32. Pesadelo
SOPHIE LOPES
Ela aceitou!
A alegria que eu estou sentido é inexplicável.
Não consigo acreditar que Elisa aceitou se casar comigo.
Mal consegui me concentrar no trabalho hoje pela manhã. O tempo estava devagar e tudo o que eu queria era que as horas passassem bem rápido para que eu pudesse encontrar com Elisa novamente.
- Tá bom, me conta o que aconteceu? - Olho para Rick sem entender nada. Já era final de tarde e estávamos correndo no calçadão em frente ao nosso prédio. - Vamos eu sei que tem um babado forte e você não quer me contar. Tá com cara de quem ganhou na loteria.
- Você está imaginando coisas. Não aconteceu nada. - Tento disfarçar, pois Elisa e eu combinamos de contar para todos em um jantar. Só não sei se conseguiria segurar minha língua.
- Sei... Eu te conheço muito bem pra saber que está mentindo para mim. - Que droga! Porque o Henrique tinha que me conhecer tão bem?
Paro de correr e ele me acompanha.
- Só estou feliz pelo novo estúdio. Mas vamos parar de falar de mim, porque você estava estranho esses dias? Não apareceu mais lá em casa e nem me convidou para aquelas festas horríveis do seu trabalho.
- Eu só estou muito ocupado. - Ele parecia nervoso.
- Tá é aprontando, te conheço. - Lhe empurro com o ombro. Espero sua gargalhada, mas ela não aparece. - Ei! agora é sério. Aconteceu alguma coisa?
- Não, porque?
- Sei lá, você tá estranho. Todo caladão e assustado.
- Eu não estou assustado.
- E na defensiva. - Ele revira os olhos.
- Você tá vendo coisa onde não tem. Me deixa quieto sua chata. - Ele me empurra de volta e rimos.
- Tudo bem, vou deixar essa passar. - Continuamos a caminhar.
Começo a me sentir estranha, meu corpo se arrepia e tenho a sensação de que estou sendo vigiada. Olho para trás e não vejo nada suspeito, só algumas pessoas fazendo exercícios. Que estranho, desde ontem estou com essa impressão. Deve ser por conta da história com Jonas.
- E então? - Henrique fala.
- O que?
- Você não estava me ouvindo?
- Desculpa, fiquei distraída. O que você disse mesmo? - Continuo olhando ao redor.
- Quando a Lara vem te visitar?
- Acho que mês que vem.
- Ela falou alguma coisa sobre o Matheus?
- Não, depois que ele foi embora ela não tocou mais no nome dele e nem gosta quando pergunto. - Voltei minha atenção para Henrique. Porque o interesse nisso?
- Nada, só fiquei curioso. A Lara não mereceu nada do que o Matheus fez com ela.
- Eu concordo, ele foi um filho da puta. Minha irmã não mereceu nada disso.
- A Lara é inocente e fofa. Ela merece coisa muito melhor.
- No momento eu queria que ela não ficasse com ninguém. A Lara ainda é minha irmãzinha e pra mim ela vai ser sempre um bebê.
- Você sabe que ela já é uma mulher adulta né?
- Não para mim. Mas eu sei que uma hora ou outra vou ter que me acostumar com a idéia de ela arranjar um namorado. Mas isso não quer dizer que vou aceitar numa boa.
- Como assim?
- Você sabe. Você e eu vamos colocar o bonitinho contra a parede e fazer umas boas ameaças.
- Ah... É claro. - Rick curvou os lábios em um sorriso discreto. O que estava acontecendo com ele? Deve ser o trabalho ou algum problema familiar, mas fazer o que se ele não quer me contar.
- Duvido você me alcançar. - Saí correndo a toda velocidade.
- Ei Soph, sua louca, volta aqui. Henrique veio atrás de mim e logo me alcançou por conta dos seu 1,90cm de altura. Continuamos nossa corrida, agora em um ritmo mais acelerado.
Depois da corrida, Henrique foi para o seu apartamento e eu fui até a praia. Elisa me ligou e falou sobre contratar um segurança para mim. Eu entendia que a situação era assustadora com Jonas e suas ameças, mas eu sabia me cuidar e não suportava a idéia de alguém vigiando meus passos. Recusei com educação, mas sabia que ela não desistiria. Maldita Renata que inventou toda aquela história.
Não demorei tanto a voltar pra casa, pois havia combinado de buscar Elisa em seu trabalho. Iria lhe levar para jantar, o que ainda era uma surpresa.
Entro no elevador e verifico as mensagens em meu celular, olho minha redes sociais e vejo uma foto da Flávia em seu novo trabalho. Ela parecia bem feliz. Sinto tanta falta da minha amiga. Com todas essas mudanças no estúdio, tinha esquecido que ela queria sair do país no ano qu vem. Como já estávamos em Novembro, tinha que passar o máximo de tempo com ela.
Saio do elevador e caminho, distraída, até a porta do meu apartamento. Procuro as chaves em minha bolsa e abro a fechadura. Minha mãe me manda um áudio. Começo a escutar quando sinto uma mão me empurrando para dentro da minha sala. Me viro e tento me soltar das mãos que me seguram com tanta força.
A surpresa não cabe em mim quando vejo quem é o dono daquelas mãos ásperas.
- Marcos, me solta! - Grito socando seu peito, mas ele me segura mais forte, o que provoca uma dor horrível em meu braço.
- Eu só quero conversar com você. - Eles diz fechando a porta na chave. Percebo que estou sem saída. Preciso pensar em como vou sair daqui, ou fazer com que ele saia. Chego a conclusão de que é melhor acalmá-lo e aproveitar qualquer distração para pedir ajuda de alguém.
- Tudo bem, vamos conversar. Mas primeiro me solta, você está me machucando. - Ele demora um pouco até concordar e me soltar. - O que você quer?
- Quero você de volta e não saio daqui sem conseguir isso, seja por bem ou por mal.
- Você só pode estar maluco. Nós não vamos voltar. - Falo e me arrependo logo em seguida. Marcos acerta meu rosto e eu caiu. Meu celular cai do meu bolso e ele pega. Agora perdi a única chance de pedir ajuda de alguém. Levo minha mão ao rosto e sinto o ardor se espalhar como fogo.
- Eu avisei Sophie, não vou sair daqui sem você. Não adianta ser teimosa. É melhor me ouvir e não tentar nenhuma gracinha. - Ele se abaixou e ficou na minha altura, pegou meu rabo de cavalo em suas mãos e puxou. - Você é minha e vai vir comigo sem resistir. Eu vou até seu quarto pegar suas roupas e vamos embora. - Não falo nada, apenas deixo que ele se vá. Essa é minha oportunidade. Vou até a cozinha e escondo uma faca na minha roupa, se ele tentar me agredir novamente vou me defender. Tento abrir a porta, mas não consigo. Olho na direção do quarto e nem sinal de Marcos. Vou até a mesa do escritório e pego o celular que uso para a empresa. Ligo para Elisa, mas ela não atende. Que droga! Escuto passos vindo do quarto. Tento ligar novamente e ela atende. Espero até que os passos fiquem distantes e falo.
- Elisa! - Só consigo dizer seu nome antes que Marcos apareça na sala. Ele me olha furioso e vem em minha direção com toda sua força.
- Com quem você tá falando? - Ele grita.- Eu avisei para não tentar fazer nenhum gracinha. - Marcos me empurra e bato minha cabeça contra o chão. Só consigo ver ele desligando o celular antes que minha vista escureça e apague.
ELISA FRANCO
Não demora muito e chego ao apartamento de Sophie. Saio correndo até o elevador e Levi me segue. Os segundos parecem horas dentro daquela caixa de metal. As lágrimas em meus olhos insistem em cair. Levi apenas acaricia meu ombro para me consolar, mas nada vai me deixar bem até que Sophie esteja em meus braços sã e salva.
- Finalmente vocês apareceram. - Henrique vem em nossa direção quando saímos do elevador.
- Temos que abrir essa porta. - Falo desesperada socando a madeira da porta.
- Eu já tentei, acho que tem alguma coisa bem pesada encostada nela. Já tentei arrombar, mas de nada adiantou.
- Sophie! - Grito com esperanças de que ela esteja me ouvindo. - Estou aqui. Me responde por favor. - ouço passos, mas ninguém responde.
- Elisa, vamos tentar ficar calmos. Temos que....
- Como você quer que eu fique calma se a Sophie estar em perigo!
- Eu sei, já liguei pra polícia. Eles estão a caminho.
- Soph, me responde por favor! - Continuo a gritar e chutar a porta.
- Pare Elisa. -Rick me segura e me leva para longe da porta. - Você só vai piorar tudo. Me escuta, se você ficar gritando seja quem for que esteja aí dentro, vai ficar irritado e vai descontar em Sophie. Não queremos isso. - Henrique tem razão, respiro fundo e concordo com a cabeça. Ele me solta.
A polícia não demorou a chegar.
- Olá, sou a delegada Ferraro. Recebemos uma ligação de socorro deste andar.
- Fui eu quem ligou. - Henrique fala. - Alguém está mantendo minha amiga como refém no apartamento dela. - Ele aponta para o apartamento de Sophie. A delegada imediatamente coloca seus policiais de prontidão no corredor do prédio.
- Certo, preciso que me conte com detalhes, o que sabe? - A delegada fala.
- Ela me ligou. - Interrompo a conversa dos dois. - Eu estava no trabalho e recebi uma ligação de Sophie, ela estava desesperada.
- Qual o seu nome? - Ela pergunta.
- Elisa, sou a namorada dela.
- Tudo bem Elisa, vocês dois vão me contar como tudo aconteceu.
Contamos cada detalhe para a Delegada Ferraro. Ela nos ouviu atentamente.
- Ok. Obrigada pela colaboração de vocês. Agora peço que observem de longe e se eu precisar, peço para lhe chamarem. Vamos interditar esta área do prédio e tentar contato com o suspeito. Preciso do número de telefone que a Sophie te ligou. - Lhe passo o número o mais rápido que posso e vou para frente do apartamento de Henrique.
- Vamos Elisa, eu te sirvo um pouco de água. - Henrique fala.
- Não quero água, estou bem. - Continuo a observar o movimento na frente do apartamento de Sophie, tento não imaginar o pior. A cada minuto que passa, sinto meu coração acelerar mais e mais.
- Levi, você pode ir para casa. Desculpe, tinha me esquecido que tem faculdade hoje. - Falo para o meu assistente.
- Não Elisa, eu vou ficar. Quero ajudar. Não vou te deixar aqui nessas condições. - Apenas concordo.
Aproveito para ligar para o pai de Sophie e para minha mãe.
Seu Luiz fica muito nervoso e diz que vai pegar um voo para o Rio de Janeiro o mais rápido possível. Tento acalmá-lo, mas não adianta. Só me resta concordar e prometer que vou mantê-lo informado.
A agonia em meu peito só aumenta. Estou com muito medo. Preciso ser otimista, vai dá tudo certo. Que merd* de otimismo! Minha namorada tá lá dentro com alguém que quer o seu mal. Como vou ficar calma?
Será que é o Jonas? Ele ficou tão louco a ponto de fazer uma coisa dessas? Mas ele ainda nem recebeu a intimação. Quem mais seria capaz de fazer algo assim com Sophie?
Um idéia surge em minha mente. Entro no apartamento de Henrique e colo minha orelha na parede que dividi o apartamento dele com o de Sophie. Fecho meus olhos e tento identificar qualquer som que me ajude a descobri quem é a pessoa que estar com minha namorada.
Escuto alguns ruídos, talvez provocados pela própria madeira. Me concentro o máximo que consigo. E escuto uma voz masculina.
- Eu já disse, vamos nos atrasar alguns minutos. - A voz fica oscilando de volume, como se ele estivesse se movimentado de um cômodo para o outro. Tenho certeza que é uma voz masculina.
Aquela voz, eu já ouvi antes. Pense Elisa.
Chego a conclusão que não é a voz de Jonas. Se não é ele, quem pode ser?
Tento escutar mais alguma coisa.
Escuto gemidos de dor e a voz do homem.
- Eu não queria fazer aquilo Sophie, mas a culpa foi sua...
Como em um flash, as cenas da noite em que Marcos fez uma confusão no Restaurante de Lorenzo veio em minha mente. Ele foi possessivo e agressivo. Tudo se encaixava, era a voz dele e ele podia estar agora machucando Sophie. Os gemidos eram dela.
Corro até a porta do apartamento de Sophie, mas sou impedida por polícias.
- Me soltem, eu tenho que tirar ela daí. Vocês não entendem. Sophie, você está me ouvindo meu amor, eu estou aqui!- Me debato, mas não me soltam.
- Elisa, você precisa se acalmar. -. Delegada Ferraro vem até mim.
- Eu não posso, se aquele desgraçado encostar um dedo na Sophie, eu mato ele, juro que mato.
- Você sabe quem está fazendo isso com a Sophie?
- Ouvi a voz do Marcos, ele é ex da Soph e não aceita o término. Ele é agressivo e perigoso. Ele vai machucá-la se vocês não agirem imediatamente. Isso se ela já não estiver machucada.
- Certo Elisa, se ele for o Marcos. Você me deu uma informação valiosa. Espere aqui e não tente alertar Sophie novamente. Eu prometo que vou tirar sua namorada desse apartamento. - Pensei em sua proposta e por algum motivo ela me passava segurança.
- Tudo bem, eu vou esperar. - Os polícias me soltam.
- Tomás, preciso que descubra quem é esse tal de Marcos, a senhorita Elisa vai lhe ajudar.
Um rapaz novo, com os cabelos despenteados, usando óculos veio até mim.
- Certo Elisa, preciso que me mostre todos os perfis da Sophie nas redes sociais. - Pego meu celular e mostro no Instagram e Facebook. Sophie raramente usava as redes sociais. Só mesmo para trabalho.
O rapaz pega meu celular e começa a procurar por algo que nem eu mesmo sei o que é. Não demora muito e ele me mostra uma foto de Marcos.
- É ele?
- Sim. Como você achou?
- Pelos amigos de Sophie. Alguns seguem ele.
- Entendi.
- Beleza, já temos um rosto. O problema que a conta dele é privada. Vou ter que raquear. - Ele puxa um computador de sua mochila e começa a digitar vários códigos que não entendo. Ele é muito rápido.
Depois de uns 5 minutos Tomás consegue acesso a conta do Facebook de Marcos.
- Entrei. - Ferraro, que estava orientando os outros policiais, se aproxima.
- O que você descobriu? - A delegada pergunta.
- 30 anos, empresário, gosta de viajar. O cara é um filhinho de papai. Parece que trabalha para o pai em uma empresa reconhecida aqui no Rio. Ele tem fotos em várias casas e apartamentos, além de esbanjar com carros luxuosos.
- Certo. O que mais?
- Tem bastante fotos com a família, mas bem poucas com o pai.
- Talvez o pai seja difícil e eles não tenham uma relação muito boa por conta da empresa. - Ferraro sugere.
- Pode ser, tem uns vídeos do Marcos em festas com bebidas e muitas mulheres. Talvez o pai não aprove a vida que o filho leva.
- Ok, isso ainda não me diz muita coisa
- Espera, achei alguma coisa. - Tomás vira o computador para nós duas e dá play.
Era um vídeo de Marcos falando algumas coisas. Ele parecia bem abatido. Com um olhar perturbado.
" Eu sei que não sou o que o senhor espera de mim, mas eu tento tanto. Pai. Ele sempre me pressiona, não aguento mais isso. Não aguento! "
Marcos estava desabafando. Tinha outros vídeos. Todos desabafos, como um diário de desabafos.
" Eu vou recuperar minha vida papai. Eu vou te dá orgulho. Porque se eu não fizer isso, eu não vou mais suportar viver. "
- Ok. Já ouvi o bastante. - Ferraro anuncia.
- Estamos lhe dando com um cara desequilibrado e perigoso. Com atitudes agressivas e impulsivas. Com sérios problemas de aceitação e tendências suicidas. Parece que ele veio atrás de Sophie para recuperar a vida que o pai quer que ele tenha mas isso é só uma hipótese. - Todos estavam atentos as suas palavras. - Muito cuidado. Qualquer erro pode provocar raiva nesse cara. Acredito que ele não esteja em perfeito juízo.
- Vou fazer o primeiro contato. - A delegada liga para o número de Sophie. É possível ouvir o celular tocando dentro do apartamento. Depois de algumas tentativas alguém atende.
SOPHIE LOPES
Meu corpo todo dói. Abro meus olhos lentamente.
Ai! Parece que minha cabeça foi atingida por um taco de baseball. Tento me mexer, mas não consigo. Meus braços e pernas estão amarrados a uma cadeira. A minha boca está coberta por uma fita.
A primeira coisa que penso é em pegar a faca que escondi na minha roupa, mas não tem mais nada.
- Está procurando alguma coisa? - Marcos aparece na sala. - Seu olhar é sombrio. O que me fez ficar com um pouco de medo. - Você não vai achar a faca que escondeu. - O encaro furiosa.
- Eu não queria fazer aquilo Sophie, mas a culpa foi sua. - Ele se aproxima e segura meus ombros. - Você é sempre tão teimosa, custava ter me obedecido só uma vez. - Tento me mexer e me livrar da suas mãos, mas não consigo. Ele beija minha testa.
- Sophie!!! Você está me ouvindo meu amor, eu estou aqui! - Escuto a voz de Elisa. Ela está desesperada, começo a me mexer na cadeira o mais forte que consigo.
- Quieta, não se mexa ou eu acabo com a vida dessa putinha que você chama de namorada. - Lágrimas inundam meu rosto.
- O que foi Soph, está com medo? Eu não vou te machucar, basta você fazer o que eu digo. - Ele acaricia o meu rosto e eu me afasto. O que o deixa com mais raiva.
- Que porr* Soph, porque você fez isso com a gente? Éramos tão felizes. Eu era o melhor namorado de todos e você me deixou.
Marcos andava de um lado para o outro chutando o que estivesse em seu caminho. Ele estava fora de si. Nunca o tinha visto tão furioso. Como ele podia falar tantas besteiras, foi ele quem me traiu.
- Você me deixou e agora minha família me odeia. Meu pai te adorava e você era a nora perfeita pra ele. Agora, ele nem olha mais pra minha cara. Você destruiu a minha vida.
Ele veio para perto de mim, mais uma vez se abaixou e disse.
- Ainda podemos resolver isso. É só você vir comigo e dizer para o meu pai que estamos juntos. Que se arrependeu de ter me deixado. Tenho certeza que tudo vai ficar...
O telefone da empresa começa a tocar.
Marcos desliga a chamada várias vezes, mas depois de muita insistência, ele atende.
- Olha senhora, ninguém chamou a polícia aqui não. Estamos bem. - Sua voz assume um ar doce que eu não escutava a muito tempo. A polícia estava aqui?
- Com certeza essa chamada foi um engano. - Ele continua dizendo.
- Eu não vou abrir a porta, agora vão embora da minha casa. Isso é invasão a propriedade privada. - Sua voz começa a se alterar.
- Escuta aqui, se vocês abrirem essa porta, eu meto bala em todo mundo. - Marcos tirou uma arma da sua calça. O que ele iria fazer? Era a polícia que ligou pra cá?
- Não vou me acalmar. Se afastem da porta.
- Não sei quem é você e nem como sabe todas essas coisas sobre mim. Mas o meu pai não se importa mais comigo. Estou aqui tentando recuperar minha antiga vida. Que mal tem nisso? - A voz de Marcos estava melancólica ao falar do seu pai. O pai dele sempre foi muito educado e prestativo comigo, ele era um bom homem. Não entendi como Marcos se tornou tão arrogante com uma família tão altruísta e humilde.
- Eu não vou sair e nem a Sophie. - Aquela conversa estava tomando um rumo muito assustador. Olhei ao redor em busca de uma solução, mas nada poderia me tirar daquela situação. Só consegui pensar em Elisa, nos momentos que passei com ela. Cada vez que ela dizia que me amava. E no pedido de casamento. As coisas não poderiam terminar assim.
Por favor meu Deus, me dá mais tempo com Elisa! Ainda não Aproveitamos nada! Ainda quero me casar, ter uma família. Não deixe que o pior aconteça!
Suplicava mentalmente e pedia forças de Deus.
A dor em meu corpo estava se tornando insuportável.
- Eu só preciso que vocês saiam daqui. É isso que preciso! - Marcos gritava com a pessoa do outro lado da linha.
- Se vocês entrarem, eu mato ela e me mato também.
Eu estava desesperada. Tinha certeza que Marcos teria coragem de me matar e se matar também. Eu não reconhecia aquele homem na minha frente. A verdade é que eu nunca conheci quem era o verdadeiro Marcos, até este momento.
Ele desligou o telefone e continuou andando de uma lado para o outro com as mãos na cabeça. Como alguém perturbado.
- Você sabe que eu não quero fazer isso Sophie. Você sabe. - Ele se aproxima e coloca a arma na minha cabeça. Fecho os olhos com terror. Meu choro se torna cadê vez mais intenso.
- Cala essa boca, deixa eu pensar! - Ele empurra minha cabeça com o cano da arma. - Tento parar de chorar.
- Não vejo outra solução Sophie. Hoje eu vim com um propósito. Ou iria sair daqui com você ou nenhum de nós sairíamos desse apartamento. Não posso mais viver sem você. Minha vida se tornou um inferno. Eu ainda te amo. Eu te perdôo por estar com aquela mulherzinha. Fica comigo.
Toco no braço de Marcos com o meu dedo. Ele para e me encara. Tento acalmá-lo, pois sei que essa é a única forma de sair viva daqui.
- Você quer falar? - Ele pergunta. Eu faço que sim com a cabeça.
- Eu vou deixar, mas se você gritar eu coloco de novo. - Ele tira a fita da minha boca e eu continuo calada.
- Isso meu amor, seja boazinha.
- Marcos, por favor. - Imploro.
- Shhhhhh...Não fale nada. Vou tirar a gente daqui. Eles não vão destruir o nosso amor. - Ele fala como um doente.
Tenho medo de fazer alguma coisa que o deixe com raiva. Então faço o que ele quer.
- Meu amor, eu vou com você, mas preciso que faça uma coisa por mim. - Falo tentando convecê-lo.
- O que? Faço qualquer coisa por você. - Ele acaricia meu rosto, o que me causa ânsia. Mas continuo fazendo o jogo dele. Só preciso de uma oportunidade para fugir daqui.
- Meus braços estão doendo. Você pode me desamarrar? Depois, eu prometo que vamos embora juntos.
- Você promete?
- Sim. Já chega dessas aventuras. Quem eu realmente amo é você. - Tentei ser o mais convivente possível. Meu estômago estava embrulhando de repulsa quando ele encostou seus lábios no meu. Suportei seu beijo sem expressar nenhuma reação. E quando ele se afastou, sorri.
- Tudo bem, vou lhe soltar. - Ele começou a soltar minhas mãos. Depois meus pés. Foi a distração que eu precisava.
Chutei a arma que estava em sua mão para longe e o empurrei para o chão. Ele tentou segurar meu pé, mas joguei a cadeira nele.
- Socorro! Alguém me ajuda! - Gritei o mais alto que consegui. Bati na porta e continuei a implorar por socorro.
Foi quando senti o peso de Marcos sobre mim. Ele me jogou no chão e me prendeu com seu corpo. Lutei contra ele com as forças que me restavam. Eu não iria morrer sem lutar.
- Você me enganou pela última vez sua filha da puta. - Ele tentava alcançar arma e eu puxava seu braço. Ouvi uma porr*da na porta. Acho que estavam tentando arrombar.
Tudo aconteceu muito rápido. Marcos conseguiu pegar a arma e apontou para mim. Tentei segurar seu braço e ele se forçava para se livrar das minhas mãos.
A arma disparou e por alguns segundos era como se o mundo tivesse parado. Me senti mais lenta e cansada.
- Sophie, eu não queria. - Senti Marcos me levantar do chão. Só conseguia ouvir as batidas na porta e as vozes como se tudo fosse um borrão.
O que estava acontecendo?
Ouvi mais um disparo da arma e depois disso a escuridão me dominou. Eu não conseguia mais ficar acordada.
Fim do capítulo
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