Bom dia, leitoras!
Mais um capítulo fresquinho pra vocês.
Espero que gostem!
Comentem no final do capítulo para eu saber o que estão achando, por favor!
Capitulo 9 – Doce Calmaria
Sofia
– Então, vocês já sabem... – A Emma diz para todas aquelas crianças com seus bonés e coletes de identificação do Corpo de Bombeiros. – A bandeira do posto nos mostra como está o mar naquele dia. – Ela vai repassando os principais ensinamentos da aula. – A bandeira vermelha é quando o mar está agitado, ou seja, com alto risco de afogamento. Já a amarela significa médio risco de afogamento. E a verde? – Ela pergunta toda empolgada.
– Baixo risco de afogamento! – As crianças gritam em coro.
– Muito bem! – Ela bate palmas e as crianças sorriem e dão pulinhos animados na areia. – E a roxa sinaliza o que mesmo? – Coloca uma mão em forma de concha em um dos ouvidos, aguardando suas respostas.
– A presença de águas-vivas! – Respondem juntas mais uma vez.
– E o que vocês precisam fazer caso forem queimadas por uma? – Ela caminha de uma extremidade a outra enquanto meninos e meninas enfileirados a seguem com o olhar atento.
– Ir no posto de Guarda-Vidas para passar o vinagre pra diminuir a dor. – Uma garotinha ruiva de uns nove anos responde enquanto olha para Emma como se ela fosse uma princesa ou algo assim.
Acho que até eu estava meio que a olhando desse jeito. Sem falar que ela estava sexy pra caralh*, falando com tanta convicção e autoridade, mas sem deixar de ser carinhosa e gentil, como sempre.
– O Projeto Golfinho visa formar crianças de sete a onze anos para a prevenção de acidentes em ambientes aquáticos. – O Vinícius informa novamente, vendo que algumas pessoas curiosas tinham se aglomerado em nosso entorno. – É totalmente gratuito e tem duração total de dez horas.
– E agora vem a melhor parte! – A Emma anuncia e as crianças começam a quicar novamente na areia, completamente empolgadas.
O Vini passa a desenrolar a mangueira de incêndio enquanto as crianças se posicionam em frente ao caminhão do Corpo de Bombeiros que está estacionado no calçadão. Ele entrega a ponta que contém o esguicho para Emma, que regula a forma de liberação da água antes de direcionar para elas.
As crianças pulam e levantam os braços quando a água da mangueira finalmente cai como chuva sobre elas. A Emma desvia o foco da sua atenção por um segundo e olha em minha direção. Pelo seu sorriso, reconheço o que está prestes a fazer e coloco as mãos sobre o rosto, por reflexo. Sinto o forte jato de água me atingir e a vejo sorrir entre meus dedos. Quando ela finalmente volta a direcionar a mangueira para as crianças, passo a mão sobre o meu cabelo e aperto para escorrer um pouco d’água. Droga, ela me paga.
Decido esperar na minha canga enquanto os dois fazem o encerramento das atividades. Essa era a terceira aula do projeto que eu acompanhava. Aliás, eu tenho estado com a Emma em quase todos os rolês possíveis e a praia meio que virou a minha segunda casa, ou quem sabe até a primeira.
Eu tenho vindo aqui praticamente todos os dias: estendo a canga quase em frente ao posto em que a Emma e o Vini trabalham e me divirto com os olhares que ela lança ao me ver tirar a roupa e ficar só de biquíni. Faço tudo em câmera lenta, só para provocar.
Nos dias de folga dela, a gente pega alguma praia juntas e ela até tem me ensinado a surfar. Sim, a Emma realmente surfa – pelo menos em seu tempo livre, claro – como eu havia suspeitado na primeira vez que a vi, no meu trabalho.
É, definitivamente, a minha vida tinha se transformado em uma porr* de uma fanfic. Uma com bem menos conflitos, com bem menos grandes acontecimentos, mas ainda assim sem deixar de ser uma das boas. Estabilidade, calmaria, acho que era o que eu realmente precisava, mesmo que não estivesse procurando por isso.
Olho para o meu pulso direito de forma inconsciente. Era onde eu costumava usar a pulseirinha da amizade com o nome da Júlia. Só que depois que fiquei com a Emma, comecei a achar que não era uma boa ideia continuar com aquilo, ainda mais porque eu a tinha chamado pelo nome dela depois da minha quase experiência de morte e eu não queria que ela ficasse com aquilo na cabeça.
Eu estaria mentindo se dissesse que não sinto um certo vazio toda vez que olho para ele na expectativa de ver o seu nome lá e só dou de cara com a pulseirinha de uns hippies que convenci a Emma a comprar, uma para mim e outra para ela, tudo para tentar preencher um pouco o espaço “em branco” no meu braço e em todo o resto também. Acho que isso resumia tudo muito bem: a Emma tem me ajudado a esquecer dos meus problemas.
Ultimamente, eu e a Júlia mal temos nos falado e, durante todas essas semanas, venho tentado não demonstrar o que ainda sinto toda vez que me deparo com ela lá em casa. E, pela cara que ela fez mais cedo, quando peguei um dos biscoitos do seu prato como se estivesse nem aí, tem funcionado muito bem.
– Aprendeu tudo direitinho? – A Emma se senta do meu lado na canga.
– E eu poderia não aprender com uma professora tão boa e... tão gata? – Eu sorrio e ela estreita o espaço entre nós para me beijar, e todo o nosso beijo me faz lembrar do nosso primeiro. Era sempre eletrizante, como se fosse a primeira vez, no dia em que nos conhecemos e a gente saiu para dar uma caminhada logo depois daquele nosso encontro no bar da praia. A Emma não era uma garota de perder tempo, e nem eu, eu acho.
– Você é muito boa com crianças. – Digo quando ela se afasta um pouquinho.
– Você acha? – Ela me pergunta e eu faço que “sim” com a cabeça. – Bom, eu as adoro. Acho que é pela minha irmã. Cada uma dessas crianças me faz lembrar um pouquinho dela, nem que seja nos pequenos detalhes. – Ela olha para mim e depois para baixo. Acho que aquilo é a única coisa que a fazia baixar a guarda.
– Quando nos comunicaram sobre esse projeto, eu fui uma das primeiras a querer ficar responsável por uma turma. – Ela continua. – Acho que foi a maneira que encontrei de me sentir mais próxima da Lili. Você sabe, eu saí de casa quando ela só tinha uns dois anos. – Ela fala um pouco entristecida.
– Você não pode ver ela nunca?
A Emma já tinha me falado da irmã algumas vezes, mas nunca com muitos detalhes. Mas foi o suficiente para perceber o quanto ela era louca por ela, e que sentia muito a sua falta também.
– Eu só a vejo escondido, sabe, sem que minha mãe ou o meu padrasto fiquem sabendo.
– Isso é uma droga. – Admito.
– É, eu sei. – Ela olha para os próprios pés.
– A Lili não está de férias? A gente não poderia pegar ela para dar uma volta ou algo assim enquanto os pais estão no trabalho? – Tento pensar em alguma solução que a deixasse mais feliz.
– Sim, mas ela está participando de uma colônia de férias do Centro de Convivência... Eu até já pensei em dar um jeito de pegar ela lá, mas para onde eu a levaria? Não posso andar com ela por aí, provavelmente alguém ia nos ver e o Marcus ia ficar sabendo. E definitivamente eu não quero levar ela para o cubículo que é a quitinete que eu divido com o Vini, então... – Ela dá de ombros.
– Bem, tem a minha casa, é espaçosa, tem uma área externa incrível e uma piscina enorme lá, a Lili com certeza ia se divertir horrores. – Sugiro sem pensar duas vezes.
– Você tá tipo nos convidando para a sua casa? – Ela pergunta surpresa, como se fosse uma grande coisa, enquanto não era.
Bem, se levar em conta que eu teria que passar por cima da minha mãe para isso acontecer, até era, mas não vinha ao caso agora.
– É o que parece, não é? – Sorrio para ela.
– Eu não... eu não posso. Eu nem deveria trazer os meus problemas pra você desse jeito e isso com certeza pode acabar muito mal e...
– Shhh... – Coloco um dedo sobre os seus lábios antes que ela continue a falar. – Isso não é um problema, Emma, é a solução, e já está decidido. – Eu digo e a vejo abrir um sorriso do tamanho do mundo e derreto um pouco com isso.
– O que eu faço com você, hein? – Ela me abraça e enterra o rosto no meu pescoço, o que me arranca um suspiro. – Acho que ninguém nunca fez algo assim por mim antes. – Ela diz com a boca colado no meu ouvido.
– Ah, não, vocês não cansam de ser o casal mais lindo e meloso dessa praia não? – O Vini aparece atrás de nós carregando três caixas empilhadas cheias de plaquinhas, pequenos cones de sinalização, conchas, bandeiras, pincéis e todo o tipo de coisa.
– Nem vem que você me ama que eu sei. – Digo ainda envolvida nos braços de Emma.
– Que outra opção eu tinha? – Ele diz e eu mostro a língua para ele. – Sem falar que eu já estava ficando meio que deprimido de só a Emma e eu sermos do vale por aqui.
– Agora só falta você achar um boy magia para fazermos um double date. – Provoco e vejo a Emma sorrir.
– O que está faltando mesmo é você me apresentar algum amigo gato, isso sim. – Ele retruca de volta para mim.
– Eu já te disse, sou só eu. Sou uma alma solitária. – Eu digo e ele bufa.
– É, pequena Maria, a vida não está fácil para quem não teve a sorte que certas pessoas têm de fazer um salvamento e ficar com ele como recompensa, sabe? – Ele diz olhando para a Emma e eu deixo escapar um sorriso quando ela revira os olhos.
– Já tá ficando meio chato isso, não? Já pode parar. – Ela diz emburrada e eu rio alto.
– Por que eu pararia, se nunca perde a graça? – Ele pisca os olhos para mim.
– Vamos ficar pra ver o sol se pôr, né? – Pergunto para ela.
Eu provavelmente encontraria a Júlia na minha casa se saísse daqui agora, e isso é tudo o que tenho tentado evitar.
– Tem certeza que a sua mãe não se importa de você passar tanto tempo fora de casa?
Vejamos, desde que o idiota do meu irmão abriu o bico e acabou dizendo mais do que deveria, minha mãe tem dado pequenos surtos e tentado me provocar a qualquer custo, mas eu tenho conseguido não cair nas suas provocações. Não sei qual é o problema dela, – Transtorno de Personalidade Narcisista, talvez? – mas já está mais do que comprovado que a minha mãe não consegue me ver feliz.
– Claro que eu tenho. – Minto.
– Se é assim, acho que é uma boa oportunidade pra eu te mostrar como é nadar no mar à noite. – Ela me olha com um sorriso desafiador.
A Emma vem me convencendo a fazer isso desde a nossa primeira semana juntas. Só que eu já tinha visto filmes de terror o suficiente para saber que aquilo poderia não acabar bem, então disse “não” para todas as suas tentativas, até o momento.
– Só se você me garantir que não vai deixar os caranguejos me devorarem. – Provoco com um sorriso se formando nos meus lábios.
– Eles não teriam tamanha audácia. – Ela se inclina para me beijar mais uma vez.
– Ei, as bonitas vão me ajudar nisso aqui, ou vou ter que estourar a minha coluna inteira pra vocês poderem ficar aí se pegando? – O Vini nos lembra da sua presença e nossas bocas se afastam de imediato.
– Sabe que não seria uma má ideia. – A Emma se levanta, sorrindo para mim e eu sorrio de volta.
Ah, doce calmaria. Eu poderia me acostumar com aquilo.
xxx
– Você vai... Hum... – Limpo a garganta, tentado desviar o olhar para o outro lado quando ela arranca o biquíni do próprio corpo, deixando os seus mamilos durinhos amostra. – Tirar tudo? – Tento olhar para o seu rosto, mas é um pouco difícil quando sei que eles estão bem ali mesmo com a pouca luminosidade que está fazendo na praia agora.
Nós tínhamos visto o pôr do sol com o Vini e depois a Emma o dispensou sem dó nem piedade assim que anoiteceu – e ele foi embora totalmente contra a vontade?? – para nós duas entrarmos no mar à noite, como tínhamos combinado.
– Só a parte de cima. – Ela diz como se não fosse nada. Ok. – Não é a mesma experiência se entrar com toda essa roupa. – Ela olha do meu rosto para a minha blusa e short jeans que continuo usando por cima do meu biquíni.
– Eu não vou entrar com toda essa roupa, só não quero nenhum animal marinho em nenhuma parte íntima minha. – Ela ri da minha cara. Pelo menos alguém estava se divertindo com isso. – E se alguém chegar aqui? – Esse era outro ponto que me apavorava.
– Ah, sim, como aconteceria se estivéssemos em um filme de uma franquia que nem existe, tipo Piranha versus Jason de Sexta-Feira 13? – Ela diz de forma debochada.
– Engraçadinha.
– Primeiro, nenhum animal marinho vai te pegar, Maria... – Ela começa e eu reviro os olhos. – E se alguém chegar, o que eu acho que não vai acontecer, já que a praia tá tipo deserta, – olha para os lados – a gente espera a pessoa ir embora para sairmos da água, pode ser?
– Tá. – Digo ainda um pouco (ou muito) arrependida de ter aceitado essa maluquice.
Tiro primeiro o meu short e, quando termino de tirar a blusa, vejo que a Emma está esperando que eu tire o resto quando olho para ela.
– Pode virar para o outro lado? – Pergunto meio sem jeito.
– Isso é sério? – Ela ri.
– Você quer que eu entre ou não? – Pergunto de mau humor e ela se vira de costas para mim, ficando de frente para o mar.
Eu viro para o outro lado e começo a desamarrar a parte de cima do meu biquíni, adrenalina vai preenchendo o meu corpo. Nunca senti isso antes, talvez porque nunca tenha feito isso antes.
– Pode virar. – Digo quando termino de tirar o biquíni, cobrindo meus seios com as mãos.
– Boba. – Ela revira os olhos e sorri. – Vamos contar até três, tá? – Ela diz e eu concordo.
Nós saímos correndo em direção ao mar assim que a Emma finaliza a contagem. Era melhor desse jeito ou então me restaria tempo suficiente para pensar duas vezes e mudar de ideia. Nós atravessamos a rebentação, que está quase nula, e mergulhamos assim que a água passa das nossas cinturas. A temperatura está quase morna, para a minha surpresa.
– Viu, não é tão assustador como parece. – Ela paira com os braços abertos sobre a água.
– É, acho que não.
Só que tudo isso era um pouco assustador, sim. Não só pelo mar – que está tão escuro que não dá para enxergar um palmo abaixo de nós – mas por estarmos assim e por eu confiar tanto em uma garota que conheci há menos de um mês, também.
Nossos olhares se encontram e ela se aproxima, reduzindo o espaço presente entre nós duas, nossos seios desnudos se tocando antes mesmo das nossas bocas e... um feixe de luz atinge nossos rostos, de repente, me fazendo espremer os olhos enquanto ouço algo que se parece muito com vozes masculinas.
– Caralh*. – Ela olha em direção ao clarão, que agora vejo que se tratam de faróis de uma caminhonete. – Acho que são alguns dos meninos que trabalham aqui comigo.
– A gente ainda deve esperar irem embora para sairmos da água ou...
– Não. Vamos sair agora. – Ela diz e me puxa pela mão para chegarmos mais rápido na areia.
Só nos resta tempo de pegarmos nossas coisas do chão e vestirmos nossas blusas antes das vozes começarem a ficar ainda mais altas.
– Para onde está indo? – Corro atrás dela e pergunto entre risos.
Quando me dou por conta já estamos subindo as escadas do seu posto de Salva-vidas.
– Você tem as chaves? – Pergunto quando ela tira algo de dentro do bolço do short que está segurando.
– Eu sou a merd* de uma Salva-Vidas, esqueceu? – Diz enquanto ri.
A gente entra depressa assim que a pequena porta vermelha se abre.
– Ai... – Tropeço em alguma coisa em meio à escuridão. – Não tem luz aqui?
– A gente trabalha de dia, para que precisaríamos de luz? – Ela ri e acende a lanterna do seu celular.
O pequeno ambiente fica parcialmente iluminado, revelando alguns equipamentos pendurados na parede, uma espécie de balcão e uma portinha que concluo brevemente que daria para algo parecido com um banheiro.
– Uau, é... um pouco diferente do que imaginei. – Confesso.
– E o que você imaginou? – Ela coloca as nossas coisas em cima do balcão de madeira.
– Não sei, algo um pouco melhor do que isso?
Ela ri.
– Bem-vinda ao mundo real dos Salva-Vidas assalariados. – A Emma diz e eu rio. – É melhor a gente dar um tempo até irem embora.
– Eles não têm a chave daqui também, tem? – Digo sentando em um cantinho do piso de madeira.
– Relaxa, esse é o meu posto. Só eu e o Vini temos a daqui, mas ele não vai aparecer aqui tão cedo, então... acho que somos só nós duas. – Ela diz e arranca a blusa de novo como se não fosse nada demais. Olho para o outro lado.
Jesus, aquela garota não estava conseguindo parar com a roupa no corpo hoje ou é só impressão minha?
– Não posso correr o risco de pegar um resfriado por ficar com a roupa molhada. – Ela se justifica, mas tenho certeza de que está se fodendo para a roupa molhada. Ela quer mesmo é me provocar, e acho que meio que consegue, porque tenho certeza que minhas bochechas já estão vermelhas há uma hora dessas. – Você devia fazer o mesmo. – Ela sugere.
– Eu tô bem assim. – Me adianto. – E ficar uns dias resfriada também não vai me matar.
– Você que sabe. – Ela diz e dá de ombros enquanto pega a latinha prateada onde guarda seu baseado.
– Eu... posso experimentar? – Digo quando ela o acende e depois leva à boca. Talvez chapada, eu não me sentisse tão nervosa do jeito que estou me sentindo agora.
– Tem certeza? – Ela me olha com um olhar desconfiado depois que sopra a fumaça depressa, tossindo um pouquinho.
– Eu já nadei seminua com você, então... quero a experiência completa, posso? – Eu digo e ela sorri, parecendo satisfeita com o que acabou de ouvir.
E eu até já tinha ficado indiretamente chapada de tanto que ela fumava do meu lado, então que eu pelo menos faça isso direito, não?
– Tudo bem. – Ela diz e traga de novo, só que dessa vez, para a minha surpresa, caminha na minha direção e se senta no meu colo, virada de frente para mim.
A Emma se inclina até o meu rosto como se fosse me beijar, mas, em vez disso, assopra e transfere a fumaça para a minha boca quando nossos lábios se encostam, entreabertos.
Me perco no seu olhar penetrante e na sensação das suas coxas em volta da minha cintura, seus seios descobertos separados dos meus apenas pelo fino tecido molhado da minha blusa e... merd*.
Começo a tossir sem parar. Tinha até esquecido de que a fumaça ainda estava na minha boca e que eu precisava colocar para fora em algum momento. Acho que me esqueci até de respirar, na verdade.
– Você não pode prender a fumaça por muito tempo. – Ela sorri e tenho a total certeza de que ela sabe exatamente o efeito que está tendo sobre mim nesse exato momento. – Vem, vamos tentar de novo. – Ela diz e eu respiro fundo, me preparando para a sua investida mais uma vez.
Ela se aproxima novamente, estreitando cada micro espaço entre nós duas e assopra na minha boca novamente. Solto a fumaça para fora instantes depois e tusso apenas três ou quatro vezes.
– Não é tão ruim da segunda vez, viu? – Ela diz e percebo que já estou mais acostumada com o fato de estarmos assim, e eu meio que gosto.
– Não, não é ruim. – Confesso.
Ela sorri, seus olhos vidrados nos meus enquanto acaricia o meu lábio inferior com seu polegar. A Emma avança na minha boca novamente, mas sem soltar fumaça dessa vez, só nossas línguas e o gosto de baseado misturado aos nossos próprios. Seus mamilos durinhos e rosados roçam nos meus – que a essa altura estão igualmente duros por debaixo da minha blusa – e eu arfo algumas vezes enquanto minha mente tenta processar o que está acontecendo. Nós estamos mesmo fazendo isso?
Não que já não tivéssemos nos beijado com um pouco mais de intensidade antes ou pressionado nossos corpos uma na outra enquanto fazíamos isso, mas nunca foi assim, não com tão pouco – ou quase nenhum – tecido nos separando. Não, nunca tínhamos ido tão longe.
Ela desgruda os lábios dos meus em um segundo e, no outro, afunda o rosto no meu pescoço, onde beija, lambe, morde. Eu jogo a cabeça para trás, deixando o espaço livre para ela, pego nos seus cabelos e... as suas mechas loiras, apenas alguns tons mais escuros do que as do cabelo dela, me fazem viajar para um outro lugar.
Merda, será que eu já estou tão chapada assim?
Tento afastar qualquer pensamento da minha cabeça, me prendendo no agora. Na sua respiração ofegante e pesada, revelando o quanto está excitada. Mas quando olho para ela, tudo o que vejo é aquele maldito sorriso que faz o seu nariz enrugar, me fazendo esquecer da porr* do mundo todo.
– Você é tão, tão gostosa, sabia? – A Emma sussurra no meu ouvido, mas não é a voz dela... não é a voz dela que eu escuto. Respiro com certa dificuldade, me sentindo tonta.
Ela começa a se movimentar com um pouco mais de intensidade em cima de mim, nossas intimidades separadas apenas pela lycra molhada da parte de baixo dos nossos biquínis. Meu clit*ris pulsa e abro um pouco mais as pernas, porque é ela na minha cabeça e eu quero muito saber qual é a sensação de tê-la se esfregando na minha bocet* desse jeito, pelo menos uma vez.
Em algum lugar da minha mente, acho que sempre imaginei como a Júlia seria na cama, e o quanto ela ficaria doida por montar assim em mim, da mesma forma que está fazendo agora.
Eu aperto um de seus seios ao mesmo tempo que cubro seu mamilo com a boca, a pontinha dura faz minha língua formigar. Ela rebol* ainda mais e joga a cabeça para trás quando mordisco seu seio, puxando seu mamilo entre os dentes.
“Eu aposto que ele não te deixa assim”, penso comigo mesma e ouço ela gem*r em resposta.
“Ele não sabe do que você gosta, Jules, não como eu sei...”
Ela coloca a mão por dentro da calcinha do meu biquíni e sinto um calafrio na espinha.
Sei que a Júlia nunca faria isso sem me perguntar, ou hesitar pelo menos umas trinta vezes antes.
Esse é o problema, a Emma não é Júlia.
Aquilo me desperta da minha realidade alternativa e sou levada de volta para o mundo real.
– Hmm... – Limpo a garganta. – Eu acho que não estou pronta. – Digo com os lábios praticamente encostados nos dela, e ela se afasta quase que na mesma hora.
Eu não posso fazer isso. Não posso ir até o final com ela, não enquanto eu ainda estiver pensando nela desse jeito.
Meu Deus, quando isso vai acabar? Sinto minha garganta apertar.
– Aconteceu alguma coisa? É que você pareceu bastante a fim agorinha há pouco, então eu achei... – Ela diz parecendo estar confusa enquanto veste a sua blusa.
– Eu sei. – Como explicar? – Quer dizer, eu já fiz isso com outras garotas antes, mas... – Me adianto para ela não me achar uma completa idiota. – Eu só não... – Lágrimas escapam pelos meus olhos.
Ah, mas que maravilha.
– Desculpa, eu... – Tento achar as palavras.
– Ei, tá tudo bem, Ma. – Ela me chama pelo apelido que eu tinha aprendido a gostar nessas últimas semanas. – Eu sou mulher, esqueceu? Se tem uma coisa que mulheres sabem fazer é esperar. Nós sempre esperamos. – Ela dá um meio sorriso e eu tento forçar o meu a sair.
– Eu só não quero que você pense que eu não desejo isso... Ou que eu não goste de você... – Minha voz sai fraca.
Como eu poderia não gostar dela?
Ela é a garota mais legal que conheci. Por isso mesmo, não era certo continuar. Não enquanto a minha cabeça estiver tão fodida desse jeito.
– Porque eu só... – Tento continuar, mas ela me interrompe.
– Eu sei, e está tudo bem. Eu te espero, tá? Só vamos fazer isso quando você quiser, se quiser.
Droga, por que ela tinha que ser tão legal assim comigo? Só deixava tudo ainda mais difícil.
xxx
Meu Deus, que fome.
Só preciso entrar e comer a primeira coisa comestível que aparecer na minha frente. Maldita maconha.
Abro a porta de casa, girando a chave com cuidado. Tudo para evitar o caos que se instalaria nessa residência caso minha mãe me visse chegando assim e tão tarde.
– Então você está mesmo saindo com alguém, não está? – A sua voz totalmente inesperada para aquele momento me faz sentir um arrepio.
Dou um pulo.
Não poderia ser, não...
– Júlia? – Pergunto sem conseguir processar aquilo direito.
O que diabos ela está fazendo no sofá da minha sala, há uma hora dessas, como um lembrete em neon piscando e me lembrando de tudo o que eu mais quero esquecer?
Puta que pariu, quando pensei sobre algo comestível eu com certeza não estava me referindo a isso, viu Deus?
– Eu tive alguns problemas de infiltração na minha casa e... você sabe, não tinha muito mais para onde eu ir.
– É, eu sei. – “E o seu namorado?", tenho vontade de perguntar, mas não pergunto.
– Parece sério... – Ela diz e eu fico sem entender do que está falando por um momento, até conseguir decifrar no seu olhar que está se referindo à Emma, ou a quem quer que seja que ela ache que eu esteja saindo. – A Marta me disse que você tem saído com uma garota faz algumas semanas. – Ela se explica.
– É claro que ela falou. – É tudo o que eu digo.
O nosso silêncio vai preenchendo o ambiente aos poucos.
– Eu costumava a ser a primeira a saber dessas coisas... – Ela diz com o olhar vazio, e com um sorriso fraco que se esforça muito para colocar no rosto.
– A gente costumava bastante coisa. – O que eu sinto também é vazio, saudade, mágoa, mas o que mais acaba se sobressaindo na minha fala é o rancor, como se eu ainda a culpasse por estarmos desse jeito, como se a culpa também não fosse, em partes, minha. – Mas eu posso te contar, a gente quase transou essa noite, você quer saber como foi? – Minha língua me atropela e ataca novamente, como uma serpente venenosa.
Daí eu me lembro que a existência do “quase” no meio daquela frase ocorreu exatamente por conta dela, e estremeço um pouco.
Merda.
– Eu acho que não. – Ela diz depois de alguns segundos e olha para as próprias mãos, evitando o meu olhar.
Mais silêncio.
A Júlia nunca se importou de ouvir essas coisas antes. Mas, como eu disse, isso foi antes. Antes de tudo mudar. E eu sabia que de alguma maneira tinha mudado para ela também. Não poderia ser só comigo.
Se eu também não queria saber nada dela com o Clóvis, ela também não iria querer saber detalhes das minhas ficadas de agora. Mas por quê?
Eu sabia dos meus motivos, mesmo que tentasse recusar ao máximo a existência deles, mas será que ela sabia dos dela?
Fim do capítulo
Bom dia, leitoras!
Postando logo cedinho, pois vou ter um dia cheio pela frente e preferi postar mais cedo do que mais tarde.
O que acharam da Sofia com a Emma? Ela deveria ter ido até os "finalmentes" com ela ou fez certo em parar?
Sofia até tentou, mas como tirar a Júlia da cabeça? Difícil, né? nem julgo kkkkkk
Oficialmente, as duas estão sob o mesmo teto agora. Tava na cara que essa "doce calmaria" não duraria por muito tempo, né? Kkkkk
Senti falta de muitas de vocês aqui nos comentários do último capítulo, viu? Vocês não me abandonaram não, né? Olha que eu choro kkkkk (é sério). Não sei o que concluir: ou vocês gostaram muito ou odiaram muito? kkkkkk
Às vezes demoro para conseguir responder, mas leio tudo com muito carinho até lá!
Não deixem de comentar para que eu saiba o que estão achando da história e lembrem: tem muitaaa coisa pra rolar ainda, estão sejam pacientes e fiquem aqui comigo, não me abandonem!
Até segunda-feira que vem!
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Sem cadastro
Em: 11/10/2024
Essas duas to vendo que quando acontecer a coisa não vai ser nada delicado kkkk

Sem cadastro
Em: 11/10/2024
Essas duas to vendo que quando acontecer a coisa não vai ser nada delicado kkkk
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Zanja45
Em: 11/03/2024
Oi, boa tarde, Alina!
É, a Emma, é uma pessoa de espírito livre, mesmo. Quando eu li o POV dela não a imaginava assim, livre, leve e solta. Ela tem me surpreendido bastante, ultimamente. – Foi uma quebra de paradigmas daquilo que idealizei na minha cabeça – Estou me readaptando a esse novo jeito dela. – Mas que não interfere em nada na sua essência.
Percebi que entre a Emma e a Sofia, tem se constituído vínculos mais de amizade, ao longo dessas quatro semanas que estão juntas, apesar de rolar uma atração entre as duas, por a Emma ser uma mulher chamativa, como dotes de Salva- vidas, surfista e o porte atlético, linda, torna – se um chamariz aos olhos de quem a vê. Sofia, tem dado uma chance a ela mesma, no intuito de se desprender um pouco da Júlia. – Ela está fazendo certo – Seguindo em frente. - Porém, apesar dessas tentativas, os sentimentos que une ela a Julia são muitos fortes. – A ligação das duas vem de uma vida toda.- Não é como a que se desenvolve com a Emma, que está apenas no início, ou seja, semanas.
Sofia, claramente, tem uma memória afetiva enorme por Julia que perpassam além do amor carnal, da atração, enfim, vem desde seu nascimento.
Por mais, que ela tente suplantar as lembranças, colocando outras no lugar, torna – se impossível conte – las, pois as mesmas já estão erraizadas, por mais que objeto do seu desejo não esteja ali presente, fisicamente, não faz a menor diferença, porque a marca já está fixada em seu coração.
Entretanto, ela poderia até dar uma oportunidade para Emma, já que a relação entre elas tem sido a base da limpidez, por que a Emma já sabe desde quando ela a salvou de morrer afogada, dos verdadeiros sentimentos de Sofia por Julia. – Quando Sofia confundiu ela com Júlia.
Sofia, poderia, sim, chegar aos finalmentes com Emma . – Se fosse assim com uma fantasia.- “ Estando com um pensando em outro”. Isso ocorre geralmente quando há desentendimentos entre o casal apaixonado. - E para sanar a dor da separação, utiliza – se desse invólucro. Porém, do ponto de vista ético, da clareza, enfim, temos que pensar no ser humano que é a Emma, não merece alguém parcialmente, merece algo mais tangível. A Sofia, fez bem em conter os avanços de Emma.- Não seria legal estar com ela com a mente ligada da forma que está em Julia.
Até breve!
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Sem cadastro
Em: 11/03/2024
Bom dia, Alina!
Esse final de capítulo deixou com gostinho de quero mais. Será que as duas vão se acertar?

alinavieirag
Em: 11/03/2024
Autora da história
Boa tarde!
Aaah que bom saber disso, fico muito feliz por conseguir deixar esse "gostinho de quero mais"!
Com certeza vamos ter uma reaproximação das duas nesses próximos capítulos, hein?!
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bfz
Em: 11/03/2024
Meu Deus!
O negócio está ficando bom, muito bom!
Por favor, adianta o próximo capítulo? Se eu fosse a Sofia, testaria a Julia...

alinavieirag
Em: 11/03/2024
Autora da história
Oooi, que bom que você apareceu hahaha
E que bom que esteja gostando!
Testaria como, por exemplo? Gostei da ideia, me conte mais!

bfz
Em: 11/03/2024
Semana passada foi corrida!
Pelo o que eu entendi elas irão ficar no mesmo quarto por um tempo.
Essa proximidade pode ser bem interessante, imagina as duas se encontrando no banheiro? Certeza que a Julia não seria forte o suficiente.
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Leidigoncalves
Em: 11/03/2024
Olha essa história fica cada vez melhor, adorei o capítulo e gostei mais ainda dá Sophia não ter conseguido ir até o final com a Emma, não é legal ir pra cama com uma pensando em outra.
Tô muito ansiosa pra saber o desenrolar dessas duas morando sobre o mesmo teto, achoq que agora as coisas começam a andar.
Desculpe o sumiço no último capítulo, mas minha semana foi muito corrida, mas estava tendo tempo pra nada
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Leidigoncalves
Em: 11/03/2024
Olha essa história fica cada vez melhor, adorei o capítulo e gostei mais ainda dá Sophia não ter conseguido ir até o final com a Emma, não é legal ir pra cama com uma pensando em outra.
Tô muito ansiosa pra saber o desenrolar dessas duas morando sobre o mesmo teto, achoq que agora as coisas começam a andar.
Desculpe o sumiço no último capítulo, mas minha semana foi muito corrida, mas estava tendo tempo pra nada

alinavieirag
Em: 11/03/2024
Autora da história
Oooi, Leidi, que bom você por aqui!
Simm, concordo com você, foi melhor ela ter percebido que não era certo continuar e nem ter conseguido (tanto pra honrar com o que ela está sentindo quanto para não ser injusta com os sentimentos da Emma).
Aos pouquinhos, começam sim, com certeza vai ter que ter alguma reaproximação dessas duas!
Tudo bem, querida, fico feliz que tenha lido e que tenha conseguido arrumar um tempinho para comentar agora.
Obrigadaa!
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polenazareth
Em: 11/03/2024
Estou gostando muito da história e achei melhor ter parado sim, seria sacanagem dela continuar. Parabéns por desenrolar essa trama tão bem, toda semana estou ficando com um gostinho de quero mais.

alinavieirag
Em: 11/03/2024
Autora da história
Oooi!
Concordo com você, também acho melhor ela ter parado (tanto pra honrar com o que ela está sentindo quanto para não ser injusta com os sentimentos da Emma)
Aaah, fico muito feliz em saber disso, viu? Muitoooo obrigada!
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