Capitulo 35
YANA KIMI
Naquela manhã a casa de praia estava tranquila. Ainda era muito cedo, provavelmente eu era a única acordada. Decidi que faria um delicioso café da manhã para todos. Lívia tinha ficado na cama, dormindo como uma pedra. Certos hábitos nunca mudavam. Fui até a cozinha, mas para a minha surpresa, Cris estava lá.
- Bom dia Cris. - Ela me olhou e deu um meio sorriso. Não parecia nada bem. - Acordou cedo.
- Bom dia, na verdade mal dormi esta noite. - Ela estava com uma xícara com chá.
- Quer conversar sobre o que está te incomodando? Não sabia que gostava de tomar chá.
- Não é chá. Coloquei vodka na xícara, pois minha mãe não gosta que eu beba. - Era a cara de Cris fazer algo assim.
- Porque está bebendo tão cedo? - Perguntei me sentando ao seu lado.
- Só quero ficar tranquila.
- Aconteceu alguma coisa? A Karen te disse alguma coisa?
- Não. Mas quem se importa? Ela sempre age assim. Já devia ter me acostumado. - Cris estava muito séria, ela não fez gracinha como de costume.
- Porque não tenta falar com ela? Talvez vocês possam se acertar.
- Eu não quero me acertar com ela. Por mim, estaria bem longe dela. Só estou aqui por causa da minha mãe.
- Cris, eu vi vocês juntas. Dá pra ver que rolar uma química bem forte.
- Você está enganada Yana, a Ana só pensa nela mesma. Ela não é capaz de se apegar a ninguém. Eu também não. - Tinha muito rancor em sua voz.
- Se é assim, porque você está aqui tão inquieta e mal dormiu?
- É passageiro, quando esse maldito final de semana acabar tudo voltará ao normal.
- Você acha que é saudável viver assim? Não pode ficar se enganando. Porque não tenta conversar com a Ana?
- E você acha que eu já não tentei? Desde o início eu tentei entendê-la, mas ela não me deu abertura. É a mesma coisa que falar com uma pedra. Ela não sente nada e eu sou uma tola que ainda sofre por um passado que não durou mais do que um curto período. - Era visível a sua dor. Segurei na sua mão para confortá-la.
- Sinto muito Cris, não quero ser insistente, mas eu morei com a Karen nesses últimos anos. Sei que ela pode ser difícil e indiferente, mas ela se importa.
- Talvez, ela deve se importar com você, com o pai dela e com a minha mãe. Deve se importar com os estudos e trabalho dela, mas comigo, eu sei que ela não se importa. Não se importou quando partiu meu coração e com certeza, não se importa agora. - Algumas lágrimas escorreram pelo rosto da minha amiga. Lhe abracei por alguns minutos. Eu já sabia que Karen era a única pessoa que ela tinha amado, e sabia que aquele era um ponto sensível. Era justamente por isso que Cris me chamou para acompanhá-la até aqui.
- Me desculpa, só quero o seu bem. Sinto muito por forçar você a pensar em coisas que te machucam. Eu devia está lhe ajudando a esquecer essas coisas.
- Você não tem culpa Yana, toda culpa é minha que nunca consegui superar. Estou feliz que você e a Lívia estejam aqui. Não quero mais pensar na Ana. Me fala, porque você acordou tão cedo?
Ela mudou de assunto. Entendia que era uma forma de se proteger e iria respeitar.
- Quero fazer o café da manhã. Talvez você possa me ajudar.
- Não sou boa na cozinha, mas posso tentar.
- Eu vou me arriscar. - Empurrei seu ombro com o meu. Odiava vê-la triste. - Agora, lave esse rosto e reaja.
- Acho que preciso de ajuda para voltar ao meu estado normal. Cadê a nossa esposa?
- Ah vai se foder.
- É sério, Lili sempre anima meu dia. - Cris me provocou falando o apelido que só eu usava.
- Vejo que você voltou ao normal bem rápido. Mas se não parar de falar da minha mulher, vou fazer você se arrepender. - Lhe ameacei.
- Quanto egoísmo. Nem para dividir com sua amiga.
- Cale a boca e venha me ajudar. Antes que eu vá embora e leve minha namorada comigo. - Taquei o pano de prato em sua cara.
- É tão fácil irritar você. - Ela riu.
- Pare de me atentar.
Começamos a preparar as comidas. E Cris continuou a me encher o saco, mas eu deixei, sabia que ela estava brincando e era melhor vê-la sorrindo do quê triste.
CRISTYNE
Depois da minha conversa com Yana, tentei ignorar ao máximo todos os sentimentos conflituosos que estavam me atormamentando. Era sempre assim quando Ana estava por perto. Tudo que eu sentia voltava, não importava quantas vezes desejei parar de sentir atração por ela. Ficava pensando no quanto ela brincou com os meus sentimentos, alimentava a mágoa que sentia, mas de nada adiantava se quando ela voltava o meu coração me traía. Que porr* de conexão infernal, era meu destino sofrer por uma pessoa que só me rejeitava?
Mesmo que ela ainda mexesse comigo, tinha aprendido a não demonstrar meus sentimentos. Me afastei da família, vivi a minha vida e fiquei com quem eu quis. Era fácil encontrar mulheres disponíveis, muitas caíam aos meus pés e isso alimentava o meu ego. Nunca quis ter um relacionamento sério com nenhuma ficante e sentia que ninguém valia a pena. Estava feliz vivendo assim, e depois desse final de semana, tudo voltaria ao seu devido lugar. Poderia voltar para minha casa e me focar em coisas que realmente valiam a pena.
Passei a maior parte do dia com minhas amigas e com minha mãe. Não deixei com que nenhum sentimento me atormentasse. Que se foda a Ana e sua frieza, dessa vez era eu que iria viver como se ela não existisse.
- Olha gente, vai ter um luau aqui perto. Vamos? - Lívia disse animada, enquanto mostrava o anúncio em seu celular.
- Acho uma grande idéia, amor. - Claro que a Yana concordaria. Mas eu também queria sair e me divertir. Estava precisando me distrair. E uma bebida não seria nada mal.
- Eu topo, preciso beijar algumas bocas. - Falei.
- E você Karen, vai com a gente? - Yana perguntou.
Ana que estava entretida com o seu computador, apenas levantou o olhar e disse.
- Talvez apareça por lá. Mas primeiro tenho que resolver algumas coisas. - Ela voltou a se concentrar na máquina a sua frente. Estava com seus óculos de leitura, ela ficava muito sexy. Seus olhos azuis eram profundos e intensos, sempre foi a parte do seu corpo que mais me chamava atenção.
- Tudo bem, mas não se esqueça que a viciada em trabalho sou eu. - Yana brincou.
- Não tem como competir com você. - Ana Karen olhou para a minha amiga e sorriu. Era nítido a intimidade que as duas tinham construído. Sem querer fiquei com uma pontada de inveja. Ana nunca me deu esse tipo de abertura. Ela era o tipo fechada.
Logo a noite chegou, minha mãe disse que iria deitar cedo e Célio a acompanhou. Para mim, a noite só estava começando. Lívia e Yana também estavam muito animadas. E Ana, realmente não foi conosco, o que para mim era perfeito. Só queria me divertir e ficar com algumas mulheres, esse era o combo infalível para que eu pudesse voltar ao meu normal.
- Nossa, aqui é tão lindo! - Lívia comentou quando chegamos ao Luau. A vista era de tirar o fôlego. O mar estava calmo e o brilho da lua cheia refletia na água. Na praia tinha muitas lâmpada coloridas. Tinha um palco com banda ao vivo e um bar com uma variedade significativa de bebidas. Era um rolê diferente e muito convidativo. Tinha muitas mulheres bonitas também.
- É hoje que eu me acabo. - Falei.
- Me conta uma novidade. - Yana me provocou.
Nós três fomos até o bar e pedimos margueritas.
- Vou dar uma volta. - Anunciei.
- Não seja tão travessa. - Yana falou.
- Você já viu o tanto de mulher gostosa que tem aqui? Pare de me pedir o impossível.
- Não vi, só tenho olhos para uma única mulher. - Yana olhou para Lívia e está sorriu lhe dando um selinho.
- Parem de ser tão melosas. - Brinquei. Mas adorava que elas finalmente tinham encontrado o amor. Aquelas duas eram muito especiais para mim.
- Vem cá bebê. - Yana puxou Lívia e lhe deu vários beijos no rosto.
- Tá podem ficar aí se pegando. Eu tô indo garantir minha noite. - Caminhei até onde as pessoas estavam dançando. Nunca precisei tomar a iniciativa, era só andar um pouco, me mostrar disponível e pronto. E foi o que fiz, observei ao redor enquanto dançava. Não demorou muito e percebi uma loira me encarando. Ela era bonita, então lhe encarei de volta. Ela veio até mim e começamos a dançar. A noite estava só começando.
Depois de algumas danças e muitos copos de marguerita já me sentia mais relaxada. A companhia da loira era agradável, já tinha lhe beijado algumas vezes. Me sentia animada e com vontade de fazer uma loucura, então subi na mesa mais próxima e comecei a dançar. Queria me sentir livre, queria me sentir anestesiada. Algumas pessoas começaram a gritar ao meu redor, parecia que eles estavam interessados em minha dança, então rebolei e toquei em meu corpo. Logo algumas meninas subiram na mesa e dançaram junto comigo. Elas dançavam sexualmente na minha frente, virei uma e colei nossos corpos, ela puxou minha nuca e me beijou, a sua amiga chegou perto e chamou minha atenção me beijando também. Não sei se era o alto nível de bebida em meu sangue, mas a cada beijo eu só queria mais. Talvez se me permitesse ficar com aquelas mulheres lindas poderia esquecer a Ana. Que idiota eu era, mesmo com várias oportunidades ao meu redor, estava pensando nela.
- O que acha de sair daqui com nós duas? - Uma das amigas perguntou. Ela queria deixar a noite mais divertida.
Eu queria, estava quase aceitando, mas uma mão me puxou e eu caí. Fechei meus olhos com medo de me estelar no chão, mas o que senti foi um braço quente me envolvendo. Estava tonta e sem reação. Aquele cheiro era familiar. Levantei minha cabeça e vi Ana com os braços as meu redor. Ela estava seria e logo me colocou no chão.
- Yana me pediu para ver se você estava bem. - Ela disse. Ainda estava sem entender o porquê da sua proximidade.
- Estou bem. - Tentei andar, mas minha pernas estavam fracas então quase caí de novo, mas Ana me segurou. Seu corpo estava colado ao meu e seu cheiro invadia o meu sistema. Era loucura que apenas o seu toque me fizesse ficar excitada.
- Estou vendo. Venha, você precisa beber um pouco de água. - Ana segurou no meu braço.
- Você está bem gatinha? - A loira que eu estava dançando antes perguntou.
- Ela está indo embora. - Ana encarou a menina.
- Quem sabe a gente não se encontra uma próxima vez. Este é meu número. - A loira colocou um papel na minha mão e beijou meu rosto. Depois saiu.
- Vamos, vou te levar até o bar.
Tirei sua mão do meu braço e disse.
- Não, estou bem. Posso ir sozinha. - Caminhei a passos largos até o bar. Olhei ao redor mais não tinha sinal das minhas amigas.
- Elas já foram, pediram pra mim levar você para casa. - Ana falou. - Por favor, uma garrafa de água. - O barman lhe entregou. - Beba. - Ela me entregou a garrafa.
- Eu não vou para casa ainda. - Peguei a garrafa e bebi um pouco de água.
- Você não está em condições de voltar sozinha, Cris. Sua mãe vai ficar chateada.
- Para de fingir que se importa. Você não tinha trabalho a fazer? - Perguntei, estava ficando de saco cheio com o seu fingimento. Ela nunca se importou e agora queria agir como uma boa moça.
- Eu não me importo. - Ana bebeu um longo gole da sua bebida.
- Ótimo. - Me virei e caminhei para longe dali. Precisava de um pouco de ar. Fui em direção a beira do mar. Ana, estava caminhando a alguns metros de mim. Não lhe dei importância e segui para longe da música alta, continuei a caminhar até que senti a água em meus pés. Fechei meus olhos e abri meus braços. Depois de alguns segundos Ana ficou do meu lado, ela olhava para o horizonte.
- Porque está me seguindo?
- Não estou, só queria apreciar a paisagem, foi apenas coincidência.
- Pare de agir assim. - Falei irritada.
- Assim como? - Ela era muito sínica.
- Sei que está me vigiando. - Porque ela tinha que ficar tão próxima. E ao mesmo tempo tão calma, sua frieza só me deixava com mais raiva.
- Não estou te vigiando, você não é o centro do mundo.
- Se é assim, vou embora. - Me virei e comecei a caminhar, mas Ana me puxou pelo braço e acabei trombando em seu corpo. - Me larga!
- Porque você é tão teimosa? - Ela perguntou. Seu rosto estava bem próximo ao meu. - Se parasse de ser tão teimosa já estaríamos em casa.
- Não estou te pedindo para ficar de babá. Se quer ir embora, vai.
A respiração de Ana estava pesada, dava para perceber que eu tinha lhe desestabilizado um pouco. Ela olhou para os meus lábios. Se aproximou, fechei meus olhos ansiando pelo seu beijo, mas o ar ficou gelado e Ana me soltou. Ela começou a caminhar de volta para a festa.
- Foge, é a sua especialidade. - Falei.
Ela parou de andar, deu meia volta e veio em minha direção. Me puxou e colou nossos lábios. Estava surpresa, fazia tanto tempo que não sentia a maciez da sua boca, ela me beijava com impaciência, descontava sua raiva em mim. Lhe puxei para mais perto, estava tão frustrada e ao mesmo tempo com tanta saudade. Coloquei minhas mãos por baixo da sua camisa e senti a sua pele quente em meus dedos. Ana segurou o meu braço, me impedindo de continuar.
- Você está bêbada, me desculpe. - Ela se afastou enquanto respirava com dificuldade. - Não devia ter feito isso.
- Você está arrependida?
Ana ficou em silencio. Já sabia o que aquilo significava. Então apenas disse.
- Me leve para casa. - Caminhei em direção ao estacionamento e Ana veio atrás. Mas uns vez fui uma fraca, quando iria aprender que o passado tinha que ficar no passado. Podia ter qualquer garota, porque não podia ser mais fácil superar essa mulher.
- Pegue. - Ana me ofereceu um capacete. Tinha me esquecido que ela estava de moto. Pensei em chamar um Uber, mas no fim peguei o capacete.
Subi na sua moto e segurei na parte de trás, tentando ficar o mais distante possível.
- Segure na minha cintura.
- Estou bem.
- Então tá. - Ana ligou a moto e acelerou, o solavanco fez com que eu rapidamente me agarrasse nela.
- Eu te avisei.
- Tá, só dirige. - Por incrível que pareça, ela não protestou e se concentrou em nos tirar dali. Me agarrei a sua cintura, pois ela estava dirigindo muito rápido. O trajeto até a casa de praia não era longo, depois de 10 minutos já estávamos estacionando.
Saí da moto e lhe entreguei o capacete. Só queria sair dali o mais rápido possível. Mas Ana, me chamou.
- Cris, espera.
- Olha, você não precisa ficar se desculpando o tempo todo. Somos duas adultas, eu entendi que não foi sua intenção e tá tudo bem. Só me deixa entrar. - Só queria encerrar aquela conversa.
- Porque você faz isso? - Ela agora estava a poucos metros de mim.
- Isso o quê? - Não tinha entendido a sua pergunta.
- Porquê você sempre me afasta?- Sua declaração me pegou de surpresa. Era ela que não se importava, agora queria colocar a culpa em mim.
- Eu não me afasto, você é que não se importa! - Falei irritada.
- Eu me importo. - Ela se aproximou e eu a empurrei.
- Eu não acredito, porque você não vai embora para Nova York e me deixa aqui de novo?
- Você está fazendo tudo de novo.
- Como pode falar isso, você que não quis ficar comigo, você que assumiu um namoro e partiu meu coração. - Joguei tudo em sua cara.
- É assim que você lembra das coisas? Só esqueceu de mencionar que você me traiu primeiro. - Ela estava louca, como poderia dizer tantas mentiras? - Você não lembra né? Daquela sua amiga do tempo de escola. - Ela estava falando da Stephanie, nós nem tínhamos mais contato, não conseguia me lembrar de nada.
- O que têm a Stephanie, nós éramos apenas amigas. - Falei sem entender.
- Amigas que se beijam? - Sua voz mostrava chateação.
- Nós nunca nos beijamos. - Da onde Ana tinha tirado aquilo?
- Ou você tem a memória muito curta ou está brincando com as minhas emoções. Mas achei que ao menos iria admitir. - Ana desviou de mim e começou a subir as escadas.
- Ana, espera. Eu não sei mesmo do que você está falando. Tudo que me lembro é que em um dia estávamos bem e no outro você apresentou um namorado novo. - E era a verdade.
- Não, eu trouxe uma pessoa qualquer apenas para me vingar porque entrei em seu quarto e vi você e a Stephanie se beijando. - Ela gritou. E eu fiquei em choque. Tentei de verdade puxar na memória aquelas informações. Tudo que me lembro era que Stephanie tinha terminado com o namorado e pediu para dormir comigo, lembro de dormir bem cedo naquela noite. Espera, e se ela tivesse me beijado enquanto estava dormindo, como eu poderia saber? Puxando mais fundo na minha memória, lembro que Ana e Stephanie não se suportavam e a minha amiga de escola sempre teve ciúmes de Ana. Não estava acreditando que tudo tinha sido um mal entendido.
- Ana, como eu estava?
- O quê? Você não ouviu quando eu disse que estavam se beijando?
- Não, eu estava sentada ou deitada? Você estava perto o suficiente para ver com clareza?
- Está dizendo que sou cega!
- Só me responda.
- Não sei, você estava deitada e eu apenas abri um pouco a porta. Mas o que isso tem haver? - Ela me encarou, e sua ficha caiu na mesma hora. - Você tá me dizendo a verdade quando diz que não se lembra?
- Sim, eu não me lembro porquê estava dormindo.
- Aquela vadia! - Ana colocou a mão na cabeça e falou vários palavrões.
- Que ódio. Como eu poderia dar com algo que nem sabia que tinha acontecido? Porquê você não falou comigo? Porque trouxe aquele menino para casa? Porque foi embora? - Sem perceber alguma lágrima caiu pelo meu rosto.
- Eu estava possuindo ciúmes. Mesmo Stephanie me odiando, como poderia imaginar que sua amiga faria algo assim? - Ana também estava com os olhos marejados.
- Você foi enganado e eu fiquei no escuro. Achei que tinha vergonha de mim, que tinha se arrependido. Que eu era apenas uma diversão para você. - Agora chorava com vontade.
- Nós duas fomos enganados. Nem sei o que pensar sabendo da verdade depois de tantos anos. Aquela cena me corroeu por muito tempo, meu coração se cortejou naquela noite.
- Eu jamais teria te traído. Eu te amava de verdade. Estava loucamente apaixonado por você.
- Eu também te amava, estava disposto a enfrentar qualquer coisa para que nós duas pudéssemos realizar todos os nossos sonhos. Lembro que iria contar para o meu pai, já tinha decidido. Iria te pedir em namoro oficialmente. Eu já tinha comprado um anel de compromisso. Depois nós duas iríamos fazer faculdade juntas como combinamos, arranjaríamos bons empregos e compraríamos em nossa casa. Iríamos nos casar na praia, como você sempre quis. - Ela lembrava de todas as nossas conversas, mesmo que fizemos tanto tempo. Suas palavras me fizeram chorar mais ainda.
- Teríamos um cachorro e dois filhos, uma menina e um menino. - Concluído. Esse era o plano. Nossas mentes adolescentes já tinham programado tudo. Mas o destino nos deu uma rasteira. Senti na escada e coloquei o rosto nas minhas mãos.
- Meus Deus, como a gente era emocionada. - Ana mandou ao meu lado.
-Éramos adolescentes . - Entre as lágrimas, sorri um pouco.
- Você ainda sente alguma coisa por mim? - Ana perguntou. - Porquê se sentir, eu quero tentar. Mesmo que pareça tarde demais.
- Ainda sinto. - Falei a verdade que me atormentou todos esses anos. - E você, ainda sente algo por mim?
- Eu nunca consegui te esquecer. - Ela segurou na minha mão e me abraçou. Era estranho como o seu abraço me deixava mais calma. Estava com muita saudade.
Eu não sabia como as coisas seriam dali em diante, mas sabia que tinha vontade de estar com Ana, que desejava descobrir como poderia ter sido as nossas vidas se tivéssemos ficado juntas. Era muito para pensar, por agora só iria aproveitar o calor do seu abraço.
Fim do capítulo
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