesse prestes a me devorar.
porr*
Os seus olhos azuis ardem, e aquele véu que nos separa vai caindo aos poucos, revelando a sua versão que ela tanto tenta esconder, de mim, mas principalmente dela mesma. Acaricio a maçã do seu rosto com meus dedos e ela respira de maneira irregular, fechando os olhos e lambendo os lábios, para onde olho, hipnotizada. Puta que pariu, acho que eu nunca quis algo tanto assim, do jeito que quero isso. A minha boca fica aberta, quase que involuntariamente, enquanto paira sobre a dela. Nossos corpos separados apenas por alguns centímetros.
Não sei se foi ela quem se mexeu, ou se fui eu, talvez nós duas, mas, de fato, nossas bocas se tocam, como se fosse mesmo inevitável, como se houvesse a porr* de um ímã que nos atrairia até ali, de um jeito ou de outro.
Eu nivelo os meus lábios com os dela, onde roço, inalo e... o seu cheiro me invade. Aquele cheiro que eu senti a minha vida inteira, mas que nunca pude chegar muito perto. Nunca pude senti-lo todo em mim, de verdade, porque nunca foi algo meu, como está sendo agora.
– Sofi... – Ela se afasta um pouco, o suficiente para conseguir sussurrar algo minimamente audível.
Ela permanece de olhos fechados, e eu vejo quando uma parte dela tenta nos parar, mas aquilo soa muito mais como um pedido desesperado, implorando por mais, do que qualquer outra coisa, e o pulso entre minhas pernas lateja mais forte por isso.
As nossas bocas continuam entreabertas, planando sobre a outra, enquanto tentamos controlar um pouco a nossa respiração. Me afasto o suficiente para olhar nos seus olhos, muito nervosa agora, mas muito excitada também. Há milhares de emoções diferentes ali, mas reconheço muito bem algumas delas.
É o mesmo que estou sentindo.
Eu invisto novamente na sua boca, com muito mais força, com muito mais necessidade, e ela não me afasta. Pelo contrário, a sua boca também esmaga a minha, enquanto enterra seus dedos por debaixo do meu cabelo, meu couro cabeludo sentindo cócegas com o toque das suas unhas, e eu não vejo mais nada a não ser ela, só sinto ela.
Não estou imaginando tudo isso, estou? Não posso estar imaginando como ela se desmancha contra mim enquanto pressiona o seu corpo no meu, como se fossemos morrer no segundo seguinte. Ela aprofunda o nosso beijo, mergulhando a língua, saboreando, me provando, porque ela também quer isso, e não é de hoje, eu sei.
Lambo a língua dela, sentindo-a em toda a parte, ela gem*, e cada centímetro do meu corpo se acende, por dentro e por fora e por todos os lugares, e isso nunca seria o suficiente.
Ela tem gosto do intocável, do proibido, do impensável. Mas, nesse instante, tudo parece certo. Errado foi antes, quando estávamos com outras pessoas enquanto tudo o que queríamos desesperadamente era estar na merd*, exatamente onde estamos agora.
Fim do capítulo
Boa noite, leitoras! Leiam esse recado até o final, por favor!
Em primeiro lugar, quero pedir desculpas pelo atraso do capítulo (que era para ter saído nessa segunda-feira). Algumas de vocês já devem saber o motivo, pois comuniquei tanto no grupo do whatsapp do Lettera, quanto no meu Instagram. Eu fiquei doente no final de semana (já estou melhorando agora) e também estava com algumas questões pendentes da minha faculdade (inclusive, tá um pouco difícil de conciliar, mas sigo firme aqui!) e acabou ficando inviável concluir o capítulo a tempo.
E, como vocês viram, esse não era qualquer capítulo, era um capítulo muito importante já que o beijo Soju veio aí, finalmente! Então, queria me dedicar nele da melhor forma possível, e espero de coração ter alcançado a expectativa de vocês, pois me dediquei com muito carinho e cuidado.
Enfim, já fica aqui o meu pedido e apelo: me sigam no meu Instagram, porque é por esse meio de comunicação que estou sempre me comunicando com vocês e avisando qualquer imprevisto. Meu Instagram é o mesmo user daqui: @alinavieirag
Também quero agradecer o carinho e compreensão que tiveram comigo, me desejando melhoras e entendendo o atraso. Também entendo a ansiedade de vocês kkkk também entrei quase em abstinência sem postar um novo capítulo, e minha segunda-feira foi com certeza mais melancólica. Enfim, sei que a ansiedade de vocês é um sinal de que a história está envolvendo, e fico imensamente feliz por isso!
Agora, vamos falar do capítulo?? Eu quero muito saber o que vocês acharam, porque vai ser um bom termômetro para o que vem pela frente. Foi como vocês imaginavam? Muito diferente? Alcançou as expectativas? Superou??
O que vocês acharam de o beijo ter sido logo depois da Júlia cantar (coisa que a Sofia tanto incentivou desde o primeiro capítulo)? Essa era uma questão muito importante pra mim, e desde o primeiro momento eu imaginei o beijo nessas circunstâncias, nesse momento de entrega e "liberdade" que a Júlia alcançou aos poucos, com a ajuda da Sofia.
Ah, e para as fãs da Júlia, podem ficar tranquilas que ainda vai ter muita repercussão desse beijo através do ponto de vista dela (assim como todos os seus conflitos internos, que ainda vão ser bastante explorados)
Enfim, gente, obrigada por tudo e comentem muito nesse capítulo para engajar, por favor!
E não esqueça, se você está gostando da história, me ajude a fazer ela chegar a mais pessoas, vai ser bom tanto pra mim, quanto pra vocês, podem confiar!
Até semana que vem!
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Zanja45
Em: 19/05/2024
Estou numa curiosidade para saber como Julia se sentiu com tudo que aconteceu entre ela e Sofia. Quais foram as sensações e impressões de cantar e beijar a Sofia.Ja que, havia um tempo que ela andava insana, fantasiando, desejando fazer loucuras com a Sofia.E a concretização daquilo que estava no seu imaginário, deve ter levado ela as alturas, depois daquele beijo.
Até o próximo!
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And.nunes
Em: 18/05/2024
Esse capítulo foi incrível.
Fico me perguntando como vc consegue colocar certos detalhes que fazem com que eu veja a própria cena. Perfeito.
Melhoras. E vamos aos próximos capítulos, i.agino que essas duas vão enfrentar muitas tempestade ainda pra poderem ficar juntas.
Abraços
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Zanja45
Em: 18/05/2024
Oi, Alina!
Sofi chegou aos dezenove em grande estilo com direito a musica e declarações por parte da Júlia.
O fato de Julia subir ao palco, foi um rompimento das amarras que ela tinha com o passado. Foi um renascimento de algo que havia se rompido lá no início de sua vida adulta. – Em que seus sonhos foram perdidos.
A subida ao palco, foi a restituição de uma parte de si, muito importante – que sempre foi a música. Em tempos outrora era o que a Júlia queria fazer. – Entrar para escola de música, dedicar – se, mergulhar na sua maior paixão. Infelizmente ela teve que abandonar tudo que idealizou para si. – Por conta de uma tragédia pessoal, vivida por ela. A culpa pela morte da mãe, aprisionou a mente dela, impossibilitando de ir adiante nos seus objetivos.
Por isso, a vida dela teve uma reviravolta tremenda, ao invés de fazer o que realmente era de seu desejo, ela caminhou no sentido totalmente oposto, e fez o que sua mãe sempre quis para ela (como uma forma de redenção).
O beijo após o momento da música foi crucial, porque primeiro ela teve que se acertar consigo mesma, para depois estar pronta para encarar novos desafios. E Sofia é um grande desafio para ela, - Não é para Julia ir até ela de qualquer jeito. Porque a Sofi, sempre fez parte de sua vida, seja como filha de sua amiga Marta, ou até mesmo como sua amiga, também.
As coisas entre elas é algo crescente, gradativo, em constante transformação. – E tão bonito esse desfecho no relacionamento das duas. Tudo na vida dessas duas acontece através de nuances, para chegar até o primeiro beijo foi um processo construtivo que se apresentaram de diversas formas até chegasse ao momento mais esperado.
Observa – se que Sofia sempre esteve pronta para Julia, só que ela ainda não estava lapidada para perceber e vivenciar esse amor.
Por isso, creio que, a subida ao palco, foi necessária, antes que ocorresse algo mais tangível entre as duas. Significou a retomada dos seus sonhos, da essência de Julia.
A maneira como aconteceu o beijo, não foi de maneira planejada, foi ocorrendo naturalmente, primeiro o abraço atrapalhado, a batida dos dois corações, o roçar dos lábios, a aproximação dos corpos. A pegada da Júlia na nuca da Sofi, deu até para sentir cócegas. – Só Sofia, mesmo, para nuns momentos desses nos fazer rir. – É muita fofura, numa pessoa só! Muito tesão também, porque ela ficou toda derretida pela Jules e depois do beijo, então, as coisas se intensificaram de tal forma que a pegada foi ficando mais firme de ambos os lados, as línguas duelaram, se experimentaram, agora a cena que fiquei tentando formular uma imagem em minha cabeça, foi na parte que Sofia “lambeu a língua” da Júlia foi muito diferente e inovador.
Quero agradecer, mais uma vez, pela escrita maravilhosa, surpreendente, bem estruturada, prazerosa, que nos causa um “mar de sensações”. – Nos faz viajar, nos deixam abismados, exaltados, alegres, tristes, abobados, em estado de extase total. Abre lacunas para a imaginação correr a solta. - Então, ler essa Fanfic é como andar em terras férteis.
Até mais!
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jake
Em: 17/05/2024
Oie Ali a Marta sem perceber deu o melhor presente de aniversário para a Sofia que foi a companhia da Júlia.O beijo foi Mágico e mto desejado por ambas,foi um momento especial único. Bom gostaria que Emma tivesse uma pessoa especial que fizesse feliz pq ela merece ,poderia dar uma força pra ela né autora...rsrsr.Melhoras ,e Parabéns pela excelente história...mto obrigada.
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Zanja45
Em: 16/05/2024
Esse capítulo superou as expectativas. Eu imaginava que o Clóvis já estivesse “morto”. E você, apronta uma dessas?! (Rsrsrs!). Logo, no final da comemoração do aniversário da Sofia!? – só pode estar de conluio com a Marta. - Parece até aquelas cenas de filmes de terror – quando pensa que já se livrou do coisa ruim – Ele dá algum sinal de vida, para desespero de quem está sendo perseguido.(Kkkk).
Até breve!
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Zanja45
Em: 16/05/2024
Oi, boa tarde, caríssima, autora!
Fui do céu ao inferno entre o intervalo do" capítulo 17" e "capítulo 18". A abstinência de 3( três) dias foi recuperável (Rsrsrs!), minha mente voltou ao estado de normalidade. - Eu acho. As doses cavalares da “medicação”, " ela não é minha tia" devem durar mais tempo, no organismo, dessa vez. - Estou controlada. – Não vou necessitar ir para uma clínica de reabilitação para recuperar dos danos causados pela ausência da leitura do episódio.
- Ufa! - Dessa escapei! (Rsrsrs!)
-Muito obrigada, Alina!
Você salvou a mente de muitos leitores, inclusive a minha.
Até mais!
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S2 jack S2
Em: 16/05/2024
Que capítulo PERFEITOOOOOOOO!!!
Superou e muito as minhas expectativas...amando cada vez mais essa história a cada novo capítulo.
E Alina, faça as coisas no seu tempo, estaremos sempre aqui para ler e comentar...
Melhoras e se cuida!
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Sem cadastro
Em: 16/05/2024
Que capítulo genial!
Acho que as duas mereciam esses cenário livre, seguro, sincero e pulsante.
Amei, obrigada por ter dedicado a nós aqui do RS.
És uma grande escritora, não preciso nem dizer que já estou ansiosa pelo próximo
Beijos e parabéns!

MVaz
Em: 16/05/2024
Eu escrevi o comentário acima pensando que estava logada. Rs
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