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ACONTECIMENTOS PREMEDITADOS por Nathy_milk

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Palavras: 6337
Acessos: 819   |  Postado em: 28/04/2024

Capitulo 47

Cap 47 - Acontecimentos premeditados


A minha primeira reação, antes de chamar a equipe ou qualquer outra coisa, fuii dar um beijo nela. A Fabi havia acabado de partir fisicamente, mas ela não estava naquele corpo já havia 3 anos. Encostei meu lábio no dela, com o corpo ainda quente e me despedi. Levantei o rosto e segurando a mão dela, fria, e fiz uma nova oração. Fico feliz que tenha sido uma partida calma, sem brigas e suave. Realmente, uma libertação. Com calma e suavidade, em um ritual apenas meu e da Fabi, puxei o lençol que estava no tórax e puxei para cima do rosto. Eu respirei fundo, com calma, finalizando um momento meu e sei que finalmente, ela finalizou  o dela.

Sai do box que estava e fui em direção ao posto de enfermagem, quase de frente, acho que pela minha expressão a equipe já entendeu. Mas falei - Ela partiu, parou! - e tive da equipe de Enfermagem, mesmo sem me conhecer uma reação que não imaginava, as duas técnicas que estavam no balcão, me abraçaram e eu me permiti ser acolhida nesse abraço. 

Sai da unidade Semi intensiva procurando ar para respirar, procurando um abraço amigo, um lugar seguro. A Beatriz estava do lado de fora, sentadinha nas cadeiras de espera, estava cochilando. Quando me aproximei, despertou, em alerta e levantou. A Bia não falou nada, não precisou, seu olhar e os braços abertos me deram um lugar pra ser acolhida. Sem perguntar e sem falar nada, ela entendeu que a Fabi partiu e que eu só queria um berço amigo pra chorar. Abracei a Beatriz e desabei, com seus braços entre meu tórax, eu encostei o rosto no ombro dela e me desfiz em choro. 

Chorei pela dor da partida, pelo alívio dela ter se libertado, por eu não ter estado com ela esses anos, por eu ter causado isso tudo, por poder estar ao lado da Fabíola na morte dela. Um misto de tudo isso que fez eu chorar, por não sei quanto tempo, mas que chorei, solucei no ombro da Bia. E ela, calmamente ficou comigo, fez carinho no meu cabelo o tempo todo, e quando eu finalmente me acalmei e me soltei, ela me ofereceu um lugar pra sentar e água, de uma garrafa que ela já tinha comprado e deixado ali do lado e papel pra eu secar o rosto, que ela também já tinha pego e deixado ali. Achei delicado ela ter se preparado para me “receber”.

- Flavinha - comecou a puxar conversa, com calma, tom baixo, tentando não ser indelicada - como vai ser agora? Pergunto porque precisa pegar documento, acionar funerária. Essas coisas 

- Sim

- Tá em condições de fazer isso? 

- Em condições eu não estou, mas não vou deixar o Sr Luiz resolver isso sozinho. Vou dar meu jeito. 

- Estou aqui, me fala o que eu faço, que faço - a Bia me falou sorrindo, prestativa. 

- Você está falando com o Cantão? 

- Ele é meu chefe né?! - respondeu entendendo a colocação dele. 

- Entendi. Por favor liga pra ele e fala que desviamos o caminho pra vir aqui no hospital e que a Fabíola faleceu. Só pra ele ficar ciente. Enquanto isso eu vou ligar para o Sr Luiz, avisar ele. Acho que é a pior parte - Eu me afastei dela alguns metros e disquei para o Sr Luiz, no terceiro toque ele atendeu: 

- Pronto. 

- Humm, Sr Luiz, é… - respirei fundo, tentando achar palavras.

- Ela se foi? - ele falou, me ajudando

- Foi Sr Luiz, faz uns 10 minutos. 

- Aí Deus - deu pra ouvir a respiração dele - que alívio, estou tão em paz Flávia, tão em paz - respirou fundo de novo - eles vão dar o atestado? Tenho que ir atrás das coisas. 

- Sr Luiz, vou entrar em contato com o pessoal da polícia, temos alguns planos, essas coisas pra ajudar. 

- Filha, vê o que você consegue, estou quase chegando em casa. A Arminda está no carro com a sobrinha dela. Já já te retorno. 

- Tá bom Sr Luiz, cuidado no volante - desliguei o celular e a Beatriz ainda estava do outro lado da sala, talvez falando com o Cantão. Eu voltei ao posto de enfermagem, lá dentro da Semi intensiva, e perguntei sobre as documentações. Segunda a mocinha que estava lá, já estava sendo feito. Eu poderia aguardar só do lado de fora que assim que estivesse pronto me chamariam. Voltei para o lado de fora, a Bia já tinha terminado a ligação - Falou com ele? 

- Vou te falar, uma conversa maravilhosa - pude perceber a ironia dela - a gente só conhece as pessoas quando não pode mais dar o que querem. 

- Ele foi grosso com você? 

- Grosso não, só muito seco, ríspido. Enfim, também não esperava azeite. Ele falou que precisa da viatura hoje e pra você ligar pra ele e passar o pronto dos depoimentos. 

- Tá, quanta sensibilidade a dele - falei chateada, mas ciente que pode ser retaliação, mas também pode ser só o delegado falando, realmente a viatura é da polícia civil, não minha. 

- E as documentações? 

- O médico está preenchendo, pediram pra eu aguardar aqui fora. Eu vou aproveitar e ligar pro serviço social, ver o que conseguimos de apoio. 

- Você tá bem? Quer que eu ligue? 

- Não, eu faço isso. Não posso parar agora, acho que se eu parar não levanto mais - a Bia, com um olhar doce, amigável, esticou as mãos e segurou as minhas, falando;

- Fla, você é humana, sente dor como todos. Não precisa sofrer pra mostrar o quanto sente. Vai com calma, tá? Estou aqui, não só pra fazer ligação, mas pra te apoiar! 

- E eu agradeço por todo esse carinho Bia. De verdade! - dei mais um abraço nela, me sentindo em um lugar seguro, de alguma forma protegida. Fomos interrompidas pela equipe, que me trazia a declaração de óbito. Não consigo descrever o quanto aquele papel queimou na minha mão, parecia que tinha fogo, de tão doloroso que foi. Por mais que eu soubesse que a situação da Fabi dependia de um milagre, acho que sempre tive, no fundo, uma micro esperança. Com o documento nas mãos, descemos pela mesma rampa de algumas horas atrás, mas dessa vez a cidade de São Paulo já estava escurecendo. 

- Quer ir pra onde? - a Bia perguntou, solicita.

- Vamos seguir para o DP, quero devolver essa viatura e ir pra casa. Acho que de lá vou conseguir resolver melhor as coisas. 

- Se importa se eu levar a viatura? 

- Não Bia, eu até prefiro, sou capaz de bater o carro com nós duas e matar um no caminho - a Bia deu risada do meu comentário bobo, mas muito real. Entramos na viatura, ela acertou o GPS em direção ao DP, e eu comecei a pesquisar as coisas. A primeira ação seria com os documentos da Fabíola, registrar o óbito dela, cancelar o CPF. O lugar mais fácil pra mim seria na praça da Sé, mas talvez eu vá em uma unidade mais próxima ao Sr. Luiz, não vou fazer ele atravessar a cidade a noite. Fomos seguindo para o DP e por sorte para o centro, é contra fluxo, porque o trânsito de São Paulo está insuportável. Levamos uma hora, mas chegamos à delegacia sem grandes problemas. A Beatriz, com certa dificuldade, embicou o carro na garagem e desligou. 

- Ah, finalmente. Que trânsito insuportável. Vou entregar a viatura. 

- Deixa Bia, me dá a chave. Eu converso com o Cantão, entrego a viatura e passo a operação. 

- Certeza? Você tá bem? - peguei a chave da mão dela com cuidado e acenei com sim. 

- Se quiser vai indo pra casa, mas acho que aqui não vai demorar. 

- Vou te esperar, vou ficar com as malas aqui na copa. Te espero e voltamos juntas. - concordei com a Bia e entrei no DP. Minha vontade era entrar e sair bem rápido, sem que ninguém nem me percebesse, torcendo para que a notícia não tenha se espalhado. Detesto as pessoas me abraçando e mais ainda fingindo sentimentos. Ela entrou na copa, eu desviei e nem passei, subi direto os dois lances de escada, passando a cada dois degraus. Cheguei no segundo andar do DP, passei em frente a minha mesa, na sala dos investigadores, mas não entrei, sei que vou precisar parar nela para fazer o relatório da operação.

 Fui até o final do corredor, em direção a sala do Cantão. Tanta coisa acontecendo nesse momento, mas eu não posso esquecer de ser no mínimo polida. Não dá para esquecer que a namorada dele se declarou pra mim a dois dias, soube nesse mesmo período que os dois terminaram e mais ainda, o cara é meu brother de longa data. Pensa no medo que eu tenho da reação dele, não sei até onde ele sabe, o que ele suspeita. Antes mesmo de bater na porta, ele levantou o rosto e me chamou pra entrar. Ele levantou da mesa e veio até a porta me receber. 

- Puta merd* Flávia, a Beatriz me avisou. Já tem horário de sepultamento? 

- Ainda não Cantão. Eu vou ir agora pra casa, deixar minhas malas, pegar a moto e ir atras dessas coisas. 

- Pediu apoio da Assistência social? Ela se machucou em uma operação, durante o serviço. 

 - Já entrei em contato, me orientaram. Agora vou ir lá na Brasilândia, pegar os documentos dela, dar entrada no atestado de óbito, essa parte burocrática. 

- Tá certo Flávia. Vai resolver essas coisas, se precisar de algo, me avisa. Deixou a viatura lá embaixo, está em condições? 

- Sim, não bati, não aconteceu nada. Já está lavada e abastecida. 

- Tá certo. Quando der preciso do relatório e das atualizações. Foi útil a viagem? 

- Sim, esclareceu bastante coisa - me mantive polida, mas foi um comentário irônico, talvez ambíguo, esclareceu algumas coisas do caso, mas esclareceu da Beatriz tambem.

- Tá, vai resolver suas coisas, me avisa o horário no cemitério.

- Te aviso sim bonitão - Sai da sala dele e a Isabelle estava parada, já me esperando. Eu olhei pra cara dela e eu sabia que a notícia tinha chegado nela. 

- Posso oferecer uma abraço se você quiser - foi a primeira coisa que ela falou - mas te conhecendo, não vai querer esse tipo de contato físico. 

- Acho que me conhece - ela própria deu risada da minha resposta. 

- Já resolveu tudo? Precisa de alguma ajuda?

- Ah Isa, não resolvi porr* nenhuma. Vou deixar a Beatriz em casa, deixar ela descansar um pouco, ela veio dirigindo mais da metade do caminho. E vou desenrolar as coisas. 

- Você vai  sozinha?

- A princípio sim, vou deixar a Bia em casa, tomar um banho e ir. 

- Se quiser,  deixa a Beatriz lá, se ajeita e eu vou com você. Estou com o carro aí embaixo, você não precisa ir sozinha. Vou dirigindo. 

- Isa… - antes de terminar a frase ela completou. 

- Flávia, estou fazendo isso por uma colega de “civil” cara. Nada mais. Na verdade, se quiser, levo você e a Beatriz até o apartamento, te espero e vamos. 

- Humm, me dá uns minutinhos? Vejo se ela não vai se sentir mal, algo assim - Nessa frase a Isa percebeu que algo havia acontecido na viagem, ela abriu um sorrisinho irônico na hora e eu acho que respondi da mesma forma, porque em seguida ela gargalhou.

- A noite vai ser longa, Flávia, vai ser longa. Vai  me atualizar de tudo! - Eu sacudi o rosto pra cima e para baixo, aceitando que ela havia entendido tudo. 

- Você é uma peça Isabelle. Uma peça! - dei uns passinhos para frente - Vou ver com a Bia e já te dou um retorno no celular - Desci rapidamente os dois lances da escada, chegando ao subsolo do DP, passei na frente da copa, sem sinal da Bia, segui para o segundo esconderijo, o vestiário. Eu abri a porta, ela estava esticada no banco do vestiário, nem se mexeu. Cheguei mais pertinho, estabanada, chutei a mala de rodinha dela e fiz um barulhão, acordando ela. - Bia… 

- Nossa, apaguei aqui, cheguei a sonhar. - falou sentando no banquinho. 

- Humm - agachei ao lado dela - Bia, entreguei a viatura. Estamos liberadas. Se você não se importar, a Isa ofereceu de nos levar em casa e depois de ir comigo resolver as coisas. Tudo bem pra você? 

- A Isabelle não perde meia oportunidade né Flávia - não aguentei e dei risada - Vai rindo Flávia, vai rindo. 

- E você ciumentinha hein Beatriz! - eu estiquei a mao e fiz um cafuné no rosto dela, mas eu tive uma vontade a mais, talvez de beija-la. - Tudo bem você descansar e ela ir comigo? 

 - Aí Flávia. Melhor com ela que sozinha e eu estou um cacareco. 

- a capa da gaita?

- exato, só a capa da gaita. Posso ficar em casa então? Amanhã vou com você no sepultamento. 

- Claro linda! Pensei nisso. Você dirigiu a maior parte, está exausta. E agora é resistência, só papel, burocracia, essa parte - ela levantou do banquinho e eu automaticamente levantei também, já com a perna doendo - obrigada por todo o apoio. 

- Não me agradece. Sabe que faria mais se eu pudesse. 


A Isabelle nos acompanhou em casa levando nossas malas, esperou eu tomar um banho rápido e colocar uma roupa mais confortável. Eu consegui falar com o Sr Luiz e marquei um horário de passar na casa dele para pegar os documentos da Fabíola. Antes de sairmos a Bia, cuidadosa passou um café e colocou em uma garrafinha térmica dela e me entregou. A Isa saiu do apartamento e eu fiquei atrás, me despedi da Bia com um abraço gostoso, protetor e um recado pra qualquer coisa ligar pra ela. A Isabelle estava me esperando na frente do elevador e eu mal cheguei ela já começou a rir.

- Fala que você deu pelo menos um beijinho em agradecimento ao café né?! Não perdeu a chance, não perdeu - falou já dentro do elevador, rindo de mim. 

- Isabelle, respeito por favor. Estou indo fazer a declaração de óbito da Fabíola - falei em um tom normal.

- E eu respeito sapatao, mas o falecimento da Fabi era algo esperado. A Bia te fazendo café e quase te beijando não. Como foi nessa viagem? Não foi só investigação e trabalho não. Eu te conheço de outros carnavais Flávia. 

 - Ah Isa, complicado- chegamos no carro, passei pra ela o endereço do Sr Luiz. 

- Tá… passou o endereço, me enrolou, agora fala. 

- Não desliga não?

- Podemos falar sobre a Beatriz e sua viagem com ela ou podemos da Fabíola, de morte, de finitude. O que prefere? Em silêncio não vou ficar. 

- Grossa. 

- Ah, temos outro assunto. Sua namoradinha, a Bruna louis Lane. 

- Louis Lane? Foi longe hein. 

- Ah, jornalista, sei lá, me veio na cabeça agora, eu sou cringe. Não ouvi você falando nada sobre ela. Não era ela a estar lá fazendo um cafezinho pra você? 

- Acho que esse tipo de cuidado ela nunca teria.

- Tá, tudo bem. Ela não precisa te fazer cafezinho, mas cadê ela te acompanhando nas documentações? Vindo ficar com você ? Isso ela teria que fazer. Você avisou ela?

- Eu avisei hoje cedo quando o pai da Fabi me falou da situação dela, avisei a Bruna e a resposta dela foi: morreu? Não… ah, então é esperar, mais do mesmo - falei em um tom de ironia-  eu me senti idiota em esperar um apoio, um cuidado dela. 

- Vai avisar que a Fabi faleceu? 

- Eu vou, acho que é correto, na verdade vou avisar o horário do sepultamento. Mas não vou esperar que ela apareça. Estou muito chateada com ela. 

- As pessoas são fodas, ela vai te perder pra Bia, por erro dela, por negligência dela. Ah, falando nisso, tá sabendo que a Bia e o Cantão terminaram? Soube hoje, agora a tarde. 

- A Beatriz me contou na viagem. 

- Hummm, de espontânea vontade? Sem você perguntar nada? 

- Isa, ela se abriu comigo.  

- Nossa Flávia, já assim, não deu nem tempo! Dois dentro, dois fora. 

- O mente suja! Se abriu comigo, não se abriu pra mim. Só pensa em sex*. 

- Agora? Quero! 

- Aí Isabelle. Dirige, dirige! 

- Tá, sem zueirinha agora, se abriu como?  

- Cara, falou que estava a fim de mim, que se apaixonou pelo cuidado que eu tinha com ela. Falou que terminou com o Gabriel. Que o que ela sentia por mim era independente de qualquer classificação, ela tava gostando de mim. 

- Caraca, assim na lata? 

- Não na lata, ela foi se soltando, ela tinha ficado de reservar os quartos e eu de cuidar da viatura. Chegando lá acredita…

- Só tinha um quarto? - riu - você acha que foi coincidência? Ah Flávia, me poupe. É o golpe mais manjado 

- Eu caí, ficamos no mesmo quarto. Na primeira  noite pedimos uma pizza, ficamos conversando, ela colocou um pijaminja, delicado, não sexual, mas delicado, lindo. 

- Tava com tudo planejado! Eu falo que as quietas são as piores e ninguém acredita! 

- Nem posso falar o contrário, ela programou tudo. Aí ontem, segundo dia, achei um barzinho na cidade e convidei ela pra ir. 

- Você, tomando atitude, tô surpresa. 

- Eu tenho atitude Isa. 

- Não, você tem charme, olhar, sedução. Atitude você deixa pra outra. Tá, aí foram no barzinho? E aí cara, beijou? Transou?

- Não, Isa. Eu namoro cara, não é correto. 

- Aí Flávia. A Bruna caga pra você, e você ainda vem com fidelidade. 


- O correto é o correto, mesmo que ninguém faça. E outra, não vou usar a Bia pra fazer ciúmes, nada disso. Se um dia eu tiver algo com a Beatriz, é pra ser correto, começar certo. 

- Tá, eu falo assim, mas você está certíssima. É isso que faz você, são suas características. Tá e  a Bia? Como ficou com tudo isso? 

- Ah, eu abri o jogo, bem na real. Falei que hoje eu tenho um relacionamento, que não é honesto com a Bruna eu trair, nem começar algo com a Bia ainda comprometida. Falei que nesse momento eu preciso de um tempo pra pensar e me acertar, não falei nem que sim e nem que não. Falei que ela não precisa me esperar, que isso seria injusto com ela. 

- Mas ela vai te esperar, não a vida toda, claro, mas um tempinho. Eu até saiu de perto quando ela te entregou o café, achei fofo. Acho que eu no seu lugar, não seria tão forte, teria metido um beijão de agradecimento. 

- A Bia é linda, delicada, fofa, inteligente… 

- Mas você é trouxa, anel de coco estragado e gosta da sua namorada que te despreza. 

- Não é isso. Eu e a Bruna precisamos conversar e sermos honestas uma com a outra. 

- Sabe, como você fala parece que você está com a Bruna a 10 anos. Você conhece ela a pouco tempo. Você já namorou longa data, estava pra casar, neste momento sem ser casada é viúva, passou por um luto do caralh*. Será que você não tem medo de soltar a Bruna. Quem não garante que ela só foi a porta de entrada para drogas melhores? Sei lá, a Bruna foi só a primeira que você conseguiu se soltar? Foi quem te ajudou a sair do luto e agora você tá livre? Não sei, pensa direitinho nisso, sua terapeuta pode te ajudar nisso - ficamos alguns segundos em silêncio e a Isa continuou a falar - Flavinha, falando nisso, você me cantou a bola da tal Mayra, a ex da Bruna né?! Estudei algumas coisas. 

- Cara, achou algo? Eu acabei dando uma pesquisada, o foda é que muita coisa foi em off. Ela vai pra Londres mensalmente, às vezes semanalmente. É estranho até pra uma empresa pagar por isso. Ela bate lá e volta, nem se hospeda. Não só Londres, já fez isso pros Estados Unidos e consegui levantar que ano passado, de tempos em tempos ela fazia isso pra Portugal também. Isso por aí só, já é suspeito, são rotas de tráfico de pessoas. 

- Exatamente, alguma coisa  é, o que, não sabemos. 

- Então, ela tem carro caro, de última, que não está declarado no imposto de renda dela.. Está sempre bem vestida, enche a Bruna de presentes caros. Ou ela é herdeira ou não condiz com o salário dela. 

- É aí que acho que vai estar o pulo do gato, rastreio bancário. 

- Pode ser que nada disso esteja no nome dela, nada passe por ela. Só por laranjas. 

- Se for por laranja, já entra em formação de quadrilha. 

- Te contei daquele show que o padrinho da Bruna deu né?! Que eu iria destruir eles, que a Bruna era culpada por me colocar na vida deles. Mas pra mim foi ali que eu confirmei que alguma coisa está acontecendo. Não tenho provas nem nomes ainda, mas alguma coisa tá. Me lembro da Bruna uma vez me falar que a Mayra era super simples, quando começou a trabalhar no jornal. 

- Já temos um marcador temporal para cortar. Depois que você voltar, quero sentar com você em uma conversa sigilosa para traçarmos uma linha investigativa, eu também acho que tem coisa. Meu, a gente vai entrar na favela mesmo? Nada contra, mas a noite, você desarmada, duas policiais civil. Vai dar merd*. 

- Não entra na comunidade em si, só na beirola, pega a segunda direita. Ali perto do mercado, já é a casa do Sr. Luiz. 

- Cara, você trouxe a Bruna aqui? 

- Aqui, na beirola não. Levei ela lá dentro mesmo, na casa da minha tia, acho que foi um dos maiores, ou o único choque de realidade dela. Foi foda. Minha tia serviu um café pra ela no copo de molho de tomate. 

- Hahahahha, juro que eu queria ter visto a cena. Normal né? Tipo quem não cresceu com um copinho de molho de tomate, um pote de qualquer coisa sendo subutilizado. Essas coisas que todo pobre faz. 

- Exatamente, todo pobre. Não ela. Ali, oh, terceira casa, onde está aquele celtinha na frente. 

- Vamos entrar? 

- Não faço questão, vou ligar pro pai da Fabi. Encosta aí - dei uma olhada rápida na rua, fazia um tempinho que eu não passava aqui. A Fabi morava na segunda casa de um corredorzinho, passei tanto tempo nesse corredorzinho que só de olhar de frente me deu um aperto no peito, enorme. Sentei em tijolo, tomando um café, mil vezes. Eu era bem recebida, bem aceita aqui quando eu namorava a Fabi, antes do acidente, antes de tudo. Aqui era mais minha casa que a minha casa, ficava horas aqui conversando com o Sr. Luiz, horas namorando com a Fabíola. Eu me sentia super bem aqui, era um lugar seguro. 

Não toquei a campainha, liguei para o sr luiz. Ele atendeu rápido e só soltou um já vou. Dois a três minutos depois apareceu no corredor a Rogéria, prima da Fabíola, a mesma que estava  no hospital hoje mais cedo, acompanhando a Dona Arminda, mãe da Fabi. Quando eu observei ela vindo pelo corredor, pela expressão dela eu sabia que não seria uma conversa calma, nem suave. Ela abriu o portão rangente, e acessou a calçada, onde eu estava. 

- Oi Rogéria, boa noite - tentei iniciar com educação. 

- Aqui tá os documentos - Falou sem responder o boa noite, bem ríspida - comprovante de residência, Rg e cpf dela, também está a funcional dela. A roupa pra funerária trocar ela.

- Tá bom, acho que isso vai ser o suficiente. Vou ir agora lá na sé registrar e dou um retorno pra vocês - eu queria sair rápido, antes dela começar a falar. 

- Flávia, espero que saiba que você não é bem vinda aqui ou no enterro - começou a falar com uma expressão mega fechada, voz grossa, bruta - Minha tia está desmontada, precisou de medicação para dormir. Você causou isso a Fabiola, sua ajuda é bem vinda, mas sua presença nem um pouco. Espero não te ver no velório amanhã ou eu pessoalmente vou te tirar de lá. 

- Rogéria eu vou ir no velório, então já se prepare para brigar comigo. Eu vou, vou velar minha noiva, vou rezar por ela e vou enterrá-la. 

- Mas não vai mesmo - falou se aproximando mais de mim, me encarando.

- Já prepara sua tia, eu vou estar lá amanhã - falei na frente dela, séria, bruta, pronta pra porr*da se ela quisesse. Minha postura deve ter feito ela recuar alguns centímetros, e recobrir a consciência, afinal sou bem mais alta e com mais preparo e experiência em briga de rua. 

- Você só entra lá, morta - reforçou enquanto eu ia entrando no carro. A Isa ficou o tempo todo só acompanhando o bate boca, mas tenho certeza que se saíssemos no braço, a Isa entrava junto, ela é maluca mesmo. 

- Sabe que isso é uma ameaça né?! E que você me ameaçou na frente de uma delegada? - A rogéria ficou branca, mudou a expressão na hora - Reza pra não acontecer nada comigo de hoje pra amanhã, só reza. Partiu Isa, senta o pé! - A Isabelle saiu dirigindo, sem nem saber pra onde ela ia, mas saiu em frente, eu percebi que ela segurava a risada enquanto eu estava segurando o ódio. 

- Já posso rir? Pra onde eu vou?

- Vira a esquerda, vai pegar a principal já. Que mulher insuportável. Ahhhhhhhh - esbravejei no carro. 

- Quem era a meio metro, mal encarada? Tem minha moral, encarou você. 

- É a Rogéria, prima da Fabi. Nunca nos demos bem, mas ela só está colocando a raiva dela pra fora e tudo que provavelmente ouviu nos últimos anos. Ela é do time que a culpa da situação da Fabi é minha, também sou culpada pela fome do mundo. Só quero que isso acabe, estou tão exausta. Coloca aí no GPS pra irmos no serviço funerário da praca da sé. 

- Flavinha, sabe que o que aconteceu com a Fabi foi em operação né? Que você não tem culpa disso. 

- Ai Isa, é foda. Eu to emocionalmente na merd*. Eu sei que o que aconteceu com a Fabi não é minha culpa, eu sei disso. Estou fazendo terapia pra me desapropriar disso, mas eu estava na operação, eu estava cansada, não protegi ela. Toda essa merd* foi em uma operação de tráfico de drogas, em um laboratório, o laboratório que a Alice produzia as coisas. Pensa como minha cabeça está. Como  não me sentir culpada por isso? Não tem um dia que eu não repasse toda aquela operação, todo o tiroteio. 

- Se você não estivesse na operação teria acontecido do mesmo jeito Flávia. 

- É foda, eu sei disso, mas oeu me sinto culpada. Eu me sinto mal por não ter casado com ela, se fossemos casadas eu não teria deixado ela três anos agonizando em coma vegetativo. Eu tinha desligado tudo. 

- Não sei qual sua religião, nem sei se você tem uma, mas será que não estava no caminho de vocês passar por isso. Ela ficar sim vegetando, você sim olhar ela nessa situação. Você ser viúva, perder ela. Será que não faz parte da história de vocês, da evolução de cada uma? Você ficar aí se culpando não te tira o aprendizado, a chance de viver depois dela ter partido? Não sou sua terapeuta e Deus me livre de ser, mas são coisinhas pra você pensar Flávia. Será que você é tão ruim assim mesmo? Quantas pessoas deixaram de se drogar com a morte da Alice e o laboratório que explodiu? Quantas pessoas você não resgatou de cativeiro, depois que concluirmos o caso de tráfico de orgãos, quantas pessoas deixarão de ser vítimas de sequestro ou de aliciamento? Levanta a cabeça caralh*! 

Eu não respondi a Isa, não consegui. Fui entrando dentro de mim, cada vez mais, até que me vi chorando no carro da Isabelle, indo registrar o óbito da Fabíola. Quando chegamos a praça da Sé, mais de meia hora depois, eu já tinha parado de chorar, mas o rosto estava inchado, olhos vermelhos. A exaustão física e mental já estava se somando a emocional. Estacionamos em uma ruela paralela ao serviço funerário, antes de descer do carro a Isa pegou o armamento dela, eu só peguei meus pedaços e minha alma em frangalhos. 

Ao chegarmos no serviço funerário municipal, que lugar pesado, o representante da funerária que a assistência social da PC indicou já estava lá, nos aguardando. Esticou a mão e começou com a palhaçada do “meus sentimentos”. Sempre que escuto isso minha vontade é falar você conhece o morto? Sabe alguma coisa? Então se fecha. Mas é claro que não fui grossa com o rapaz, que não tem nada a ver com a situação. A Isa ficou todo o tempo do lado de fora, me aguardando, armada, municiada e fazendo a proteção. Sentei em uma salinha, um micro escritório, entreguei o atestado de óbito, os documentos dela, os meus documentos como declarante. Que situação desconfortável. A mocinha tentando ser respeitosa, graciosa, mas até o cheiro do lugar estava me embrulhando o estômago. Fiquei ali naquela salinha, lendo e relendo os documentos da Fabíola, por mais de meia hora. Assina cópia de óbito, cópia de autorização ao sepultamento, cópia de material de funerária, contrato disso, contrato daquilo, contrato de quantos fios de cabelo serão armazenados na cápsula do tempo que será produzida pela equipe alfa do cemitério bravo. Na primeira oportunidade que me liberaram, eu saí quase que correndo para a calçada, vomitei, em jato, nem tinha nada no estômago, mas vomitei. 

- Toma água Flávia, tô - a Isa me esticou um copo. 

- Que merd*.

- Lava a mão, lava a boca. 

- Moça tem um banheiro aqui se a senhora quiser - o representante da funerária ofereceu, mas nem aceitei. Do copinho que a Isa me deu, lavei a boca, lavei as mãos e ainda passei um pouco no rosto.

- Terminou tudo moço? Já posso ir embora daqui. 

- Está quase, senhora, precisamos acertar algumas coisas ainda. Qual horário deseja iniciar o velório? 

- Cara nem sei, o que precisamos fazer agora? Que horas o corpo fica pronto?

- Eu vou acionar a equipe, por volta das 1 à 2 da manhã, vão chegar lá no hospital. Conseguimos deixar o corpo pronto e entregar no cemitério por volta das 11 horas. Penso que 4 horas de velório é o suficiente. Faz o  sepultamento às 16h. O que acha?

- Tá ótimo, quanto antes, antes - eu nem pensei, mas a Isa por sorte estava lá. 

- Vocês fazem uma imagem, alguma coisa pra ajudar a divulgar? Lá no cemitério tem que pagar mais alguma coisa?

- Posso fazer uma imagem sim, mando nesse numero da sra, dona  Flávia? 

- Pode ser sim. Quanto antes me mandar melhor, que já disparo. 

- Tá, então tá certo. O próximo passo das senhores será à 1 da manhã lá no hospital para o reconhecimento do corpo, quando a funerária for buscar  - me despedi do rapaz e eu, com a Isa, seguimos de volta para o carro. 

-  Três propostas pra você Flávia - a Isa começou a falar dentro do carro - primeira, vamos ali na lanchonete do Estadão, sentamos lá, comemos alguma coisa e depois vamos lá pra zona sul. Dois, vamos pra zona sul, e comemos algo lá, até dar o horário.  Opção três, vamos pra sua casa, você fica lá em posição fetal chorando, até dar o horário. Eu prefiro parar e comer alguma coisa. 

- Isa, sua delicadeza me impressiona. 

- Ah Flávia, eu era fofinha porque eu queria te dar uns pegas, agora que sou só sua amiga vou ser delicada porr* nenhuma. 

-  E assim que conhecemos as pessoas né dona Isabelle. Acredita que eu nunca comi lá?

- No Estadão? Porr* Flávia, vamos lá agora então - Já estavamos andando com o carro, ela só alinhou a direção - Vamos lá, você vai encher essa barriga ai, porque vomitou só bile. Depois vai se distrair e conhecer. Se a gente ficar lá até meia noite, dá o tempo certinho de não ficar perambulando. Chegar lá no hospital com a funerária. 

Seguimos rapidamente em direção à lanchonete, é um bar famoso e tradicional de São Paulo, perto do Anhangabaú, que funciona 24 horas por dia. Nos sentamos lá, pedi uma coxa creme, um lanche de pernil e um café. A Isa pediu uma coca e um lanche de pernil também, que é a especialidade da casa. Meu celular tocou, com a imagem da funerária, fazendo o convite ao sepultamento. 

- Cara, olha que coisa fúnebre. É um convite de venha enterrar seu amigo. 

- Flávia, por mais estranho que seja, acho que vai ser o jeito mais rápido de conseguir avisar a todos, familiares, amigos. Hoje em dia você dispara essa imagem e chega a todos os interessados. Mete no Face e no insta que vai atingir geral. 

- Concordo com você. É bizarro, mas é útil. Vou enviar ao Sr Luiz, pai da Fabi e deixar ele ciente, ele vai espalhar para o pessoal da família dela. Eu vou mandar aqui pro Cantão, ele dispara pro pessoal do DP e pro Moises, sabe da narcóticos? Ele foi o último delegado dela. O Alcino trabalhou com ela também. 

- Com quem o Alcino não trabalhou? O velho é um monumento da polícia civil de São Paulo. Vai avisar a Louis Lane? 

- Ai Isa nem sei cara. Ela não me mandou mais nada depois que eu não respondi ela. Sabe, se fosse o oposto eu teria largado tudo pra dar um apoio a ela, ligado, perguntado de tempos em tempos como estava. Ela simplesmente cagou pra mim, não é uma coisa do trabalho, do dia a dia. A Bruna sabe a importância da Fabíola pra mim, e se ela está me deixando assim sem assistência por ciúmes, é uma imaturidade absurda, uma infantilidade. 

- Flávia, sabe minha opinião sobre a Bruna. Acho que vale você mandar o comunicado. E vê a reação dela, vê como ela se apresenta. Acho que também vai ser um marcador pra você. A Bia tava fazendo cafezinho pra você e não te deixou desamparada nenhum segundo, só pra registrar. 

- Hahahaha, agora existe team Bia?

- Na verdade eu sou team Isa, mas como você já me deu tanto fora, vou torcer pra Bia. Pelo menos ela faz um bom café - demos risada, a Isa soube bem como me distrair, como desviar minha atenção tanto do falecimento da Fabíola como da ausência da Bruna. Aproveitei quando já estávamos saindo, 0h20 mais ou menos, e mandei o comunicado de falecimento para a Bru, mandei para a Bia também. A Beatriz respondeu na hora, perguntando se tinha dado tudo certo, como eu estava. A Bruna, nada, é tarde também. 

Chegamos ao Hospital de cuidados paliativos, na zona sul de são paulo, já passava da uma da manhã. A Isa é tão maluca como eu no volante, ela só não voou porque o carro não tinha asa, não sei como não batemos. Enquanto circundava o hospital, encontramos um carro funerário. Desci e me identifiquei com o funcionário, era ele mesmo, havia acabado de chegar também. Fomos juntos, nos três até a recepção do hospital e nos apresentamos na recepção, a mesma em que eu havia me apresentado mais cedo. Dessa vez esperei um pouquinho junto com a Isa, enquanto o moço da funerária falou que colocaria o carro já na saída certa. 

Fomos andando por um corredor do hospital, diferente e longe das áreas comuns, por um lugar mais separado. Imaginei que seria em direção ao necrotério. Eu mexo com corpos com uma certa frequência, mas corpos desconhecidos, vítimas, assassinatos, nunca havia passado pela situação de reconhecer um corpo familiar. Eu já estava me sentindo desconfortável, um calor excessivo no corpo, ao mesmo tempo que as mãos estavam frias. 

Paramos em frente a uma porta de correr, em uma área externa do hospital, afastado do prédio principal e com o carro da funerária já de frente, estacionado naquele espaço. 

O funcionário não foi rude, mas atendeu com bastante tecnicidade. Ela abriu a porta de correr, mostrando uma sala com três placas de pedra, mármore, sei lá, pedra. Na última parte havia um saco preto. Minhas pernas travaram, eu não conseguia me mexer. A Isa entendeu o que estava acontecendo e passou a mão na minha cintura, me ajudando a andar e a me manter em pé. Eu não queria ver, não queria chegar perto, que finitude temos, como somos pó. Com uma certa dificuldade cheguei em frente ao saco preto com o funcionário e a Isabelle. Em cima estava identificado e lido pelo rapaz: 

 

- Fabiola Pereira dos Santos. Confere? - Eu só sacodi o rosto confirmando, não tinha voz, não tive força para falar. O rapaz então do outro lado da pedra, começou a abrir o zíper do saco, mostrando o rosto pálido da Fabíola, branco, sem vida. Eu sem pensar e em automático apoiei sobre ela, beijando sua testa e confirmando com o sacudir da cabeça que sim, era a Fabi naquele saco frio. O rapaz então voltou a fechar o saco e a última coisa que ouvi foi: Flávia, Flávia e eu apaguei em um desmaio. Acho que sou fraca para fortes emoções. 


Fim do capítulo


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Comentários para 47 - Capitulo 47:
tainateixeira
tainateixeira

Em: 29/04/2024

Espero que no próximo capítulo a Flavia dê um pé na bunda da Bruna... Já não gostava dela, agora quero que ela vá pro infernooo.

Também sou #teamBia

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Mmila
Mmila

Em: 29/04/2024

Nossa, que situação triste.

Inevitável.

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