Boa noite, leitoras do meu coração! Resolvi adiantar o capítulo que eu postaria amanhã de manhã (06/05) para hoje, espero que gostem e aguardo os comentários de vocês!
Capitulo 17 – O que é nosso de novo
Sofia
A Júlia está sentada em um banquinho no seu gramado, enquanto usa uma esponja para limpar a sua moto, umedecendo-a no balde sempre que necessário. Ela está tão compenetrada em sua tarefa que nem percebe quando freio a minha bicicleta em frente ao seu portão de madeira.
Mas o que mais chama a minha atenção para este cenário, é que o Clóvis não está fazendo parte dele. Me sinto bastante aliviada por não dar de cara com ele logo que chego aqui. Imagina chegar em um momento bastante amorzinho dos dois, com eles tomando café da manhã ou algo assim? Sinto enjoo só de pensar.
Mas parece tudo tranquilo, como se ainda fosse sete de janeiro – o último dia em que estive aqui – e como se nada tivesse mudado desde então. Deve ser porque a casa da Júlia sempre teve esse poder de fazer eu me sentir em casa, muito mais do que quando estou na minha. É bem diferente da nossa, por começar pela rua, que é muito mais tranquila, acolhedora e as pessoas não parecem se importar em ter muros baixos ou portões vazados. Tem sempre alguém cuidando do seu jardim quando eu passo por aqui, e quase sempre é possível ouvir o som de liquidificador vindo de alguma cozinha ou o do cortador de grama em um dos gramados. Pessoas presentes, que se importam de verdade, que apreciam e cuidam do que tem, não importa o que, ou o quanto seja. Acho que essa era a grande diferença.
Volto minha atenção para ela enquanto tento arrancar alguma coragem de dentro de mim para olhar nos seus olhos depois do que aconteceu ontem à noite. Ela está usando uma calça jeans clara e justinha, botas pretas de cano curto e uma regata preta simples, mas que nela passa longe da simplicidade. Me sinto obcecada enquanto olho para a sua barriga perfeita, cada curvinha parecendo estar exatamente onde deveria, o seu umbigo vertical (lindo), a pontinha dura dos seus mamilos pressionando cada fibra de tecido da sua blusa.
Mas que porr*. Desde quando passei a notar essas coisas nela? Não sei, mas tenho certeza de que já existiu uma época em que isso nem passava pelo meu radar. Quando eu a considerava a minha tia (há mil anos atrás), ou quando ela era só uma querida amiga da família, ou a minha amiga mais velha. Apesar de que ela nunca foi só isso também.
Enfim, tudo o que sei é que de uns tempos para cá isso certamente mudou e eu definitivamente não consigo deixar de notar. Não é como se desse para passar desapercebido.
O sentimento de culpa que vive alojado em algum cantinho do meu peito começa a coçar. Queria tanto sentir isso pela Emma, seria tão mais fácil, tão mais simples. Nós poderíamos ser felizes juntas, tenho certeza. A Emma é gentil, alegre (apesar da sua vida difícil), uma alma livre, sem amarras. Sem falar que ela é linda. Linda até demais, na verdade. Ela faz qualquer homem ou mulher morrer de inveja e desejar estar no meu lugar. E a Júlia... nem é tão bonita assim.
Acabo rindo comigo mesma como se tivesse acabado de contar uma piada. E tinha.
– Ei, oi. – A sua voz me traz de volta para o seu gramado.
Vejo que o seu corpo está voltado para mim enquanto me olha atentamente.
Maravilha.
Espero muito que ela não tenha me notado aqui parada por muito tempo.
– Oi. – Minha voz sai um pouco tímida.
– Desde quando está aí? – Ela faz a pergunta que eu temia.
Tempo suficiente para eu ficar te secando e ter pensamentos contraditórios a ponto de duvidar da minha própria sanidade e moral?
– Não muito. – Minto. – É que você estava tão... – sexy pra caralh*, porr*? – concentrada. Não quis te atrapalhar. – Improviso.
– Vem, entra. – Ela acena com a cabeça, me mandando ir até ela, e depois sorri, parecendo mais feliz em me ver do que eu imaginava.
Para a pessoa que tinha arruinado o seu “jantar dos sonhos”, ela está me tratando muito bem.
A vejo levantar e ir em direção à varanda, onde pega uma segunda banqueta e a coloca ao lado da sua. Ela volta a se sentar e me lança um olhar, me convidando para sentar ao seu lado. Então retoma da onde parou e me alcança uma segunda esponja. Umedeço-a no que quer que seja o conteúdo que está naquele balde – como a vi fazendo minutos atrás – e tento replicar os seus movimentos na outra extremidade da sua moto.
Permanecemos assim, em silêncio, por um longo período de tempo.
Nós não tínhamos nos falado depois... bem, depois de tudo o que aconteceu no jantar, nem por mensagem. Eu pensei em mandar depois que ela foi embora, até cheguei a escrever algumas, mas desisti no meio do caminho. O que eu mandaria? Não sabia muito bem o que dizer, ainda não sei. Dentro da minha cabeça estava tudo muito óbvio, porque eu o interrompi justo naquela hora, porque agi daquele jeito, porque não me arrependia. Mas e para ela?
– Você é uma ótima ajudante. – Ela diz, de repente, e a olho, confusa.
Uma ótima ajudante?
Vejo a sua moto novinha em folha, para onde a sua atenção parecia estar voltada. O preto ainda mais vivo e brilhante diante dos nossos olhos. Nem havia me dado conta de que já tínhamos a deixado limpa assim, apenas deixei minhas mãos no comando enquanto minha mente vagava para um outro lugar.
– Mas com certeza você não veio aqui para me ajudar a limpar a minha moto. – Ela dá um meio sorriso.
É... não.
– Na verdade... a minha mãe insistiu para que eu falasse com você, bem, com vocês. Ela acha que eu tenho que pedir desculpas por ter arruinado a camisa polo lindíssima do Sr. Perfeito, então... – Me forço a sorrir e depois me encolho.
A minha mãe tinha até me pedido, mas não era por isso que eu tinha vindo. Aliás, mesmo que eu o visse agora, nunca pediria desculpas. Por que, então?
– Você não se arrepende do que aconteceu no jantar. – Ela me lança um olhar, sugestionando.
Não era uma pergunta.
Parecia um pouco séria, ou então só estava pensando em alguma outra coisa. Mas definitivamente não está irritada, para a minha surpresa.
– Não muito, na verdade. – Acabo sendo mais sincera do que gostaria. Mas é a verdade. Eu provavelmente teria feito de novo, não me controlaria. Talvez o único arrependimento é de tê-la aborrecido, afinal, ela pareceu um pouco triste ao passar por mim ontem à noite, quando estava indo embora.
Mas a Júlia apenas balança a cabeça e sorri ao me ouvir admitindo aquilo.
– Ele saiu para comprar uma camisa nova? – Provoco. – Porque essa seria a desculpa perfeita para dar para a minha mãe... – Digo naquele meu tom de deboche.
Ele não está aqui. Sei disso porque o carro dele também não está.
– O Clóvis não dormiu aqui, na verdade. – Ela se encolhe um pouco ao dizer aquilo.
– Não? – Pergunto, surpresa.
Ela volta a olhar para a moto e, assim como eu, parece estar buscando coragem para ter aquela conversa.
– Sofia... – Ela hesita por alguns segundos. – Eu e o Clóvis não estamos mais juntos. – Levanta a cabeça para olhar nos meus olhos.
O quê?
Meu coração martela forte e por um momento a minha ficha não cai.
– Eu... não estava sabendo. – Admito enquanto tento processar aquela notícia.
– Eu ainda não contei para a sua mãe, ou para ninguém, na verdade. – Ela diz passando a mão no cabelo, meio sem jeito.
– O que aconteceu? Não foi pelo o que eu fiz, foi? Eu não quis... – Paro na metade do caminho.
O que eu ia dizer? Que eu não queria aquilo? No fundo, eu sempre quis que acontecesse. Desde o primeiro momento que eu soube.
– Não. – Ela franze a testa. – Não foi pelo o que você fez. Na verdade, acho que foi mais pelo motivo que você fez.
A batida do meu coração quase ensurdece meus ouvidos.
– Eu fiz aquilo por tantos motivos, Júlia. – Provoco.
Quero que ela seja mais clara do que isso. Estou tão cansada de meias palavras.
– Quero dizer, você estava certa. Tudo o que conquistei, eu conquistei sozinha, e eu não preciso de homem nenhum para me sentir mais completa. Obrigada por ter me ajudado a ver isso. – Nós trocamos um sorriso. – Quem diria que a minha... – Ela pondera. – Que você, me daria esse tipo de conselho, um dia?
– E foi só por isso? – Insisto, percebendo que ela ainda está evitando me contar toda a verdade.
– Por que? Você acha que não é motivo suficiente para terminar com alguém? – Vejo quando ela se esquiva.
– Se esse alguém for o Clóvis, é mais do que motivo suficiente. – Acabo sorrindo e ela me acompanha.
– Aquele jantar foi desastroso, bom, no ponto de vista do que ele deveria ser, mas, foi bom, porque... me fez perceber quem o Clóvis é e... – Sua voz oscila. – O que eu quero de verdade. – Ela diz aquilo olhando nos meus olhos e acabo esquecendo de que preciso respirar.
– E o que você quer, Júlia? – Meus olhos descem para a sua boca.
Ela percebe aquilo, tanto que lambe os lábios, sem se dar conta, e volta a desviar o seu olhar para a moto. Puta que pariu, ela fica ainda mais gostosa assim, sem jeito.
O meu coração está a mil por hora, enquanto minha respiração vai ficando ainda mais pesada, assim como a dela. Sinto meu celular vibrar no jeans do meu short e a música da cena do chuveiro de Psicose começa a tocar, me tirando daquele transe.
– É a minha mãe. – Digo de mau humor.
Não sei como a Dona Marta era capaz de fazer aquilo, mas ela conseguia atrapalhar a minha vida mesmo de longe.
– É claro que é. – Ela ri. – Você deveria atender.
Eu me levanto antes de apertar a “tecla” verde, como se aquilo fosse fazer alguma diferença.
– Ele não tá aqui, mãe. O que você quer que eu faça? – Respondo aos seus questionamentos histéricos. – Aliás, eu acho que não vou mais precisar me desculpar, de qualquer maneira. – Digo aquilo olhando para a Júlia, e não consigo mais segurar o meu sorriso de felicidade. Ela sorri de volta, e depois olha para baixo.
– Como é que é, Sofia Maria?! – Minha mãe grita tão alto que eu afasto o celular, por reflexo, e a Júlia ri daquele meu gesto. – Eu quero que venha para casa agora, entendeu?
– Ok, Dona Marta, eu tô indo, tá? – Digo e desligo o telefone, sem dar a chance para ela continuar.
Não sei o que é pior: ouvir os seus gritos pessoalmente ou por meio do celular. Mas já que eu teria que ouvir de qualquer maneira...
– Ela quer que eu vá direto para casa. – Anuncio. – Aliás, eu não sei se você sabe, mas ela está tentando me manter em cativeiro desde o jantar. Ela só esqueceu que isso não funciona mais quando se tem uma filha de quase dezenove anos que trabalha e paga as suas próprias despesas. Ficar em casa muitas vezes pode ser uma dádiva. – Nós trocamos um sorriso.
Bom, só não é uma dádiva quando se divide a casa com uma mãe como a minha. Acho que talvez essa era a minha verdadeira punição.
– Desculpa. Eu vou contar para ela que terminei com o Clóvis, e que ela pode te tirar do “castigo”. – Ela diz fazendo aspas no ar.
– Obrigada. – Eu não sei como aquilo poderia aliviar a minha situação, mas a deixo achar que estava me ajudando.
Tenho certeza de que minha mãe vai surtar quando souber. A Júlia perdendo a grande oportunidade da vida dela e dispensando o homem do ano? Como assim? Aposto que ela vai me culpar para o resto da vida.
Pego a minha bicicleta e sigo a empurrando pelo gramado em direção a saída, mas paro antes de atravessar o portão.
– Ah... Júlia? – Faço uma pequena pausa, virando a cabeça para encontrá-la. – Nós estamos bem, não estamos? – Não sei bem o que eu queria com aquela pergunta, mas não podia sair daqui sem deixar de fazê-la.
Os seus olhos encontram os meus e ficamos assim por alguns instantes, tanta coisa sendo dita sem precisarmos de uma única palavra.
– É claro que estamos. Você é a minha quase afilhada preferida, esqueceu? – Ela diz daquele jeito familiar de sempre, dando ênfase no “quase” de propósito.
Cada palavra sua sai repleta de significados que só a gente entende.
Ah, Deus, como senti falta de ouvir aquilo.
xxx
Estou concentrada limpando a sessão da minha estante onde guardo os “clássicos dos anos noventa”, quando ouço três batidas pesadas na porta do meu quarto. Meu pai tem a batida leve enquanto que meu irmão entra – ou melhor, invade – sem qualquer cerimônia.
Encolho os ombros, já sabendo o que me espera do outro lado.
– Sim? – Pergunto sem nenhuma animação na voz.
A porta se abre e vejo quem eu temia.
– Você deve estar muito satisfeita. – Minha mãe me olha com cara feia, ou seja, com a única que ela tinha. – Conseguiu o que tanto queria, não é? Que o Clóvis terminasse com a Júlia. – Reviro os olhos.
Para início de conversa, foi a Júlia quem terminou, pelo o que ela me disse.
– Qual é o seu problema, Sofia?
Qual é o meu problema?
Qual é o seu, porr*???
Mas eu não ia dizer nada, não ia dar esse gostinho. Ela não vai conseguir me chatear, não hoje.
– Era isso? – Digo em um tom casual, deixando bem claro que eu não tinha me abalado.
Ela me olha com cara de poucos amigos. Amigo nenhum, na verdade.
– Seu irmão tem um luau da escola. Vocês saem daqui uns quinze minutos. – Ordena.
Oi? Alguém avisa que ele já tem quase quinze anos e que não precisa de nenhuma babá? Aliás, se ele tivesse uma acredito que ele é quem já teria cuidado dela e de maneiras bem... impróprias, digamos assim. Eca.
Mas é claro que ela estava fazendo isso só para me provocar, querendo me dar um castigo a mais.
– E se eu não for? – Desafio.
– SOFIA MARIA! – Ela faz meus ouvidos doerem.
Mas que porr*.
Eu não tinha medo dela. Mas se eu ficasse teria que aguentar os seus berros também, e aquilo definitivamente não é o que eu tinha planejado para o meu último dia com dezoito anos. Seria ótimo não estar em casa nas próximas horas mesmo, no final das contas.
– Eu vou. – Digo, por fim. – Pode me dar licença agora, ou será que é pedir demais? – Ela parece ainda mais irritada por eu estar aceitando tudo tão “de boa”.
– Amanhã vamos comemorar o seu aniversário em uma pizzaria. – Ela anuncia antes de passar pela porta. – Convide quem você quiser, sim? – Ela diz e, mesmo sem nenhuma emoção em sua voz, aquilo é o que chega mais perto de algo que uma boa mãe falaria, pelo menos se comparamos com tudo o que me disse nos últimos dias (ou anos).
Maravilha de vida.
– Eu não acredito que você jogou bebida nele, sua maluca. – Meu irmão se diverte com os detalhes sórdidos do jantar (pela minha versão, especialmente, que tenho certeza de que está sendo mil vezes mais divertida do que a versão que ele recebeu da minha mãe). – Eu daria tudo pra ter visto isso, é sério.
– Daria nada, você me deixou sozinha com os leões. – Tento demonstrar um rancor exagerado, e ele ri.
– Mas você se virou muito bem sem mim, pelo jeito, e a mamãe também disse que você levou a sua Salva-Vidas gata, então não deve ter sido tão ruim assim, vai. – Ele implica.
– Cala a boca. – Bagunço o seu cabelo assim que chegamos no deque principal da praia.
Há uma fogueira acesa na areia, música eletrônica, algumas pessoas sentadas em cangas enquanto outras dançam e conversam.
– Você não vem? – Ele pergunta quando vê que eu não o sigo. – Já que a mamãe te obrigou a isso, devia pelo menos se divertir.
– Eu adoraria te fazer passar uma vergonha, querido irmão, mas prefiro assistir o caos daqui de cima.
– E passou tudo isso na cara pra ficar aí? – Droga, estava tão evidente assim? Eu não sou muito de usar maquiagem, mas, se for para usar alguma coisa, que seja algo que chame um pouco a atenção, ao contrário, por qual motivo usar, então? – Você é tão estranha, sabia?
Eu deveria ficar irritada, mas não fico. Esse era o típico código de irmãos que se amam, mas que nunca admitiram algo assim um para o outro.
– Eu também te odeio. – Eu disparo e ele acaba sorrindo.
Código de irmãos.
– Tem certeza que vai ficar bem aí sozinha? – Ele diz me olhando por cima do ombro, parando na metade da rampa que dá para a areia da praia.
Isso aí era novidade. Desde quando ele passou a se importar com algo que não fosse jogos de celular, ou vídeos pornôs? Parece que não é só eu que estou ficando mais velha...
– É claro que eu vou. – Digo passando confiança, não quero que ele deixe de se divertir por estar preocupado comigo.
E eu não vou ficar sozinha por muito tempo, espero. A não ser que a Júlia me dê um bolo. Ela disse que viria, quando a convidei. Mas foi tão de última hora... Verifico o meu celular. Já são 22:25 e eu tinha marcado com ela às 22:00. Mas eu também só tinha chegado agora, de qualquer forma. Guardo o celular no meu bolso e fico ali no deque principal por um tempo, observando.
Eu sei que só tenho três anos – bem, quatro, daqui algumas horas – a mais do que a maioria ali, mas me sinto há mil anos de distância daquilo tudo. Na verdade, eu nunca fui uma pessoa festeira, nem nessa idade. Sempre me contentei com pouca coisa, tipo uma noite de filmes em uma piscina inflável, conversas bobas, mas verdadeiras, e pizza. Era disso que eu gostava, e eu não precisava de milhares de pessoas para isso. Na verdade, precisava apenas de uma única pessoa no mundo. Seu rosto aparece na minha mente e eu acabo sorrindo para o nada.
– Apreciando a vista?
Meu coração pula ao mesmo tempo em que reconheço a sua voz.
A Júlia está bem atrás de mim, a um metro e meio de distância, mais ou menos. Meu rosto se ilumina no mesmo instante que a vejo. Ela está usando basicamente a mesma roupa de hoje cedo, exceto pela blusa, que havia trocado por uma branca. Agora, além, dos pontinhos durinhos dos seus seios, eu também conseguia ver o sutil contorno das suas aréolas.
Sinto um calor na mesma hora. Jesus, aquela mulher quer me matar?
– Agora que você chegou, sim.
Ela acaba sorrindo e desviando o olhar para os próprios pés enquanto sinto as minhas bochechas queimarem.
Droga.
Isso era algo que eu teria dito antes, no passado, como uma brincadeira nossa, algo inocente quando não se tinha uma grande pretensão de ser verdade, bom, pelo menos, é o que nós duas achávamos. Mas agora pareceu algo bastante inapropriado porque, bem, era verdade, ela tem toda a minha atenção. Ela está linda e está aqui e isso é tudo o que importa.
Merda. Isso é tão estranho. Tem ficado cada vez mais estranho, mas eu não me importo. Eu estou feliz por ela realmente ter vindo até aqui (mal posso acreditar). Feliz por estarmos juntas e por termos isso de novo.
Seja lá o que isso for.
– Tá meio frio aqui. – Ela diz e vejo que os pelinhos do seu braço estão bastante arrepiados.
– Não estaria com tanto frio se conseguisse sair de casa sem mostrar a barriga. – Provoco.
– Você sempre fala isso, reclama das minhas roupas curtas e tal, mas... você gosta. – Ela deixa escapar um sorriso.
Hã? Ela tinha dito aquilo? Tinha sido uma pergunta? Sarcasmo? Não, ela afirmou. Puta que pariu, isso está mesmo acontecendo? Ou eu estou tipo alucinando? De novo.
– Quer dizer... – Ela começa a se justificar, se dando conta de como aquilo tinha soado.
– Não... – Eu me adianto. – Você está certa. Essas coisas ficam muito bem, em você.
Acabo revirando os olhos por estar admitindo algo assim, algo que jurei a mim mesma que nunca admitiria. Ela sorri, parecendo se divertir com aquilo.
– Pega. – Digo, tirando a minha jaqueta jeans. Aquela era uma das minhas preferidas, onde tinha escrito “Taylor Swift” na parte das costas, seguido dos nomes de todos os álbuns.
– Não precisa, eu estou bem. – O seu corpo estremece assim que termina de dizer aquilo, lhe entregando. A pontinha dura dos seus seios vai ficando ainda mais enrijecida conforme ela aperta os braços em volta de si mesma, quando o vento sopra mais forte.
Jesus.
– Aham, e eu gosto de homens. – Digo entregando o casaco a ela, rindo.
Era bom que cobrisse aquilo ou então...
– Você quer descer? – Ela veste a minha jaqueta e eu gosto muito do que vejo, tanto que quase penso em me desfazer dela, se fosse para vê-la a usando todos os dias.
– Pensei em vermos a festa daqui de cima. – Sugiro.
Não estava afim de agito. Nós estávamos tendo o que era nosso de novo, depois de tanto tempo, e acho que eu só queria proteger isso, colocar sob uma redoma.
– Nesse caso, ainda bem que eu trouxe isso. – Ela tira uma garrafa de vinho de dentro da bolsa, e eu sorrio por falarmos tão bem a mesma língua. – Quer dar uma volta, pelo menos?
A gente caminha pelo trapiche enquanto bebe, e não demora muito para chegarmos quase ao fim da garrafa. Eu precisaria bem mais do que aquilo para ficar bêbada, mas já me sentia mais feliz agora do que antes, apesar de que isso deve ter muito mais a ver com a Júlia do que com o vinho.
Ela tira um maço de cigarros de dentro do bolso da calça e é como se tivéssemos voltado no tempo, como se a noite do ano novo tivesse sido ontem e pudéssemos reescrever os dias que vieram depois.
– O que pretende fazer agora? – Digo enquanto vejo a multidão animada bebendo em volta da fogueira, ao longe.
– Descer para pegar mais bebida, quando essa aí acabar? – Ela acena para a garrafa que estou segurando enquanto acende o cigarro com o nosso isqueiro, e eu sorrio. Tão idiota.
– Não isso. Quero dizer... agora que você e o Clóvis terminaram, você poderia voltar a pensar em cantar de novo. – Sugiro.
– Sofia...
– O que foi?
– Ninguém começa uma carreira, ou coisa alguma, com a minha idade. Eu devo estar pelo menos uns vinte anos atrasada. Vamos dizer que o tempo não está mais assim tão ao meu favor.
Nossa, tão dramática.
– Bom, é como dizem, os trinta são os novos vinte. Seguindo essa lógica, você ainda tem vinte e cinco. – E o corpo perfeito dela não me deixa mentir, Jesus. Ela está na melhor idade, seja qual for. – Além do mais, você já começou a sua carreira há muito tempo, só foi forçada a interromper. E eu não vou deixar você desistir disso de novo, Júlia.
– Nossa... – Ela solta um pouco de fumaça.
– O quê?
– É assustador, o quanto você parece acreditar nisso... em mim.
– Eu também acho assustador, o fato de você não acreditar.
Nossos olhos se encontram, e sinto os meus arderem nos dela.
– Mas e você, hein? – Ela muda de assunto, como sempre faz quando se dá conta de onde estamos indo. Mas eu até que estava começando a gostar disso nela. – Você não disse que ia começar a estudar esse ano?
– Vai dar uma de tia controladora, agora? Não tá um pouco tarde pra isso? – Brinco.
– Não, claro que não. – Ela dá um sorriso. – Mas falando sério agora... Fazer Cinema é o seu sonho, Sofi, e... eu não quero que daqui a um pouco mais de dez anos a gente esteja tendo essa mesma conversa, só que sobre você. – Percebo o quanto ela está sendo sincera, tanto que quase sinto a sua angústia.
– É, tudo bem, você tá certa. Eu vou começar. – Garanto a ela.
Ela sorri, parecendo um pouco mais satisfeita.
– E a Emma?
– O que tem ela? – Estranho a sua pergunta repentina.
– Vocês pareceram muito bem, no jantar. – Ela sonda.
– É, a Emma é uma pessoa maravilhosa. – Me limito em dizer. – Ela merecia muito mais do que tem. – Incluindo uma namorada mais comprometida com seus sentimentos, penso em acrescentar.
– Como vai a história com o padrasto dela?
– Na mesma, eu acho. Eu tentei falar com ela, sobre ela procurar um advogado e tal, mas advogado sai caro e ela mal tem esse dinheiro para se manter na kitnet que divide com o Vini, então...
– Eu conheço um advogado, ele trabalha lá no escritório também. Ele é ótimo e a área de especialização dele é justamente direito de família. Ele está me devendo alguns favores de trabalho por eu ter resolvido umas coisas pra ele, então, acho que não vai se importar de ajudar.
– Você faria isso? – Eu mal acredito nas suas palavras, mas, se tratando da Júlia, tudo é possível.
– A Emma é a sua namorada, Sofi, e você é... a minha família. – Ela usa a mesma definição que utilizei no jantar, e nós compartilhamos um sorriso amargo.
– Já passa da meia-noite. – Ela diz olhando para a tela do seu celular.
– Droga, a minha mãe vai me matar.
– Eu falo com ela depois. Na verdade... – Ela diz vasculhando a sua bolsa. – Eu estava querendo dizer que já é o seu aniversário. – Me entrega uma pequena caixa quadrada com um laço metálico azul celeste.
– Você lembrou. – Não consigo conter o meu sorriso bobo.
– E eu já esqueci alguma vez?
Ela nunca tinha esquecido. Na verdade, era sempre a primeira pessoa a me enviar uma mensagem à meia-noite durante os últimos quatro anos.
Eu abro a caixa, desfazendo o laço, e uma tiara escrito “Birthday Girl” em pedrinhas prateadas e brilhantes aparece por debaixo de um papel holográfico.
– Pera aí, isso é... Mentira! – Digo, animada, e já posso sentir meus olhos marejarem.
– Eu lembrei de quando você me mostrou a foto da Taylor usando uma no aniversário dela e de que me disse que queria uma igual para o seu.
– Você se lembra disso? – Eu não estava exatamente surpresa por ela se lembrar de eu ter dito, mas sim emocionada por ela estar me dando isso agora, depois de tudo.
E eu tenho certeza de que ela deve ter me zoado bastante quando eu disse que queria uma. Nunca acho que ela leva as coisas que eu digo a sério. Mas a verdade é que a Júlia sempre me levou a sério.
Retiro a tiara da caixa e coloco na minha cabeça.
– Como eu fiquei? – Estico um braço para o céu enquanto apoio a outra mão na cintura, tentando fazer uma pose de Miss ou algo assim.
– Linda... É... ela ficou linda em você. – Ela se perde nas palavras.
Tem pouca luz onde a gente está, apenas alguns holofotes aqui ou ali, mas podia jurar ter visto suas bochechas ficando mais vermelhas agora.
Ela está nervosa, assim como eu?
– Eu senti tanto a sua falta, Sofi... – Ela confessa aquilo e eu derreto. – Você tem razão de ter se chateado. Eu deveria ter sido mais sincera com você, desde o início. Ter contado do Clóvis, não ter deixado você saber pela sua mãe. – Aos poucos, vou me lembrando do motivo por trás de todas as nossas brigas, por termos nos afastado tanto. Mas tudo isso não parece ter a mesma importância agora, de qualquer maneira.
– Você é a minha melhor amiga. – Ela continua. – Não a Marta. Eu que fui muito injusta por não admitir isso antes.
– Na verdade, você está sendo um pouco injusta de novo. – Digo sem conseguir conter o meu sorriso travesso, enquanto me aproximo mais dela.
– Por que? – Sua pergunta sai com receio e desejo de saber a resposta.
– Porque nós somos mais do que isso, Júlia. – Levo a mão até o seu rosto, colocando uma mecha do seu cabelo para atrás da orelha, e ela arfa. – Mas eu acho que você já sabe disso. – Digo com meus dedos em sua bochecha, descendo até o cantinho da sua boca, e a vejo fechar os olhos, em uma resposta imediata ao meu toque. Sinto um calor gostoso entre as pernas.
– Sofi... – Ela segura a minha mão, na tentativa de interromper qualquer coisa que pudesse vir a acontecer em seguida, e posso ouvi-la respirar com certa dificuldade, a mesma dificuldade que estou tendo agora.
Nossas mãos pesam para baixo, juntas, nenhuma de nós duas fazendo qualquer esforço para tirá-las dali. Ela olha para os nossos dedos, entrelaçados, e sorri como se gostasse do que está vendo, como se pensasse que nossas mãos ficam lindas pra caralh* juntas. Sei disso, porque é o mesmo sorriso que está nos meus lábios e é exatamente no que estou pensando agora.
Seus olhos azuis acinzentados cintilam nos meus em um segundo e descem para a minha boca no instante seguinte. Sinto um frio na barriga.
Não pode ser só alucinação minha. Isso está mesmo acontecendo, não está? É claro que era altamente duvidoso, o meu cérebro podia muito bem estar me pregando uma peça, afinal, aquilo era tudo que eu mais queria. Que ela me notasse. Não como menina, mas sim como mulher.
Puta que pariu, eu só podia estar surtando mesmo.
Volta para a realidade, Sofia Maria.
– Maria? – Uma voz familiar ecoa atrás de mim e a Júlia desata as nossas mãos na mesma hora, em um movimento brusco.
Maria?
Merda.
Só havia uma pessoa que me chamava assim. Me viro para encontrar a sua voz. A Emma está logo atrás de mim, e não demora muito para que eu reconheça um dos meninos que está atrás dela: Vini.
– O que está fazendo aqui? – Ela pergunta me envolvendo em um abraço, enterrando o seu rosto no meu pescoço.
Eu amava quando ela fazia isso, só que agora, por algum motivo, parecia bem mais desconfortável do que agradável.
– É o luau da turma do meu irmão. – Aproveito para me afastar um pouco enquanto aceno com a cabeça para a pequena multidão que se agita em volta de uma fogueira bem menos acesa agora. – E você?
Por algum motivo, não tinha nem passado pela minha cabeça convidá-la e constatar aquilo me atinge em cheio, a culpa começando a me corroer lentamente.
– A praia é tipo a minha segunda casa, esqueceu? Ainda mais quando está rolando alguma festa. – Ela agita um copo vermelho de plástico que nem notei que estava na sua mão. – Espera, é o seu aniversário?
Levo a mão até o topo da minha cabeça, para onde ela parece estar olhando. Sinto a haste metálica em meus dedos e me dou conta de que ainda estou usando a tiara.
– Se contarmos que já estamos em vinte e seis de fevereiro, sim. – Digo retirando a tiara e colocando-a dentro da caixa de presente que eu havia deixado em cima do corrimão do trapiche. – A Júlia acabou de me dar isso de presente. – Me viro para encontrá-la.
Ela tinha se afastado um pouco pra nos dar mais privacidade, acho.
– Júlia? Desculpa, eu não vi que você estava aí.
Não viu ou não quis ver?
– Está tudo bem. – A Júlia dá um meio sorriso.
– Espera, essa é a famosa Júlia do jantar bafônico? – O Vini pergunta e eu rio.
A Júlia também sorri enquanto cruza os braços, um pouco tímida pelos holofotes terem se voltado para ela, de repente.
Sigo o olhar de Emma, e vejo que ela não tira os olhos dela. Provavelmente, reparando na jaqueta que está usando e, diferente de mim, ela não parece gostar nem um pouco do que vê. Ela sabia que aquela jaqueta era minha porque – fora o motivo óbvio de ser da Taylor – ela já tinha me visto usando, e até já tinha usado algumas vezes, também.
– Minha mãe quer me levar em uma pizzaria amanhã. – Digo a ela, tentando amenizar o fato de eu não ter a chamado hoje. – É o único dia do ano em que ela parece tentar se esforçar em ser uma boa mãe. Ela nem consegue fingir muito bem, na verdade, e aposto que vai conseguir menos ainda, depois do que fiz no jantar. Nada animador... Você poderia ir, você também, Vini. – Sorrio para ele.
– Depois daquele jantar eu não perco mais nenhum evento familiar seu, pequena Maria. – Ele me provoca, com um sorriso.
– Você vai também, né? – Me inclino para olhar para a Júlia.
As duas juntas, depois de tudo? Mas minha mãe com certeza já teria a convidado, de qualquer forma.
– Eu sou da família, não sou? – Ela se força a sorrir. – Eu não deixaria de ir.
Nós podíamos negar muita coisa, mas isso era algo que não tínhamos como ignorar. A Júlia sempre faria parte da minha família. Para o bem, ou para o mal.
Fim do capítulo
Entãooo, quase rolou o beijo em vários momentos, né? kkkkkk
Tô me sentindo o próprio Manoel Carlos com Clarina (entendedoras entenderão) kkkkkkkk
Mas agora vai, prometo!
O que acharam desse capítulo? Gostaram?? Nossas meninas tão lindinhas se entregando aos poucos, né?
É possível que a gente chegue a 15 mil leituras depois desse capítulo, e eu não poderia estar mais feliz!
Queria agradecer a todas que fizeram a história andar para a frente, favoritando a história, me seguindo, comentando, compartilhando, podem ter certeza que eu vibrei com cada interação, e que continuarei vibrando. Já falei isso, mas repito: vocês são as melhores leitoras que eu poderia ter!
Então se puderem continuar comentando e etc, vai me ajudar muito e me deixar muito feliz!
Até semana que vem!
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patty-321
Em: 08/05/2024
Ahhhh que frustração, jurava que era nesse capítulo. Autora má. Foi um capítulo muito maravilhoso. Amo a estória e confesso que gosto muito mais quando é lento o desenrolar do casal principal. Julia tá mais solta, Sof TB. Tá perto. Emma vai acordar? Vai ficar bem decepcionada.
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Zanja45
Em: 06/05/2024
Você é surpreendente! Quem imaginaria receber um presentão desse em pleno domingo?
Pense aí?!
Na minha cidade, caindo um chuva torrencial daquelas. Um clima bem ameno, para ficar vendo um filminho ou lendo um livro bem envolvente. – Não que deu certo a última opção . Quando estou atualizando entre contas de e-mail. – De repente aparece uma nova atualização da autora favorita “ Ela não é minha tia”. Pense, como fiquei? – Eufórica!
- Conjecturei. - “Essa mulher quer nos matar?”. – Só pode! – Mas, só se for de emoção, porque me parece que o paraíso foi antecipado pra gente.
Então, me debrucei sobre minha cama, em sentido contrário a ordem original, elevei minhas pernas a 45 °, ouvindo o som da chuva, caindo incessantemente no telhado, iniciei a leitura de maneira atenta e compenetda.
Em vistas, a não perder nenhum detalhe dos diálogos entre os personagens Julia e Sofia, o casal SoJu, que está acontecendo de maneira tão bonita. Tão clara. Sem espaços para meias- verdades.
Sofia não deu espaço para Julia tentar esconder os sentimentos delas. Incitou ela a se abrir e foi algo mútuo. – Uma incentivando a outra a todo instante.
Amei o lado cômico da Sofi. Em cada capítulo tenho me amarrado mais nesses trejeitos dela.- Rio muito, das entradas humoradas que a mesma faz. Ela é apaixonante. Tem se mostrado, além de tudo, muito galante, sedutora. Quero saber autora como ela vai se sai agora, sendo disputada por duas mulheres lindíssimas? Já deu para perceber que ela não é tão indiferente a Emma, apesar da Júlia ser o amor de sua vida. - E bom frisar bem isso. E agora que elas colocaram “os pingos nos is”, e estão entrando em outra fase do relacionamento delas. - Quero ver só como Sofia vai se sair nesse dueto.
Até Mais!
P.S.: Parabéns, pelas mais de 15.000 leituras. Você e merecedora!
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Leidigoncalves
Em: 06/05/2024
Não acredito que esperei até hoje pra descobrir que a Sofia faz aniversário no mesmo dia que eu ???? estou super feliz que elas estão começando a se dar conta que não podem fugir desse sentimento, não vejo a hora desse beijo sair logo, e nada melhor do que ser no dia 26 de fevereiro, um dos melhores dias do ano ???? então espero que esse beijo saia antes do dia terminar ????????
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S2 jack S2
Em: 06/05/2024
Eu fiquei numa euforia que só, quando vi o capítulo disponibilizado ontem, comecei a ler ontem mesmo, mas o cansaço só me permitiu terminar hoje pela manhã.
E que capítulo...de tirar o fôlego!! No começo do capítulo eu pensei que não ia rolar beijo, depois eu fiquei...vai ter beijo, eu estava com a expectativa nas alturas com esse enfim beijo que não rolou, mas foi um capítulo tão lindo, tão leve, tão gostoso de ler, que mesmo a expectativa do beijo não sendo alcançada, fiquei feliz.
Agora assim, cá entre nós, a pobre da Emma está sobrando, na verdade, sobrando desde sempre. Que ela encontre alguém que a ame de vdd, que não será a Sofi.
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Brescia
Em: 06/05/2024
Bom dia !! já falei que amo a sua escrita? me joguei de cabeça, me transportei e me vi segurando o ar a cada palavra, foi muito fo..(não falo palavrões, mas os penso como a Sophi), não muito na verdade, mas hj mereceu, mereceu por m motivos, por ter sido leve, mas ao mesmo tempo desafiador, sensual, mas ingênuo, , quente, mas tímido. Agora as duas se deixaram acariciar pela vontade, pela necessidade de demonstrar que se pertencem. Maravilhoso!! nem fiquei triste por ter acabado, rs.
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