Capitulo 39
YANA KIMI
Despois do natal o meu encarregado da filial de Nova Iork solicitou a minha presença com urgência. Não queria passar o ano novo longe de Lívia então a convidei para ir comigo. Ela ficou super feliz, tudo era muito novo para a minha namorada. Lívia nunca tinha saído de Santa Cartarina, mal podia esperar para lhe mostrar novos lugares e culturas, principalmente a cidade de Manhattan, onde foi meu lar nos últimos dois anos.
Papai estava usando o jato da família, Diego teve que voltar para a Itália e os dois iriam passar uma temporada por lá. Então só nos restou encarar um voo de 16 horas até o aeroporto de La Guardia no Queens. Apesar da longa viagem, Lívia estava deslumbrada com o conforto da primeira classe, ela se surpreendia com tudo, desde o atendimento até as nossas acomodações. Ela parecia uma criança explorando um mundo novo. Comeu cada refeição que foi servida com um brilho nos olhos. Essa era minha garorta, tão pequena, mas com o apetite de 5 pedreiros.
- Amor, podemos assistir um filme? Estou ansiosa demais para conseguir dormir.
- Vem aqui, eu vou te ajudar a dormir. - Chamei Lili para deitar ao meu lado e coloquei uma comédia romantica no monitor a nossa frente.
- É tudo tão surreal, ainda não acredito que estamos indo para a nossa primeira viagem como namoradas. Vou conhecer a sua casa, andar por onde você andou durante esses anos. Estou tão empolgada. - Ela falava sem parar, mostrando que sua ansiedade estava em um nível fora do comum.
- Vou te levar para onde você quiser, meu amor.
- Podemos visitar o Central Park? Ouvi dizer que é muito bonito. - Lívia estava com a cabeça encostada no meu peito e me abraçava como um filhote de cachorrinho.
- Amanhã vou trabalhar durante o dia inteiro, mas prometo que depois irei te levar para conhecer vários lugares. - Passei meus braços ao redor de Lili senti o cheiro doce do seu shampoo.
Durante o filme, Lívia falou mais um pouco até que foi se acalmando. Depois de alguns minutos ela dormiu. Aproveitei para dormir também, estava cansada da rotina intensa de trabalho.
Quando chegamos no aeroporto, pegamos um taxi. Não tinhamos muitas malas, em parte porque eu tinha inúmeras roupas no meu apartamento e também porque queria levar Lívia para comprar algumas coisas.
- Qual o endereço? - A motorista perguntou.
- 1110, Park Ave (Upper East Side). Por favor. - Falei em um inglês fluente.
No caminho passamos pela Ponde Robert F. Kennedy, ela estava bem iluminada e revelava uma vista privilegiada da cidade de Manhattan. Lívia ficou me pergunntando sobre a cidade e os pontos turísticos. Depois de 20 minutos estavamos ennttrando no prédio residencial onde eu tinha um apartamento. A fachada era em pedra calcaria com designer de boutique, meu apartamento era no décimo quarto andar, um triplex com cobertura. O Porteiro nos ajudou com as malas e pegamos o elevador privado.
- Obrigada Oliver. - Agradeci o porteiro e lhe dei gorjeta.
Levei Lívia direto para o nosso quarto, estava muito tarde e estava louca para tomar um banho e dormir. Precisava acordar daqui a 4 horas para ir até a empresa.
- Lili, fica a vontade. Aqui tem todo tipo de roupa, se quiser algo quentinho para dormir. Mas não se preocupe, já liguei o aquecedor e tenho cobertores naquele compartimento. - Era comum para aquela época do ano que a temperatura estivesse baixa.
- Tudo bem amor, vá tomar banho logo. Vou mandar mensagem para a minha mãe avisando que chegamos bem, ela acorda cedo.
- Tá bom. - Dei um selinho em Lili e segui para a suíte.
Após o banho, coloquei um pijama e fui para a cozinha. Aproveitei que Lívia tinha ido fazer sua higiene para preparar um chocolate quente e pão esquentado na manteiga. Já tínhamos comido no aeroporto, mas a noite fria pedia um líquido quente. Quando voltei para o quarto, minha namorada estava em baixo das cobertas com apenas a cabeça para fora, ela segurava um livro nas mãos. Coloquei a bandeija com a nossa refeição em cima da cama.
- Vou aumentar a temperatura do aquecedor.
- Obrigada amor.
- Pega, toma um pouco desse chocolate. Vai lhe ajudar a se aquecer. - Entreguei a bebida para Lívia.
- Você pensa em tudo. - Ela sentou e começou a tomar o seu chocolate.
- Só quero cuidar de você. - Me sentei ao seu lado e peguei a minha xícara.
- Então, esse é o seu quarto? - Lívia perguntou.
- Sim. Aqui que passei a maioria das noite enquanto estive em Nova Iorque.
- A maioria? - Me perguntou com tom de ciúmes.
- Não é o que está pensando. Tinha vezes que ficava na empresa trabalhando a noite inteira.
- Estou brincando. Não me iludo achando que você não ficou com nínguem esse tempo todo.
- E você, ficou com alguém? - Perguntei curiosa.
- Um beijo ali outro aqui, nada demais. Apenas me descobrindo.
- Tudo bem, agora vamos parar de falar sobre isso. - Peguei as xícaras e coloquei ao lado da cama. - Venha, precisamos dormir.
- Ficou chateada? - Lívia deitou ao meu lado.
- Não fiquei, apenas com um pouco de ciúmes. Não quero imaginar que a minha mulher já esteve com outras pessoas.
- Você que perguntou.
- Eu sei, e me arrependo profundamente. - Falei em tom de brincadeira. - Agora, me abrace. Quero que você seja só minha. - Me aconcheguei nos braços de Lívia.
- Eu sou só sua meu amor. E você é minha em.
- Sim, eu sou sua.
- Boa noite Kimi.
- Boa noite Lili. - Lhe dei um beijo.
Quantas noites não imaginei como seria ter Lívia comigo naquele quarto. Agora que ela estava aqui, me sentia transbordando de felicidade. Amanhã iria resolver as coisas o mais rápido possível no trabalho, assim poderia aproveitar a viagem com Lívia.
LÍVIA DUARTE
Quando acordei, percebi que Kimi não estava do meu lado. Ela provavelmente já tinha saído para o trabalho, olhei no relógio e marcavam onze horas. Me sentei e alonguei meus braços, ainda não estava completamente acordada, precisava de alguns minutos para levantar da cama. Peguei um controle que estava no criado mudo e abri as cortinas que ficavam na lateral do quarto. Elas revelaram uma porta enorme de vidro, que dava acesso a uma pequena varanda. O quarto ela todo branco, com exceção da parece em que ficava a cama, ela era azul marinnho com detallhes em madeira. O teto era todo com acabamentos em gesso e no centro tinha uma luminária suspensa com revestimmento de prata. O piso de carvalho estava coberto por um carpete na cor creme. No canto oposto tinha uma poltrona e um pufh branco com almofadas em azul marinho. Era tudo tão clássico que me sentia em um museu, mas ao mesmo tempo tinha toques modernos e particular que só Kimi conseguiria trazer para este ambiente.
Levantei da cama e coloquei meu casaco. Fui até a varanda e apreciei a vista da cidade que já estava bem movimentada. A maioria das contruções eram prédios residenciais e não tinha muitas árvores naquela região, não tanto quanto em Florianópolis. Estava doida para explorar cada cantinho daquele distrito, pois a cidade era conhecida por seus pontos turísticos com o Central Park, O Empire States, Museus, lojas e mais lojas para fazer compras. Ainda não tinha caído a minha ficha que estava em Nova Iorque, para uma escritora como eu, tudo era fonte de conhemente e aguçava a minha curiosidade.
Apesar da empolgação, minha barriga começou a pedir por comida. Saí do quarto determinada a encontrar a cozinha. No trajeto passei pela sala e algumas portas que estavam fechadas. Cada compartimento me deixava de boca aberta, nem conseguia imaginar o quanto cada mobília ali podia custar um rim meu, ou talvez mais. Cheguei na cozinha e fui até a geladeira de duas portas, teria sorte se tivesse alguma coisa para beliscar, mas para a minha surpresa tinha sucos prontos, queijo, frutas, legumes, água e diversas embalagens de comidas prontas. Kimi realmente pensava em tudo. Peguei uma jarra com suco de laranja, queijo, requeijão e um pequeno cacho de uvas. Abri alguns armários e encontrei pão e uma série de alimentos não perecíveis. Tinha tudo que precisava. Fiz meu lanche no balcão de marmore e sentei em uma banqueta de madeira. Essa cozinha não era tão diferente da que tinha na casa de Kimi na nossa cidade, ela estava toda equipada com diversos eletro domésticos. Era cara de Kimi ter tantas coisas, e tinha certeza que ela usava tudo quando fazia suas receitas deliciosas. O diferencial dessa cozinha era a decoração, que seguia a mesma do quarto, muitos detalhes em gesso e madeira.
Quando terminei de comer, fui explorar a casa. Estava muito curiosa e Kimi não se importaria. Depois de dar uma olhada na sala de jantar e sala de visitas, subi as escadas e abri a primeira porta. Dei de cara com uma biblioteca bem organizada e arejada, um espaço que eu adoraria passar mais tempo caso a viagem não fosse tão curta. Peguei alguns livros da estante e percebi que a maioria eram sobre economia e administração. Também tinha uma área de política e história. Assim como romances e poesias. Nesse ambiente também tinha sofás e mesinhas. A iluminação vinha e uma janela de vidro.
Encontrei uma adega climatizada. Não era nada como as dispensas de vinho que eu já tinha visto. Sentei na poltrona e peguei o catálogo de vinhos que estava em cima da mesa. Facilmente ali tinha uma variedade de mais de trezentos tipos de vinhos. A minha frente tinha uma lareira elétrica que combinava perfeitamente com a decoração meio rústica. Era impossível não querer fuçar em cada canto daquela casa.
O apartamento tinha outras quatro suítes e um escritório, além de uma academia super completa. Mas tarde iria voltar ali para fazer meu treino diário.
Meus pensamentos foram interropidos pelo toque do meu telefone. Corri para o quarto e vi que era a kimi quem estava me ligando.
Lívia: Oi amor.
Kimi: Oi vida, só liguei para saber se está tudo bem. Já comeu alguma coisa?
Lívia: Está tudo bem e já comi.
Kimi: Você tem tudo que precisa, se não tiver posso passar no mercado.
Lívia: Não precisa amor, tenho tudo que preciso.
Kimi: Ah que bom. Já conheceu a casa?
Lívia: Só um pouquinho, ainda estou explorando. Conseguiu resolver os problemas aí na empresa?
Kimi: Quase todos.
Lívia: Que bom, amor.
Kimi: Fica a vontade. Logo estarei aí com você. Te amo.
Lívia: Também te amo. Estou te esperando. Tenha um ótimo dia de trabalho.
Kimi: Obrigada, princesa. Até logo.
Desliguei o celular enquanto sorria para o nada. Era sempre bom falar com Kimi, já estava com saudade e mal podia esperar para que ela estivesse ali comigo.
Passei o resto da tarde trabalhando na minha escrita. Tinha alguns projetos dar continuidade e não podia perder os prazos. Depois fiz um treino curto na academia, era bom liberar um pouco da ansiedade que estava sentindo. Tomei um longo banho e tratei de ir para a cozinha. Estava planejando cozinhar para Kimi. Era comum ela cozinhar para mim, mas eu também queria surpreendê-la.
Verifiquei se tinha todos os ingredientes e comecei a preparar o nosso jantar. Iria fazer Penne ao molho branco com frango e brócolis. Queria surpreender, então segui o passo a passo do vídeo no youtube. Também pesquisei sobre um vinho que combinasse com aquela refeição, o especialista sugeriu um vinho branco por conta do prato que era gorduroso. Fui até a adega sem ter a mínima noção de qual vinho escolher, fiquei um tempo lendo os rótulos. Decide que pegaria o que tivesse a melhor embalagem, porque esse era o meu grau de conhecimento. Então deixei na mesa o que tinha no rótulo o nome: Vinho Louis Jadot Meursault Branco 750ml. Peguei duas taças e me dediquei a terminar de fazer o molho para a massa. Estava dando o meu melhor, só esperava que Kimi gostasse da surpresa.
Ela chegou por volta das 19:hs. Lhe recebi com muitos beijos.
- Que gostoso, assim vou ficar mal acostumada. - Kimi deixou sua pasta no sofá e tirou o seu casaco. Ela estava linda em seu terninho preto.
- Venha, tenho uma surpresa. - Peguei na mão da minha namorada e a levei até a sala de jantar. Tinha acendido algumas velas e deixado a lâmpada com intensidade média.
- Nossa, você preparou tudo isso?
- Quero ter um momento romântico com você. - Disse enquanto puxava a cadeira para que ela senta-se. Depois sentei ao seu lado.
- Está tudo tão lindo, Lili. Estou surpresa. - Kimi segurou a minha mão e levou até os lábios depositando um beijo singelo.
- Espero que goste, juro que dei o meu melhor.
- Amor, tá tudo perfeito.
- Não diga isso antes de provar a comida. - Ela pegou uma porção generosa da massa com molho. Comeu e me olhou serrando os olhos, desconfiada.
- O que foi?
- Foi você mesma que fez?
- Juro de dedinho. - Falei enquanto beijava meus indicadores em formato de x.
- Tá maravilhoso, Lili. Tipo, muito bom mesmo. - E ela continuou a comer. Agradeci mentalmente a moça do youtube que me ensinou aquela receita.
- Quer um pouco de vinho?
- Sim sim, foi você quem escolheu?
- Claro meu amor, o moço do google me ajudou. Então se estiver errado, já sabe de quem é a culpa né. - Sua risada preencheu o ambiente. Coloquei um pouco do vinho Louis sei lá o quê para ela e um pouco para mim.
- Ah, muito atenciosa essa minha mulher.
- A sua disposição, meu amor. - Até que o vinho era gostoso. Agora se era o certo, quem saberia.
- Passei o dia pensando em você sabia? Estava preocupada que estivesse se sentindo sozinha ou que não soubesse onde encontrar as coisas que precisasse.
- Até que eu me virei bem. Seu apartamento é lindo.
- Que bom que gostou, podemos voltar mais vezes aqui.
- Eu iria adorar.
- Pensei em irmos ao Museu Salomon R. Guggenhei amanhã. Podemos ver as exposições e tomar café da manhã lá. Depois quero te levar na Quinta Avenida, podemos comprar algumas coisas. O que acha?
- Eu vou amar, estou louca para conhecer a cidade.
- Então combinado. Sei que três dias não é muito tempo, mas vamos aproveitar ao máximo.
- Sabe, estou adorando estar aqui com você. É nossa primeira viagem como namoradas e está sendo incrível.
- As vezes me pergunto se tudo isso é mesmo real. Porque namorar você superou todas as minhas espectativas, nunca estive tão feliz.
- Isso é bem real, meu amor. - Me aproximei de Kimi e sentei no seu colo. - Nós somos o encaixe perfeito. - Beijei seu rosto. - E nada vai me fazer ficar longe de você novamente. - Beijei sua boca. Era para ser apenas um selinho, mas o gosto de Kimi era tão bom que passei um bom tempo degustando dos seus lábios.
- Vamos subir? - Ela passou os braços ao redor da minha cintura.
- Vamos.
Kimi me levantou e saiu correndo até as escadas.
- Garota, você vai me derrubar! - Quase gritei.
- Prometo que não vou deixar você cair.
***
Na manhã seguinte, não demoramos a sair de casa. Kimi tinha alugado um carro, apesar de tudo ficar perto. Fomos direto para o Museu. Fiquei encantada com a estrutura em formato de espiral do lugar. Só tinha visto aquele prédio em alguns filmes, era louco como muitos lugares da cidade me fazia sentir como se estivesse em uma comédia romântica. Lá tinha todo tipo de arte, era um deleite para os olhos. Após explorar cada canto, tomamos café da manhã na cafeteria do próprio Museu, o que foi providencial, pois já estava desfalecendo de tanta fome.
A tal Quinta avenida ficava a apenas cinco minutos do museu. Paramos em algumas lojas da escolha de Kimi, Louis Vuitton, Burberry, Tiffany & Co, Gucci, Dolce & Gabanna's, Valentino, Rolex e Versace. Ficava chocado com o preços naquelas lojas, mas Kimi estava bem empolgada e pegava várias coisas para que eu experimentasse. Com o tanto de sacola que segurávamos, suspeitei que aquela mulher quisesse renovar todo o meu guarda-roupa.
- Amor, você não acha que já compramos coisas demais? - Perguntei.
- Não tem problema, podemos deixar algumas coisas no carro se estiver pesado para você.
- Não é isso, só não estou acostumada a ganhar tantos presentes.
- Você é minha mulher, quero que tenha tudo. - Kimi falava com tanta naturalidade que me deixava admirada.
- Obrigada amor. Mas de verdade, você já comprou perfume para o ano inteiro, nem sei onde vou usar tantar jóias. E sem contar as roupas e sapatos. Onde vamos enfiar tudo isso?
- Nossa é verdade, quase ia me esquecendo. Temos que comprar mais algumas malas.
- Não adianta falar, você não vai parar né.
- Não, então vamos continuar que daqui a pouco temos que almoçar. - Kimi pegou as sacolas da minha mão e beijou o meu rosto. Ela sabia desde sempre como me vencer.
O resto da tarde foi de muitas compras. Ainda conhecemos alguns restaurantes que ficavam ali perto. Kimi ia me falando sobre cada monumento ou prédio antigo, ela era como uma guia turística. Guardei cada momento daquele dia em minha mente, tinha certeza que essa seria a primeira viagem de muitas que faríamos juntas.
Para a minha surpresa, no final da tarde, Kimi me levou para patinar no Lasker Rink, lá tinha uma pista de gelo que ficava no Central Park. Por ser temporada de férias, o parque estava lotado de turistas. Minha namorada foi muito cuidadosa comigo, ela me ensinou o básico sobre patinação e não saiu do meu lado. Depois de algumas quedas, comecei a pegar o jeito.
- Olha amor, você viu? - Falei animada depois de conseguir patinar dois metros sem a sua ajuda.
- Vi, você foi incrível. - Ela se aproximou e segurou a minha mão.
- Vamos tirar algumas fotos? - Peguei meu celular e coomecei a registrar aquele momento. Tiramos fotos como casal e também pedi para Kimi tirar algumas fotos minhas. Fiz um esforço enorme para não cair naquele gelo. Mas foi em vão, levei umas duas quedas e dessa vez Kimi apenas continuou a registrar a minha desgraça.
Aproveitamos para ver o por-do-sol enquanto caminhávamos pelo parque de mãos dadas. Não conseguia descrever a alegria que estava sentindo, e não era apenas por todos os lugares incríveis em que visitamos e sim porque estava com a melhor companhia. Quando éramos apenas amigas, a companhia da Kimi já era maravilhosa. Tive medo que isso mudasse se as coisas ficassem mais sérias, mas a verdade é que essa intimidade só fez acrescentar mais sintonia a nossa relação. Era como se somente agora o nosso relacionamente estivesse completo.
- Um sorvete pelos seus pensamentos. - Kimi falou e me fez rir.
- Estou apenas agradecida por estar aqui com você. Fico pensando em tudo que já passamos juntas e como nada nunca fez tanto sentido na minha vida. Eu amo o que a gente tem agora. Amo ser sua namorada e amo que você seja a minha melhor amiga. - Kimi estava com um sorriso enorme, ela não falava nada, apenas sorria sem parar.
- O que foi?
- Você não sabe o quanto esperei para ouvir isso. Eu sei que posso ser muito exagerada, as vezes. Mas só consigo pensar que quero aproveitar cada segundo com você. Quero te proporcionar as melhores experiencias e quero ser a melhor pessoa para você.
- Você sempre foi a melhor Kimi.
- Não, você é a minha melhor. - Lhe abracei com muita vontade. Queria sentir cada parte do seu corpo no meu. - Te amo Kimi.
- Te amo, Lili.
- Agora quero o meu sorvete.
- Tudo que você quiser, meu dragãozinho.
****
CRIS (Pov especial)
Depois da noite de natal, passei o resto da semana jogada na cama assistindo séries que já estavam na minha lista a muito tempo. Particulamente não gostava de sair para baladas ou bares no final de ano, pois tudo dobrava de preço, os ubers não aceitavam as corridas e era um alvoroço de gente que me dava até nauseas. Preferia ficar na minha casinha, cuidando da minha beleza. E era exatamente o que estava fazendo quando recebi uma mensagem de Ana.
ANA
Oi Cris, o que vai fazer hoje na virada do ano? 18:12.
CRIS
Só vou ficar em casa, assitir alguma coisa e comer um lanche. Porquê? 18:12
ANA
Posso me juntar a você? 18:13.
Ela não tinha nenhuma festa pra ir ou sei lá, amigos para vistar? Talvez estivesse se sentindo sozinha já que era nova na cidade e nossas amigas estavam viajando.
CRIS
Tudo bem, mas você pode passar no mercado pra mim? Preciso de algumas coisas. 18:15.
ANA
Sem problemas, princesa. Me manda o que vai querer. Daqui a pouco chego aí. 18:15.
Eu percebia que Ana estava se esforçando para passar um tempo comigo. Gostei bastante do nosso passeio na outra noite. Estava de verdade, tentando me permitir. Só que ainda me sentia insegura. O passado não some assim do nada, entendo que foi um engano, mas me deixava receosa o fato dela ter ficado com raiva e no outro dia ter aparecido com alguém só para me machucar. Ela nem ao menos quis conversar comigo para dizer o que estava acontecendo, fiquei no escuro achando que tudo o que tivemos não passou de uma brincadeira para ela. Isso estava corroendo os meus pensamentos nos últimos dias. Era uma luta entre querer e ter medo, e isso fazia com que eu me isolasse um pouco.
Dei uma arrumada no meu quarto e tomei um banho. Ana avisou que já estava chegando, um nervosismo começou a tomar conta de mim. Sério, nem eu mesma conseguia me entender. Uma hora estava querendo ficar longe dela e na outra ficava nervosa só em saber que a veria. O certo era que estava pensando demais.
- Boa noite, princesa. - Ana me abraçou e meu deu um selinho. Ela colocou as coisas que comprou no balcão da cozinha.
- Boa noite Ana. Obrigada pelas compras, quer comer alguma coisa?
- Agora não, podemos começar a assistir a série e depois fazemos uma pausa para comer alguma coisa. - Ela sugeriu.
- Tudo bem, vem. Vamos assistir no meu quarto.
Ana me seguiu e nos acomodamos na cama. Como o quarto estava frio por conta do ar-condicionado, ela embrulhou os pés e sentou apoiando seu tronco na cabeceira da cama. Sentei ao seu lado.
- Você quer escolher a série? - Perguntei pegando o controle remoto.
- A casa é sua, fique a vontade para colocar o que quiser. - Ela sorriu, era fofo a maneira como ela sempre queria me agradar. Me senti um pouco mal por pensar demais. Talvez eu só precisava me abrir um pouco.
- Você que sabe, não vale mudar de idéia depois. - Falei em um tom de brincadeira.
- Confio no seu gosto.
Coloquei uma série de ação, que estava na minha lista da Netflix. No começo ficamos um pouco deslocadas, mas com o tempo fomos nos aproximando e agora eu estava com a cabeça encostada no ombro de Ana enquando uma das minhas pernas estava por cima das suas. Era até bom tê-la aqui comigo. Quando ela estava longe, minha ansiedade fazia com que meus sentimentos se misturassem, mas quando ela estava perto sentia uma tranquilidade e um sentimento de conforto.
- Quando começou a gostar de séries de ação? Lembro que suas favoritas eram as de terror. - Ana comentou.
- Não faz muito tempo. As de terror ainda são as minhas favoritas, mas não consigo assisti-las sozinha. - Confessei.
- Estou aqui agora, vou te proteger. - Ela me olhava com intensidade.
- Porque eu tenho a impressão que você não está apenas falando da série?
- Porque não estou. - Ela se aproximou e roçou seu lábios nos meus. - Quero te proteger de qualquer coisa. - Ana me beijou, seus lábios estavam com gosto de menta. Puxei sua nuca para aprofundar mais o beijo, sentia sua língua brincando com a minha e aquilo estava começando a me enlouquecer. Como ela conseguia me acender tão facilmente? Puxei a sua cintura colando nossos corpos, como ela estava cheirosa. O beijo foi ficando cada vez mais intenso, até que a televisão fez um barulho muito alto me assutando, era uma cena de tiroteio.
- Você quer continuar? - Ana perguntou.
- Quero.
- Só preciso ir ao banheiro rapidinho, mas já volto.
- Tudo bem, te espero. - Ela foi até o banheiro e eu resolvi desligar a tv e me olhar no espelho. Será que estava apresentável? Ainda bem que tinha me depilado mais cedo. Meu deus, o que eu estava pensando? Talvez fosse o nervosismo.
Escutei o celular de Ana vibrar e a tela acender, peguei ele para colocar no criado mudo e foi quando, sem querer, vi uma mensagem na tela de bloqueio.
DAKOTA
Sentindo a sua falta baby, quando vai voltar? 20:47.
Serrei meus punhos de tanta raiva, agora entendia porque eu estava tão descconfiada. Ana continua a mesma imbecil de sempre.
- Voltei. - Ana entrou no quarto. Só conseguia lhe encarar com raiva. - Aconteceu alguma coisa, Cris?
- Acho melhor você ir embora. - Falei escondendo minha frustração.
- Você mudou de ideia?
- Eu nem devia ter deixado você vir aqui para início de conversa. - Estava no meu limite e sabia que iria explodir.
- Cris, me fala o que eu fiz de errado? - Ana tentou tocar em mim, mas me afastei.
- Só sai daqui!
- Não, estou cansada de tentar sozinha e você só me afastar.
- Eu tô te afastando? - Gritei. - Talvez seja porque você continua fazendo besteiras.
- Como pode dizer isso? Tudo que fiz foi tentar te agradar, mas você não se abre comigo. Se vai ficar agindo desse jeito, é melhor eu ir embora mesmo. - Ana pegou suas coisas e caminhou para a porta. Ela conseguia me tirar do sério.
- Vai, aproveita e liga para a sua namorada. Ela está esperando. - Falei debochada.
Ana se virou para mim surpresa, rapidamente olhou para o seu celular e leu a mensagem da tal Dakota. E de repente começou a rir, ela queria levar umas tapas, só podia.
- Do que você tá rindo em, acha engraçado enganar os outros?
Ela se aproximou de mim e me puxou contra si. Quanta ausadia, estava a ponto dar uma tapa na sua cara.
- Você está morrendo de ciúmes.
- Me solta, deixa de ser convencida. Eu jamais teria ciúmes de você. - Tentei me soltar, mas ela não permitiu.
- Finge que não se importa, fica dias sem se comunicar comigo, mas no fim você se importa não é mesmo?
- Deixa de ser louca garota. Vai atrás da Dakota que ela, ao contrário de mim, está morrendo de saudades. - Provoquei e me soltei dos seus braços.
- Não tô nem aí para a Dakota, ela não significa nada pra mim.
- Não é o que parece.
- Você realmente espera o pior de mim, né. - Quase vacilei diante do seu olhar de mágoa. - Tudo bem, não tem porque ficar aqui se você vai ser a primeira a me acusar.
- Espera Ana. - Lhe impedi de sair. - Você disse que quando tivesse algum problema iria ficar e conversar. Você prometeu.
- Eu não te entendo. Não me peça para cumprir uma promessa quando você está fazendo de tudo para me manter longe. - Ela estava decidida a sair dali. Pela primeira vez tive medo de ela sair da minha vida e nunca mais voltar.
- Você tem razão, eu estou com ciúmes. Estou louca de ciúmes, mas também estou com medo de ser enganada. - Soltei, finalmente botando para fora o que estava remoendo nos últimos dias.
- Escuta, a Dakota era uma garota da minha turma do mestrado. Nós só ficamos uma vez, mas ela continua a me procurar, mesmo que eu já tenha deixado bem claro que não quero nada com ela. Você está tão cega de medo que não consegue perceber o quanto estou apaixonada por você e arruma qualquer motivo para colocar um freio nas suas vontades. Porque eu sei que quer ficar comigo também, mas não tá se permitindo com essa história de ir devagar, estamos nos afastando. Eu nem sei mais o que posso ou não fazer com você, porque tudo parece ser demais.
Ana despejou em mim toda a sua frustração. Conseguia sentir a dor nas suas palavras, não imaginava que estava lhe causando tanto sofrimento. Eu estava errada aqui, lhe tratando como se ainda fossemos duas adolescentes. Pensando apenas nos meus sentimentos sem validar os dela.
Me aproximei dela e por incrível que pareça ela não se afastou. Toquei na sua mão e disse:
- Me desculpa, estou sendo uma idiota. Não quero que se afaste de mim. Desculpa ter sido egoísta e pensado só nos meus sentimentos. Eu também estou apaionada por você, só não sei como demostrar.
- Então me deixa te ajudar. - Ela tocou no meu rosto. Mesmo depois de tê-la machucado, ela ainda estava ali tentando me ajudar. Apenas confirmei balançando levemente a cabeça.
Ana me deitou com cuidado na cama e me beijou, dava para sentir todo seu carinho e delicadeza com aquele gesto. E foi naquele momento que me entreguei totalmente para ela, também já estava cansada de resistir, só queria que ela me ajudasse, que me amasse.
- Me ame, por favor. - Foi o que consegui dizer.
Ana distribuiu beijos pelo meu pescoço e clavícula. Ela abriu lentamente os botões da minha camisa. Voltou a me beijar, coloquei minhas mãos em seus cabelos e segurei firme, deixando o nosso contato ainda mais íntimo. Logo estavamos completamente nuas, tanto de corpo quanto de alma. Nos emaranhávamos em um mar de prazer e luxuria. Queria sentí-la em todos os lugares e de todas as formas, estava ansiando por aquele momento e percebi o quanto estava com saudade. Fomos separadas pelas tiranias da vida, mas agora iríamos construir algo mais forte e inquebrável.
Aquele momento foi de pura libertação, deixei com que meus medos fossem todos destruídos pelos toques de Ana, ela sabia como me ajudar e eu estava disposta a lhe entregar tudo de mim. Ao fundo consegui ouvir o barulho do fogos que sinalizavam o começo de um novo ano, mas para mim era o recomeço da nossa história de amor.
YANA KIMI
Na noite de ano novo, levei Kimi para o terraço do apartamento. Preparei alguns petiscos e espalhei cobertores e almofadas pelo chão. Ela estava linda com sua touca e cachecol, tirei as suas luvas e esquentei as suas mãos contra as minhas. Ela era tão fofa, não conseguia deixar de ficar nervosa com o que estava prestes a fazer. Quando o relógio indicou meia noite, assitimos os fogos iluminarem o céu de Manhattan, Lívia estava encantada e sorria como uma criança. Era possível amar alguém daquela forma? Sentia que meu coração iria explodir a qualquer momento, estava pronta para dar aquele passo, tinha completa convicção de que era ao lado daquela mulher que queria passar o resto dos meus dias. Foi quando me ajoelhei na sua frente, ela estava sentada e me olhou surpresa.
- O que está fazendo amor?
- Lívia, tudo em você me fascina. Desde que te vi pela primeira vez, me apaixonei. A vida nos ensinou tudo sobre amizade, distância, superação, perdão e agora está nos ensinando sobre o amor. Desejo do fundo da minha alma viver cada etapa desta vida com você, quero ter experiencias incríveis, assim com essa viagem, ao seu lado. Quero cuidar e prover tudo o que for necessário para você e para a nossa família. Não sei se estou sendo rápida demais, mas para mim não faz sentido viver um minuto a mais sem poder chamá-la de minha noiva. - Peguei o anel de brilhante que estava em meu bolso. - Você aceita se casar comigo?
Lívia estava com os olhos cheios de lágrimas, ela segurou em meu rosto e disse.
- Não é rápido demais, eu aceito me casar com você. - Ela me beijou, lhe levantei no ar e rodei com ela. Estava explodindo de felicidade. Coloquei o anel em seu dedo e beijei a sua mão, ela colocou o outro anel no meu dedo e beijou. - Te amo tanto. Sempre vou escolher você.
- Te amo, meu amor. Prometo que serei a sua melhor escolha.
Fim do capítulo
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