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ACONTECIMENTOS PREMEDITADOS por Nathy_milk

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Palavras: 5143
Acessos: 717   |  Postado em: 12/04/2024

Capitulo 45

Capítulo 45- Acontecimentos premeditados - Flávia. 

 

- Está tudo bem, Fla? - A Bia me perguntou fazendo voltar ao normal. Como está linda, delicada. 

 - Sim, sim. É.. eu vou tomar um banho rápido e já vamos. Desculpa, acabei me atrasando lá fora. 

 - Te espero. Se ajeita lá - falou calma, sorrindo. 

 - Bia…. Tá linda! - ela abriu um sorriso envergonhado, mas muito verdadeiro. Em uns 20 minutos eu estava pronta e estávamos saindo da pousada. Optamos por ir para o barzinho em um carro de aplicativo e deixarmos a viatura na pousada. Levamos uns 15 minutos até lá, fomos em uma conversa leve, suave. 

 

          - Casal, mesa para duas? - essa já foi a lapada do garçom assim que chegamos no bar. Não estávamos de mãos dadas, nem nada. Só descemos do mesmo carro e estávamos conversando. 

         - Isso pra duas. Não muito perto da banda não - quero um momento calmo, jantar em paz. Sentamos, a Bia pediu um chopp e começou a dar uma olhada no cardápio. 

          - Será que essa porção de fish and chips serve bem nós duas? - me perguntou.

        - Não sei, mas pede uma. Adorei esse negócio aí quando fomos todos naquele pub. Mas pega mais alguma coisa, é nossa janta. 

        - Humm, fish and chips e uma porção de carne de sol com macaxeira? Carne de sol eu sei que você gosta. 

- Eu gosto - acho que sorri, achei fofo ela saber o que eu gosto de comer.

        - Quer uma água com gás, gelo e limão? 

        - Ah, por favor. Mas quero uma coca também, zero - a Bia, mesmo toda tímida, levantou a mesa, chamou o garçom e fez nosso pedido. Quando nos conhecemos, ela mal conseguia comer fora da sala dela. É maravilhoso ver essa evolução social dela, está se soltando, melhorando. 

        - Ah, vê mais um chopp por favor. - agradeceu o garçom e começou a puxar papo comigo - Como foi lá hoje? Conseguiu alguma coisa? 

        - Não foi dos piores. O camarada lá é peixe pequeno. Mas deu umas informações boas. 

       - Obrigada por ter me despachado na outra frente, não gosto de presídio. 

       - Não tinha porque você ir lá. E otimiza nosso tempo, acabamos ficando um dia só aqui no interior. 

       - Confesso que eu topava ficar mais tempo, nem quero voltar. 

       - Eu adoraria viver em uma cidadezinha assim. Mas agora não, foco em terminar a faculdade, que tá difícil. 

       - Tá corrido né Flavinha? 

       - Tô cansada Bi. Último semestre de curso e esse caso. Não estou conseguindo me dedicar ao concurso, não estou tendo tempo de correr, nem a academia estou indo mais. Tá complicado. 

       - Fla - ela esticou a mão sob a mesa, encostando na minha - Não se cobra tanto. Olha tudo que você já conquistou e cresceu na vida. Ano que vem, sem a faculdade, você dá um gás nos estudos. Quando perceber já terminou o curso de formação. 

       - Eu devo ser louca em me meter em outro curso de formação. 

       - Pronto casal! Seu Chopinzinho patroa, água e coca pra você! Daqui a pouco trago a porção de vocês. Bom apetite - o garçom nos interrompeu trazendo as bebidas. A Bia já deu uma golada fort- Engraçado ele falando casal, e nenhuma de nós corrigiu ele - a Bia voltou a puxar assunto. 

- Bia, posso te pedir um favor? - ela tomou mais um gole do choppe e sacudiu a cabeça com um sim - dá uma segurada na bebida hoje. Eu sei que você gosta muito de choppe e de cerveja. Nem tenho nada com isso. 

- To bebendo demais né?!

- Não é nem sobre o volume, é que você fica alta muito rápido. E temos umas coisinhas pra conversar hoje, e seria legal você sóbria. Tudo bem?

- humm, tá bom. Vou pedir um último e fecho o chopp. Já te dei trabalho com bebida, eu sei. 

- Um pouco, você nem lembra o que aconteceu naquele dia né?!

- Alguma coisa aconteceu, porque você ficou estranha comigo por semanas, mas eu não lembro nada. Só lembro de começar a beber. Quer começar a conversa séria?

- Hummmm - respirei fundo, sem saber por onde começar, nem onde está essa liberdade toda que eu achei - É melhor. Tá.. é… entendi que você terminou com o Gabriel, mas quando isso aconteceu? 

- Semana passada, depois do clube de tiro e do pub. Chegamos na casa dele, tivemos uma conversa séria, praticamente uma briga e decidi que deu. Que aquele era o limite da honestidade. 

- Limite de honestidade?

- Eu acho que a honestidade é essencial, a honestidade com o outro, mas principalmente a honestidade comigo. Eu não estava sendo honesta comigo, nem com meus sentimentos. Meu limite foi semana passada lá no clube de tiro. 

- Aconteceu alguma coisa lá que eu perdi? 

- Não, você é desligada no mundo Fla. Eu sei disso. Além de desligada, você é de um respeito absoluto. Você nem se permitiria perceber. Eu estava incomodada naquele tiro e eu estava extremamente preocupada com você. Isso me pegou muito, porque eu não estava preocupada com o Gabriel, namorado, eu estava preocupada com você. 

- Tá, mas talvez isso é porque temos uma amizade, um companheirismo. 

- Não tá errado. Mas é a uma junção de diversos pontos. Naquele dia lá no clube de tiro eu tava uma pilha de nervos. Você levou a Bruna, sua namorada, e eu estava com ciúmes, não gosto da Bruna encostando em você, fazendo carinho. É algo difícil pra mim. E eu estava incomodada pela Isabelle, ela ali, em cima, cuidando, conversando. Eu estava muito irritada e desconfortável. 

- Mas.. - Já fui tentando complementar

- Calma, aí fomos pro pub e esse incômodo foi aumentando. A Isabelle toda hora puxando papo com você, a Bruna com ciúmes de você. Lá no pub a Bruna veio me perguntar o que estava acontecendo, e eu fiquei mais incomodada ainda. Quando cheguei lá em casa, eu e o Gabriel acabamos discutindo, ele soltou algumas coisas que eu nunca imaginei ouvir dele, aí foi onde coloquei um ponto, um chega. 

- O que me preocupa é se você não está imaginando as coisas, confundindo a sensação de cuidado e de carinho que tenho com você. 

- Fla, eu não estou te obrigando a nada. Não é isso, por favor. Eu sei que você namora e pra você eu sou só uma colega de apartamento. Mas eu não posso deixar de tentar, de mostrar isso que tá explodindo em mim. E falo mais, você me abraçando ontem, me mostrou que eu tenho alguma chance. 

- Ai Beatriz, aí Beatriz. Eu só não quero te machucar, você é linda, inteligente, adoro essa sua timidez. 

- Mas eu não sou a Bruna. 

- Não acho que a questão seja a Bruna em si, não. Nem o Cantão. Eu sou o problema, a dificuldade. Acho que depois da Fabi, você é quem mais me conhece, quem eu consegui me aproximar. Acho que eu nunca tinha te olhado como mulher. 

- Você nunca percebeu nada?

- Bi, eu sempre achei lindo nosso contato. A forma como você se solta quando estamos conversando, o jeito carinhoso como nos tratamos, a gente deita lá no sofá e fica vendo filme o dia todo, leve, gostoso. Mas pra mim eu era só uma amiga pra você, segurança. Nada demais.  

- Acho que começou assim mesmo - esticou a mão e encostou na minha, não retirei, deixei - Você cuidando de mim, perguntando se eu estava bem, me incentivando. Eu consigo conversar com você, te contei a questão do Ricardo, você entendeu, não me culpou, me ajuda. 

- Jamais te culparia pelo Ricardo, pelo contrário, tenho mais é que te defender dele. Não vamos entrar no assunto zé ruela, eu tenho dois pontos pra conversarmos. O primeiro é que isso tudo que você me falou é cuidado, não atração física, desejo. E o outro, você sempre namorou homem, de onde veio esse desejo, se é que ele existe mesmo. Não to querendo ser sem noção, mas em algum momento algo mudou pra você, é isso que quero pegar. 

- Fla, pensa como para mim isso é foda, é pesado. Eu estava com um cara, gente boa, mas que eu nunca conseguia conversar, me abrir, que eu tinha medo das reações o tempo todo. Eu tentei com o Gab, tentei mesmo, mas chegou um ponto que não fazia mais sentido, eu não queria mais estar perto dele - olhou pra baixo, respirou fundo - Eu sei que você está com a Bruna, que você está comprometida com mil coisas, e eu não quero estar me impondo nem nada desse tipo, mas eu precisava falar, soltar isso que está me prendendo a um tempo. Cara você me encanta, é linda, atraente, talvez eu tenha conseguido disfarçar bem, mas to sempre te secando. Chegou uma hora que eu pensava mais em você que nele, então tá errado. Pensa como é foda isso. 

- Eu percebi uns olhares seus, mas nunca vi maldade, nada carnal, na minha cabeça era admiração, sei lá. Até a Isabelle abrir a boca. 

- Certeza que falou merd*, eu não gosto dela. 

- Óh você errada, sabe o que tanto ela me falava lá no tiro? - ela virou o último gole do 2º chopp, negando com a cabeça - ela falava que eu era louca de levar você e a Bruna juntas pro tiro, que você não tirava o olho de mim. A Isa, apesar de muita coisa, shippa muito nós duas. Ela que me deu uns toques que você estava me olhando, que estava a fim.

- A Isabelle, delegada, me apoiando em algo? Eu duvido! E aquele dia que ela dormiu com você lá em casa? 

- Que você teve um surtinho de ciúmes? - o rosto da Beatriz ficou vermelho, impagável - Nós acertamos várias coisas, pedi pra ela parar de me incomodar, mil assuntos e ela falou sobre você. Quase não ficou lá de noite com medo da sua reação, ficamos conversando e vendo filme no meu quarto. Não tenho nada com a Isa. Pede o último chopp, se quiser. 

- Vocês só assistiram filme? 

- Bia, naquele dia eu não estava com a Bru, foi na época que tínhamos terminado. Fui com a Isa no sepultamento do jornalista e esbarrei com a Bruna lá. Eu estava tão mal, chorando, quebrada. A Isa foi uma amiga, me ouviu falar da Bruna, me acolheu. 

- A Bruna não te faz bem, Flávia. Talvez tenha feito bem, mas hoje em dia você volta nervosa da casa dela, fica triste. Quando ela dorme lá no apartamento você pisa em ovos, não quero dar bola fora, mas pensa nisso. 

 - Casal, o pedido de vocês. Patroa, mais um chopp geladinho? 

 - Me ve mais um, por favor. - esperou o garçom sair e completou - não vou falar mais sobre ela, não cabe a mim. 

 - Bia - estiquei novamente minha mão, segurando a dela, flexionei o tronco, dando um beijo no dorso da mão e depois só segurando - me dá um tempo. Não estou falando nem sim, nem não. Muito menos quero que você pare sua vida esperando meu posicionamento. Eu tenho uma responsabilidade afetiva com a Bruna, quero conversar com o Gabriel. Estou muito feliz que tenha contado isso tudo pra mim, em ter confiança em me falar seus sentimentos e medos. Eu gosto muito de você. Acredite sempre nisso - puxei a mão dela mais uma vez, dando um beijo demorado, carinhoso, mas de certa forma romântica. Quando levantei o rosto, a Bia estava sorrindo, bochechas vermelhas e acho que uma lagrimazinha no olho. Pedi licença, precisava me recompor e dar esse tempo pra ela também. Antes de ir ao banheiro, fui atrás de sua cadeira e a abracei, por trás, ficamos ali alguns segundos, beijei seu pescoço carinhosamente e respirei seu cabelo úmido do banho.

 Voltei para a mesa uns 5 minutos depois, ou um pouquinho mais. No banheiro joguei uma água no rosto, lavei as mãos, fiz um exercício de respiração, mais para conseguir “não me acelerar”, se é que isso é possível. A Bia estava mexendo no celular dela, sem tocar na comida, me esperando. Não querendo comparar, mas a Bruna, com toda sua classe e profissionalismo, já teria desmontado a comida, falando no gravador, analisando, trabalhando. Gostei dela ter me esperado. 

- Pode comer Bia, não precisava me esperar. 

- Ah tem graca, sai pra jantar com você e comer antes. Senta aí. Eu roubei só uma batatinha - falou bem travessa, como se fosse o pior crime. 

- Tá liberado, uma batatinha não é crime - fomos pegando cada uma um pouquinho de cada porção, rindo, conversando, simplesmente aproveitando. Um certo tempo depois a banda do bar começou a ir se ajeitando mais ao fundo, com um sonzinho leve. Quando começaram a se apresentar a playlist se mostrou super diversificada, de pagode a sertanejo, de MPB a forró. O som estava ao fundo, não atrapalhou nosso jantar, muito menos nosso bate papo. Terminamos de comer em calma, e eu convidei a Bia para dançar, o medo, vergonha dela foi tão absurdo que chegou a engasgar. 

- Não vou não - foi falando entre diversas tossidas - Não sei dançar. 

- E desde quando convidei uma dançarina profissional, convidei a Bia, perito criminal para dançar comigo. 

- Não Flávia, sou desajeitada demais. Não tem como não. 

- Ah Bia, todo mundo é capaz de dançar, você não tem ideia como eu era quando comecei. Vem, coisa rápida.

- Aí Flávia, que envergonha - levantei rápido da mesa, esticando a mão, chamando ela para dançar. A Bia estava roxa de tanta vergonha, talvez sem respirar até, esperei com calma ela levantar e fui puxando a mão dela com leveza até a pista de dança. Mesmo ela de tênis, tropeçou no curto caminho. 

- Bia, olha pra mim - falei segurando as duas mãos dela - é pra ser leve, não vou te cobrar nada. Essa mão vem aqui - fui conduzindo a mão direita dela para atrás das minhas costas, na cintura na verdade - Essa aqui, fica livre, se quiser você coloca no meu ombro ou mantém na minha mão, você vê onde fica mais confortável. 

- Eu detesto a frase dois pra lá e dois pra cá, eu não entendo isso. 

- Não vou falar isso, sem dois pra lá e dois pra cá. Quero que relaxe o corpo, só não brigar comigo. Se deixar, vai dançar sem nem perceber. 

- Eu sou travada, tenho vergonha Flá.

- Ah, Bia, você não tem ideia como eu era quando comecei a dançar - fui sacodindo levemente o corpo, de um lado pro outro, dando uma ritmicidade pra nós, dando um “gingado”

- Você dança bem, não conta. 

- Ah, conta sim, a Fabi quase me chicoteou pra eu aprender. Era toda dura, travada mesmo. Faltava uma graxa em mim - fui forçando mais um “vai e vem”, sem nem começar os passos, só soltando o corpo lá e cá - Não tem ideia do trabalho que ela teve pra eu me soltar. 

- Vai precisar usar a mesma técnica em mim. 

- Já estou usando Bia. 

- Sério? Qual é? - perguntou olhando pra mim

- carinho e paciência! Te dar um ambiente seguro pra você se soltar - ela sorriu, envergonhada, com o rosto ficando vermelho novamente

- Eu tenho dificuldade. 

- a dança é uma questão de confiança com quem está com você. Não envolve só se soltar no salão, envolve se soltar na vida, aceitar aquela outra pessoa como alguém seguro. Solta a perna, só me segue - delicadamente empurrei a perna dela pra trás, dando mais um passo na dança - quer ver? Imagina se a 6 meses ou um ano atrás eu te chamasse pra dançar? 

Ela mexeu o rosto pra cima e para baixo, concordando e ficando novamente rosa, envergonhada. Ela puxou a mão que estava na minha mão e docemente apoiou no meu ombro. Entendi que era mais um passinho, mais uma barreira ali na dança que ela havia pulado e eu segui agora empurrando o outro pé, dando um “dois pra frente e dois pra trás”. Claro que se eu falar que foi uma dança bonita estou mentindo, mas foi um contato corpo a corpo que mostrou muito da Bia. 

Como elas são contrapontos, posições diferentes. A Bruna sabe dançar e dança bem, com uma porr*da de aula nas costas, diversos ritmos. Nossa dança foi técnica, quase uma competição de habilidades em passos e ritmos. Foi um flerte agressivo de domínio na dança, um bate boca de controle. A dança com a Bia não é plástica, não é lustrosa, um jogo de xadrez seria mais bonito, mas foi um toca lá, toca aqui, um exercício de confiança, de aprendizado, quase um coaching. São duas situações completamente diferentes, por mais que semelhantes. 

Mesmo com as trocas periódicas das músicas pela banda, ficamos ali, com calma, dançando ou melhor sacodindo pra frente e pra trás. Um tempo depois, com graciosidade, a mão saiu do meu ombro e veio pra o tórax, com a Bia colocando o rosto também, aproximando mais os corpos. Nós mantivemos ali uns 15 minutos eu acho, um pouquinho mais talvez. Quem se soltou ao final desse tempo fui eu, com sede, querendo molhar o bico e acabei olhando o relógio, não era tarde, mas um horariozinho bacana. 

- Quer mais um chopp e vamos embora?

- Um chopp e uma sobremesa né?

- Claro Maria formiga. Pede aí que pego uma colherada. 

- Ah, vai aceitar do meu doce?

- É raro mas acontece - olhamos rapidamente o menu, escolhendo juntas uma cocada cremosa. Ela pegou mais um chopp. Ficamos ali jogando conversa fora, ela se soltou bastante com a dança, estava sorridente, o rosto um pouco menos vermelho, deu pra sentir ela mais leva. Porque devo comentar que é uma situação crítica pra Beatriz também, percebeu que tá afim da colega de apartamento, pessoa que sabe de toda a história dela de violência, mas sou amiga do ex namorado, sem contar o óbvio, como ela está em se sentir afim de uma mulher? Aquele medo de entender o que está acontecendo, medo social, do que o outro pode achar. Bem dizendo, gostar de mim não quer dizer só de mim, quer dizer de mulher, mesmo ela não querendo dar nome ou categorizar, uma realidade diferente existe, que é nova pra ela. 

- Tá pensando no que Flavinha? Tá longe cara. 

- Você se soltou dançando, gostou?

- Aí, foi estranho no começo. Mas sua técnica realmente é boa, quando eu vi estava me mexendo pelo menos, não exatamente dançando, mas não estava travada. 

- A técnica não é minha não, a Fabíola que patenteou - nesse momento me deu um aperto no peito, uma saudade da Índia do Paraguai, acho que não consegui disfarçar. 

- Saudade?

- Ai Bia não tem ideia, acho que não tem um dia que eu não sinta falta dela, que eu não passe sem lembrar dela. 

- Vocês dançavam sempre? - a Bia tentou me acalmar puxando papo. 

- Não sempre, mas fizemos aula uns 3 ou 4 anos. Ela gostava muito de dançar e eu sempre fui travada, nunca tive dinheiro pra aula de danca, mal tinha pro mínimo. Quando entramos na civil ela me obrigou quase. Era uma a duas vezes por semana, dançando, apanhando, dançando. 

- Você aprendeu, se sai muito bem hoje em dia. 

- Ah, dou pro gasto. A pequena iria ficar orgulhosa, pisei tanto nos pés dela. E a Fabi aguentava firme. Eu perguntava se estava doendo, pedia mil desculpas, ela ria, nunca falou que doía, mesmo estando nítido a dor. 

- Como ela está Flavinha, eu não fico te perguntando pra você poder seguir em frente, mas sei que você se importa com ela. 

- Aí Bi, se eu tivesse qualquer escolha, estaria lá naquele hospital deitada no lugar dela. Ou ter tido a malícia e o conhecimento pra ter libertado ela antes. Minha maior dor é não poder ajudar ela, nem mesmo poder visitar. Eu não sei como ela está. Não sei se isso está acabando, deve estar, não tem como o corpo dela aguentar mais tanto tempo. Já bateu três anos. 

- Não tem como reverter a liminar? 

- A mãe dela é a responsável por ela. O sr Luiz, o pai dela, é pai de criação, criou desde neném, mas é de criação. Não nos casamos a tempo, não tenho nada formal que me coloque como responsável por ela. Sem contar que ser pega no hospital, com uma ampola de medicamentos perto de um paciente terminal e uma denúncia não ajuda muito. Por sorte a mãe dela não me denunciou por tentativa de homicídio ou algo assim. Ver quem você ama ali, travado, tira um limite, um filtro. 

- Você não tem contato com o pai dela? 

- O sr Luiz é um lindo, nós conversamos de tempos em tempos, evitamos de falar da Fabi. Ele também é contra ela estar ligada a aparelhos, sendo sustentada por máquinas. Normalmente conversamos sobre minha vida, sobre estudos, ele foi um grande incentivador pra eu fazer direito, ir atrás de crescer.

- Não tem como reverter a liminar? 

- A mãe dela é a responsável por ela. O sr Luiz, o pai dela, é pai de criação, criou desde neném, mas é de criação. Não nos casamos a tempo, não tenho nada formal que me coloque como responsável por ela. Sem contar que ser pega no hospital, com uma ampola de medicamentos perto de um paciente terminal e uma denúncia não ajuda muito. Por sorte a mãe dela não me denunciou por tentativa de homicídio ou algo assim. Ver quem você ama ali, travado, tira um limite, um filtro. 

- Você não tem contato com o pai dela? 

- O sr Luiz é um lindo, nós conversamos de tempos em tempos, evitamos de falar da Fabi. Ele também é contra ela estar ligada a aparelhos, sendo sustentada por máquinas. Normalmente conversamos sobre minha vida, sobre estudos, ele foi um grande incentivador pra eu fazer direito, ir atrás de crescer.

- Olha o tamanho da cocada - a gordinha desviou o olhar em segundos - parece bonita. 

- Hahahaha, que foco hein Beatriz. 

- Não, vem cá! - me puxou em um carinho que nós costumamos ter, independente das conversas atuais, me puxou pra um abraço gostoso e me deu um beijinho na cabeça, uma coisa fofa que fazemos desde que fomos dividir o apartamento - Eu não posso mensurar o quanto isso dói. Eu estou aqui sempre, sabe disso. Sempre que quiser conversar eu estou aqui. Agora para de moral baixa que tem cocada cremosa. 

           Sem tristeza e sem medo de ser feliz demos risada e terminamos a tal cocada, que vou te dizer, maravilhosa. Fechamos a conta, dividimos por igual, sem queixas, sem tensões, só dividimos. Pedi um carro de aplicativo para voltarmos para a pousada. A noite, o jantar com a Bia, a conversa foi maravilhosa, leve. Eu estava quase flutuando, que noite gostosa. Chegamos na pousada pouco tempo depois, ela entrou rápido no quarto, os chopp queriam sair. Eu sentei nas cadeirinhas do lado de fora, tirei o sapato e estiquei a perna, respirando aquele ar quente da cidade. 

 - Não vai entrar, Fla? - ela me perguntou da porta do quarto, com o pescoço pra fora. - To respirando um pouco do ar. Pensando na vida - Ela veio na ponta do pé, e sentou ao meu lado no sofazinho. Não perguntou nada, deitou e apoiou a cabeça no meu colo, me olhando. Isso é uma coisa que fazemos lá na nossa república, um cuidado, carinho que criamos nesse tempo. 

 - Ficou pensando na Fabi né?! - A Bia me perguntou na lata, enquanto eu fazia um cafuné no cabelo dela. 

 - Não, nem é isso. Só quis ficar aqui tomando um ar. Eu sei que viemos a trabalho, mas eu precisava de um tempo desse, longe de São Paulo, um tempo para eu pensar na vida, pelo menos um ar diferente. 

 - Foi bom dar essa desligada. Eu precisava também. Estou muito incomodada lá em São Paulo, no DP. Vou segurar mais um tempo e pensar no que eu vou fazer. 

 - Acho que lá fica complicado pra você como perita, fica mais me ajudando como investigadora, não estou reclamando, adoro trabalhar com você, mas foge da sua área. 

 - Eu estou cansada disso. Eu não gosto de tirar foto de crime, não gosto de ficar vendo gente morta, gosto de fotografar, arte. 

 - Você fica linda fazendo esses ensaios, lá naquela pedreira era bonito de ver, quase uma dança - Ela levantou do meu colo, ficando de frente comigo, continuamos a conversa.

 - Acha mesmo?

 - Eu acho! Você é delicada no que faz. Orientando aquele menino, foi bonito de ver as fotos. 

 - Gostei de fotografar você Flávia. Você é linda, não tem ideia o quanto - esticou a mao e encostou no meu rosto, fazendo um carinho. Meu corpo respondeu de uma forma, não digo estranha, mas esquecida, contraiu de cima a baixo, arrepiando os pelos. Foi uma sensação muito boa, que faz muito tempo que não sinto - O que aconteceu naquele dia que eu bebi demais? 

 - Não importa Bi, esquece. 

 - O que aconteceu Fla? - perguntou com a voz aveludada, macia. 

 - Você tentou me beijar.

 - Sério? - Ela ficou vermelha, acho que realmente não tinha nenhuma lembrança. 

 - Sim, primeiro te socorri e você tentou me beijar, depois na madrugada, você acordou, não sei se sonâmbula ou só bêbada ainda e tentou me beijar de novo - falei com vergonha, eu era a sobria, vergonha de não ter contado antes. 

 - Eu tinha uma lembrança daquele dia, lembro de beber, lembro de você me tirando de um carro e lembro de te beijar. Mas a minha ressaca estava tão grande, tão grande e a vergonha maior ainda que nunca tive coragem de perguntar. 

 - Você lembra? 

 - Lembro de te atacar, mais nada - Respirou fundo, olhando para baixo, depois levantou o rosto e me perguntou - Foi só isso né?

 - Claro Bia - passei a mão no rosto dela - Claro meu anjo, nunca faria nada com você bebada, muito menos inconsciente, sem saber de nada. Nunca. Só cuidei de você. Jamais te beijaria com você sem plena consciência. 

 - E eu sobria hoje? - falou se aproximando mais e mais de mim. Nossos labios se encostaram … e como eu sou idiota, me afastei calmamente da Bia. 

 - Bia, eu não posso - puxei o ar, sem olhar pra ela - Não é honesto - tirei a mão dela do meu rosto, delicadamente e ainda sem olhar pra ela dei um beijinho em sua mão - Tenho uma responsabilidade com a Bruna. 

 - Flavinha eu tinha que tentar, não me perdoaria se não tivesse tentado. Vamos voltar amanhã e não vou ter mais essa coragem. 

 - Bia, obrigada por ter me contado, por ter tentado. Obrigada por ser essa pessoa linda que você é - beijei novamente a mãozinha dela - Vem, deita aqui de novo, vamos aproveitar mais um pouquinho. 

 Ela sorriu, suave, leve e verdadeiro, me acertei novamente no sofazinho e ela deitou sob minha perna. Voltei a fazer cafuné no cabelo dela e ficamos ali, um tempo que não faço ideia de quanto. Eu devo ser honesta demais ou idiota demais, não segui em frente, apesar de tudo e qualquer coisa, tenho uma responsabilidade com a Bruna. Um de cada vez. Por outro lado, enquanto a cabeça pede para ser responsável, o corpo fala outra coisa, completamente diferente. Pelo meu corpo eu seguia em frente, beijava a Bia, amava ela, eu fiquei arrepiada com o carinho, molhada, a nível carnaval, um pouco menos de noção eu me entregava. 

 

 

 - Bia, eu vou fechar a conta do quarto, pega tudo e me espera aqui na frente. Já passo com a viatura pra te pegar - acordamos bem cedo, de modo que 7 horas já estávamos na cozinha da pousada tomando o café. Às 8 horas, eu estava fechando a conta para iniciarmos o deslocamento de retorno.  

 Ajudei a Bia a colocar as três malas dela na viatura, coloquei minha mochila. com ela sentada no carro já eu programei o GPS e ela programou a playlist que vamos ouvir.

- Bia, vou tentar puxar mais hoje, pra ver se chegamos em São Paulo antes do trânsito do final do dia. 

- Essa viatura aguenta puxar? Vamos com segurança. 

- Claro Bia. - Cantei aquela musiquinha “Eu não preciso de ninguém pra fazer merd* comigo, eu sozinho coloco minha vida em perigo” - Pega meu celular aí, avisa o Cantão que estamos iniciando o retraimento, avisa a Bru que estou voltando também - joguei a bomba e sai - Não esqueceu de nada no quarto?

- Se eu esqueci não sei o que deixei, né? - falou irritadinha, achei um barato. Bati minha mão três vezes, rápido, na perna dela e iniciei o deslocamento. Seguimos por uma estradinha de terra até o centro da cidade de Votuporanga, depois com a ajuda do GPS acessamos a rodoviária em direção a São Paulo. Cerca de 4 horas depois, já na altura de Araraquara, meu celular que estava no coloca da Beatriz tocou. 

- Bi, quem é? Atendê pra mim. 

- Flávia, é o sr. Luiz - ela falou olhando pra mim, por mais que eu estivesse olhando para a estrada. 

- Cacete, atendê pra mim, ve se é urgente. Paro na próxima parada - Ela foi falando com ele, se apresentou, falou que eu estava no volante e que não poderia atender. Ele pediu para eu retornar, urgente, assim que eu conseguisse. 

Meu coração gelou de um jeito, veio até a boca e voltou. O que o sr Luiz quer urgente me falar. Com segurança acelerei o carro, procurando à direita, um acesso para a pista local e deste para um ponto de parada, um restaurante, uma calçada segura. O que está acontecendo? Ele nunca me liga, sempre falamos por mensagem,e mais ainda, nunca me liga urgente. 

 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 45 - Capitulo 45:
FENOVAIS
FENOVAIS

Em: 13/04/2024

Olha eu de volta.

Interessante o caminho que a história está tomando.

Não vou mentir, fico feliz pela possível mudança de casal. Não gosto da Bruna, depois da paixão inicial ela mostrou o que e quem ela é. E por mais legal que a personagem seja, não acho que ela seja o par da Flávia.

Os tempos das duas são diferentes demais. E para entrar na mesma vibe o sacrifício será grande para as duas (ou imenso se for somente para uma). Não acho que esse seja "o amor que valha a pena".

O desenvolvimento da Bia tem sido surpreendente (apesar da história ter deixado um furo/vácuo com o personagem Ricardo). Tem demonstrado sua beleza em algo (que acho pessoalmente) lindo: o desabrochar/evoluir do amor. Sutil, sem pressa, nos pequenos e importantes detalhes. Chegando de mansinho. 

Time Bia firme e forte.

Até o próximo capítulo. 

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Mmila
Mmila

Em: 12/04/2024

Nossa que situação dessas duas. Momentos difíceis e imprevisíveis.

 

Não temos como não pensaram situação da Fabi.

 

Vamos aguardar os próximos capítulos.

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