34. Por toda minha vida.
ELISA FRANCO
Sophie já estava na UTI a duas semanas e todas as noites eu dormia no estacionamento do hospital. Minha mãe tentou me convencer a dormir em casa, mas eu não conseguia. O único lugar que minha mente desligava um pouco era naquele estacionamento. Eu não podia sair de perto da Soph. As poucas vezes que saí foi para resolver algumas questões no trabalho, mas logo voltava para o estacionamento do Hospital.
A Delegada Nina vinha me ver algumas vezes. Ficávamos conversando enquanto ela esperava a Dra. Muniz terminar seu plantão. Ela se tornou uma grande amiga. Me deu muita força para suportar o que estava acontecendo. E era a única que não me julgava por está morando no meu carro em um estacionamento de Hospital. Na verdade, ela parecia entender muito bem tudo o que eu estava sentindo. Em uma de nossa conversas contei sobre Jonas e tudo o que ele tinha feito comigo. Nina disse que eu não precisava mais me preocupar, porque se dependesse dela esse cara ficaria bem longe. E foi o que aconteceu, não sei como a delegada conseguiu, mas Jonas não entrou mais em contato comigo e a última coisa que eu soube dele era que tinha ido embora do país. Não é como se eu fosse ingênua de acreditar que simplesmente ele desistiu, sei que a Delegada provavelmente o ameaçou, ela tem autoridade e contatos para fazer o que quisesse com ele. Fiquei muito agradecida por tudo que Nina fez por mim, ela mal me conhecia, mas já tinha me ajudado tanto. Eu ficaria devendo pra ela até o final da minha vida. E agora poderia focar todas as minas energias na recuperação da minha namorada.
Quanto aos pais de Sophie, continuaram na minha casa. Fiz questão de deixar Lupe tomando conta de tudo, para que eles se sentissem a vontade. O momento era difícil para todos e o melhor a se fazer era permanecer no Rio de Janeiro. Oferecer minha casa era o mínimo que eu podia fazer.
As vezes em que me deixaram visitar minha namorada era por poucos minutos. Aproveitava cada segundo. Conversava com ela e tentava parecer forte, mas a cada visita ficava mais difícil me controlar. Da última vez saí rapidamente, pois não consegui segurar minhas lágrima. Mesmo que ela estivesse dormindo, eu acreditava que conseguia me ouvir e sentir. Não queria passar nenhuma preocupação para ela.
A minha vida não tinha mais sentido. Todos os dias eu acordava triste e sem vontade de fazer nada. A loja estava aberta somente porque promovi Levi para o cargo de gerente e ele tomava conta de tudo. O resto, era resto. Não saía com meus amigos, não desenhava ou costurava. Não queria fazer nada, porque a vida não tinha mais sentido.
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Sophie teve uma melhora significativa na última semana. Os remédios que estavam mantendo ela em coma seriam suspensos ainda hoje. Soph iria sair da UTI e seria levada para um quarto particular na enfermaria. A Dra. Eduarda disse que Sophie poderia acordar em algumas horas ou em alguns dias, tudo ia depender da recuperação do seu corpo. Seria a primeira noite em que eu iria ficar com ela. Estava muito ansiosa. Antes de vir pra cá passei em casa, tomei banho e organizei algumas coisas em uma bolsa. Os pais de Sophie já estavam aqui, mas combinamos que eu iria ficar essa noite com ela. Até a mãe dela achou que seria uma boa ideia, o que me surpreendeu.
- Elisa, você quer café? - Lara pergunta enquanto esperamos os seus pais na recepção. Eles foram na administração conversar sobre a transferência de Soph.
- Não Lara, obrigada. Eu não consigo comer nada. Estou muito ansiosa.
- Eu também estou. Só quero que minha irmã acorde logo e fique bem.
- É o que eu mais quero. Estou contando os minutos para isso acontecer.
Não demorou muito e minha namorada foi transferida para um quarto. Fiz questão de pagar o quarto mais confortável do hospital. Mesmo com as recusas de Dona Helena. A relação com ela ainda era complicada, ela era muito orgulhosa e não aceitava nada do que eu oferecia. Por ela, eles não teriam se hospedado na minha casa, mas Lara e seu Luís não queriam ir para o apartamento de Sophie. Apesar de tudo ter sido arrumado, o apartamento trazia a tona o clima pesado de tudo o que tinha acontecido ali.
Eu não sabia como me aproximar da mãe de Soph. Ela sempre estava na defensiva comigo. Mas devo admitir que as vezes ela falava um pouco comigo, mesmo que fosse em relação a coisas pequenas e sem importância. Talvez eu não devesse forçar a barra, afinal é um momento delicado, ela, com certeza, está sofrendo muito.
Foi permitido que Sophie recebesse algumas visitas durante a tarde, mesmo que ela ainda não estivesse acordada.
A tarde passou rapidamente e os pais de Soph foram para casa descansar . Lara, Renata, Flávia e Henrique entraram no quarto para se despedir. O ambiente era grande e tinha algumas poltronas o que acomodou a todos confortavelmente. Decidi ir até a lanchonete com Renata e deixei com que os outros tivessem um tempo a sós com Sophie. Eles mereciam esse momento e a noite eu teria muito tempo para ficar com ela.
- Sei que não é a melhor pergunta, mas como você tá se sentido?
- A verdade é que eu estou uma completa confusão. - Suspiro frustrada.
- Sinto muito, só posso desejar que a Sophie fique boa. Estou torcendo muito pela recuperação dela.
- Obrigada Renata. É tudo o que eu mais quero. Ter mais tempo com Sophie. Ainda temos tanto o que fazer, ainda mais agora que ela me pediu...- Paro me dando conta que estou prestes a soltar que estou noiva.
- O que ela te pediu? Não me diga que vocês vão... - Quer saber, eu precisava contar aquilo pra alguém.
- Sim, vamos nos casar. Sophie me pediu em casamento.
- Ai me deus! Tem certeza que é isso que você quer? Porque casamento é uma coisa séria. - Ela falava muito rápido, com aquele seu jeito espalhafatoso.
- Eu sei disso, mas eu nunca estive tão segura. Faz tempo que quero construir uma família e a Sophie é o amor da minha vida. Ela logo vai acordar e vamos continuar nossa história da onde paramos.
- Tenho certeza que sim Lizzy, vocês ainda vão viver grandes aventuras. - Renata levanta e me abraça.
- Tem mais uma coisa. Quero que você seja minha madrinha.
- É claro que eu aceito ser sua madrinha. Vou ser uma madrinha muito bonita diga-se de passagem.- Começo a sorrir e me dou conta que a primeira vez desde que tudo aconteceu.
- Obrigada por está aqui comigo. - Ela me abraça mais apertado. -
- Sei que nem preciso perguntar, mas quem vai ser o padrinho? - Renata pergunta.
- O Matheus só conseguiu liberação do trabalho ontem. Estou sentindo muita falta dele, era pra ele ter chego à duas semana. - Falo triste. - Mas ele me prometeu que chegaria depois de amanhã. Preciso conversar com ele, tudo está tão difícil que só preciso dos conselhos dele pra me confortar. Mesmo que as vezes os conselhos dele sejam péssimos. - Rimos lembrando das furadas em que meu amigo já nos colocou.
Pedimos nosso lanche. Eu não estava com fome, mas sabia que Lara iria me forçar a comer, então resolvi comer antes que ela me obrigasse. Ficamos esperando nossos pedido enquanto conversávamos.
- Você teve notícias do Jonas? - Renata pergunta.
- Não, ele literalmente sumiu. Contei o que aconteceu para a delegada que cuidou do caso da Sophie e ela me garantiu que ele não chegaria mais perto de mim ou de qualquer pessoa próxima a mim. E foi o que aconteceu. A última notícia que tive foi que ele saiu do país.
- Então agora as coisas fazem sentido- Renata fala.
- Como assim?
- O investigador que coloquei na cola do Jonas disse que ele sumiu do nada, simplesmente evaporou. Pensei até que ele estivesse escondido planejando alguma coisa para te prejudicar. Por isso perguntei sobre ele. Mas isso explica muita coisa. Você contratou os seguranças que eu pedi? Mesmo que ele tenha ido embora, segurança nunca é demais.
- Contratei seguranças para ficarem na loja e lá em casa, mas ainda pretendo contratar um guarda-costas para mim e outro para Sophie. Depois de tudo o que aconteceu não vou conseguir ficar tranquila se ela não estiver segura.
- Eu te apoio totalmente, o que aconteceu foi muito grave, Sophie quase perdeu a vida. - Pensa naquilo faz o meu corpo ficar arrepiado. Ainda tenho pesadelos com Marcos morto e Sophie sangrando sem parar.
- Você já teve alguma novidade sobre o que realmente aconteceu no apartamento de sophie? Quer dizer, a delegada falou alguma coisa? - Renata pergunta.
- Ela disse que o relatório da perita criminal sai ainda essa semana. Eles recolheram todas as filmagem das câmeras do prédio e analisaram cada evidência dentro do apartamento. Ela também disse que a família de Marcos não se pronunciou em nenhum momento e que o velório dele foi rápido e discreto. A família dele tentou contato com o pai de Sophie, mas seu Luiz pediu para os advogados cuidarem de tudo e não permitiu qualquer aproximação.
- O que eles ainda querem com a Família de Sophie. Não bastou tudo que o filho deles fez?
- Parece que o pai de Marcos não era conivente com nada do que o filho fazia e ele adorava a Sophie. Acho que ele tentou mandar dinheiro pra custear as despesas do hospital, mas seu Luiz negou tudo e é claro que eu também.
- É melhor assim.
- Mudando de assunto. Faz tanto tempo que não conversamos.
- Mas não é por falta de convite em. - Renata me lança seu olhar de repreensão.
- Eu sei que não respondi suas mensagens e nem aceitei seu convite pra sair. Mas não é essa a questão. O que quero saber mesmo e se você ainda continua com a Investigação para achar a mãe de Flávia.
- Olha! Nosso pedido está chegando. - Renata fala empolgada. O garçom deixa nosso lanche e se retira. - Então Lizzy, fiquei sabendo que não está indo para o trabalho.
- Pode parar, você não vai mudar de assunto. Me responde, você ainda está investigando o passado da Flávia? - Lhe encaro séria.
- Só um pouco.
- Renata, eu não acredito. Quando a Flávia souber, ela vai ficar muito chateada.
- Elisa, eu estou tão perto de montar o quebra-cabeça do que aconteceu com a Flávia. Eu sei que ela pode me odiar, mas ela também pode me idolatrar.
- Ficou louca, você tem que contar pra ela logo.
- Estou esperando o último relatório do investigador. Depois disso eu vou contar.
- Faz isso logo. Você está vacilando.
- Eu sei que ela pode ficar chateada, mas é minha única chance de conquistar a afeição dela novamente.
- Do que você está falando? - Pergunto sem entender nada.
- A Flávia se fechou pra mim de uma forma que eu não consigo mais acessar os sentimentos dela. Eu não sei o que aconteceu, mas depois do primeiro relatório do investigador ela se afastou de mim e mesmo quando tento entrar no assunto ela evita conversar. Se eu encontrar a mãe dela, talvez ela volte a confiar em mim.
- Como eu já te disse, acho que ela ficou com medo de saber do passado.
- Eu sei, mas isso não é culpa minha. Foi vocês que pediram pra mim contratar um investigador. Agora estou sem saber o que fazer. A única saída que vejo é levar essa investigação até o final e descobrir algo que faça a Flávia se abrir pra mim novamente.
- Renata, você tem certeza que quer continuar com isso? Você nem sabe se a Flávia está interessada em você, talvez ela nem goste de mulheres. Só eu sei dessa história, vamos manter segredo, você para a investigação agora mesmo e eu juro que esse assunto morre aqui.
- Não é só questão de eu está apaixonada pela Flávia. - Suas palavras não me surpreenderam, porque eu também me apaixonei por Soph desde o primeiro momento. - Eu tenho uma conexão com ela, adoro ficar perto dela e conversar. Nunca me senti assim antes, eu não vou desistir até esgotar todas as minhas possibilidades. Se não conseguir, pelo menos tentei ao máximo conquistá-la.
- Nossa, nunca te vi falar assim antes. - Era raro os momentos em que Renata não estava brincando ou jogando piadinhas. Mas agora, eu podia sentir seriedade em cada palavra que ela falava.
- Não vou dizer que nunca me apaixonei, porque estaria mentindo, mas nunca senti uma conexão com ninguém. Aquela conexão que você sente mesmo antes de falar com a pessoas, o desejo de estar perto, de cuidar e querer bem. É o que sinto por Flávia. - Agora eu conseguia entender o dilema que Renata estava passando.
- Olha, depois do que você me revelou, eu só posso torcer para que o seu plano dê certo. A Flávia é a melhor amiga da Soph e eu gosto muito dela, assim como gosto de você. Ficaria muito feliz se vocês ficassem juntas. Só toma cuidado pra não se machucar. E conta logo tudo que você sabe para a Flávia.
Voltamos para o Hospital e não tocamos mais naquele assunto. Comecei a prestar mais atenção em Flávia, para ver ser ela deixava algum sentimento transparecer. A verdade é que ela era muito discreta e Renata tinha razão, Flávia falava somente o necessário com ela.
Será que Sophie tinha razão ao achar que Flávia nunca se interessaria por Renata? Afinal, ela conhecia a amiga a bastante tempo.
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A tarde passou rapidamente. Nossos amigos e familiares tinham deixado o quarto a pouco tempo, a Dra Eduarda também passou aqui para ver se minha namorada tinha apresentado alguma alteração nos exames, mas estava tudo bem. Apenas uma anêmica que ela já tinha, mas que se agravou com o que aconteceu.
Depois da noite em que Sophie me pediu em casamento, essa foi a primeira vez que estávamos a sós. Pra mim, tinha se passado uma eternidade. Me sentei na poltrona ao lado da cama e fiquei olhando para Soph. Ela já estava mais corada, não tinha mais tubos em seu rosto e a única coisa que denunciava que estávamos em um quarto de hospital era o acesso em sua mão. Ela continuava sendo a mulher mais linda que eu já vi na vida. Seus cabelos negros e longos estavam espalhados pela cama.
- Sei que pode me sentir. - Falo enquanto acaricio seus cabelos.
- Amor, desculpe ter chorado dá última vez que nos falamos, eu não consegui segurar. É que está sendo tão difícil ficar sem você. Sinto sua falta, principalmente a noite quando encosto minha cabeça no travesseiro e lembro daquela noite horrível em que tudo mudou de uma hora pra outra e você quase nos deixou. Só consigo dormir quando sei que você está bem. Não fica chateada comigo, mas estou dormindo no carro aqui no estacionamento ao lado. Sei que se estivesse acordada iria brigar comigo, mas não consigo ficar longe de você.
- Outro dia eu estava imaginando como vai ser o nosso casamento. - Encostei minha cabeça na poltrona e segurei na mão de Sophie. - Se vamos escolher flores brancas ou azuis. Se vamos casar na praia ou lá em casa. Fiquei imaginando você vestida de noiva, o seu sorriso radiante na hora em que eu disser sim. Depois imaginei nossos amigos todos reunidos comemorando junto com a gente. - Pensando bem, acho que um luau na praia não seria nada mal. Pode ser na casa onde foi o nosso primeiro encontro. Depois podíamos jogar aquela partida de Futevôlei que eu estou te devendo. O que você acha? - Por um momento tinha esquecido que minha namorada estava dormindo. Olho para o lado oposto de Soph e deixo algumas lágrimas caírem.
- Soph, eu não sei o que fazer. Estou me sentindo uma bagunça. Tenho pensado muito no meu pai. Sinto falta dele. Tenho certeza que vocês se dariam super bem. Ele era tímido assim como você, mas gostava de fotografias, então tenho certeza que vocês teriam muitos assuntos para conversar.
Será que as coisas vão voltar a ser como eram antes?
É a última coisa que penso antes de dormir.
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- Elisa, desculpe aparecer assim, mas preciso falar com você. - Seu Luís fala ao se aproximar da porta do meu quarto.
Eu tinha chego do Hospital a algumas horas. Sophie ficou com a sua mãe e se ela acordasse dona Helena iria me avisar.
- Quê isso seu Luís, pode ficar a vontade. O que o senhor quer falar comigo? - Convido ele para a minha varanda e sentamos nas cadeiras que estão por ali.
- Eu tenho observado nesses últimos dias. Vejo que não está se alimentando direito. Além de passar o dia no hospital. Sei que eu não sou ninguém para me meter na sua vida e peço desculpas se o que eu falar vai lhe ofender, mas vou falar mesmo assim. - Seu Luís estava sério.
- Pode falar senhor.
- Você precisa continuar vivendo.
- Eu estou vivendo. - Tento argumentar.
- Não, você está apenas empurrando a vida com a barriga. - Ele colocou a mão no meu ombro. - Sei que é difícil, todos nós estamos desolados com tudo o está acontecendo com a Sophie. Mas ela está melhorando e quando acordar não vai ficar feliz se descobrir que você não está se cuidando.
- Eu sei que preciso me cuidar e voltar a minha rotina, mas não tenho forças. Não acho justo eu me divertir ou viver como se nada estivesse acontecendo enquanto ela está internada naquele hospital. Me sinto egoísta. Fora que não consigo me concentrar em nada no trabalho.
- Olha, se você ficar pensando o tempo inteiro nas coisas que estão acontecendo e não fazer nada para distrair a mente, você pode ficar doente. Não quero lhe ver assim minha filha. Assim como Sophie também não iria querer. Você precisa ficar forte e recuperar o controle da sua vida. - Seu Luís estava calmo e suas palavras, apesar de duras, eram faladas com serenidade.
- Não sei o que fazer. - Admito. - Estou perdida.
- Eu entendo, a vida pode ser caótica as vezes, mas temos que usar os obstáculos para nos fortalecer. Desde que eu vi você e a minha filha juntas, eu sabia que a relação de vocês era cheia de amor e companheirismo. Nunca tinha visto Sophie tão feliz. Vocês não conseguiam disfarçar o amor e admiração que estavam sentindo uma pela outra. Isso me deixou tão feliz. Fiquei tranquilo porquê sabia que vocês lutaria pela felicidade uma da outra. Agora você precisa continuar lutando pela sua felicidade, mesmo quando a sua namorada não está por perto. Tenho certeza que Sophie iria se sentir muito mal se soubesse que você parou sua vida no momento eu que ela foi internada.
- O senhor tem razão, Soph não iria gostar nada de me ver assim. - Confessei.
********
Depois da conversar com o seu Luís, fiquei mais animada. Resolvi ir para o trabalho e retomar meus negócios.
- Chefe, você está bem? - Levi pergunta ao se aproximar da minha mesa.
- Obrigada por se preocupar Levi. Estou me sentindo melhor.
- Que bom, fiquei muito preocupado. E como está a Sophie?
- Ela está melhorando. Estamos esperando ela acordar pra ver como seu corpo vai reagir. Mas estamos bastante otimistas.
- Essa notícia é maravilhosa Elisa.
- Sim, ficar com ela me renovou os ânimos. Tudo que quero hoje é trabalhar e retomar minha atividades.
- Então a senhora chegou no momento perfeito. Estamos precisando de um novo estoque da coleção primavera... - Enquanto Levi falava sobre tudo o que tínhamos que fazer naquela tarde eu me senti feliz por ter voltado ao trabalho. Só faltava Sophie acordar para a minha felicidade estar completa.
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A noite demorou a chegar e eu estava ansiosa para ficar com Soph novamente. Entrei no hospital e fui direto para o seu quarto.
- Desculpe o atraso Dona Helena.
- Tudo bem, o Luís ainda não chegou para me buscar.
- Tenho certeza que ele vai chegar logo.
- É.
Falar com a mãe de Soph nunca era fácil e quase sempre ficávamos caladas sem saber o que dizer. Como está acontecendo agora. Era um pouco embaraçoso tentar começar um diálogo, pois ela sempre me respondia com meias palavras.
- Eu vou esperar o Luís na recepção. Boa noite. - Helena se despediu da filha e saiu apressada. Fiquei aliviada por ela ter dado fim ao nosso momento constrangedor.
Deixei minhas coisas na poltrona e fui em direção a cama de Soph. Ela ainda dormia profundamente. Seu rosto estava mais corado e os roxos em seu corpo estavam quase sumindo. Me aproximei e beijei sua testa.
Oi meu amor. Já estava morrendo de saudades. - Falo sentindo o cheiro do seu cabelo, o que me trás muitas recordações boas.
- Hoje fui na loja. O Levi fez um ótimo trabalho durante a minha ausência, me lembra de aumentar o salário dele. - Falo sorrindo.
- No caminho pra cá vi algumas pessoas jogando futevôlei na praia. Você iria adorar o jogo parecia bem animado.
Olho para a porta e vejo se não tem nenhum enfermeiro passando. Deitou ao lado da minha namorada e lhe abraço. Que falta eu sentia de ficar assim com ela. Seguro sua mão e entrelaço nossos dedos. Sua palma está quente e macia. Olho para o teto e fico pensando em tudo que aconteceu nas últimas semana. Uma música vem a minha mente e começo a cantarolar baixinho.
Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar Desesperadamente
Olho para Sophie e acaricio seu rosto.
Eu sei que vou te amar
E cada verso meu será pra te dizer Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida
Sinto meu rosto molhado, não sei em qual momento comecei a chorar. Continuo a cantar, agora como em um sussurro.
Eu Sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar, Mas cada volta Tua há de apagar
O que essa ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver a espera De viver ao lado teu Por Toda a minha vida.
- Não sabia que minha noiva cantava tão bem.
Fim do capítulo
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