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Ela não é a minha tia por alinavieirag

Ver comentários: 6

Ver lista de capítulos

Palavras: 3972
Acessos: 2849   |  Postado em: 18/03/2024

Notas iniciais:

Bom dia, leitoras! 

Mais um capítulo pra vocês, espero que gostem!

Não deixem de comentar! 

Capitulo 10 – Como costumava a ser

Júlia

 

– Eu acho que não. – Minha voz sai muito mais abatida do que gostaria.

Merda.

Se eu queria saber como tinha sido? O meu sangue ferve por debaixo da pele. Olho para as minhas próprias mãos, como se aquilo pudesse diminuir a vergonha – ou a culpa – que eu sinto. Imagina se a Sofia tivesse ao menos ideia do que fiquei fazendo no banheiro dela durante esse tempo, enquanto ela estava... Fecho minha mão e curvo os dedos em punhos.

É claro que eu não queria saber. Sei o que pensei horas atrás, e o que eu disse sobre querer que ela tivesse me contado. Mas agora que está aqui, bem na minha frente, só de imaginar ela me dando detalhes...

Nem pensar.

Acho que aquilo era um castigo para o que eu tinha feito, ou para tudo o que tenho pensado... em segredo.

– Sua mãe sugeriu que eu dormisse no seu quarto. – Resolvo quebrar o silêncio esquisito que havia se formado entre nós.

Levanto a cabeça para avaliar a sua reação, só que ela não está mais me olhando quando faço isso.

– Mas é claro que eu não invadiria o seu espaço desse jeito. – Me apresso a dizer. – Como você viu, eu vou dormir aqui no sofá.

Fico esperando que ela diga alguma coisa, qualquer coisa – mesmo que aquilo que eu mais gostaria de ouvir fosse algo como “você pode dormir no meu quarto, se quiser”, e eu soubesse que ela jamais me diria isso.

– Eu acho que preciso de um banho. – Ela anuncia e aquilo me faz olhá-la com um pouco mais de atenção.

Ela estava com os cabelos úmidos, o short e a sua blusa levemente molhados e havia resquício de areia grudada nos seus pés e pernas.

Uma parte minha estava curiosa em saber como ela acabou desse jeito, e a outra não queria nem pensar. Essa segunda parte vence e não pergunto nada, mantenho a minha boca fechada.

Fico esperando que ela suba as escadas para ir até o seu banheiro, mas ela vai até a cozinha, em vez disso.

Ok, então.

Vejo quando ela abre um dos armários e parece pegar o primeiro pacote que surge em sua frente. Eu volto a minha atenção para a TV antes que ela note os meus olhares sobre ela.   

Finjo prestar atenção em uma série qualquer que coloquei na Netflix, só para que ela não pense que eu estava de olho em todos os seus passos, que é meio o que estava fazendo. Olho para trás e a encontro sentada no balcão da cozinha de conceito aberto devorando um pacote de Pringles. Aquele já era o segundo. Lembrava de ela estar com um sabor Original, minutos atrás, e não com um de Creme e Cebola, que era o que estava comendo agora.

Aquilo acende um alerta dentro de mim e desligo a TV, indo até ela.

–  Não devia comer todas essas besteiras. – Digo quando chego até a cozinha.

Não estava exatamente preocupada com a quantidade ou em ser ou não saudável, mas sim pelo o que aquela sua atitude poderia significar.

– Por quê? Ditadura dos corpos perfeitos, agora? – Ela murmura para mim, sem parar de comer.

Ah, ótimo, aparentemente, tudo o que eu fazia ou falava só piorava as coisas ultimamente. Tinha me esquecido desse detalhe.

– Não. Mas você ia adorar ter me ouvido... quando chegar na minha idade.

Tento levar aquilo mais para o meu lado, na tentativa de suavizar as coisas.

– Uhum. – Ela resmunga pra mim, ainda de boca cheia e sem olhar em meus olhos, sua concentração totalmente voltada para aquele pacote.

Como chegamos nisso?

Fico me perguntando.

Só que eu já sabia a resposta. Foi por minha causa. Acho que ela tinha se sentido deixada de lado, sei lá.

Mas o que eu deveria ter feito? Ficado solteira para sempre, esperando por... sei lá o quê? Era ridículo. Ela também não ficaria sozinha por muito mais tempo. Aquilo já estava marcado para acontecer, de uma forma ou de outra, nós iriamos nos afastar. Ela não era mais criança, e um dia iria precisar de uma pessoa mais do que precisava de mim. E, pelo visto, acho que ela até já a tinha encontrado. E estava tudo bem.

Nossa amizade, ou relação, ou... seja o que for, tinha durado muito, para falar a verdade. Essa separação provavelmente teria acontecido já na adolescência, quando ela tinha uns quinze anos, se fosse em outra família, se tivesse mais amigos, ou então... se não tivesse tantos problemas com a mãe, quem sabe.

“Família”. Era uma definição um pouco estranha para tentar descrever o que todos nós éramos, mas quase sempre funcionou, na falta de uma palavra melhor.

– O que foi? – Ela pergunta de repente, me tirando daquela avalanche de pensamentos.

Não me espantaria se eu tivesse dito algo em voz alta sem perceber, do jeito que minha cabeça anda ultimamente.

– Nada. – Respondo indo até a geladeira e abrindo a gaveta das verduras. – Eu vou fazer guacamole, você pode comer com essa porcaria aí, se quiser.

Olho por cima do ombro e a vejo revirar os olhos. Deixo escapar um sorriso enquanto me volto para a gaveta novamente, escolhendo alguns tomates, cebolas e pegando um abacate.

Eu nem estava com tanta fome assim, por causa do café da tarde com a Marta, inclusive já tinha até desistido de fazer algo para comer, mas faria isso por ela. A Sofia não era a minha filha (óbvio), e eu nem era a sua madrinha de verdade, mas não ia a deixar comendo apenas industrializados a noite inteira.

– Sei que não me quer aqui... por algum motivo. – Digo como se não fizesse ideia do motivo enquanto largo os vegetais sobre a bancada em que ela está sentada. Seus olhos me encontram pela primeira vez desde que entrei ali. – Mas pode ter certeza que eu não viria se tivesse outra opção. Minha intenção é ficar o menos possível.

Ela bufa e dá de ombros. Mas não havia ido embora nem me mandado sair dali, no entanto. Aquilo já era alguma coisa, eu acho.

– Você não precisa fazer isso. – Ela quebra o seu silêncio e acena para as verduras que estou lavando na pia. – Quero dizer, cuidar de mim... – Diz olhando para o pacote novamente. – Eu não estou tendo nenhuma “recaída alimentar” nem nada do tipo, se é o que está pensando. Isso é... outra coisa.

Ela diz aquilo e eu volto no tempo, como se ela ainda tivesse quatorze anos, quando estava no seu período “pré-saída-do-armário”, tão preocupada em como todos reagiriam quando soubessem, que passou a comer besteiras sem parar, ou, de uma hora para outra, parava de comer por várias refeições seguidas.

Na época, eu fiquei tão preocupada que a levei no médico. Ele disse que não chegava a ser um distúrbio alimentar, mas que a família precisava ficar atenta para que essa pequena “compulsão” não evoluísse para algo mais grave. A Marta nunca ficou sabendo disso, quero dizer, sobre o médico. Eu tinha certeza de que ela tinha conhecimento dessa compulsão da Sofia, mas sempre fingiu não entender do que se tratava. Bem, se ninguém percebia isso, ou fingia não perceber... eu a percebia. Sempre percebi.

– Não estou fazendo isso por sua causa. – Digo enquanto enxugo os tomates e o abacate. – Estou com fome também. – Minto.

Volto para o balcão e começo pela cebola, descascando-a e cortando-a em tiras primeiro, para depois cortá-la em cubos. 

– Tá, mas poderia pelo menos fazer isso do jeito certo, né? – Ela diz se levantando da sua banqueta. – Desse jeito o gosto da cebola vai ficar muito forte. – Ela se atravesse na minha frente e tira a faca da minha mão, ficando entre mim e o balcão.

Nossos corpos estão tão próximos que eu consigo sentir o calor do seu corpo contra o meu quando ela passa a cortar a cebola em tiras super finas, quase translúcidas.   

Seus cabelos estão levemente afastados para o lado esquerdo, deixando a sua nuca amostra e revelando metade da sua marquinha de nascença, a que se parece com uma meia-lua. Mordo o lábio inferior e fecho os olhos, repelindo a vontade que sinto de afastar ainda mais os seus cabelos, tocar a sua marquinha de uma extremidade à outra... afundar o meu rosto ali, sentir o seu cheiro e perder a noção de tempo enquanto faço isso.

Deus, como eu posso sentir algo assim por ela?  E por quê? Sinto aquela sensação gostosa na minha barriga e meu clit*ris lateja. Finco as unhas com tanta força no balcão de madeira que chega a ficar com minha marca lá.

– Viu? – Ela ainda parece estar um pouco irritada quando vira e olha nos meus olhos. – Não é tão difícil.

Aquilo faz a minha respiração parar, o seu hálito quente a uma polegada de distância, seus olhos castanhos ardendo nos meus...

A expressão dela é indecifrável e constante, mas seu peito se move para cima e para baixo com mais força que o normal, mas não mais rápido. Como se ela estivesse sentindo coisas também... E não exatamente com raiva.

Isso é real ou só estou vendo o que quero ver? Tenho me feito essa mesma pergunta desde o ano novo, quando nós quase... Aquela lembrança me leva a olhar para a sua boca, que está tão perto da minha que faz com que minhas pernas oscilem e me sinto tonta.

Ela devolve a faca para o balcão e se afasta bruscamente, fazendo com que as mexas de seu cabelo balancem no ar e com que eu volte um pouco para a realidade.

Ou tudo isso que estou sentindo está me deixando completamente alucinada ou posso jurar ter sentido o cheiro de...

“Eu não estou tendo nenhuma “recaída alimentar”, isso é outra coisa”, lembro dela dizer. Ah, claro, gora está explicado essa sua fome descontrolada. Sorrio com a minha breve constatação e por esse ser o real motivo, e não nada pior.

Desde quando ela faz esse tipo de coisa? Com certeza não foi algo que partiu da Sofia, se nem de cigarro ela nunca quis chegar perto...

– A garota ainda fuma baseado? – Deixo escapar uma risada sarcástica enquanto penso no quanto a Marta já enlouqueceu por achar que a Sofia fumava cigarro por minha causa. Gudang Garam com folhas de cravo, para ser mais exata, mas ela não ficou sabendo desse detalhe, de qualquer maneira. – Você sabe que a sua mãe vai surtar quando souber, não sabe?

– Só se você contar pra ela. – Ela me fuzila com os olhos. – E eu já te disse que não ligo pra minha mãe, diferente de você.

Ela tenta me ferir mais uma vez, mas não deixo que isso me afete, ao contrário disso, entro no jogo dela.

– Bem... – Termino de cortar as cebolas do jeito que ela gosta.  – Você sabe que eu não ligo pra quem fuma, e eu não vou falar nada, é claro, diferente de você, né? – Dou uma alfinetada de leve e ela fica sem palavras.

Merda, será que fui longe demais?

Mas então ela coloca “I Knew You Were Trouble”, da Taylor Swift, para tocar no seu celular e eu só consigo lembrar do meme da cabra que ela me mandou uma vez. Fico tentando conter o riso enquanto termino de cortar os tomates em pequenos cubos, até que a música chega no refrão e a gargalhada sai sem querer.

Ela fez de propósito? Queria que eu risse? Amenizar as coisas?

Ela acaba sorrindo também, aquele sorriso que ela deixa escapar sem querer quando acha que eu não estou vendo, o que é impossível, já que a olho basicamente o tempo todo feito uma idiota.

É claro que não é exatamente o mesmo sorriso, ela continua retraída e na dela, mas ainda assim se parecendo bem mais com a Sofia do dia do Pub, ou... do ano novo, do que com a Sofia que eu havia esbarrado vez ou outra desde o dia da piscina.

Assim que “I Knew You Were Trouble” acaba de tocar ela coloca “Cardigan”, e depois “August” e outras que eu acredito ser da sua “era” preferida. A música da “loirinha”, como a Sofia a chamava, era boa, no final das contas, mas eu nunca daria o braço a torcer, é claro.

Assim como nunca admitiria que preferia mil vezes que ela fosse uma “Swiftie” do que fã da Billie Eilish, por exemplo. Não que eu não achasse a garota foda e super talentosa, eu só nunca quis que a Sofia fosse o tipo de adolescente depressiva que se tranca em um quarto, pinga tinta preta nos olhos e acaba parando em um hospital ou qualquer merd* desse tipo.

Sempre fiz de tudo que estava ao meu alcance para ela não se tornar esse tipo de garota, ou para não precisar ter que se identificar com cada uma daquelas letras. E eu acho que tinha conseguido, no final das contas. Apesar de tudo, a Sofia entrou e saiu da adolescência muito bem e feliz, obrigada.

É claro que eu não podia dizer o mesmo a respeito do meu desempenho nessas últimas semanas. Mas eu estava aqui agora. E estava tentando concertar as coisas.

Nós ficamos assim por um bom tempo enquanto eu descascava e cortava as outras coisas. Se nada tivesse acontecido, eu poderia jurar que estava tudo bem entre nós duas da mesma forma que costumava a ser, mesmo sabendo que ainda estávamos bem, bem longe disso.   

xxx 

A casa está aparentemente em silêncio quando acordo. O que é algo bom. Fico feliz em ser a primeira a levantar. Dobro os lençóis cuidadosamente e retraio o sofá-cama antes de ir até o banheiro escovar os dentes e passar uma água no rosto.

Vou até a cozinha e dou uma breve checada nos armários e na geladeira. Duas coisas chamam minha atenção: alguns pães de hambúrguer e os morangos fresquinhos que estão no refrigerador. Pego o liquidificador em cima de uma das bancadas e sorrio ao lembrar que estive aqui com ela, horas atrás.

Quantas vezes estivemos juntas nessa mesma cozinha... rindo, conversando, inventando alguma receita e nos forçando a comer só porque nós que tínhamos preparado? Quantas histórias nós tínhamos escrito sem perceber? Aquele lugar era tão nosso.

Ontem não tinha sido grandes coisas, eu sei, mas ainda assim estava bastante orgulhosa por termos conseguido sobreviver a uma refeição inteira juntas – e sem brigas – depois de tanto tempo.

Eu tive vontade de ir atrás dela no mesmo instante que terminou de comer e me deu as costas. E quando me deitei no sofá foi a mesma coisa. Não queria que o momento acabasse, não queria que amanhecesse e voltássemos aos comprimentos desinteressados como se nada tivesse acontecido, como se nada estivesse acontecendo.

Vem acontecendo, na verdade.

Mas uma “vozinha” soprava no meu ouvido: “deixe as coisas como estão, ou vai colocar tudo a perder”. Acho que fiz certo em obedecer ao meu subconsciente. Pelo menos assim eu não perguntei nada e ela não me disse nada que eu não suportaria ouvir. Desse jeito, ainda posso ficar com o gostinho da noite passada por mais algum tempo e com a sensação de que ainda poderíamos nos acertar, se tentássemos com um pouco mais de vontade, talvez...   

Olho para a batida de morango e para as “panquecas de pão” que tinha acabado de preparar – e empratado na melhor louça da casa – e morro de vergonha. Droga, por que eu fiz isso mesmo? Aquilo nem é o que eu gosto de comer. É o que ela gosta de comer. Bem, ao menos gostava, há pelos menos uns oito anos atrás, quando eu dormia aqui e ela me pedia para fazer “o melhor café da manhã do mundo todo”. Deixo escapar um sorriso amargo, carregado de sentimentos contraditórios que me corroem por dentro com cada vez mais intensidade.

Tenho vontade de jogar tudo no lixo, mas não faço isso, é claro. Guardo o copo com a batida na geladeira e transfiro as panquecas para um prato todo branco e simples antes de deixá-las em um cantinho qualquer, em cima do balcão.

Fico torcendo para que o João Pedro levante antes dela ou então para que a Sofia não ache “grandes coisas” se por acaso as encontrar ali, mais tarde. Ia ser ridículo se ela achasse que eu fiz isso pensando nela, e para ela, o que, no fim das contas, foi exatamente o que eu fiz.

Era estranho quando, em alguns momentos, eu queria cuidar dela e protegê-la de todo o mal como se ainda tivesse uns dez anos, enquanto em outros...

Mordo os lábios na tentativa de conter aquele fluxo de pensamentos e aquela maldita – e deliciosa, porr*... – pulsação que eu sinto entre as pernas toda vez que acabo pensando nela daquele outro jeito.

– Que bom que já está acordada.

­– Marta... – Me viro para ela enquanto tento disfarçar o tremendo susto que levei com a sua aparição inusitada.

– Estava pensando em resolver umas coisas na rua, antes de as crianças e o Olavo acordarem. Podíamos tomar um café em algum lugar, como nos velhos tempo, o que acha?

Velhos tempos... Tudo era tão mais fácil nos velhos tempos. E de fato seria bom não estar aqui quando a Sofia acordar e vir até a cozinha, então...

– Claro, só vou pegar a minha bolsa.

 

 

– Você viu que horas a Sofia chegou ontem à noite? – A Marta me pergunta enquanto escolhe algumas batatas.

Nós já tínhamos ido ao mercado, agora estávamos na feira e esse ainda era só o começo do longo itinerário de tarefas que teríamos pela frente.

– Não, eu, hmm, já estava dormindo. – Tento enrolar.

– Tão tarde assim?

Merda.

– Não... quero dizer, eu dormi logo depois que vocês foram para a cama, então... – Tento corrigir o meu erro. – Se bem que... agora que você me perguntou, lembro de ter ouvido alguma coisa logo depois disso, deve ter sido ela.

Ótimo, agora, além de tudo, passei a encobri-la enquanto ela sai – “e quase trans*” – com outra por aí. Se isso não é ser a porr* da melhor “quase madrinha” que alguém poderia ter...

– Eu não sei mais o que fazer em relação à Sofia. – A Marta começa a dizer. – Ela anda distante. Tão distante que se afastou até de você. Me preocupo em não saber com que tipo de gente ela está andando. Pelo menos antes, com você na jogada, eu ficava sabendo de tudo... agora estou completamente no escuro.

“Sabendo de tudo”, faço um esforço enorme para conter o riso. “Uma versão bem limitada e alterada da verdade”, isso sim, mas é claro que ela não precisava ficar sabendo disso.

– É, nós realmente não temos nos falado muito... – Coloco um tomate na sacola depois de ter me certificado de que não estava com algum machucado. – Mas a garota parece ser bem gente boa e....

– Ela te contou alguma coisa sobre ela? – A Marta me olha com certa expectativa.

Droga, eu e a minha mania de acabar falando demais. Por que eu simplesmente não consigo fechar a porr* da boca?

– Hmm, não... – Só que ela fuma baseado e que isso (ao menos na minha cabeça) já a torna tipo super legal? – Eu só acho que, com a maturidade que está agora, a Sofia não ficaria com uma garota que não fosse boa o bastante.

Sinto algo comprimir minha garganta. A Sofia merecia o mundo. E se ela finalmente tiver o encontrado agora?

Esse é o problema, eu deveria estar feliz com isso, não...

– Você não está me escondendo nada, está? – Ela vira uma batata de um lado e depois do outro, em busca de qualquer imperfeição.

Engulo em seco, como se eu fosse realmente capaz de engolir o bolo que tinha se formado ali. Quais das coisas que eu estava escondendo que ela queria saber? A lista só aumentava e tenho receio de que não teria exatamente um fim.

– É claro que não, Marta. – Examino o seu rosto, há mais preocupação do que intolerância ali. – Ei, relaxa. – Digo enquanto coloco a mão em seu ombro, fazendo com que ela olhe nos meus olhos. – Pode deixar que com a Sofia eu me entendo, tá? Você não precisa se preocupar.

Deus, quem eu estava tentando enganar?

Ela dá dois tapinhas na minha mão e volta a canalizar a sua atenção para as frutas e legumes.

– Sabe o que eu acho? – Ela me pergunta em um tom formal demais e sinto o meu corpo congelar.  

– Hmm? – O som mal sai da minha boca.

– Que nós deveríamos marcar aquele jantar. – Vejo um sorriso tímido querendo se formar no canto da sua boca.

– O quê?

Aquilo com certeza estava na lista das últimas coisas que eu queria ouvir agora.

– Vocês já estão ficando há quantos meses, quase quatro, não? – Não, na verdade, nós tínhamos ficado a porr* de uns sete dias (no máximo) desde que reatamos e a Marta sabia muito bem disso, mas parecia gostar de esquecer desse pequeno grande detalhe sempre que lhe convinha. – Ele vivia na nossa casa quando vocês namoravam, não acho certo não ter o recebido ainda.

– Marta... – Me sinto extremamente cansada por travar essas batalhas com ela. – Não acho que esse seja o melhor momento. Eu dormindo na sua casa, a minha estando um caos... fora que ainda tem a reforma da sua e a Sofia mexida com essa história toda...

Droga.

– O que a Sofia tem a ver com isso, Júlia? Pelo amor de Deus, você não pode estar falando sério. Eu vou ter uma conversa séria com ela, a Sofia não pode pensar que tem esse poder todo sobre...

– Não... – A interrompo. Se a Marta for falar com ela sobre isso tenho certeza que não vamos nos entender nunca mais, seria o fim de tudo. – Quero dizer, você tem razão, eu me entendo com a Sofia depois, ela vai entender. – Digo uma das piores mentiras.

Ela não iria entender, mas era menos pior do que deixar a mãe dela se meter entre nós duas, de novo.

– Você está de acordo, então? – Ela me pergunta como se tivesse me restado muitas opções.

– Tudo bem... – Me forço a dizer. Mas é como se estivesse indo para a forca e não pudesse fazer absolutamente nada para fazer isso parar. – Se ele aceitar e não for incômodo para vocês nos receber...

– Querida... Incômodo? Claro que não... Você vai ver... vai ser perfeito. – Ela começa a dizer completamente animada como se já tivesse uma lista pronta na sua cabeça. E eu não duvido nada que ela tivesse. – Ele poderia chegar aqui na sexta-feira à noite e dormir lá em casa, ele no sofá e você no quarto da Sofia. Você sabe que ainda sou um pouco conservadora para certas coisas, sei que estão namorando, mas acho mais respeitoso assim, não? No sábado de manhã poderíamos passar o dia em alguma praia, já à noite, seria o jantar...

Deus... Aposto que ela não vai mais parar de ter “ideias brilhantes” tão cedo.

A Sofia tinha razão quando dizia que eu não sabia dizer não para as pessoas, principalmente para a Marta. Eu só esperava estar pronta para lidar com as consequências dessa minha submissão.

Ah, porque elas certamente viriam.

Fim do capítulo

Notas finais:

Boom dia, leitoras! 

Postando cedinho de novo, pois ficou bom pra mim e percebi que ficou bom pra maioria de vocês também. Então vou tentar postar sempre umas 6h e pouca da manhã agora. 

Vocês não sabem o tamanho da minha felicidade em escrever um capítulo em que as duas estão interagindo de novo (depois de quatro capítulos sem quase nenhuma interação). 

Sofremos, né? kkkkkkk

Eu, particularmente, adorei escrever a cena da cozinha, essas duas tem uma construção e um vínculo muito forte e especial. Espero que eu tenha conseguido transmitir isso pra vocês também...

E o que foi essa conversa dela com a Marta? O que acharam? 

E o que vai ser desse jantar? Prevejo o caos?? kkkkk 

Obrigada pra quem está aqui comigo desde o início e para quem está chegando agora, sejam muito bem-vindes! Não deixem de falar comigo para que eu saiba o que estão achando e que direção tomar em relação ao andamento da trama.

E se quiser ter acesso a um conteúdo exclusivo sobre a história, já sabe, só me seguir no Instagram: alinavieirag. Sua presença lá é muito importante pra mim!   

Nos "encontramos" na semana que vem! 


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Comentários para 10 - Capitulo 10 – Como costumava a ser:
Zanja45
Zanja45

Em: 20/03/2024

Boa dia, Alina!

Esse jantar promete muitas emoções. Primeiro, porque Sofia vai ficar mais "puta" ainda, com Julia. – Pois, Julia, como sempre fica de mãos atadas, e por mais que ela tente não consegue dizer não para Marta. Segundo, o tal do Clóvis vai passar o final de semana casa de Sofia. Outra, ainda terá que partilhar o quarto com Julia. – E do Jeito que as emoções vão estar afloradas pode dar muito pano para mangas. Tudo culpa da mãe de Sofia – "Santa Marta" – Ela, e sua "genialidade", de "entrincheirar" o relacionamento de Julia. . Está mãe de Sofia adora criar problemas, principalmente se for para atingir a filha. – Não sei não – Essa Marta apresenta ser uma pessoa dúbia. - Para mim, essa mulher é uma incógnita.

Até breve!

 

Responder

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thays_
thays_

Em: 20/03/2024

Adoro as duas interagindo! Por mais capítulos assim kkk não vejo a hora que elas fiquem juntas! 


alinavieirag

alinavieirag Em: 24/03/2024 Autora da história
Aaah, sim, também gosto muito de escrever e não vejo a hora, também!



alinavieirag

alinavieirag Em: 24/03/2024 Autora da história
Obrigada por comentar!


Responder

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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 19/03/2024

Boa noite, Alina!

Julia dá muito espaço para Marta se meter na vida dela. Ela é controladora demais, quer direcionar a vida, em especial, de Julia. Mas, por que ela não experimenta ter um relacionamento mais próximo com a filha. Ela não tem um pingo de respeito por Sofia, a chama de “vulgar, sempre tem algo de negativo para dizer dela. Se não fosse pela “cumplicidade” que Sofia tem com Julia, estaria “lascada” com a mãe que tem. Queria um POV para saber mais sobre essa faceta dela, principalmente esse ranço que ela aparenta ter da filha.

Nesse capítulo, quando Marta e Júlia vão as compras, a amiga de Júlia, Marta, começa a fazer perguntas sobre Sofia, sendo que ela que teria que se chegar mais a filha, conversar, tentar entender – lá. Agora querer que Julia seja “seus olhos” em relação a Sofia – Fica difícil – Ainda bem, que Julia não conta tudo. - Só omite algumas coisas, mas é algo para evitar maiores atritos entre mãe e filha. Como diz o ditado popular " sempre colocando panos quentes".

 

Responder

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Brescia
Brescia

Em: 19/03/2024

    Boa noite autora.

Ah! se a mente falasse, diria todas as verdades escondidas como um tesouro valioso.  A Júlia se perde com a Marta, dá 1  passo para frente e 10 para trás com a Sophia, esse já tar não será nada agradável, mas seria uma ótima ideia se a Emma tb fosse, rs.


alinavieirag

alinavieirag Em: 24/03/2024 Autora da história
Boa tarde, Brescia.

Sim, realmente a Júlia é assim mesmo. Dá um passo para frente, e dez para trás hahaha Ela ainda tem muitas questões internas que precisam ser trabalhadas para que ela possa, finalmente, andar para frente! (tanto em relação à Sofia, quanto em relação à Marta).

E sim, a Emma ir ao jantar já é algo que estava nos meus planos!


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patty-321
patty-321

Em: 19/03/2024

Ah Julia...

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Zanja45
Zanja45

Em: 18/03/2024

Bom dia, Alina!

Se você gostou de escrever a cena da aproximação de Sofia e Julia, eu mais ainda de ler. Mas, você que matar a Júlia do coração ?!.- Pensei que ela não fosse resistir a tentação quê és Sofia – Fiquei aguardando o descontrole dela, um beijo no pescoço, talvez. Não aconteceu - Porém, a interação das duas foi muito pertubadora. Quando a Sofia se prontificou em ajudar a Júlia a cortar as cebolas, imaginei ela por trás e não ela se infiltrando pela frente de Julia. Foi proposital, essa inversão? Quis conflitar ainda mais os sentimentos de Julia?

Até mais!

 

 


alinavieirag

alinavieirag Em: 24/03/2024 Autora da história
Boa tarde, Zanja!

Aaah, adorei seu comentário!

Então, foi proposital sim. Assim que a cena surgiu na minha cabeça, imaginei desse jeito. Na verdade, até considerei a possibilidade da Sofia estar atrás, mas simplesmente não consegui imaginar kkkk então ficou assim. E sim, acho que acabou conflitando mais os sentimentos de Júlia, já que, nessa situação, ela quem teria que tomar alguma atitude.

Espero que tenho ajudado.

Até mais!



Zanja45

Zanja45 Em: 24/03/2024
Oi,

Ajudou sim, muito feliz com suas respostas.Amo a sua escrita.

Até!


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