Medo
4. Medo
Cumprindo o prometido, quando Cecilie completou quinze anos, ganhou a tão esperada viagem para o Japão e amou. Sua mãe não quis ir, depois da separação, Ângela não teve mais nenhum contato com os familiares do ex-esposo. Cristopher ficou dividido, gostava de viajar na companhia do pai e da irmã, mas, vinha se inteirando sobre as atividades nos negócios da família, não queria deixar sua mãe sozinha e no ano seguinte ingressaria na faculdade, por tudo isso, acabou ficando. Cecilie ficou ainda mais encantada com tudo, apaixonada pela terra da sua família paterna, foram receptivos e adoraram recebê-los. Ela aproveitou muito, fez diversos passeios e no dia do seu regresso, prometeu para si mesma que retornaria e ficaria por mais tempo.
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- Japinha, como foi a viagem?
- Maravilhosa! Amei tudo e já quero voltar.
- Você estava tão ansiosa e animada.
- Trouxe para você!
- Obrigada!
- E esse é para você (disse entregando os presentes para as amigas).
- Pequena, adorei! Muito obrigada.
- Vocês duas também aproveitaram as férias?
- Sim! Fui para o Sul com os meus pais, visitar alguns familiares e dormi muito.
- Li e descansei bastante. Fiquei uns dias no interior na casa dos meus avós, uma paz (contou Brigite).
- Cris me chamou para jogar com ele, contou que você trouxe jogos novos.
- Sim, todos que ele pediu. Vão jogar quando?
- No final de semana.
- Brigite, podemos ficar lendo juntas, também temos uns jogos legais de tabuleiro, além dos de vídeo game e também podemos fazer algo gostoso para comermos. O que acha?
- Tem certeza? Sua mãe me olha com cara fechada, depois que me viu com a minha galera do skate. Aposto que ela não me acha uma boa influência para a filha dela.
- Ela é rígida, não liga. Neste final de semana estaremos com o meu pai.
- Ele é de boa linda e o bom é que podemos ficar mais tempo juntas. Eu iria adorar!
- Cecie, se não for te arranjar problemas, eu topo!
- Vamos fazer bolo de chocolate?
- Eu só entro na cozinha para assaltar a geladeira (assumiu Aly).
- E eu só sou boa com salgado, doce quando faço sozinha não fica bom.
- Sabe fazer torta?
- Sei.
- Então eu faço o bolo e você uma torta.
- Que delícia e eu como.
- Cecie deixa eu te contar, sua amiga aí me chamou para assistir filme na casa dela, misericórdia que medo dos pais dela.
- O que houve?
- Como vocês não me avisam que o pai dela é militar, na hora que cheguei já levei um susto, ele estava saindo uniformizado. Quase que tenho um ataque cardíaco.
- Você não sabia?
- Claro que não, como iria adivinhar? Eu sabia que a família dela é proprietária da Fleming Engenharia, jurava que os pais dela trabalhavam juntos numa sociedade familiar, da mesma forma que os seus. Quase desisti de assistir o filme.
- Ela ficou tão assustada, que ficou toda comportada, nem selinho quis me dar, mesmo com a porta fechada.
- Fiquei em choque. Com muito medo.
- Eu também jurava que ela soubesse, esqueci totalmente de comentar.
- Eu acho a mãe dela, ainda mais séria que o senhor Fleming, toda imponente. Os dois dão medo mesmo. Mas, os vi poucas vezes.
- Só vi ela de longe, vou ficar bem distante da casa dela, é mais seguro.
- Eles são bravos, mas, são educados, tratam bem os meus amigos.
- Agora você entende os receios dela né
- Sim! Vou indo meninas.
- Não quer uma carona?
- Não, obrigada! Até mais.
- Está tudo bem entre vocês duas? (Perguntou quando a morena se afastou).
- Ela foi em casa na semana passada, como te contou, ficou assustada e agora parece que ela está me evitando.
- Poxa que chato, mas, é compreensível, eu também ficaria com medo no lugar dela. Imagina se seus pais sonham, melhor nem pensar nisso.
- É, eu também vou indo.
- Vai ficar tudo bem. Beijo!
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- Oi.
- Bri, tudo bem?
- Sim e você?
- Também. Licença!
- Entra e fique à vontade.
- Obrigada!
- Vem, vamos deixar a sua mochila no meu quarto (seguiram juntas pelo corredor).
- Olha essa tela que estou começando a fazer.
- Cecie, você tem muito talento, que paisagem bonita, quero ver quando ficar pronta.
- Obrigada! Vamos no quarto do Cris.
- Aly já chegou?
- Sim, já começaram a jogar.
- Eu posso conversar um pouco contigo?
- Claro, senta. O que foi?
- Então acho que vou parar de ficar com ela. Estava pensando e é complicado né
- Ela está te achando distante e até comentou que você está evitando uma maior aproximação, depois que esteve na casa dela. Estava até com receio de você não vir.
- Eu prefiro fugir de problemas. Não gosto de complicações, entende?
- Mas vocês se amam.
Brigite começou a chorar.
- Amiga, quer que eu chame a Aly?
- Não. Eu preciso me acalmar.
- Vou buscar água para você, já volto.
Cecilie correu para a cozinha pegou um copo e a garrafa de água gelada.
- Toma.
- Obrigada (sorveu todo o líquido).
Ficaram em silêncio até ela conseguir se acalmar.
- Preciso lavar o meu rosto.
- O banheiro é ali (apontou).
Aguardou por alguns minutos até ela se recompor.
- Eu queria conseguir ajudar vocês duas de alguma forma (falou com sinceridade).
- Obrigada meu bem, você já ajuda muito sendo uma ótima amiga, vamos lá dar um oi e depois vamos cozinhar juntas, vai ser bom, preciso me distrair.
- Vem, é por aqui.
- Filha começou a chover, já fechou a janela do seu quarto?
- Já sim. Pai, essa é a minha amiga Brigite.
- Boa tarde!
- Boa tarde! Ainda não te conhecia, mas, você já é famosa, minha filha te adora.
- Prazer em conhecê-lo e ela é maravilhosa. Parabéns por ter uma filha tão incrível.
- Assim vão me deixar envergonhada. Vem vamos para o quarto do Cris.
Brigite ficou aliviada, por ter sido bem recebida pelo senhor Miyake.
- Irmão pausa rapidinho (disse entrando no quarto).
- Oi, tudo bem? Vou aproveitar a pausa para ir ao banheiro. Já volto meninas.
Aly sorriu e levantou para cumprimentá-la.
- Que bom que você veio (falou e deu um abraço gostoso nela).
- Depois quero conversar contigo.
- Minha linda, você está bem?
Somente assentiu.
- Quer conversar agora?
- Ainda não, vou cozinhar com a Cecie, quero falar com calma, depois.
- Você chorou?
- Já passou.
- Notei você pensativa nos últimos dias.
- Vamos voltar a jogar ou quer dar um tempo? (Ele perguntou retornando para o quarto).
- Vamos jogar sim, elas vão cozinhar.
As duas fizeram o que tinham combinado ouvindo músicas.
- Que cheiro bom!
- Estamos fazendo torta de frango com catupiry e bolo de chocolate.
- Que delícia. Filha sua mãe ligou, falou que você teve tosse na noite passada, falou para comprar um xarope e vick, vou dar um pulo na farmácia.
- Obrigada! O senhor trás aquele mel que gosto e pastilha também por favor!
- Claro meu amor, já volto!
- Gripe amiga?
- Minha mãe acha que é tosse alérgica, não tive nenhum sintoma de gripe.
- A minha mãe faz um xarope ótimo com guaco, posso ligar para ela?
- Pode sim, o telefone fixo fica na sala.
- Vou pedir para ela fazer e trazer quando vier me buscar.
- Muito obrigada. É ruim para dormir com tosse.
- É mesmo.
Ligaram e depois voltaram para cozinha para finalizar o que estavam preparando.
Os quatro adolescentes comeram os quitutes na companhia do dono da casa.
- Meninas, ficou muito bom, parabéns! Filho, vamos dar uma passada no mercado? Tenho que levar uns documentos e amanhã quero dar uma descansada.
- Podemos passar na mãe? Ela vai adorar o bolo e a torta.
- Claro filho.
- Eu vou arrumar para ela (disse Cecilie).
Os dois saíram e as meninas ficaram sozinhas.
- Vou ficar na sala desenhando, podem ficar à vontade no meu quarto.
- Imagina Cecie, já é abusar da sua hospitalidade.
- Deixa disso, amizade é assim e sei que precisam de um momento, para vocês duas.
- Vamos linda, você disse que precisamos conversar (Aly pegou na mão dela e foram).
Cecilie tentou se concentrar em seu desenho, mas, estava preocupada com as amigas.
- Eu nem sei por onde começar.
- O medo está falando mais alto né
- Estou apavorada e temos que decidir como vamos ficar.
- E se eu deixar você decidir. Eu topo qualquer coisa.
- Não queria que fosse assim (falou com tristeza).
- Eu respeito a sua decisão. Não quero que fique triste.
- Seus pais podem fazer das nossas vidas um inferno.
- Eles não precisam saber de nada.
- Mas e se de alguma forma acabam descobrindo? Nada fica oculto para sempre.
- Eu te amo! (Afirmou e depositou um beijo na testa dela).
- Linda, eu também te amo (disse e voltou a chorar).
- Não precisa chorar princesa. Eu entendo (ficaram abraçadas por longos minutos).
- Vou ao banheiro lavar o meu rosto.
- Te espero na sala.
Deixou o quarto, mas, não queria dar as costas para o que sentia.
- Pequena, porque tem que ser tão complicado?
- Ela está muito amedrontada.
- E com razão. Por favor, leva um copo com água e açúcar para ela.
- Levo sim.
Recomposta, Brigite voltou para sala ao lado de Cecilie.
- Linda, eu compreendo. Você me faz tão bem e eu quero fazer o mesmo por você. Só que no momento, eu não consigo dar essa segurança que você necessita. Eu queria poder te dizer para não ter medo, mas, sabemos que eu sou a mais medrosa. Também queria poder te dizer que não precisamos esperar para ficarmos juntas, mas, não posso mentir para nós duas. Por isso, repito: eu te compreendo.
- Obrigada por ser tão gentil e amável.
- E eu acabei ficando aqui de vela, tudo que você disse foi tão lindo, tão altruísta. Logo você vai para faculdade e vai ser maior de idade. Não deixe que o distanciamento prejudique a relação de vocês, podem continuar amigas, até que consigam ficar juntas.
- Pequena, cadê o jogo de tabuleiro que comentou? (Aly resolveu mudar de assunto).
Jogaram por alguns minutos, até a hora que a mãe da Brigite chegou para busca-la, as amigas se despediram e só depois que ela foi embora, Aly desmoronou.
- Pequena, desculpa, precisei tentar ser forte, ela não pode me ver chorando e ficar ainda pior. Eu disse que respeito a decisão dela, mas, estou mal com isso.
- Não precisa se desculpar, quer um chá?
- Eu aceito.
Tomou a caneca toda, seu motorista chegou e foi embora com o coração partido.
Fim do capítulo
Eu sumi, desculpa por todo esse hiato, andei me dedicando bastante ao trabalho, nova faculdade, diversos projetos literários com outros escritores e em dobro para família (produzindo um livro sobre o sacerdócio do meu pai). Andei vivendo intensamente a vida real e como amo ler, estava colocando muitas leituras em dia. E além de tudo de bom que vem ocorrendo, tive dengue, é tão ruim e no meu caso foi leve, então todo cuidado é pouco e aproveito para deixar aqui o alerta. Cuidem-se! Bom, o mais importante é que apesar da ausência, eu voltei! Boa semana!
Comentar este capítulo:
Marta Andrade dos Santos
Em: 18/03/2024
Bom dia.
É importante ter um tempo para se dedicar ao novo.
Dengue é dos infernos e as irmãs é das trevas eu não aguento mais todos os anos esse mosquito me pega.
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May Poetisa Em: 18/03/2024 Autora da história
Marta, como vai? Verdade, tempo de se dedicar e se feliz com novos projetos, além de dar continuidade aos que estão em andamento. Estou ansiosa pela vacina, dengue ninguém merece. Boa semana! Beijos e abraços, May.