Bom dia, leitoras! Mais uma segundinha com "Ela não é a minha tia" para alegrar os nossos dias!
Capitulo 11 – Espaço seguro
Sofia
Me estico o suficiente para alcançar uma folha que está boiando bem no meio da piscina. Precisei entrar na parte rasa para alcançar essa, com a ajuda do cabo de alumínio e da peneira. Acho que aquela é a última. Já é a segunda vez que estou limpando a piscina, antes de recebê-las.
Eu tinha prometido isso à Emma e quis aproveitar o dia de folga dela. Além do mais, eu sabia que a minha mãe – e a Júlia, principalmente – não estaria em casa hoje durante a tarde, por isso tinha a chamado. Estava dispensando situações embaraçosas, ou apresentações desnecessárias, o que seria impossível caso as duas estivessem aqui quando a Emma e a Lili chegarem.
E eu ainda estou meio que tentando evitar a Júlia, o que com certeza se tornou bem mais difícil desde que ela passou a dormir aqui em casa. Não é como se ela não tivesse sido legal nos últimos dois dias, me preparando a guacamole na noite retrasada, e eu também não pude deixar de notar as “panquecas de pão” e a batida de morango que ela deixou na geladeira, outro dia – sabendo que era o meu café da manhã preferido da vida, bom, pelo menos quando eu tinha uns nove ou dez anos.
Eu que havia dado aquele nome, mas não eram panquecas de verdade, a Júlia só pegava um pão de hambúrguer, colocava manteiga em uma frigideira e o prensava com uma espátula a ponto dele ficar com a espessura e aparência de uma panqueca americana. Mas para mim o que ela fazia era quase mágica, quando eu era criança.
Enfim, a Júlia sabia mesmo como me agradar.
Mas essa sua preocupação não era algo novo, na verdade. A Júlia sempre foi assim. Lembro de quando ela me deu de presente o meu primeiro tamagotchi. Eu fiquei tipo hiper feliz, e cuidei dele como se fosse um animal de verdade. Mas, apesar de todos os meus cuidados, ele morreu mesmo assim. Acho que deu uma pane no sistema e o dispositivo simplesmente resetou. Aliás, qual o problema de quem criou aquele brinquedo, afinal? Tinha tara em ver crianças chorando, ou algo assim?
Enfim, o fato é que a Júlia percebeu o quanto eu fiquei arrasada e me ajudou a fazer um funeral para ele – sim, para um brinquedo. Ela transformou uma caixinha de chocolate em uma miniatura de “caixão” e depois nós o enterramos no meu jardim.
Quero dizer, a Júlia é esse tipo de pessoa, sempre foi. Ela se preocupa e se importa com os sentimentos dos outros mais do que consigo mesma. O que estou tentando dizer é que a Júlia me preparar essas coisas não era nada de especial. Nós ainda não tínhamos voltado ao nosso normal, se é que um dia voltaríamos. Fica um pouco difícil de imaginar isso agora, depois de tudo. Bem, aquela noite tinha sido até legal, mas aquela só era a Júlia sendo a Júlia, eu acho.
O que definitivamente não se configura como “a Júlia sendo a Júlia”, foi a forma com que ela olhou para a minha boca, quando me atravessei na frente dela, naquela noite. Quero dizer, se é que aquilo foi real, e não um delírio ou efeito tardio do meu momento-Alice-no-país-das-maravilhas.
Ainda não consegui processar aquilo direito, e nem faço ideia do que tem se passado em sua cabeça, mas o fato é que me afastei antes que ficasse tarde demais para impedir qualquer coisa, ou para resistir à vontade que senti naquele momento... Merd*, eu já me iludi demais com essa história, e... eu tenho a Emma agora.
Escuto a campainha tocar e o meu coração começa a bater mais forte de expectativa e ansiedade. Espero que saia tudo como planejei. Espero que elas gostem daqui. Guardo a peneira na despensa e vou aos pulos na direção da entrada principal.
Dou de cara com a Emma assim que abro o portão, depois olho mais para baixo e vejo uma garotinha igualmente loira – só que com traços mais angelicais do que os dela – bem na sua frente. A Emma está com as duas mãos sobre a irmã, uma em cada um dos seus ombros.
– E essa mini atleta? – Pergunto olhando para Lili.
Ela está toda lindinha calçando um par de chuteiras cor de rosa com pequenos detalhes em verde limão, enquanto guarda uma bola de futebol embaixo do braço.
– Que fofa. – Digo direcionando o olhar para Emma, dessa vez.
– Eu contei pra ela sobre a piscina. Mas a Lili ficou empolgada mesmo é quando eu disse que teria um espaço bom no jardim. – Ela diz aquilo sorrindo e eu sorrio de volta, contagiada pela sua felicidade.
– Podem entrar. – Digo abrindo totalmente o portão de pedestres e dando espaço para que elas possam passar.
– Uau, você não disse que a sua namorada era tipo suuuper rica, mana. – A irmã dela diz assim que temos uma vista parcial da casa, jardim e piscina.
– Lili! – A Emma censura a irmã enquanto o seu rosto vai ficando um tom mais vermelho a cada segundo que passa.
– Namorada, é? – Pergunto rindo para ela, me divertindo com a situação.
– Eu não disse isso pra ela. – A Emma afirma aquilo olhando para a irmã, a repreendendo. – E você não pode falar essas coisas, Lili, é feio, sabia?
– Eu não sou criança, Emma, até parece que eu não sei o que “amiga especial” significa. – A “mini Emma” revira os olhos e eu sorrio.
– Amiga especial? Quantas “amigas especiais” sua irmã cos... – Começo a perguntar para a Lili, mas a Emma me interrompe colocando a mão sobre os meus lábios.
– Cala a boca, tá? – Ela diz, sorrindo. – Vocês não vão ficar falando da minha vida como se eu não estivesse aqui.
– Ok, não está mais aqui quem falou. – Digo levantando as duas mãos, me rendendo.
– Mas até que a Lili tem razão... – Ela diz baixinho por cima do meu ombro. – Eu não sabia que a sua casa era tipo... essa puta casa. – Ela faz uma expressão exagerada e acabo rindo. – Não sei como você pode passar tanto tempo na praia tendo algo assim. Eu jamais fugiria morando nesse lugar.
Só que eu não estava fugindo da casa, estava fugindo de quem mora nela, ainda mais depois que tinha ganhado novos habitantes.
– Não é pela casa. – Me limito a dizer.
– A sua mãe não deve ser tão ruim assim, vai. – Ela conclui que eu esteja falando da minha mãe, o que não é um completo equívoco.
– Vai por mim, Emma, ela é. – Digo, enquanto tiro o meu short, e sento na beirada da piscina.
Tá, minha mãe não tinha me expulsado de casa quando me assumi, mas isso não a tornava automaticamente a melhor mãe do mundo, tornava?
– Pelo menos você veio pra entrar na água, né? – Pergunto, enquanto vejo que a Lili já disparou para o gramado, atrás da sua bola.
– Vou, né? – Ela tira a blusa e depois o short, revelando um maiô todo branco, e bem sensual, aliás. Uau. Mas também, o que não ficava sensual naquela garota? – Quando a Lili crescer vai se arrepender de não ter aproveitado isso.
Ela se senta na beirada da piscina, ao meu lado. Estamos na parte rasa onde começam os degraus. Olhando tudo daqui – a jacuzzi orgânica, o paisagismo, o bar molhado, a cozinha rebaixada... – parece mesmo o paraíso, só nosso.
– Lili, cuidado com essa bola, tá? – A Emma pede quando a irmã a chuta tão forte e tão alto que acaba atingindo uma das palmeiras. – Se a gente quebrar alguma coisa...
– Ei, não se preocupa. Essa decoração é horrorosa e super ultrapassada. – Digo olhando para alguns vasos e estátuas de anjo que ficam espalhados pelo jardim. – Até é bom que a Lili quebre alguma coisa, vai forçar a Dona Marta a fazer reforma no que realmente importa, e não porque acordou um belo dia e decidiu que a textura do azulejo não combinava mais com o seu humor diário.
– Maria... – Ela me repreende com um sorriso. Fica difícil saber se está brava ou orgulhosa.
Nós ficamos observando a Lili por um tempo. Ela parece super feliz, o que me faz concluir que a Emma também esteja.
– É tão bom vê-la assim, sabe? – Ela corta o silêncio. – Podendo fazer o que gosta sem se importar com o que isso vai parecer. Eu sempre me importei. Mais do que isso, eu sempre me condenei.
Ela diz e sou capaz de sentir toda a sua dor.
– Mas pelo menos eu pude dar isso a ela, quero dizer, não só as chuteiras, mas esse lugar seguro. E nem estou falando de um espaço físico, porque isso eu realmente não poderia dar...
– Eu sei. – Digo.
Eu sabia exatamente do que ela estava falando, eu sempre tive esse “espaço” seguro. E a Júlia quem tinha me dado.
– Só que ao mesmo tempo fico com medo de estar a influenciando de alguma forma, sabe? Eu sei... – Ela começa a se explicar, provavelmente notando alguma reação estranha no meu rosto. – O que acabei de dizer não faz o menor sentido, ninguém é capaz de influenciar ou forçar alguém a possuir determinada sexu*l*idade. Não é assim que funciona. – Ela diz enquanto olha para frente. – E o fato dela jogar futebol pode não significar nada, também.
– Realmente... eu mesma adorava brincar de bonecas quando criança, e hoje sou sapatão, vê que loucura? Acho que algo deu errado aqui. – Digo para descontrair.
Ela ri, mas depois vai ficando séria de novo.
– É que eu não consigo deixar de me culpar. Por tudo. Por ter ido embora, e por... ela me enxergar como uma heroína e querer seguir os meus passos. Eu não quero nem imaginar o que aconteceria se a Lili... – Ela não termina de dizer aquela frase, como se tivesse perdido as forças quanto mais ia chegando perto de sua conclusão. – Ainda mais tendo o pai que tem. – Agora, seu olhar está carregado de dor enquanto observa a irmã correr com a bola nos pés.
– É tão injusto. Ela não merece isso, vocês não merecem isso. Não tem nada que você possa fazer? Quero dizer, alguém tem que parar esse cara, talvez com um advogado...
– Advogado? – Ela me interrompe. – Desculpa dizer, mas olha só para esse lugar, Maria. – Ela gesticula para que eu olhe ao nosso redor. – As coisas não são assim tão simples pra mim. Nunca foram, na verdade. – Ela se encolhe ao dizer aquilo.
– Eu sei, tá? – Digo com a voz suave. – Não sou idiota. Só estou querendo dizer que você é a garota mais foda que eu já conheci. Você enfrenta qualquer coisa. E a Lili é a sua irmã, merd*. – Eu digo e ela deixa escapar um tímido sorriso. – Eu só acho que você precisa parar de se culpar tanto por ter se afastado dela. A culpa não é sua. Nunca foi. E se a Lili se espelha em você é porque ela enxerga a mulher incrível que você é. Ela pode não entender tudo, mas entende o suficiente. E ela tem orgulho de você, Emma. – Eu seguro a sua mão esquerda enquanto ela usa a outra para passar no canto dos olhos, impedindo que algumas lágrimas caiam.
– Obrigada. – Ela sorri sem mostrar os dentes, mas ainda assim, é um sorriso genuíno.
Seleciono uma playlist pelo meu celular, coloco no modo aleatório, e “Heather”, de Conan Gray, começa a tocar nas caixinhas de som que ficam em volta da área da piscina. Era a mesma playlist que eu costumava a colocar lá no Sebo. Infelizmente, o Seu Afonso me convenceu de que eu não poderia escolher uma playlist de um artista só, e que eu precisava criar uma com artistas e gostos mais variados.
– Ah, ótimo, porque agora eu vou ficar muito mais animada com essa música aí. – A Emma diz com ironia.
– Você não gosta?
– Meio deprimente demais, não acha? E você já reparou na letra?
Eu rio.
– Eu nunca me sujeitaria a estar em uma posição dessas.
– É, deve ser uma merd*. – Digo enquanto começo a procurar outra playlist. Escolho uma e “Three Little Birds” começa a tocar.
– Como deduziu que eu gostava de reggae? Só porque fumo baseado? – Ela pergunta, rindo.
Dou de ombros.
– É, acho que não sou nem um pouco original. – Ela sorri, por fim.
Só que ela era.
– Vê se não bagunça a geladeira inteira. – Eu escuto a sua voz atrás de mim e quase bato com a cabeça em uma das prateleiras. – Eu arrumei hoje cedo. – A Júlia termina de dizer quando nossos olhos se encontram de forma automática.
– O que está fazendo aqui? – Pergunto enquanto tento estabilizar a minha respiração.
O que fica bem difícil quando olho um pouco mais para baixo, para a blusa branca que ela está usando – a que costuma usar sem sutiã, assim como quase todas?
– A gente veio mais cedo, sua mãe resolveu comprar alguns materiais e nós entramos pelo portão de trás com o pessoal da loja de Materiais de Construção... – Ela faz uma pequena pausa, avaliando a minha reação. – E queira você ou não, eu estou “morando” aqui agora, esqueceu? – Ela me olha, esperando por uma resposta minha, mas ainda estou processando a sua presença repentina. – Por que você está tão estra...
– Maria? – Escuto a Emma se aproximar da nossa cozinha. Mas que maravilha. – A Lili me pediu água e... – Ela para quando nota a presença de uma segunda pessoa ali.
– Essa é uma amiga da minha mãe. – Digo fazendo de tudo para dar pouca importância, para que ela não preste muito atenção nela, nem nada parecido. – Essa é a Emma.
Eu não sei se a Emma ainda se lembrava de eu ter a chamado de Júlia, quando nos conhecemos. Talvez não, eu espero, mas não iria arriscar falando o nome da Júlia assim, sem necessidade. Não queria relembrar isso agora ou mexer nesse vespeiro que era ter que entrar em grandes detalhes. E por grandes detalhes quero dizer: “ah, essa aqui foi quase a minha madrinha e...”
Não.
– A sua mãe me falou dela. – A Júlia diz como se nunca tivéssemos falado sobre a Emma antes, e estranho um pouco. – Muito prazer. – Ela é gentil, mas não posso deixar de notar a forma com que olha para ela, como se estivesse a avaliando ou algo parecido.
– Pode me esperar lá na piscina? – Pergunto. – Eu vou pegar alguma coisa para a gente comer e já vou pra lá. Pode deixar que eu levo a água da Lili.
– Tá bom. – Ela não contesta. – Ah, e foi um prazer te conhecer, também. – Ela termina olhando para a Júlia e sai da cozinha com um sorriso no rosto.
Ufa.
– “Maria?” – A Júlia diz aquele nome com certa estranheza. Ou seria repulsa? – Ninguém te chama desse jeito.
– A Emma me chama desse jeito.
– Emma... – Ela analisa por um tempo, mas fica difícil saber no que exatamente está pensando. – Ela parece uma boa garota. – Conclui.
– E ela é. – Digo, por fim.
– Parece a garota perfeita pra você. Sempre teve uma queda por loiras...
Sinto meu coração disparar.
– Tive? – Pergunto sem pensar.
– É... Primeiro a Xuxa e a Angélica, quando você era criança, depois a Taylor Swift... – Ela se força a sorrir.
– Ah, é. – Concordo, sem conseguir esconder o meu desânimo. – Talvez agora dê certo. – A minha voz sai muito mais fraca do que gostaria.
O nosso silêncio vai preenchendo o espaço enquanto sua mente parece vagar para um outro lugar.
– Você lembra de quando tinha uns dez ou onze anos e passou água oxigenada para tentar deixar o cabelo loiro que nem o da Xuxa, tudo para que ela te notasse?
– É claro que eu lembro, a minha mãe quase enfartou. – Ela ri e eu sorrio com a lembrança. – Mas eu não queria me parecer com ela...
A Júlia franze a testa.
– Pensei que a sua mãe tinha dito...
– Foi o que eu falei na época pra não me sentir tão idiota, mas... eu fiz aquilo porque queria me parecer com você.
Queria que você me notasse.
Merd*, por que eu disse isso mesmo?
Ela me olha de um jeito indecifrável – o que me faz trancar a respiração – e depois sorri com o canto da boca.
– Eu sinto falta disso... quero dizer, da gente. – Ela diz aquilo e sinto meu coração aquecer. – Você sabe, você sempre foi a minha...
Até que aquece demais e a raiva volta a tomar conta de tudo.
– A sua o quê? A sua sobrinha? Ou melhor, a sua quase afilhada? A sua melhor amiga? Não... nem isso nós somos. A sua melhor amiga é a Marta, sempre foi, você já deixou isso bem claro, várias vezes. – Minha voz sai mais ressentida do que eu esperava. Como se eu quisesse colocar para fora o que venho guardando durante esse último mês inteiro.
A verdade é que eu não estava satisfeita com o que tinha acontecido. Não estava convencida em tê-la perdido desse jeito.
Droga.
– Você sempre foi a minha pessoa, Sofi, é o que eu ia dizer.
Meu coração chacoalha e sinto a minha respiração oscilar.
Eu não sabia o que ela queria dizer com aquilo, e, ao mesmo tempo, entendia perfeitamente, porque eu sentia a mesma coisa. Tenho vontade de dizer que ela sempre foi a minha pessoa também, mas por algum motivo – ou por uma porção deles – não consigo.
Fim do capítulo
Bom dia, de novo!
Então, tivemos mais um pouquinho de Sofia e Emma pra quem gosta, e pra quem não gosta, tenham paciênciaa, a Júlia é lerda, fazer o quê kkkkkkkk
Mas também teve um pouquinho das duas, porque não podia faltar, né?! O que estão achando da interação de Sojú? (simm, gente, o shipper oficial de Sofia + Júlia é "Sojú", inclusive, obrigada a todas que me ajudaram com a escolha do nome, lá no meu Instagram @alinavieirag)
E finalmente teve o encontro de Júlia e Emma, e no próximo capítulo vai ter mais repercussões sobre isso!
Queria agradecer aos comentários e as interações que recebo tanto aqui, quanto nas minhas redes sociais, em especial no Instagram. Vocês são demais mesmo, e me ajudam muito nesse processo de construção da história!
Então não deixem de comentar, por favooor, por mais que eu demore para responder, eu sempre leio e, além de me fazer muito feliz, o seu comentário também é de grande ajuda!
Até segunda que vem, e tenham uma ótima semana!
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Sem cadastro
Em: 28/03/2024
Oi...Alina!
Estou adorando a interação entre elas, Júlia e Sofia, ou casal “Soju”. Percebe se constantemente a evocação das memórias da duas. Como na interpretação do Grupo Roupa Nova, “[...] Tudo faz lembrar você [...]”. A passagem em que ela lembra do Tomagoshi. Quando o bichinho não funcionou mais. Como ela teve a preocupação de fazer o funeral . O caixão improvisado em que elas enterraram simbolicamente o animalzinho. A percepção de Sofia em relação a Júlia, de a mesma ter o coração bom e sempre colocar as outras pessoas em primeiro lugar. O sentimento de proteção da Julia, preocupação, cuidar. O café da manhã que a mesma faz para ela – O pão como ela gosta – como se fosse panqueca – os morangos batidos. Na visão dela, apesar de elas estarem interagindo, o relacionamento delas não vão voltar a ser como antes. Por que, não cabe mais. Aquela fase ficou no passado, podendo relegar apenas as lembranças? Como se diz o pensador Heráclito “ninguém pode entrar duas vezes num mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, o próprio ser já se modificou”. Então, para as mesmas, as águas passadas já se foram, agora vão ter que emergir noutras.
E a gradação do que falado, vem em nuances, quando Sofia, refletindo sobre Júlia conclui que ela sabe como agradar, e na noite em que cearam juntas, apesar de Julia ter agido como sempre, nos cuidados para com ela, ainda assim, sentiu algo diferente nela “ O olhar que ela deu para seus lábios” não foi coisa corriqueira, então, apesar de quase ir a loucura ao notar, preferiu achar que fosse coisa de sua cabeça.
Portanto, aquela visão que ambas tinham uma da outra, em fases distintas de suas vidas, vão evoluindo, a medida da percepção que vão tomando conhecimento de que os sentimentos delas não são unilaterais.
Zanja45
Em: 27/03/2024
Boa dia, Alina!
Estou transbordando de felicidade, pois a cada manhã de segunda feira, tenho motivos para sorrir. Por que essa história enche minha cara de risos - literalmente – Fico rindo a toa – Dessas personagens e dessa escrita relaxante e maravilhosa. Na cena em que Sophia coloca a melodia “Healter” de Conan Gray para tocar, Emma acha muito depressiva e tal. Sophia muda a seleção para “Three little Bird”, de Bob Marley. Emma questiona “Como você deduziu que eu gostava de reggae?”, “Só porque eu fumo baseado?”. Até a Emma levou o caso na brincadeira. - Muito engraçada essa Passagem - Fiquei rindo por dentro.
Até mais!!
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