35. A hora certa para amar.
SOPHIE LOPES
Um clarão toma conta da minha vista, tenho dificuldade para abrir meus olhos. Porque meu corpo está tão pesado? E esse gosto amargo em minha boca? Meus lábios estão secos. Sinto cheiro de álcool e produtos de limpeza. Minhas pupilas demoram a se acostumar com a luz do ambiente.
Escuto uma voz baixa e suave cantando, é Elisa. Ela parece distraída. Sinto sua mão acariciando a minha. É estranho porque sinto seu toque, mas ao mesmo tempo é como se eu não estivesse em mim mesma. Me sinto sonolenta e muito cansada.
- Não sabia que minha noiva cantava tão bem. - Falo e ela me olha assustada. O que está acontecendo, por que ela está me olhando assim?
- Meu Deus. Amor, você acordou. - Ela me olha.
- Onde estamos? - Pergunto.
- No hospital, meu amor. - Que diabos estamos fazendo em um hospital?
- O que aconteceu? - Tenho vontade de levantar, mas não consigo.
- Você não lembra de nada? - Elisa pergunta.
- Não sei. - Falo confusa. Alguns flashes passam em minha mente, mas é tudo muito desconexo. Elisa tenta levantar da cama, mas eu a seguro, estou com medo. Minha noiva beija minha testa e me abraça.
- Tudo bem, não force sua mente, estou aqui com você.
- Bom dia, vejo que nossa paciente acordou. - Uma mulher vestida de branco passa pela porta.
- Bom dia Dra. Eduarda. - Elisa a cumprimenta.
- É normal ficar um pouco desorientada e confusa após acordar de um coma. - Ela fala olhando para mim. - Não se preocupe, logo esse mal estar vai passar. O importante é que você está se recuperando muito bem.
O flashes em minha cabeça se tornam mais claros. Lembro de Marcos me batendo e eu tentando escapar dele. A memórias voltam com muitas força. Sinto uma dor de cabeça aguda.
- Minha cabeça está doendo muito.
- Vou pedir para a enfermeira trazer um remédio. - A Doutora fala.
- Lizzy, agora eu me lembro. O Marcos entrou no meu apartamento, ele estava descontrolado. Ele me bateu e me amarrou em uma cadeira. Mas consegui me soltar e pedir ajuda, só que ele foi mais rápido e... - Começo a chorar descontroladamente.
- Amor, calma. Já passou, você está segura agora. - Ela me abraça mais forte e eu não consigo controlar os meus soluços. Sinto as lágrimas de Elisa em meu rosto. Ela parece estar tão assustada quanto eu.
- O Marcos está aqui? Não deixe ele chegar perto de mim. - Falo desesperada.
- O Marcos morreu Sophie, ele nunca mais vai fazer mal a você. - Elisa sai da cama, mas continua a segurar em minhas mãos. - Não vou deixar que nada lhe aconteça. - Ela me encara e vejo medo em seus olhos também.
Começo a me sentir muito sonolenta, meus olhos não me obedecem.
- Esse calmante vai ajudar sua namorada. Ela precisa descansar. - É a última coisa que escuto antes de apagar.
**********************
Quando acordo vejo minha mãe ao meu lado.
- Mãe, que bom que está aqui. - Falo entre bocejos.
- Filha, se sente melhor? - Ela segura em meu braço e me olha preocupada.
- Sim, me sinto melhor.
- Ai que bom meu amor! Ficamos tão preocupados. Seu pai e sua irmã estão lá fora, eles estão ansiosos para falar com você. É tão bom te ter de volta minha filha. - Minha mãe falava apressada. Ainda não conseguia entender o que estava acontecendo.
- Onde está a Elisa?
- Ela está lá fora também. Todos os seu amigos estão no hospital. Estamos tão felizes que você acordou.
- Quanto tempo fiquei em coma? - Pergunto ainda sonolenta.
- Um pouco mais de duas semanas.
- Tudo isso? Meu estúdio deve estar a beira da falência. - Levanto preocupada.
- Calma Soph, não se movimente tanto. - Mamãe ajeita o travesseiro em baixo da minha cabeça me fazendo deitar novamente. - O seu estúdio está bem, parece que sua equipe continuou a mudança para o novo local e agora já está tudo pronto. Alguns dos seus colegas de trabalho estiveram aqui em quanto você esteve em coma. Todos estavam bem preocupados.
- Eu quero tanto ir trabalhar. Quero ver todo mundo. Agradecer pelo apoio de todos.
- Por agora você vai ter que se contentar em receber visitas, pois a Doutora não vai liberar você pra trabalhar até que esteja completamente restabelecida.
- Já me sinto bem melhor. Porque não posso ir pra casa? - Me sinto agoniada, nunca gostei de hospitais. Sentia falta da minha cama e das minhas coisas.
- Sophie, você tem muita sorte de estar viva, minha filha. Por vários momentos achei que te perderia. Fiquei tão angustiada. Com medo de não ter mais você comigo. - Minha mãe começou a chorar.
- Eu estou aqui mãe, estou aqui com você. - Lhe abraço e ficamos assim por um bom tempo.
- Sabe filha, queria te pedir desculpas pela maneira que agi com você e com a Elisa.
- Tudo bem mãe.
- Não, eu fui muito preconceituosa. Agora vejo como ela faz bem pra você e o quanto ela te ama. Elisa não saiu daqui um minuto desde que você deu entrada na UTI. Ela nos hospedou e cuidou muito bem de todos nós. Eu estava errada sobre vocês. Só quero que você seja feliz meu amor. - abraço minha mãe mais forte.
- Eu sou feliz mãe. E fico muito mais feliz em saber que você me apoia. Obrigada. Você não sabe o quanto sua aprovação é importante pra mim. Ainda mais agora que estou prestes a dá um passo tão importante.
- Acho que sei do que se trata.
- É mesmo, a Elisa te contou?
- Não, mas quando vi o jeito que você olhava pra ela e como ela te olhava da mesma forma. Percebi que vocês estavam completamente apaixonadas e não demorariam a dar o próximo passo. E por mim, tudo bem. Como disse antes, se você estiver feliz eu também estou.
- Nossa, obrigada mãe. É tão bom dividir esse segredo com alguém. E fui eu quem pediu a Elisa em casamento. Essa foi um decisão que jamais vou me arrepender.
- Filha, você pode contar qualquer coisa pra mim. Sempre fui sua melhor amiga e mesmo agora que você já é adulta, eu ainda estou aqui para lhe aconselhar e ouvir seus desabafos. Sabe que por um bom tempo foi só nós duas. Se está pronta para se casar, eu te dou todo apoio.
- Obrigada mãe, obrigada. - continuamos abraçadas por um bom tempo. Até que a enfermeira chegou para me levar para o banho.
Durante a tarde várias pessoa me visitaram. Minha família, Henrique, Lara, alguns colegas de trabalho e até mesmo Renata.
Na final da tarde uma mulher que eu não conhecia entrou no quarto para falar comigo. Elisa me explicou que ela era a Delegada que cuidou do meu caso. Sua visita era para falar sobre o relatório criminal e conversar comigo sobre o que tinha acontecido naquela noite de tanta desgraça. Contei, nos mínimos detalhes, o que tinha acontecido. Enquanto falava percebia que Elisa ficava tensa ao meu lado. Meus pais também estavam no quarto e me davam apoio enquanto eu relatava os acontecimentos daquele dia catastrófico. Depois de alguns minutos terminei meu depoimento e estava me sentindo cansada, não demorou muito para eu adormecer com Elisa segurando em minha mão.
Quando acordei já era noite e apenas Elisa estava no quarto. Minha noiva estava deitada ao meu lado. Era tão bom poder sentir o seu toque novamente. Logo ela percebeu que eu estava acordada.
- Você precisa de alguma coisa amor? - Ela perguntou. - Um travesseiro melhor? Talvez ir ao banheiro ou alguma coisa pra comer?
- Lizzy, está tudo bem. Só preciso de você aqui comigo. - Me encolhi em seus braços e puxei sua nuca até que sua boca estivesse próxima a minha. Seus lábios estavam tão macios. Lhe beijei lento e suave. Passei vários minutos beijando seus lábios deliciosos. Até que senti um gosto salgado em minha boca. Olhei para Lizzy e ela estava chorando.
- Não chore meu amor. O que aconteceu? - Pergunto limpando suas lágrimas.
- Eu nem acredito que tenho você em meus braços novamente. Teve momentos em que achei que nunca mais estaríamos assim novamente. Foi horrível sentir que estava te perdendo.
- Ei, eu estou aqui. Enquanto Marcos tentava me impedir de sair daquele apartamento ou depois na UTI desse hospital, eu só conseguia pensar em ficar bem para voltar pra você. Lutei como nunca apenas para continuar lutando pelo nosso amor. Apenas para estar de novo ao seu lado e construir a família que tanto queremos. Eu te amo Lizzy, jamais te deixaria sem lutar com todas a minhas forças pela nossa felicidade.
- Eu não pude ir embora Soph, estive aqui todo os dias. Eu não consegui ficar longe de você. Simplesmente me sentia sufocar toda vez que tentava sair daqui para ir em casa ou trabalhar.
- Eu sei, de alguma forma eu sentia sua presença e isso me ajudou a lutar e voltar para você. Voltar para continuar de onde paramos. Voltar para passar a minha vida ao seu lado. - Toquei em seu rosto e lhe beijei novamente. Dessa vez de uma forma muito mais intensa. Deixando com que toda a minha sinceridade transborda-se naquele ato de amor.
*************
Após alguns dias de exames e fisioterapia, recebi alta do hospital. Estava ansiosa para ir para o meu apartamento, visitar o meu estúdio e ver os meus amigos. Mas sabia que ainda demoraria um bom tempo para voltar a minha rotina diária.
De início Elisa foi resistente a ideia de me levar para o meu apartamento. Mas ela não teve como negar. Já estava decidida a voltar para o meu canto. Não foi fácil no primeiro momento, mas depois de uns dias as lembranças daquele dia trágico foram se suavizando em minha mente.
Os dias se passaram e Elisa me ajudou bastante, ela não saiu do meu lado em nenhum momento. Cuidou de mim até que eu me restabelecer-se.
- Já está na hora de voltar ao trabalho. Me sinto novinha em folha graças a vocês meu amor. - Falo ao sentar do seu lado no sofá. Elisa estava mexendo em seu computador. Ela trabalhava de casa a maior parte do tempo e poucas vezes foi a sua loja desde que eu saí do hospital.
-Tem certeza princesa? Talvez ainda seja cedo demais.
- Lizzy já estou em casa a quase dois meses. Não vou correr ou dar cambalhotas. Quero apenas voltar a trabalhar e sair mais de casa. Não acha que já adiamos coisas demais nas nossas vidas?
- Você tem razão. A Dra. Eduarda disse que sua saúde está muito boa. Não vejo problema em voltar a trabalhar. - Ela fala séria.
- Isso é fantástico. - Pulo em seu colo quase derrubando seu notebook.
- Mas nada de estripulias mocinha. - Ela brinca e me envolve em seus braços.
- Nem uma partida de futevôlei?
- Soph...
- Tá bem, só estou brincando. - Beijo seus lábios e ficamos assim, bem juntinhas até a hora de ir para o meu estúdio. Mal podia esperar para dar ordens e trabalhar como nunca antes.
POV RENATA
Essa noite seria especial, não apenas porque Elisa e Sophie iriam noivar oficialmente, mas porque eu finalmente consegui informações sobre a família de Flávia que a deixaria feliz.
Estacionei meu carro na garagem da casa de Elisa e respirei fundo. Seria hoje o dia em que contaria tudo que descobri para Flávia.
A casa estava cheia com familiares e amigos das anfitriãs. Elas estavam oferecendo um jantar para comemorar o seu noivado, que sejamos sinceros, não é mais surpresa para ninguém.
- Renata, que bom que chegou. Estava contando para nossos amigos que você será a minha madrinha. - Elisa me puxou para a roda de conversa. Lá estavam Nina e sua esposa a Dra. Eduarda. Dona Cláudia, mãe da Elisa, dona Helena, mãe da Sophie, Matheus, que finalmente tinha dado as caras e veio nos visitar e Flávia, que mal me olhava. Já estava cansada de ser tratada com frieza por ela, mas não conseguia para de pensar no que poderia ter acontecido durante a nossa última conversa no hospital.
Flashback on
3 meses antes...
Sophie estava na sala de cirurgia a algumas horas. A sala de espera estava lotada com parentes e amigos. Resolvi passar no hospital para dar apoio a Elisa. Sabia que Mateus não estava na cidade e que ela, mais do que nunca, estava precisando de amigos ao seu lado. Vi em primeira mão o quanto Elisa amava a Sophie e não devia ser nada fácil saber que o amor da sua vida estava entre a vida e a morte em uma sala de cirurgia.
Fiquei um tempo ao lado de Elisa, ela chorava bastante. Lhe falei palavras de conforto e me ofereci para trazer lanches e bebidas para todos na sala. Pra minha surpresa Flávia se ofereceu pra me ajudar.
Na lanchonete do hospital, enquanto esperávamos os pedidos, comecei a observar as expressões de Flávia. Seu olhar era distante e tinha muita tristeza.
- Tenho certeza que a Sophie vai ficar bem, ela é muito forte. - Falo em busca de lhe trazer algum conforto. Tinha bastante tempo que não conversávamos a sós. Flávia estava me evitando e eu ainda não compreendia o motivo.
- Isso é tão injusto. - Ela fala. - Sophie é uma pessoa maravilhosa que sempre ajudou todos ao seu redor. Porquê isso tá acontecendo? - Eu não tinha resposta para aquela pergunta, mas sabia que ela estava mais perguntando pra si do que pra mim. Então deixei que continuasse. - Eu estava sentindo que tinha alguma coisa errada, pensei em ligar pra Soph e perguntar se estava tudo bem, mas o trabalho está tomando todo meu tempo. Mesmo assim eu devia ter feito alguma coisa pra impedir que essa tragédia acontecesse.
- Flávia, você não tinha como saber, não prevemos essas coisas. O importante é que a Sophie está recebendo cuidados médicos agora. Precisamos esperar e orar por notícias boas.
- Talvez orar não seja a solução. Deus não está muito disposto ouvir nossas orações já que nem quiz proteger a minha amiga de levar um tiro. - Aquele comentário me deixou surpresa. Não sabia se Flávia pensava realmente daquela forma ou talvez fosse a situação que a estava deixando rancorosa.
- Tem situações que não podem ser evitadas. - Comento, mas me arrependo na mesma hora, porque Flávia revira os olhos e seu semblante muda de triste para irritado em um segundo.
- Então quer dizer que mesmo eu sendo uma pessoa boa Deus não me protege ou melhor, do que adianta acreditar em um Deus que não vai me ajudar nas horas que preciso? Parece muita hipocrisia pra mim. - Que merd*, em que momento a conversa foi por esse rumo. Eu não queria brigar e sim lhe consolar. Mas também sabia que ela não estava falando apenas da situação com a amiga e sim das coisas que aconteceram em sua vida.
- Flávia, não queria lhe ofender. Me desculpa. - Tento amenizar a situação porque sei que o momento é delicado.
- Me desculpa, eu que não devia descontar minhas frustrações em você. - Os lanches chegaram nesse momento e Flávia apenas disse. - Vamos voltar, os outros devem estar com fome.
- Espera, quero lhe perguntar uma coisa. - Não sei da onde veio coragem, mas eu não podia mais aguentar esse gelo que ela estava me dando desde a nossa conversa em sua casa.
- Pode perguntar.
- Pode ser apenas impressão minha, mas tenho a sensação que você se afastou de mim. Porque fez isso? - Ela me olhou surpresa.
- Aqui não é o momento para falar sobre isso. - Eu odiava o olhar de reprovação que ela me lançava. Porque ela estava fugindo de mim. Porque não podia se abrir. Ela se levantou e se virou para seguir até a sala de espera. Mas não deixei com que ela andasse. Segurei em seu braço e falei angustiada.
- Porque você está me evitando? - Perguntei lhe olhando fixamente. Ela me olhou surpresa.
- Não estou te evitando. - Ela falou quase em um sussurro. Ela parecia envergonhada por causa das pessoas ao nosso redor.
- Se não está me evitando, porque não podemos ter uma simples conversa sem que você fuja de mim? - Seu corpo era como um ímã que me puxava para mais perto.
- Não estou fugindo. - Ela falou incisiva.
Nossos corpos estavam tão próximos que eu podia sentir sua respiração no meu rosto e ouvir as batidas aceleradas do seu coração, ou talvez fossem as minhas. Me aproximei um pouco mais até que nossos lábios estivessem a poucos centímetros um do outro. Só conseguia sentir a sua presença ali e nada mais fazia sentido.
- Meninas... - Nos afastamos em um susto. - Lara se aproximou. - a Elisa pediu para levarem um café sem açúcar pra... - Ela parou de falar por alguns segundos. - Vocês estão bem? - Ela perguntou nos encarando.
- Sim, já vou buscar o café para a Elisa. - Flávia falou e foi até o balcão da lanchonete. Ela não parecia estar afetada com a nossa aproximação como eu estava.
- Se eu não estivesse tão longe, poderia afirmar que vocês estavam quase se beijando. - Lara falou para mim que levei um susto.
- Aquilo, ha não... É porque... A Flávia estava com um cisco no olho e eu estava tentando tirar. - Falei a primeira coisa que veio na minha mente.
- Ahan sei... - Ela me olhava curiosa.
- Deixa eu voltar para a sala que os lanches estão esfriando. - Peguei as sacolas e saí de lá quase correndo. Meu coração ainda estava acelerado, não podia acreditar que quase nos beijamos. Se Lara não tivesse chegado, será que Flávia me beijaria?
Flashback off
Só de recordar o momento em que quase beijei a Flávia, já sentia meu coração acelerar e minhas mãos ficarem suadas. Tentei tirar aqueles pensamentos da minha cabeça e me focar na conversa. Prometi para mim mesma que não pensaria mais naquilo, pelo menos não durante o jantar. Depois arrumaria uma desculpa para conversar com Flávia e finalmente contar tudo o que eu tinha descoberto sobre sua mãe.
O jantar de noivado das meninas estava sendo incrível. Era muito bom saber que Sophie estava completamente restabelecida e que Elisa tinha voltado a sorrir. Vi minha amiga enfrentar dias de muita escuridão. Ver seu olhar leve e cheio de tanto amor, me fazia pensar em Flávia, ela estava ao lado de Henrique. Os dois sorriam e aplaudiam o casal que agora declarava seu amor na frente de todo nós. Não tinha jeito, mesmo que ela me afastasse eu era atraída para seu olhar e não conseguia desviar em nenhum momento.
Elisa Franco
Depois do jantar, quando todos já estavam indo para as suas casas, eu terminei de organizar tudo que precisaríamos para nossa pequena aventura. Fazia muito tempo que não saiamos ou viajaávamos. O que era compreensivo devido as condições de Soph. Mas essa viagem era uma surpresa, minha namorada não imaginava que iríamos para a casa na praia do nosso primeiro encontro.
- Foi divertido. - Soph entrou no quarto e sentou na cama.
- Realmente, é tão bom poder contar para todos que vamos nos casar. - Sento ao seu lado e selo nossos lábios, nosso beijo é calmo e lento. Aos poucos afasto meus lábios do dela.
- Porque nossas malas estão prontas, vamos viajar? - Soph pergunta surpresa.
- Sei que temos muita coisa pra resolver em nossos trabalhos, mas achei que seria legal ter um fim de semana só nosso. - Ela levou uma mão ao meu rosto e acariciou minha bochecha.
- Acho que é uma ótima idéia. Estamos mesmo precisando de um fim de semana diferente.
- Que bom que concorda, pois já estamos de saída. - Falei enquanto me levantava e pegava nossas mochilas.
- Agora? - Soph olhou surpresa para o relógio na parede. Marcava 3 da madrugada.
- Sim, vamos de carro e no nascer do sol já estaremos lá. Tenho uma surpresa pra você. - Seus olhos brilhavam de excitação. Sophie era uma mulher que adorava aventuras e por conta da sua saúde, nos último meses ela passou muito tempo em casa.
- Então o que ainda estamos fazendo aqui? Vamos logo. - Ela me puxou animada. Era maravilhoso ver sua empolgação. Depois de momentos tão tristes, agora estávamos voltando a nossa melhor fase.
Avisei para Lupi, minha governanta, que só voltaríamos no domingo. Os pais de Soph e sua irmã Lara estavam novamente hospedados em minha casa. Eles vinheram somente para o nosso noivado e já voltariam para São Paulo amanhã. Devo confessar que fiquei surpresa quando a mãe de Soph foi a primeira a nos parabenizar. Nos últimos tempo dona Helena se mostrou mais disposta a me conhecer. Nossas conversas não passavam de receitas gastronômicas ou costura, mas já era um ótimo começo. E era notável o quanto nossa aproximação deixava minha noiva feliz.
*****"""""
- Depois de duas horas chegamos na casa de praia. - Sophie já tinha descoberto nosso destino a alguns quilômetros atrás.
Saímos do carro e caminhamos até a varanda da casa.
- É tão bom voltar aqui. Tenho tantas lembranças boas desse lugar. - Ela diz envolvendo minha cintura em seus braços. Involuntariamente lembro dos momentos que passamos naquela casa.
- Maldita torta de chocolate. - Brinco e ela dar gargalhadas.
- Realmente, foi a melhor sobremesa da minha vida. - Ela me olhou sugestiva. Era tão bom ver o desejo em seus olhos e vê-la corada e cheia de vida. Nunca me esqueceria da primeira vez em que entrei na UTI e vi seu corpo pálido e machucado. Essas imagens ainda me assombram em meus pesadelos. O medo de perdê-la é assustador. Mas depois que Soph acordou do coma, recebi uma nova chance de estar com ela e todos os dias faria questão de demonstrar o quanto a amo.
- Você é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. - Lhe abraço apertado.
- Elisa, obrigada. Você é maravilhosa, cuidou tão bem de mim e não saiu do meu lado em nenhum momento. Eu sou tão grata por você me deixar fazer parte da sua vida. - Ela me beija e sinto seu corpo quente me envolvendo mais e mais.
O céu estava com algumas camada laranjas e rosadas. Logo o sol nasceria. tiramos nossas coisas do carro e colocamos roupas mais leves. Caminhei com Soph pela praia e senti a areia fofinha em meus pés. Era notável a alegria de Soph quando um pouco da água do mar lavou os nossos pés descalços.
- Que saudade que eu estava do mar. Estou louca para surfar.
- Temos algumas pranchas no depósito lá atrás. Talvez você possa me ensinar a surfar, se prometer que não vai se esforçar tanto. - Seu sorriso se tornou muito maior.
- Sério? Eu iria adorar.
Paramos nossa caminhada e ficamos contemplando a maravilha que era quando o sol começavam a aparecer na linha que dividia o mar e o céu.
- Que lindo. - Falei ao observar os raios de Luz atravessarem as nuvens.
- Preciso da minha câmera, onde ela está. - Soph saiu correndo pela praia.
- Tá em cima da mesa. - Gritei.
- Tá bom, já volto. Não saia daí, preciso de uma foto sua nessa posição. - Ela continuou correndo animada e eu só conseguia sorrir também.
***********
POV RENATA
algumas horas antes...
Assim que saí da casa de Elisa mandei mensagem para Flávia pedindo para nós encontrarmos, pois eu tinha um assunto sério para falar com ela. Para minha surpresa, ela não foi resistente em aceitar se encontrar comigo, mesmo que já fosse de madrugada. Resolvi ir até a sua casa, como ela não tinha carro achamos melhor que eu fosse até lá.
Quando cheguei ela me recebeu em sua sala e perguntou se eu queria alguma coisa pra beber. Neguei e me sentei em seu sofá, respirando fundo e tomando coragem para começar a lhe contar tudo. Mas antes precisava saber porque ela se afastou de mim.
- Renata, você está bem? Seu rosto está um pouco pálido. - Ela sentou ao meu lado.
- Eu estou bem. - Menti. - Preciso que seja sincera comigo.
- Tudo bem, mas me diga qual o assunto sério que você tem para me contar.
- Primeiro preciso saber porque você está me evitando.
- Já disse que não estou te evitando. - Podia sentir que ela não estava sendo sincera.
- Então me explica porque de uma hora pra outra você parou de falar comigo? Estávamos tão próximas, mas depois da nossa primeira reunião sobre a investigação você simplesmente se afastou de mim e não deixou eu me aproximar novamente. Pensei que éramos amigas.
- Renata, porque você está tão preocupada com isso. Ainda somos amigas. Eu só estou mais focada na minha carreira agora. Tive que adiar minha viagem e agora estou resolvendo uns problemas.
- Viagem, que viagem?
- Vou para a África a trabalho.
- Pra África? Por quanto tempo? - Aquela notícia me pegou de surpresa.
- Um ano ou mais, não sei ainda. Já era pra mim estar lá, mas com tudo que aconteceu com a Soph, eu adiei um pouco a viagem.
Naquele momento meu mundo desabou. Ela estava indo embora.
- Você não pode ir. - Soltei sem querer.
- Porquê? - Ela não estava esperando por aquilo e nem eu sabia como falar. Então resolvi apenas falar do que tinha descoberto sobre sua família e não falar dos meus sentimentos.
- Porque eu descobri onde está a sua mãe. - Soltei sem pensar.
- Você fez o que?
- Eu continuei com a investigação e descobri que sua mãe não queria te abandonar ela foi enganada pelo seu avô que é um homem muito mal e orgulhoso.
- Você continuo a investigação sem a minha permissão? - Agora ela parecia irritada, mas eu não entendia porque.
- Flávia, você não está me ouvindo. Sua mãe não te abandonou.
- Não acredito que se meteu na minha vida dessa forma. Quem te deu o direito de vasculhar o meu passado? - Ela já estava de pé e eu podia ver a raiva crescer em seus olhos. Nunca pensei que a mulher tão doce que conheci poderia me assustar. Mas ela podia. Só que não iria me intimidar.
- Você, sua amiga. Vocês me procuraram. - Falei já começando a me alterar também.
- Isso foi antes, eu pedi para você parar. E mesmo assim ignorou minha decisão.
- E você ignorou minha existência. Eu não fiz nada de errado e você me afastou.
- Eu mal conheço você e mesmo que eu tenha te contado um pouco da minha vida não significa que você pode vasculhar o meu passado como se minha história fosse um filme. - Nossa, ouvir aquelas palavras dói tanto, eu não passava de uma conhecida pra ela. Enquanto para mim ela era muito mais, tanta que estou apaixonada por ela. Como eu sou idiota.
- Tudo bem, você não me conhece e eu não devia ter continuado a investigação. Não se preocupa que eu nunca mais vou te incomodar. Vai pra sua viagem e faz o que você quiser da sua vida. - Saí a passos firmes e bati a porta atrás de mim. Estava com muita raiva. Como pude me enganar tanto.
- Você não vai bater a porta na minha cara. - Apenas escutei a voz de Flávia atrás de mim. Quando estava perto do carro senti um puxão em meu braço. Ela segurou meus braços e falou rispidamente. - Ainda não terminei de falar. - Ela quase grunhiu as palavras. Ali eu estava conhecendo a verdadeira Flávia. Uma mulher fria e sem coração.
- Mas eu já terminei, me solta. Não tenho mais nada pra falar com você. Deixei os papéis da investigação no seu sofá. Só me deixa ir embora. - Tentei me soltar dos seus braços, mas não consegui, estava me segurando para não chorar ali mesmo.
- Você é muito prepotente se pensa que pode chegar na minha casa e despejar tudo em cima de mim e depois sair batendo a porta.
- E você é uma teimosa que não quer ouvir ninguém. - Devolvi suas palavras duras.
- Você nem me conhece. Não tem direito de falar do que não sabe, sempre teve tudo na vida, é uma mimada arrogante. - Ela falava tão próxima a mim que eu mal conseguia respirar.
- Se sou tão ruim quanto você está dizendo, então porque continua me segurando? Deixa eu ir embora de uma vez. - Vi quando Flávia piscou várias vezes e se deu conta do que estava fazendo. Ela me soltou de repente.
- É melhor você ir embora mesmo. - Ela falou friamente. Se virou e começou a caminhar até sua casa, mas parou por um instante. Pensei que ela iria falar algo. Só que isso nunca aconteceu. Ela voltou a andar e fechou a porta atrás de si me deixando sem reação do lado de fora da sua casa.
Não queria mais ficar ali, entrei no carro apressada e dirigi o mais rápido que podia. Como eu fui burra, como pude acreditar que havia algo entre nós. A minha desilusão era tão grande que eu só queria esquecer que um dia eu já tinha amado aquela mulher. Continuei a dirigir e implorei para que em algum momento eu acordasse daquele pesadelo. Deu tudo errado, agora eu a odiava e odiava a mim mesmo por ter me envolvido tanto.
POV HENRIQUE
Finalmente Soph estava melhor, vê-la sorrido novamente e se divertindo com sua noiva e com os seus convidados era um alívio pra mim. Me senti tão culpado por não ter acompanhado ela até o seu apartamento no dia em que Marcos foi atrás dela. Seu eu estivesse lá as coisas poderia ter sido diferentes. Mas o pior já passou e Sophie está bem. O problema é que eu estou atormentado com tantas questões pessoais que não estou nem conseguindo dormir. Não consigo mais sustentar essa mentira, preciso me abrir, mesmo que isso provoque a raiva das pessoas que eu mais amo.
Estava decidido, assim que o jantar terminasse, contaria toda a verdade e deixaria que o destino fizesse o resto.
De onde estava conseguia observar todos ao meu redor e a sala de Elisa era grande, o que me dava uma visão privilegiada de tudo e todos. Conseguia ver as noivas se acariciando quando pensavam que ninguém estava olhando. Não muito longe delas eu vi uma troca de olhares entre Flávia e Renata, essas duas vão ser como fogo e combustível. Apesar de todos acharem que Flávia é apenas uma mulher doce e gentil eu sabia que minha amiga só mostrava para os outros o que ela queria. Atrás de toda aquela timidez, ela escondia uma mulher de gênio forte e teimosa. Mas que eu duvidava que alguém conhecesse. Também vi quando Matheus entrou na sala e chamou a atenção de toda para si. Ele era bonito e Atlético e era impossível estar em um local sem ser notado. No começo me dei muito bem com ele, mas depois de tudo que aconteceu eu não o suportava. E ficou pior quando vi o olhar de Lara para ele. Apesar de tudo, ela ainda o idolatrava.
A noite demorou a passar e eu estava confuso sobre o que fazer. Precisava tomar uma decisão. Observei que Lara estava subindo as escadas e vi ela sumir entre os corredores. Seria aquela a minha oportunidade? Fui atrás dela e lhe encontrei na varanda. Ela parecia triste.
- Tudo bem? - perguntei. Ela me olha assustada.
- Nossa, nem percebi que você estava aí. Que susto.
- Desculpa não queria te assustar. - Me aproximo e fico ao seu lado.
- Respondendo sua pergunta. Não estou muito bem. A presença do Matheus ainda me incomoda muito. - Ela tinha o olhar triste e vazio. Como eu poderia falar a verdade quando ela me olhava daquele jeito? É por isso que todas as vezes que tentei não consegui.
- Sinto muito. - Foi tudo o que consegui dizer.
- Tudo bem.
Passamos um tempo em silêncio só observado as pessoas que estavam na área da piscina.
- Bom, acho que vou voltar para a minha tortura, Soph deve estar me procurando - Lara caminhou até a porta.
- Espera, eu preciso falar com você sobre uma coisa. - Era agora ou nunca. Fui até onde Lara estava.
- Aconteceu alguma coisa? Lara perguntou.
- Você lembra da noite em que saímos para beber porque você estava muito triste por causa do Matheus?
- Sim, claro que me lembro. Você foi um verdadeiro amigo, me ajudou muito. - Quando ela falava daquele jeito era muito mais difícil contar a verdade. Mas eu não podia mais esconder tinha muito tempo que estava me atormentando com aquela situação.
- Preciso te contar uma coisa. - Falo cabisbaixo.
- Pode falar Rick, você sabe que pode me contar qualquer coisa.
Respirei fundo e decidi que era o melhor a se fazer eu não podia mais ficar com todo aquele fardo sozinho.
- Eu menti para você. - Começo a falar com receio.
- Como assim do que você está falando? - Lara me pergunta aflita.
- Quando você dormiu no meu apartamento me perguntou se tinha acontecido alguma coisa entre a gente e eu disse que não, mas não é verdade. A verdade é que nós trans*mos e como eu vi que você estava muito abalada não quis dizer o que realmente tinha acontecido. - Lara me olhava muito surpresa, mas agora que tinha começado eu não ia parar de falar. - Eu me lembro de algumas coisas, nós estávamos muito bêbados e você não queria ir para casa da Sofh então quando chegamos no prédio você foi entrando no meu apartamento e se jogou na minha cama depois você me puxou para cima de você e começou a me beijar.
- Meu Deus Que vergonha não acredito que eu fiz isso. - As bochechas de Lara assumiram um tom escarlate. Ela perecia muito envergonhada.
- Mas tudo bem porque eu também quis. No início eu fiquei sem reação, mas depois foi muito bom e a gente estava apenas se curtindo.
- Como eu fui deixar que isso acontecesse era para ser a minha noite de desabafo e eu acabei estragando tudo de novo.
- Você não estragou nada Lara o que fez não foi errado. Você fazer as coisas que tem vontade não é errado, mas eu sim tenho culpa porque ainda estava consciente das minhas atitudes e não percebi que você não estava consciente das suas, só me dei conta na manhã seguinte quando você não lembrava de nada. Fiquei me sentindo um monstro por vários dias e ainda me sinto mal.
- Henrique você não precisa se sentir mal fui eu que me atirei em cima de você. Mesmo que eu não me lembre de nada, ainda sim sei que você jamais se aproveitaria de mim. Te conheço faz muito tempo e isso não vai estragar a nossa amizade. Se é isso que tá te preocupando pode ficar tranquilo.
- Não é isso que está me preocupando.
- Então me conta não quero que você fique mal.
- Naquela noite alguma coisa começou a mudar dentro de mim. De início eu quis acreditar que estava tudo bem que foi apenas uma noite maluca de muita bebida e sex*, mas depois eu comecei a sentir coisas que eu nunca tinha sentido antes e esses sentimentos me assustaram.
- O que exatamente você está tentando me dizer Henrique?
- Acho que me apaixonei por você e agora eu não sei o que fazer. Estou confuso e desde aquele dia eu não sou a mesma pessoa. - Eu olhava para Lara e via que ela estava sem reação. É por isso que eu não queria contar nada, mas também não podia ficar guardando aquele sentimento. Talvez se eu contasse para ela tudo passaria e as coisas voltariam ao normal.
- Eu realmente não sei o que dizer você me pegou de surpresa parece tudo muito novo para mim eu não lembrava de nada disso, mas não estou dizendo que você fez errado em me contar. Eu só não sei como... Não sei o que dizer.
- Lara você não precisa dizer nada eu só precisava te contar. Respeito muito você e não queria que você olhasse para mim sem saber o que tínhamos feito de verdade. É só isso, eu não quero nada mais. Só precisava ser sincero quanto ao que aconteceu e quanto ao que eu estou sentindo, mas isso não te compromete em nada.
- Obrigada por ter me contado. Eu agradeço pela sua honestidade e de verdade, desculpa não poder corresponder os seus sentimentos, mas agora tudo tá muito confuso para mim eu ainda não sei o que quero e pra completar a faculdade tá sugando todas as minhas energias.
- Tudo bem, eu só não quero que as coisas mudem entre a gente, você continua sendo a irmã da Soph e minha amiga.
Lara me abraçou e beijou meu rosto. Depois decidimos que já estava na hora de voltar para festa, as pessoas deviam estar sentindo a nossa falta. Não falamos mais sobre aquele assunto durante o restante da noite e eu fiquei aliviado por ter contado tudo.
A única coisa que ainda me incomodava é o fato de que a noite mais íntima e profunda da minha vida nunca seria lembrada pela pessoa com a qual eu compartilhei. Mas sabia que agora o meu coração era e não tinha o que fazer, se seríamos apenas amigos, eu seria o melhor amigo que ela poderia ter.
SOPHIE LOPES
A vida ao lado de Elisa sempre era uma grande surpresa. Ela tornava tudo melhor e estar com ela nesse paraíso era ainda mais maravilhoso. Estávamos deitadas na praia em cima de toalhas de banho. Aquele dia tinha sido muito divertido e agora aproveitavamos a vista das estrelas. Era como se o céu fosse todo nosso.
- Eu estou tão feliz. - Falei segurando na mão de Elisa. - Nem acredito que estamos aqui de novo.
- Adoro ver você feliz. Lembra que disse que tinha uma surpresa pra você? - Ela me olha e acaricia meu rosto.
- Pensei que vir pra cá fosse a surpresa. - Falo curiosa.
- É só uma parte. - Elisa se aproxima e me beija, longo e demorado. Era tão bom sentir seus lábios macios. Envolvo sua cintura e a puxo para mais perto até que nossos corpos ficassem colados.
- E qual a outra parte? - Ela sorri e aponta para a casa atrás de nós.
- A casa. - Apenas diz isso.
- Sim, eu entendi que vir pra cá faz parte da surpresa. - Brinco.
- Você não entendeu, eu comprei a casa. Agora ela é nossa e podemos vir pra cá quantas vezes tivermos vontade.
- Sério? Isso é incrível Lizzy. Eu não sei nem o que dizer... Quer dizer, eu adoro essa casa, ela faz parte da nossa história. Você é perfeita. - Abraço minha noiva até que eu esteja em cima do seu corpo. Lhe beijo intensamente.
- Que bom que gostou. - Espalho vários beijos em seu rosto. Elisa acaricia minha coxa e coloca sua mão por entre o meu vestido. Seu toque me arrepia fazendo com que meu desejo em beijá-la só aumente.
- Vamos entrar. - Sussurro.
- Vamos. - Levantamos e corremos de mãos dadas até a porta de nossa mais nova casa. Era loucura, pela primeira vez a ficha estava caindo. Eu iria me casar com Elisa e essa casa era nossa. Sei que meu apartamento ou a casa de Elisa também vai ser nossa, mas é diferente. Porque aqui sempre foi nosso, desde o início foi nosso e é nossa primeira aquisição depois do noivado. Como se agora fosse pra valer. Elisa seria minha mulher.
Deitei Elisa na cama e me coloquei entre suas pernas. Lentamente beijei seu pescoço.
- Você é a pessoa mais importante da minha vida. Eu te amo meu amor. Mal posso esperar para dizer sim e finalmente lhe chamar de minha esposa. - Falo enquanto acaricio o rosto de Elisa.
- Amor, eu sou muito grata pela segunda chance que temos. Eu te amo com tudo que tenho. Obrigada por voltar pra mim. Nunca vou esquecer o medo que senti quando entrei em seu apartamento e vi você desmaiada e sangrando. Pensei que nunca mais...
- Tudo bem amor, eu estou aqui. Já passou. - Lhe abracei.
- Como senti a sua falta. - Elisa volta a me beijar e dessa vez só paramos para tirar as nossas roupas.
Sei que já disse antes, mas nada nunca vai me preparar para o impacto que é ver Elisa totalmente nua e pronta para mim. As linhas do seu corpo são simétricas e delicadas. Meu olhar de fotógrafa tira várias fotos mentalmente.
- Você é tão linda. - Encosto seu corpo no meu e lhe beijo novamente. - Não consigo me controlar ao seu redor.
- Então não se controle. Me mostra o quanto você me deseja. Seu olhar era como fogo, mas também tinha calmaria. Ela era a minha parte mais bonita.
Nos amamos a noite inteira, mesmo assim eu sabia que nem todo o tempo do mundo seria suficiente para estar ao lado de Elisa, mas eu iria me entregar em cada momento. Mesmo que os problemas da vida nos derrubasem, eu estaria ao seu lado para superar cada um deles. Porque não existe uma hora certa para amar, mas existe a pessoa certa que vai te aceitar com todos os seus defeitos e imperfeições, que vai estar ao seu lado em todos os momentos, que vai te dizer eu te amo não apenas com palavras, mas com ações. Você vai saber reconhecer a pessoa certa, porque sem ela nada mais vai fazer sentido.
FIM
Continuação com livro Deixa eu te amar. Tem no aplicativo Noveltoon. Mais informações no meu Instagram: @escritora.kelly
Fim do capítulo
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Raquel Santiago Em: 07/05/2025 Autora da história
O Livro da Renata e da Flávia já foi escrito. Está postado no aplicativo noveltoon. O título é DEIXA EU TE AMAR