Capitulo 19

Resolução do caso

Depois que Lisa me contou suas suspeitas sobre Calton Murphy pedi que ela recolhesse toda e qualquer informação que tinha do caso e levasse a sala de reuniões, Gonzáles e Enzi nos seguiram após solicitar que levassem o suspeito para a cela novamente. Nos reunimos em frente ao quadro de suspeitos e pedi que Lisa nos mostrasse o material que havia recolhido.

_ Então... Eu não achei que minhas anotações iriam servir então se ficar confuso eu explico. –Disse ela enquanto organizava um organograma no quadro.

_ Não se preocupe apenas continue Lisa. – A incentivei.

.Eu não sei como explicar minhas intenções de investigar a vida dela, mas depois que vi o corpo da vítima eu precisei seguir meus instintos e comecei a pesquisar. – Disse Lisa colocando algumas fotos no organograma.

_ O que havia de tão diferente no corpo da vítima? – Perguntou Enzi verbalizando nossa dúvida.

_ Não no corpo exatamente, mas sim o que tinha com ela depois de morta, a vítima carregava a mesma pulseira que o nosso suspeito tinha no pulso hoje, nada em minha investigação tinha sentido, até agora.

_ Você quer me dizer que ele conhecia a vítima? Um ex-namorado talvez? – Falou Gonzáles confuso.

_ Não, mas ele conhece alguém em comum com a vítima e agora sabemos quem é. – Afirmei olhando para todas as fotos e anotações de Lisa surpresa, como eu não tinha pensado nisso antes?

Demorou para conseguir as ordens de prisão, primeiro tivemos que pressionar o suspeito e isso eu deixei a cargo de Enzi que não levou nem meia hora para fazer o rapaz confirma que Eleanor Paige o contratara para fazer o serviço e afirmar que não estavam sozinhos apesar de que seu silêncio sobre quem era a outra pessoa só confirmou as suspeitas, às 16h chegava ao DP algemada e para minha surpresa sem nenhuma lágrima em seus olhos a jovem de 23 anos para ser interrogada oficialmente juntamente de seu advogado, levei minhas pastas e o aparelho usado para gravações oficiais para sala sendo seguida por Gonzáles, Lisa estava observando do outro lado do espelho e Enzi tomava o depoimento de Eleanor Paige em outra sala para que pudéssemos dar continuidade a todo o processo e finalizar o caso de uma vez.

_Depoimento oficial, sexta-feira dia 18 de agosto de 2017 caso 478 Jenifer London. Por favor, diga seu nome e sua idade para que o aparelho capture o som corretamente. – Disse de forma distante e fria.

_ Sarah Turner, 23 anos. – Disse a menina com uma frieza fora do normal.

_ Ok, Sarah você é acusada de ser cúmplice no assassinato de Jenifer London está correto? - Disse seguindo o protocolo de interrogatório.

_ Está! – Falou ela simplesmente.

_O que tem a dizer sobre isso? Lembrando que esse será seu único momento em que poderá nos contar sua versão da história antes do julgamento.

_ Sarah você não precisa contar nada sem que esteja em juízo. - Falou o advogado enfaticamente.

Alguns minutos se passaram antes que eu desse continuidade ao interrogatório.

_Ok, quando conheceu Calton Murphy e qual sua relação com ele?

_ Nos conhecemos há alguns anos e ele é meu ex-namorado. – Disse sem emoção.

_ E por que terminaram?

_ Ele era violento e muito viciado, depois que ele foi preso foi um alivio!

_E como conheceu Eleanor Paige?

_Minha cliente não precisa responder ela...

_ Ela é cúmplice de assassinato e se você continuar atrapalhando o interrogatório eu terei que retirá-lo da sala fui claro? – Disse Gonzáles sério fazendo o advogado se calar. – Responda à pergunta Sarah, por favor. – Continuou ele firme.

_ Eu vi Eleanor na faculdade um dia, ela estava falando com Jenifer de forma hostil, segurava o braço dela e parecia irada, eu não sabia sobre o que era, mas eu nunca acreditei naquela sonsa e sabia que ela mentia para o Kevin, então depois daquele dia eu segui a Jenifer e a vi entrando no carro do Reitor, eu os segui e tirei fotos deles entrando em um motel. Fui até a casa dele e mostrei para Eleanor e fizemos um acordo. – Disse ela como se contasse sobre um filme ou série.

_Que tipo de acordo? – Incentivei a continuar.

_Ela arrumaria uma forma de tirar a Jenifer da jogada e eu não acabaria com o emprego do Reitor, mas aquela mulher o que tem de arrogante tem de burra e não conseguiu ninguém para fazer o serviço... Nesse meio tempo Kevin descobriu tudo e trancou a faculdade, Jenifer ameaçou sair da faculdade e eu só conseguia sentir ódio, Kevin me procurava para saber daquela vadia enquanto ela mal lembrava que ele existia, ele viu o que ela fazia, mas não queria acreditar e foi aí que percebi que enquanto aquela vaca estivesse ao meu redor Kevin nunca olharia para mim. - Disse ela com o olhar vidrado e sem expressão, era como se a menina estivesse em outro lugar narrando uma história que não era a dela.

_ E o que você fez Sarah? – Disse em um tom baixo para não a tirar de seu transe.

_Eu? Nada... Calton fez, ele me procurou depois que saiu da cadeia, queria que reatássemos e claro que isso nunca iria acontecer, mas eu vi uma oportunidade... Poderia me livrar de todos de uma vez... – Disse sorrindo com o olhar distante.

_ E como Calton a matou? – Falou Gonzáles sentindo que eu havia travado com tamanha frieza e loucura de uma jovem tão nova, o advogado tentou argumentar, mas a menina parecia em um lugar apenas dela e ignorando o que seu advogado dizia continuou seu relato.

_Eu estava escondida no barco, a vadia estava de costas quando ele a segurou por traz e a prendeu na cadeira, Eleanor chegou depois, falou um monte de insultos deu alguns tapas desnecessários e a ameaçou dizendo que se a visse de novo perto do seu marido ela mesma a mataria... Achei patético, como assim ela ia deixar a vaca ir embora assim? Quando ela foi embora eu voltei a tempo de impedir que Calton a soltasse, ela não ia ficar impune assim, Kevin ia ser meu, mas ela não poderia existir sabe? Ela iria sumir e seria naquela noite... Entreguei uns saquinhos de cocaína para o imbecil do Calton e ele logo ficou louco, a vadia só chorava e pedia para ir embora... Ficava me suplicando e perguntando por que eu estava fazendo aquilo, mas eu não estava fazendo nada... Ela me irritava e então pedi que Calton batesse nela para que calasse a boca, mas não adiantou então mandei Calton a fazer ficar quieta e ele começou sufocá-la, vocês tinham que ver ela se debatendo, tão vulnerável... O idiota queria parar, mas mostrei o saquinho cheio do que ele queria e só entregaria depois que ele fizesse o que eu queria e ele fez... Eu não precisava mais ouvir a voz dela... Kevin ia ser meu e se eu tivesse sorte Calton teria uma overdose e morreria de vez. – Disse ela alterando suas reações entre risadas e olhares perdidos, em momento algum nos encarou ou se mostrou arrependida, parecia até orgulhosa.

_Se Kevin é tão importante para você, por que insinuou que o motivo da morte de Jenifer fora o término do namoro? - Perguntei intrigada e tentando não absorver tudo que a menina havia relatado com tamanha precisão e simplicidade.

Ela mudou sua postura de torpor para se aprumar na cadeira e me olhar nos olhos pela primeira vez, seu olhar era vazio e calculista, de longe parecia ter a idade que tinha, tinha um brilho de insanidade e um tanto cruel, ela sorriu sem mostrar os dentes e disse com a voz calma e solene como se contasse algo óbvio.

_Porque foi por causa dele que ela morreu afinal, você precisava de um motivo e eu que você acreditasse em suicídio, então um término de namoro com um cara instável poderia ser um bom argumento, mas você não caiu não é? O que eu não entendo é como me ligou ao assassinato, tenho certeza que não foi o Calton que contou?

_Infelizmente para você, quem faz as perguntas sou eu! – Disse lhe oferecendo o mesmo olhar frio o que fez seu sorriso prepotente murchar um pouco.

Com a confissão detalhada de Sarah minha investigação estava concluída e eu poderia respirar aliviada, o olhar perturbador de Sarah iria ficar comigo por muito tempo até eu conseguir esquecer, mas era algo que vinha com a profissão e o fato de impedir que outras meninas morressem por cruzar o caminho dela já me reconfortava. Me aproximei da minha mesa onde se encontravam Gonzáles, Enzi e Lisa em uma conversa acalorada.

_O que eu estou perdendo? - Disse me apoiando na mesa e cruzando os braços.

_Lisa ia contar como conseguiu chegar à conclusão que a vadia psicopata tinha dedo na história. – Disse Roberto empolgado.

_ Bom, foi como eu disse, eu fiquei cismada com a pulseira, aí depois eu vi o mesmo no pulso da Sarah no enterro de Jenifer e a chamei para conversar longe de todos, fiz algumas perguntas sobre a amizade delas e se ela e Kevin estavam tendo algo e ela reagiu de um jeito suspeito e foi embora, também tinha percebido que ela usava um tênis que poderia bater com o encontrado na cena do crime, mas até então era só especulações... Quando pulei no suspeito para prendê-lo eu vi que ele usava a mesma pulseira e isso me distraiu e tomei uma cotovelada. –Disse ela fazendo todos rirem. _ Quando voltamos eu fiz uma pequena pesquisa sobre a ficha criminal dele e havia vários delitos, mas uma coisa me chamou atenção, ele havia sido preso por agressão e a vítima era Sarah Turner.

_E por que não contou isso antes do interrogatório? –Perguntou Enzi verbalizando o que eu pensava.

_Eu queria ver se ele iria admitir ou confessar, quando ele não o fez eu contei e eu não tinha ordens para fazer as investigações então fiquei na dúvida se poderia contar antes e esperei até o último momento. – Disse Lisa dando de ombros.

_Bom, é claro que não poderia ter feito as investigações sem minha autorização e espero que isso não se repita... Porém fico feliz que tenha tido essa percepção e tenha seguido seus instintos, parabéns Lisa. – Disse sorrindo para a mulher a minha frente que sorria quase emocionada.

_Nossa com vocês duas eu nunca vou ser promovido, como vocês fazem isso de concluir as coisas juntando pequenas outras coisas, credo. - Disse Gonzáles fingindo irritação.

_Instinto eu acho- Dissemos Lisa e eu ao mesmo tempo dando de ombros da mesma forma o que fez todos rirem.

_Credo já começaram a falar juntas e agir igual, duas Rubí eu não aguento, fui pessoas não esqueçam no The rock as 20H amanhã, eu estou de folga então encontro vocês lá.

Disse Gonzáles se despedindo, Enzi precisou concluir seu relatório com o depoimento de Eleanor e restou apenas Lisa e eu, ela começou a arrumar suas coisas da mesa de meu antigo parceiro e lembrei que com a conclusão do caso seu "estágio" estava concluído e não seríamos mais parceiras e então tomei uma decisão que eu poderia me arrepender muito, mas me pareceu o certo.

_O que pensa que está fazendo? – Falei me aproximando da mesa dela.

_Arrumando minhas coisas, amanhã devo me apresentar para meu novo parceiro. – Disse ela sem me encarar, afinal a ideia era que os novatos fizessem rodízio com os detetives experientes, nosso chefe nos contou depois de semanas.

_Bom, eu duvido que alguém além de mim vá te aguentar então, por que não deixa suas coisas aí e poupa o sofrimento de outro detetive? – Disse cruzando meus braços e rindo.

_ Você está falando sério? Tipo isso foi um "eu aceito você como parceira"? – Falou ela me olhando com olhos arregalados.

_Bom foi o que eu disse, não foi? Vou avisar ao chefe que vou continuar contigo até o fim do...

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa Lisa gritou e me abraçou forte e não tive como não ri, eu teria que avisá-la que eu não era fã de abraços e que ela não poderia agir tão entusiasmada em um ambiente como aquele, depois que ela se acalmou, conversamos como seria daqui para frente e o que eu esperava dela como parceira caso ela fosse aprovada no exame, segui os conselhos e dicas da minha psicóloga e tentei abrir para a novata o que me incomodava em ter um parceiro e como eu precisava que as coisas funcionassem, Lisa me ouvia atentamente e no fundo eu sabia que ela queria anotar o que eu falava e a ideia quase me fez rir. Eu nunca iria verbalizar aquilo, mas eu estava feliz por tê-la como parceira, de alguma forma eu sabia que poderia confiar minha vida a ela e que seríamos as melhores detetives daquele departamento.

Fim do capítulo