Capitulo 18
Gunnar
Rastejei rapidamente tentando não fazer muito barulho para não assustar o cervo que estava a uns 30m de distância, distraído se alimentando da alta vegetação.
Apanhei o rifle e apontei na direção do animal e quando estava com ele na mira, atirei, mas o mesmo não caiu com o tiro e saiu a pinotes mata adentro.
– Helvete! “(Inferno!)”
Levantei-me o mais rápido que consegui, correndo na mesma direção por onde o animal havia se embrenhado na mata. Corri por entre os arbustos seguindo a trilha de sangue que ele havia deixado para trás, até encontrá-lo ofegante à beira de um rio.
Retirei a faca do coldre e me aproximei do pobre animal, terminando rapidamente com o seu sofrimento, enquanto ouvia os passos apressados de Ulrik e os outros que finalmente havia nos alcançado.
– Fikk en fin hjort! “(Conseguiu um belo cervo!)”
Ulrik carregava algumas lebres amarradas pelos pés uma a uma, fruto da sua caça, enquanto os outros traziam sacolas cheias de frutas que pareciam ser maçãs e figos.
– Vi fikk tydeligvis mer enn vi hadde forestilt oss! Vi har mat i noen dager! “(Pelo jeito conseguimos mais do que imaginávamos! Temos comida por alguns dias!)”
Ulrik se aproximou jogando as lebres no chão, dirigindo-se na direção do servo, com uma adaga em mãos.
– Jeg skal rense den nå for å bli kvitt vannet! “(Vou limpá-lo agora para aproveitar a água!)”
– Sveinn! Lag bål, vi trenger å mate oss selv! “(Sveinn! Faça uma fogueira, precisamos nos alimentar!)”
O rapaz imediatamente depositou a sacola de figos no chão, indo encontrar lenha para a fogueira.
– Og hva gjør jeg? “(E eu faço o quê?)”
– Samle vann fra elven for å koke og fylle kantinene! De andre skal nesten ikke ha vann i bygget. “(Apanhe água do rio para ferver e abasteça os cantis! Os outros devem estar quase sem água no prédio.)”
Viggo imediatamente seguiu a ordem, enquanto retornei na direção de Ulrik para ajudá-lo na tarefa de limpar o cervo, dava muito trabalho e precisávamos preparar a carne para secar.
A tarefa de limpar a carne de um animal não era fácil, mas todos do nosso povo estavam acostumados com o serviço, fazia parte da nossa cultura, viemos de um lugar hostil da Europa onde a escassez de alimento era realidade há muitos anos, então aprendemos a caçar e limpar a caça desde muito pequenos.
Meus pensamentos iam e vinham recordando de Stephanie, fazia pouco mais de um dia que tínhamos saído da cidade onde o restante do grupo estava e a preocupação insistia em não me abandonar. Tínhamos percorrido muitos quilômetros mata adentro até encontrar aquele primeiro cervo, era o bastante por alguns dias, mas a dificuldade para encontrá-lo me assustava, sair pelo mundo sem rumo e sem alimentação não me parecia uma boa idéia.
Heimdall nunca quis viver a sombra do nosso pai, sempre discordou dele em todos os aspectos e agora que estava longe, não queria mais retornar, não pensava em seus irmãos e nem em sua mãe, estava apaixonado e queria viver aquele amor sem pensar nas consequências. Eu o entendia, eu estava apaixonada e queria viver aquilo intensamente, mas sabia que não seria fácil a jornada que estávamos para enfrentar e queria retornar a colônia, não me perdoaria se acontecesse alguma coisa a Enok ou Ivar, meu pai logo descobriria que tinham nos ajudado a fugir. No entanto, a vontade de Stephanie começava a pesar sobre meus ombros cada dia mais, eu queria agradá-la e fazê-la se sentir bem e aquilo estava me levando a passar por cima das minhas próprias opiniões.
Recordava-me da minha mãe, eu a amava ainda que ela me odiasse, amava minhas irmãs e sabia que não podia fazer muito por elas, eram bem tratadas pelos pais diferentemente de mim, não podia trazê-las comigo e por isso precisava colocar um ponto final naquele dilema. Precisava aceitar que talvez nunca mais retornasse, estava abandonando Enok e Ivar a própria sorte e sabia bem que não seriam capazes de derrotar Agnar sozinhos e aquilo me incomodava profundamente.
Suspirei resignada, a vida era feita de escolhas e eu já tinha feito as minhas, no dia que desafiei Erling, sabia que não poderia mais voltar atrás e Heimdall se tornaria minha prioridade dentro da família. Por isso, precisava aceitar que a partir dali minha família se resumia a Stephanie e Heimdall, eu precisava pensar neles e lutar para que tivessem uma vida boa, nada além deles deveria importar.
– Jeg må fortelle deg noe! “(Preciso te falar uma coisa!)”
Minha atenção foi atraída pela voz de Ulrik, que praticamente cochichou na minha frente, encarei seu rosto e percebi que estava tentando ser discreto e não chamar a atenção de Viggo e Sveinn.
– Snakke! “(Fale!)”
Seus olhos iam na direção de Viggo que era o único que estava mais próximo, ainda que dentro do rio.
– De tror historien min er oppdiktet, at den ikke kan være ekte! Det eneste alternativet for dem nå ville være å returnere til kolonien! “(Eles acreditam que a minha história é inventada, que não pode ser real! A única opção para eles agora seria retornar para a colônia!)”
– Min far vil drepe dem så snart de krysser portene! “(Meu pai vai matá-los assim que cruzarem os portões!)”
– De vet det! Derfor har de ikke tenkt å returnere tomhendt! “(Eles sabem disso! Por isso não pretendem voltar de mãos vazias!)”
– Vil de ta meg som et trofé? “(Eles querem me levar como troféu?)”
– Ikke bare deg! “(Não só você!)”
Parei de trabalhar por alguns segundos enquanto o rosto de Stephanie povoou os meus pensamentos, tinha deixado Heimdall e Finn para garantir a segurança dela e suas irmãs, mas Tyr e Varg também estavam lá e se os atacassem de surpresa, talvez conseguissem derrotá-los ou coisa pior.
– Hvorfor forteller du meg dette? “(Porque está me contando isso?)”
Se eu não podia confiar nem nos homens escolhidos a dedo por Ivar para me ajudar, também não deveria confiar em Ulrik.
– Jeg tror på øyer! Jeg vil dit og begynne på nytt. Jeg tror ikke faren din vil spare livet deres selv om de utleverer deg. Og jeg ville ikke vært annerledes enn Lord Agnar hvis jeg sviktet din tillit! “(Eu acredito nas ilhas! Quero ir pra lá e recomeçar. Não acredito que seu pai poupará as vidas deles mesmo que entreguem vocês. E eu não seria diferente do Lord Agnar se traísse sua confiança!)”
– Hold øye med Svein! “(Fique de olho no Sveinn!)”
Levantei-me deixando a adaga que segurava, cravada na carne do cervo e me dirigi na direção do rio onde Viggo estava. Aproveitaria que Sveinn estava procurando lenha para a fogueira e agiria apanhando um a um para facilitar o trabalho.
Andei devagar dentro do rio, deixando minhas mãos sujas de sangue serem limpas pela água, me aproximando de Viggo que estava distraído mais a frente, se banhando na água depois de ter enchido algumas vasilhas.
Quando estava muito próximo do rapaz, este percebeu minha presença se assustando, mas antes que pudesse reagir ou fugir, acertei um golpe no seu rosto, derrubando-o de costas na água. Impedi que se levantasse, me coloquei ao seu lado empurrando seu rosto para baixo na tentativa de afogá-lo.
Viggo era um homem jovem com pouco mais de vinte anos, tinha a força de um urso e rapidamente me apanhou pelo pescoço, tentando me sufocar. No entanto, a situação era desfavorável a ele, estava debaixo d'água, não conseguia respirar e isso o atordoava, não foi capaz de manter a pressão no meu pescoço por muito tempo, abandonando-o para tentar afrouxar a força das minhas mãos empregada no seu pescoço.
Seus pés se debatiam debaixo d'água, fui agarrada pelas roupas, mas só parei de empregar força, quando seu corpo finalmente relaxou, boiando na água assim que o soltei.
Afastei-me irritada, não podia dar chances para que ninguém tentasse me matar e colocasse a vida de Stephanie e Heimdall em risco.
Andei de volta para fora do rio, avistando Sveinn que se aproximava com os braços carregados de galhos para acender a fogueira.
Imediatamente quando seus olhos não encontraram Viggo, a lenha foi jogada no chão e a mão repousou sobre a coronha da pistola do coldre.
– Hvor er Viggo? “(Onde Viggo está?)”
Antes que pudesse ter qualquer reação, Ulrik disparou sua arma atingindo Sveinn direto no rosto, sem que sequer soubesse o que lhe atingiu. O corpo caiu inerte no chão, espalhando sangue pela terra, me aproximei retirando tudo que era útil do seu corpo, como armas e roupas.
– Forbered bålet! Jeg slutter her! “(Prepare a fogueira! Eu termino aqui!)”
Recolhi os galhos trazidos por Sveinn e os levei para próximo de Ulrik, acendendo a fogueira logo em seguida. Depois apanhei as vasilhas que Viggo tinha enchido de água e coloquei para ferver, para garantir a pureza e qualidade da água.
A tarde correu rápido, havíamos preparado todas as carnes para secar, mas devido ao sol fraco do outono não conseguimos concluir e como estávamos em desvantagem no momento, precisamos nos apressar.
As carnes foram amarradas sobre o lombo do cavalo de Viggo, já que ele não precisaria mais, enquanto o de Sveinn foi solto, não tínhamos como cuidar dele na cidade, a comida era escassa e cedo ou tarde ele serviria apenas para alimento, idéia que não me agradava.
Partimos de volta para a cidade antes do anoitecer, não queria me demorar mais que o necessário, pois não fazia idéia de como estavam às coisas por lá e me preocupava só de imaginar o que poderia ter acontecido com Stephanie e Heimdall.
Já era aproximadamente meio dia do dia seguinte quando chegamos à cidade, tínhamos nos afastado mais que o planejado e demorado mais do que o prometido. Adentramos no prédio sem conseguir avistar ninguém no terraço, o que me preocupava profundamente. Os cavalos foram amarrados juntos com os demais no andar do subsolo do prédio, depois apanhamos todas as carnes e frutas e subimos os dez lances de escadas, até chegar ao terraço.
Confesso que me surpreendi ao avistar o grupo reunido, rindo e bebendo ao redor de uma pequena fogueira. Heimdall rapidamente se assustou ao nos ver chegando, deixando bem claro que não estavam fazendo o trabalho de vigia direito, já que não nos viram se aproximando.
Joguei as carnes sobre alguns balcões velhos enquanto Stephanie correu na minha direção, pulando em meu colo, abraçando e beijando o meu rosto, demonstrando todo seu amor e sua preocupação com nosso atraso.
– Eu estava tão preocupada! Você disse que retornaria em no máximo dois dias!
Deslizei as mãos no seu corpo, apanhando-a pela cintura, afastando-a delicadamente do meu colo, colocando-a de volta no chão. Depositei um beijo em sua testa e a afastei, sem querer desviar a atenção e perder o foco.
– Nós precisamos nos afastar muito, não foi fácil encontrar essa caça!
Meus olhos desviram do rosto da minha esposa indo se perder onde o restante do grupo estava. Heimdall havia se aproximado de mim para me cumprimentar enquanto meus olhos analisavam ao redor. Ulrik se aproximou do restante do grupo com os olhos procurando os meus como quem pede permissão para fazer algo.
Desviei minha atenção de Stephanie e Heimdall me aproximando do restante do grupo no exato momento que Tyr se manifestou.
– E os outros? Onde estão?
– Subindo! Acho que eles precisam de ajuda. Se puder ir você e o Varg!
Varg e Tyr imediatamente se colocaram em pé, seguindo a ordem de Ulrik que naquele momento estava às costas de Tyr. Com um gesto, confirmei que poderia atacar e Ulrik imediatamente se agarrou ao pescoço de homem, dando um mata leão enquanto o esfaqueava pelas costas.
Não dei tempo para que Varg reagisse, e quando o mesmo me deu as costas, assustado com a atitude de Ulrik, o golpeei com minha espada na altura do pescoço o decapitando.
– GUNNAR! O QUE É ISSO?
A voz de Heimdall soou alta e forte, sem compreender porque os tínhamos atacado, Ulrik naquele momento se desfez do corpo de Tyr derrubando-o no chão, limpando sua faca em suas vestes na maior tranquilidade do mundo.
– Eles iam nos entregar ao nosso pai! Como moeda de troca para poder retornar a colônia.
– Isso não faz sentido Gunnar! Eu não desconfiei de nada!
– É claro que não! Você sequer faz uma vigia direito! Nem perceberam quando nos aproximamos do prédio ou quando subimos dez lances de escada! Desse jeito sem mim vocês não duram uma semana aqui fora.
Heimdall e os outros se mantiveram em silêncio, enquanto me aproximei de Tyr para conferir se realmente estava morto.
– Retirem dos corpos o que for útil e levem para baixo!
Finn, Heimdall e Ulrik imediatamente revistaram os corpos enquanto observei ao redor o ambiente, procurando um jeito mais fácil de fazer o que precisava.
Finn jogou sobre os ombros o corpo de Tyr que era o mais leve e se dirigiu na direção das escadas, enquanto Heimdall apanhou Varg pelos pés e Ulrik pelas mãos, seguindo o mesmo caminho que Finn pelas escadas. Os acompanhei de perto e quando estávamos no primeiro lance de escadas, aproveitei o momento de descuido e apanhei rapidamente Ulrik pelas costas, obrigando-o a soltar o cadáver fazendo Heimdall se desequilibrar e nos olhar assustado.
Ulrik não teve chances para reagir, ao mesmo tempo em que tentou se soltar das minhas mãos, o empurrei contra o corrimão da escada, derrubando-o do nono andar, fazendo com que seu corpo batesse de um lado para o outro até chegar ao térreo, assustando os cavalos.
– Hva faen Gunnar! Hvorfor det? “(Que merd* Gunnar! Pra que isso?)”
O corrimão havia se soltado com o impacto do corpo de Ulrik, então o derrubei com o pé, antes de voltar minha atenção a Heimdall e Finn.
– Det var han som fortalte meg at de andre planla å overlate oss til faren vår. Vi kan ikke stole på noen fra nå av. “(Ele quem me falou que os outros planejavam nos entregar ao nosso pai. Não podemos confiar em ninguém a partir de agora.)”
– Han var den eneste som visste om øyene! “(Ele era o único que sabia sobre as ilhas!)”
– Hvis denne historien er sann, hadde han allerede fortalt oss nok! “(Se essa história é verdadeira, ele já tinha nos contado o suficiente!)”
Empurrei Varg com o pé até encostar o corpo na parede, deitado na escada.
– La kroppen stå der Finn! La oss gå tilbake og samle alt, vi drar umiddelbart. Hvis Ulrik var vår fars føflekk slik jeg ser for meg at han var, etterlot han spor for at vi skulle bli funnet. Det tar ikke lang tid før det er en ny gruppe her. “(Deixe o corpo aí mesmo Finn! Vamos voltar e recolher tudo, partiremos imediatamente. Se o Ulrik era um infiltrado do nosso pai como imagino que era, ele estava deixando pistas para que nos encontrassem. Não vai demorar para ter um grupo novo aqui.)”
Dei meia volta e segui rumo ao terraço com Finn e Heimdall ao meu encalço.
– Hva i helvete! Jeg likte ham! “(Que diabos! Eu gostava dele!)”
– Jeg også Finn! “(Eu também Finn!)”
Ao retornarmos para o terraço, as irmãs estavam reunidas ainda assustadas com os últimos acontecimentos, mas não tínhamos tempo para muitas explicações.
– Vamos embora meninas! Reúnam tudo o mais rápido possível!
As três entreolharam-se desconfiadas de tudo, mas obedeceram sem questionar, não havia ninguém no mundo que elas pudessem confiar mais do que em seus amantes.
Estávamos em desvantagem naquele momento, éramos apenas três guerreiros para proteger três mulheres, as coisas ficariam muito difícil dali por diante, mas era o mais sensato e correto a se fazer, não colocaria a segurança de Stephanie nas mãos de mais ninguém.
Cavalgamos a tarde inteira, tentando colocar a maior distância possível entre o prédio com os corpos e nós, não queria correr o risco de algum grupo do meu pai nos alcançar.
No fim do dia quando começava a escurecer, estávamos em uma antiga estrada, com níveis mais altos que os outros onde Stephanie chamou de viadutos, disse que serviam para facilitar o tráfego de automóveis no mundo antigo.
Muitas carcaças de carros estavam espalhadas por todos os lados, cobertas de sujeira, musgo e mato. No entanto, precisávamos de um lugar para passar a noite e não foi fácil encontrar um lugar que não estivesse repleto de sujeira.
– O que acha de montarmos acampamento ali?
Meus olhos foram atraídos para onde Heimdall apontava, era uma pequena construção no meio de algumas ruínas, o mato não estava tão alto ao redor e seria fácil chegar ao seu interior. Havia uma grande torre feita de metal, que um dia serviu para alguma coisa que eu não fazia idéia e uma espécie de torre de vigilância, um pouco mais alta que a construção, dando vista para todo o perímetro ao redor e inacreditavelmente ainda tinha vidros nas janelas.
Sorri para o meu irmão guiando o cavalo na direção da construção, atravessando todas as ruínas até conseguirmos chegar do outro lado.
A construção era muito antiga, parte dela já havia desmoronado devido ao tempo ou a guerra de antigamente, mas era forte o suficiente para podermos passar a noite ali em segurança. Desci do cavalo soltando-o no espaço aberto do primeiro andar da construção, havia muito pasto por ali e os animais deviam estar com fome. O restante do grupo fez o mesmo, Finn e Heimdall fecharam a entrada com pedaços de entulhos, garantindo que os animais permanecessem dentro da construção, mas com liberdade para andar e se alimentar.
– Tem água aqui! Deve ser da chuva, está um pouco suja!
Stephanie aponta para um imenso galão de plástico, que estava exatamente debaixo da abertura que havia no teto e permitia que enxergássemos o céu através dele.
– Vamos dar para os cavalos! Assim economizamos a água potável!
Heimdall andou até o galão fazendo um ruído com a boca, atraindo os animais para ele, os quais imediatamente beberam da água.
– Vamos ver o que tem lá em cima?
Anne apontava para a escada que levava para o segundo andar e Heimdall imediatamente se aproximou da namorada.
– Vou fazer uma varredura do local! Já volto para ajudá-los com os suprimentos!
Concordei com um gesto enquanto os dois jovens subiram às pressas pelos degraus da escada, nesse momento Stephanie se aproximou de mim com um sorriso melancólico no rosto.
– Logo essa menina vai estar grávida!
Sorri, a necessidade que meu irmão e minha cunhada tinham para estar juntos, era quase a mesma que Stephanie e eu, a única diferença é que éramos adultas e sabíamos bem separar as coisas e nos controlar em momentos inoportunos, além é claro de não corrermos o risco de engravidarmos naquela situação.
– Eu também queria ver o que tem lá! Mas pela cara dos dois, melhor nem ir atrás!
Elisabeth riu do próprio comentário acompanhada por Stephanie e Finn, que naquele momento quebrava algumas madeiras podres com o pé, certamente para poder acender uma fogueira logo mais.
Algum tempo mais tarde, depois que meu irmão e a namorada retornaram para baixo, finalmente pudemos subir com os suprimentos e nossos objetos pessoais, deixando apenas os animais no andar de baixo.
No segundo andar, não havia nada mais do que entulhos e um pouco de lixo espalhados por todo canto, os quais foram afastados e empilhados para que pudéssemos transitar melhor e nos acomodar durante a noite.
– Vou derrubar isso aqui! Precisamos de lenha!
Finn arrancou o que um dia foi uma porta e partiu em pedaços com seu machado, jogando-os no meio da sala, onde Heimdall já estava acendendo a fogueira.
Atrás da porta derrubada por Finn, havia outra escadaria, a qual provavelmente levava até a torre de vigilância que havíamos enxergado lá de fora.
Dirigi-me até a escada e subi, encontrando um lugar muito mais quente e aconchegante para passar a noite, que apesar de ter pouco menos de vinte metros quadrados, era o suficiente para podermos deitar e dormir e ainda facilitaria a vigilância.
– Olha isso Gunnar!
Voltei minha atenção a Stephanie e Elisabeth que tinham acabado de subir as escadas e estavam atrás de mim segurando um pedaço de papel velho nas mãos.
– Isso é um mapa múndi! Diz exatamente onde estamos e para onde devemos ir.
Aproximei-me das irmãs observando o papel desbotado e um pouco rasgado, analisando o local onde imaginava que estávamos e logo depois avistei as Bahamas.
– Se andarmos umas 12 horas por dia! Vamos chegar aqui em no máximo um mês!
Deslizei meu dedo da direção do mapa no local onde estávamos, até um lugar chamado Miami, que ficava muito próximo de Bahamas, apenas com o oceano entre os dois lugares.
– Como vamos atravessar o oceano?
– De barco!
– Que barco?
– O que construiremos!
– Você sabe construir barcos?
Sorri e apanhei a ponta do queixo de Stephanie entre os dedos.
– Somos nórdicos! Navegar sempre foi uma paixão! Construir barcos fez parte da nossa infância.
– Ok! Então finalmente temos um plano!
– Temos sim! Só precisamos viajar em segurança por mais um mês e chegar vivos até lá!
Stephanie me encarou séria, como se eu tivesse falado algum absurdo desnecessário.
– Nós vamos chegar vivos até lá! Se Odin permitir!
O sorriso bobo em meu rosto demonstrava muito do que Stephanie foi capaz de mudar em mim, antigamente não me permitia tal atitude ridícula, muito menos parecer fraca diante de outras pessoas, e era exatamente assim que eu me portava na sua frente e da sua irmã, que enojada com nossa “melação”, se afastou resmungando algo qualquer enquanto Stephanie se pendurava nos meus ombros, beijando os meus lábios suavemente.
Fim do capítulo
Olá de novo!
Dois capítulos em um único dia? Eu estou realmente empolgada com esse dramalhão, e vocês?
Beijos
Comentar este capítulo:
Marta Andrade dos Santos
Em: 22/03/2024
Eita agora começa a jornada delas.
Resposta do autor:
Agora é aguardar ;)
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Mmila
Em: 21/03/2024
Idem, idem, idem.......
Natalia S Silva
Em: 22/03/2024
Autora da história
Como isso me faz feliz!!
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