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ACONTECIMENTOS PREMEDITADOS por Nathy_milk

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Palavras: 4948
Acessos: 917   |  Postado em: 13/02/2024

Capitulo 39

CAPÍTULO 39 - Flavia


- Pronto - Foi só o que eu falei quando eu peguei o celular da mão da Isabelle não em pânico, mas com raiva. Não sei nem exatamente como me portar - Quem é?

- Acho que não preciso de mais apresentações. 

- Sem chorumelas, Bruna. Te ajudo em algo?

- Queria conversar com você. É importante pra mim - respirei fundo, calma - eu sei que você não é assim, me dá essa chance de falar. Eu tento falar com você e você não me atendê, não me responde - me mantive em silêncio, não sei ser fria, eu gosto dela - Eu sei ser persuasiva Flávia. 

- não é uma questão de persuasão Bru… 

- Então me dá essa chance. Oh, posso ir no DP ou podemos conversar amanhã depois da sua terapia, o que acha?

- Nossa, as informações chegam rápido né?!

- Flavinha, é só perguntar o certo as pessoas certas. Pode ser? Umas 17 horas?

- Termina um pouco depois - respondi quase sem entender nem a minha frase

- Tudo bem, vou estar por lá. Obrigada por isso Flávia. 

- Hum hum - desliguei o telefone sem nem absorver, não sei levar esse joguinhos de cão e gato por muito tempo, sempre fui das cartas na mesa, prefiro essa limpeza de ideias. Se eu olhar por um lado mais simplista, foi uma briga bem da boba. Se eu olhar com mais agressividade foi uma briga com bastante conteúdo, enfim, vou permitir essa fala dela, isso não significa que o conteúdo da fala será aceito. 


- E aí? Você saiu falando, nem consegui ouvir - primeira coisa que a Isabelle me falou quando sentei na mesa, mas é sem noção.

- Sem comentários pra você - falei colocando meu prato na mesa. 

- Para com isso, te passei um pano. Pelo menos com uma pulga na orelha ela vai ficar. Hummm, mas pela sua cara, já caiu no conto do vigário ne?!

- Acabei aceitando conversar com ela amanhã. 

- Ai Flávia….Mas também pra ficar como você estava ontem, é melhor estar com ela. 

- Combinei de conversar com ela, não de voltar. 

- Até parece Flávia, olha sua cara de boco mole, que ela vai sorrir e você vai cair. 

- Não é tão assim….. 

- Enfim, eu acho que você merece alguém melhor, mais responsável, essas coisas. 

- Nem vou arriscar te perguntar quem seria melhor - olhei de volta pra Isa

- Ah, depois de ontem, nem conto mais na lista. Cansei de tomar toco. 

- Hahahah, finalmente você entendeu. 

- Eu já tinha entendido, mas estava arriscando a sorte. Mas tem sua colega de apartamento. 

- Jamais Isa, ela é namorada do Cantão, meu amigo. E eu vejo ela como amiga, colega de apartamento. 

- Flavinha, você pode até ver ela assim, mas não sei se ela te vê assim. NA verdade, não sei nem se ela entendeu isso. 

- Independente de como ela ve ou não ve, ela é namorada do Cantão.

- Tá, mas será que o Cantão te respeitaria desse jeito. 

- Não importa. É questão de respeito.

- Ela ficou estranha quando me viu lá na sua casa. Eu sumi em 2 minutos. 

- Ela é mais na dela, mais reservas. Isso que incomoda ela. 

- Tá, fingindo que seja isso mesmo, ela apareceu de boa ou você fez um charminho lá, com ela?

- sério, para com essa historia Isa. A Bia é timida, é na dela, já tem problemas demais pra ter que lidar com mais. Alguem escuta essa piadinha sua, dqui a pouco virou uma bola de neve. 

- Claro que não vou falar sobre isso na frente dos outros Flavinha. Mas, olha, um toque cara, os olhos dela brilham quando te veem. 

- Aff, nem tem nada a ver. Acho que ela me ve como um porto seguro, uma pessoa que dá apoio, sei lá, que escuta. 

- E a paixão não começa na admiração? - A Isabelle deveria juntar coma  jornalista, seria uma conversa eterna, com mil argumentos. 

- Chega Isa. Não vou mais te dar corda não. Eu te chamei pra conversar uma coisa especifica com você. 

- Sabia que o convite não era pelo meu charme. 

- Gente do céu, você não para? 

- Vai Flávia, fala. O que quer falar comigo. 

- Ontem você falou que conhecia a Bia e o Ricardo de antes e depois falou que corregedoria era o melhor lugar pra bandido. 

- Esquece isso velho. Tava alucinando, bebada. 

- Não estava não. Me explica isso, de onde conhece eles. 

- Não, pera aí. Eu trabalhei com a Bia e o Ricardo há uns anos atras, quando eles estavam juntos. 

- Nessa época já tinha a questão da violencia? 

- Ah, não sei se ele já era agressivo assim. Ela sempre foi muito na dela, estava começando na Civil. Na verdade ele nem deixava ela falar com ninguem, quando ela se aproximava de algum cara, ele aparecia e cortava. Sempre foi muito ciumento, pegajoso. 

- Mas você lembra se tinha agressão física, lesão?

- Cara, não sei Flávia, eu ficava o mais longe possivel deles. Ele sempre foi muito grosso, quando ela dava risada ele cortava, dava umas respostas grossas nela na frente de todo mundo. Sabe aquele tipo de relacionamento que ninguém entende. Não sei como alguem se sujeita a isso. Porque ela é uma menina bonita, inteligente. 

- As vezes os proprios traumas criam espaço pra aceitar esse tipo de coisa, sem contar como é dificil sair dessa violencia. Só ela deve saber da dor dela. 

- Nunca vi ele batendo nela ou algo assim, mas isso faz uns tres ou quatro anos. 

- Porque na teoria, não é uma boa conduta profissional. Principalmente para alguem da corregedoria. 

- Cara, mas lá é um lugar ao contrario né?!

- Como assim?

- Tem aquela maxima de “quem é ruim, prefiro perto pra ficar de olho”. 

- Ah, já ouvi isso aí. Mas o Ricardo está metido com o que? Droga?

- Flávia, esquece isso. Segue sua vida. Ele é uma pessoa para termos longe sabe. 

- Talvez eu já tenha passado do longe. Eu quase sai no braço com ele e eu estourei os 4 pneus do carro dele. 

- Ai Flávia, olha a merd*. 

- Eu já me envolvi, já to na merd*. Quero saber quem é ele, descobrir mais, é importante saber com que estou lidando. 

- Ele é limpador. 

- Limpador?

- Flávia, 10 anos de investigadora e não sabe o que é limpador?

- Isa, talvez conheça com outro nome. 

- Quando tem um roubo, alguma agressão, coisa assim, ele procura a vítima. Habitualmente uma vítima com dinheiro e oferece os serviços dele. Ele cancela o CPF do vagabundo. 

- Conheço isso como matador de aluguel. 

- Tá… Não deixa de ser, mas o que ele faz é mais específico. O Ricardo usa da posição dele de delegado, escolhe os casos que quer atuar e ele aborda as vítimas, oferecendo para elas serem mandantes da morte do assaltante.

- E ele faz isso desde quando?

- Flávia, isso aí eu não sei, nem sei se ainda faz. Também não sei se alguém já levantou  isso, se alguém já denunciou ele. Esses detalhes eu não sei. 

- Cacete, o cara é “mo” 171 e ninguém abordou ele. 

- Eu não sei, o que sei é que ele pula de DP em DP, fica meses em algum lugar, já é transferido para outro. E você Flávia, é melhor tirar esse olhar do rosto. 

- Que olhar?

- De que vai salvar o mundo, que vai achar os podres. Esse cara é perigoso, não é bom mexer com ele. 

- Não vou fazer isso, só quero saber melhor dele. Quero ajudar a Bia, proteger ela de alguma forma. 

- Que bonitinho. Quer proteger ela. 

- Ai Isabelle, para com essa história. 

- É pra não perder a chance. Cara, acho que ela morando com você já ajudou muito. Quando eu conheci os dois, ela sempre aparecia com algum machucado. Mancando, um roxo, eu não perguntava, nem sou de fazer isso. Mas podia ser violência já. Hoje em dia ela não aparece assim, então alguma coisa mudou pelo menos. 

- Será que a Bia sabe que ele faz isso? 

- Po… deve saber, eu acho. Eu nunca tive muito contato com eles, e pra dizer nem vou ter, a Bia não gosta de  mim. 

- De novo, acho que ela é tímida, na dela. 


Terminamos nosso almoço com calma, até a Isa receber uma ligação do Cantão acelerando ela. Eles irão agora à tarde conversar com um delegado antigo, que está na fila de transplante renal, para ver se ele aceita ser infiltrado. Se ele topa “comprar um rim”. Trabalhar com quadrilha, crime organizado é muito mais trabalhoso que resolver simples furtos, sequestros, coisas mais diretas. 

Eu passei o resto do dia quase sem conseguir me concentrar. Eu fiquei muito preocupada com a situação da Bia, na verdade do Ricardo, e ansiosa com a conversa que vou ter com a Bruna. Minha cabeça girava em pensamentos sem conexão alguma. Até mesmo na faculdade, no laboratório de prática jurídica, eu não conseguia me concentrar em nenhum caso, discutir nada. Estava fora da minha concentração normal, até a Ana Lu percebeu. Apesar que ela é bem atenciosa, percebe tudo e qualquer coisa. 

- Ei, vai abandonar o curso agora, só acaba quando acaba. 

- humm, que?!

- Tá na lua Flávia. “Mo” discussão de caso importante, você nem prestou atenção. 

- Desculpa, me perdi. 

- Você está onde?

- Não, nada. E…. 

- Flávia, se sua cabeça está na Bruna, dá seu jeito. Você se dispersou totalmente hoje. Vem… a doutora deu um intervalo, vamos comprar um café pra ver se você acorda e se concentra um pouco - Fomos andando pela rua lateral do campus, desviando dos demais estudantes que também estavam no intervalo até chegarmos a uma padaria - E aí, tá onde?

- Não, nada. É só cansaço!

- Te conheço faz tempo, o que tá acontecendo? É algum caso do DP?

- Ah Ana Lu, porque me envolvo nas coisas?

- Porque você é você Flávia. não consegue ficar quieta, levar a vida tranquila. Tem que se meter em alguma coisa. É do tráfico de orgãos o problema?

- Não, mas o tráfico de órgãos está tão complicado. 

- Então, é sobre aquele carro que você furou os pneus? 

- Sim

- Eu sabia que ia dar merd*. De quem era aquele carro? 

- Descobri hoje que é de um matador de aluguel. Olha que beleza. 

- Flávia… - ela respirou um segundo, segurou a bronca e prosseguiu - mas você não atacou aquele carro aleatoriamente, já tinha alguma coisa.

- Ana Lu, conhece aquela musiquinha “eu não preciso de ninguém pra fazer merd* comigo, eu sozinho coloco minha vida em perigo”?

- Mas você foi direta aquele dia, viu o carro e bateu de frente, sem nem pensar. Tinha coisa antes.

- Não importa isso, a questão que eu descobri hoje isso. Na verdade ele é um policial bem do corrupto, de má índole, ele some com os bandidos que ele prende. 

- Como assim, ele some? Ele mata quem ele prende?

- Exatamente. Ele é um delegado e dependendo do crime que ele acompanha, da renda da vítima, ele se oferece para matar, apagar o cara que está em sua custodia.

- Caramba, que sem noção. Mas alguém já denunciou ele, já foram pra cima?

- Essa parte eu ainda não levantei Ana Lu, vou ver isso em off assim que eu puder, preciso entender com que fluxo, tipo de pessoa que estou lidando. 

- Você tá me escondendo porque se envolveu nisso. Te conhecendo, deve estar protegendo, cuidando de alguem. Só toma cuidado para não se machucar. 

- Eu sei, não tinha ideia do que esse cara era. Eu não ando armada o tempo todo, nem em alerta, sabe?!

- O complicado que nesses casos de casos de agressão policial, de extrapolar, na maioria das vezes, não chegam ao conhecimento da Corregedoria de polícia, devido ao medo de retaliações. Se assassinou um, pode facilmente cometer assassinato com quem denuncia.

- Sim, conheço um pouco dessa parte,  por medo de represálias, os denunciantes desistirem do processo, alegando, como motivos principais, que foram precipitados na denúncia ou que o processo está demorando. Isso quando simplesmente não somem, por retaliação ou por coação. 

- não sei porque você se meteu nisso, nem o quanto está mesmo inserida nisso.  Mas cuidado. Não só por você fisicamente, por você emocional. 

- Sim, eu sei, acho que por isso estou dispersa. 

- E Flávia… já teve coragem de mandar mensagem pra Bruna? Ou vai ficar aí se arrastando?

- Nossa Ana Lu, as vezes eu  me pergunto quem é mais delicada, eu ou você?

- Ah, sabe que sou bem direta. Você está na merd* desde que terminaram. 

- Não é assim também. 

- Não mesmo, mas tá se arrastando, preocupada, triste. Para de frescura e vai mandar uma mensagem pra ela, para de show. 

- Marcamos de conversar amanhã. 

- Sério?! Finalmente, promete que você vai melhorar essa cara?

- Não to borocochô. 

- Humm, tá bom, não tá borocochô. Tá precisando de uns beijinhos dela. Vamos ver se não vai melhorar. Oh aí, só de falar dela já abriu um sorrisinho. Bebe logo seu café e vamos voltar pra aula, vê se você acorda um pouco. 


Quando eu cheguei em casa, já passava das 23h e eu estava exausta física e mentalmente. Sabe aqueles dias que seu corpo só quer deitar? Eu fui até meu quarto quase me arrastando, depois de um banho rápido. Não olhei nem pensei em nada, o banho quente caiu no meu corpo trazendo um abraço, um cafuné. Sinto tanta falta de carinho, de cafuné, às vezes tem um burraco imenso no meio do meu peito que não consigo preencher, não consigo fazer fechar. Um pequeno período que esse buraco fechou ou pelo menos reduziu, foi estando com a Bruna. Dando risada, dormindo com ela. Ainda acredite, me aceite como eu sou, que pode dar certo, mas quero que ela me escute, cartas na mesa, branco no preto e preto no branco. A água foi trocada pela aspereza da toalha e a toalha pela leveza da bermuda muito usada, confortável para dormir, sono que não precisei chamar, apenas apaguei. 


Eu estava em um salão, um espaço grande, cheio de pessoas. Eram rostos conhecidos, mas que eu não sei dizer de quem são. É uma espécie de festa, uma formatura? Algum evento grande. Eu estava estava andando sozinha, procurando alguma coisa, alguém. Que música alta, coisa chata. Alguém esbarrou em mim, mais outro. Eu tentei levantar o olhar, lá na frente, na ponta do salão havia uma aglomeração, uma fila, casais. O que é isso? A música ao fundo mudou, entrou uma melodia mais ritmada, clássica. Uma valsa? 

Eu não consigo chegar a essa fila, será que eu cheguei atrasada? Mas raramente eu me atraso, quem se atrasa é a Fabíola. Mas ela está aqui? Que formatura é essa? Dei mais alguns passos, tentando empurrar as pessoas em volta, enquanto a fila começou a andar. Os casais seguiram mais ao centro no salão e eu conseguir, procurando um espaço para entrar. Sim, lá está ela, seu rosto é vivo, saudável. Estava com um vestido verde, de alcinha, salto. O Sr Luiz, pai da Fabi era quem dançava com ela, quem trocava dois pra la e dois pra cá ao som da valsa. Eu me mantive afastada, olhando a graciosidade da dança entre os dois, a leveza do passo, o amor fraternal deles. 

A música mudou novamente e pessoas envolta entraram na roda da dança, trocando os pares. Será que posso entrar? Ela olhava apreensiva, procurando alguem, será que está me procurando? Minhas pernas não se mexiam, não conseguia dar um passo a frente. Nossos olhares se encontraram, enquanto ela ainda estava dançando com o Sr Luiz. A Fabi falou alguma coisa a ele, ele olhou pra mim e sorriu, como sempre fraterno, amoroso, delicado. Ela esticou a mao, me chamando para aquele espaço de dança. Me aproximei dela, com leveza, a primeira e única coisa que consegui falar é: Você está linda. Só consegui isso. Ela passou a mão por cima do meu ombro, me aproximando mais dela. Minhas mãos foram em sua cintura, sutilmente firme, e nos aproximamos mais.

 O cheiro de maracujá da Fabi sempre foi um ponto fraco pra mim, sou apaixonada. Tão real, tão nítido que consigo sentir o toque dela, sentir a presença dela. Consigo atritar  a composição do lábio durante um beijo. Que saudade da minha musa, namorada!


O despertador tocou que eu me assustei, por ter sido puxada do lugar maravilhoso que eu estava e pelo cansaço que domina o meu corpo. Acho que eu dormi e acordei exatamente na mesma posição, provavelmente de exaustão. Virei o corpo olhando para o teto, sabe aquele momento que a gente espera a alma voltar pro corpo? Que sensação gostosa estar com a Fabi de novo, ver ela saudável, bem. Só eu sei o quanto queria que esse sonho fosse realidade. Peguei meu celular, que estava embaixo do travesseiro, como se eu escondesse o despertador da própria consciência. Assim que acendi a tela, vi que tinha mensagem, abri o aplicativo e a “Bruna Raíssa” era a primeira com 11 mensagens. Como pode?

  • Eu sei ser insistente Flavinha, obrigada por aceitar conversar comigo. 

  • Prometo que vai ser rápido, só conversa.

  • Tem algum lugar específico que você queira ir?

  • Deixo você escolher. 

  • Mas se quiser posso indicar um também, perto do jornal mesmo. 

  • Tá, vou deixar você quietinha. 

  • Flavinha… chegou bem da faculdade? Como foi a aula? 

  • Sinto falta de conversar com você no dia a dia, sinto falta de você! 

  • Só me responde se está bem, um sim, um não. 

  • Tá, sem resposta. Vou dar o tempo que você precisar. 

  • Sinto sua falta!

  • Bom descanso, estou ansiosa para conversarmos amanhã. 

Eu tenho certeza que a Bruna tem ou um aplicativo que avisa quando eu abro o WhattsApp, ou ela fica com a conversa aberta, esperando aparecer o “online”. Logo após eu abrir o app, recebi a primeira mensagem dela, antes mesmo de eu responder as anteriores, não que eu fosse responder, porque de alguma forma quero que ela entenda que tenho uma vida, não estou disponível aos desejos imediatistas dela.

- Bom dia linda! Espero que esteja bem e dormido bem. 

- Passei a noite pensando e vendo algumas fotos nossas. Olha essa aqui - e logo em seguida chegou uma foto que tiramos na primeira vez que dançamos juntas. 

- Adorei dançar com você nesse dia, espero ter mais dias assim. 

- Estou ansiosa por te ver hoje. Sinto sua falta.

O foda é que eu tambem sinto saudade, estou triste de estar longe dela. Acabei respondendo a mensagem dela, com uma figurinha, um emoji sorrindo. Coisa simples, mas de certa forma dizia que eu aceita aquela comunicação. Foi a primeira resposta minha por celular desde que ela voltou a me mandar mensagem. A Bruna voltou a responder um: - Bom trabalho Fla, te vejo à tarde para conversarmos. 

Sabe quando você quer segurar a vontade e emoção, mas não consegue muito? Levantei da cama e fui de frente ao guarda-roupa. Não posso ir de calça de sarja preta, coturno e camiseta preta de serviço. Pelo menos uma camisa limpa, não amassada.  Tenho toalha e material de higiene no DP, já é um começo. Levo alguma coisa pra ela? Ah, não vou levar não, depois do que ela fez com o “chocolate artesanal belga”, fico pensando o que ela falou do cacau show que dei pra ela, antes dela viajar pra São Francisco. 

Eu não vou mudar meu jeito, eu sou romântica, sou a pessoa que carrega a mala, que leva café, que faz cafuné. Pra mim é um pouco difícil entender, não posso ser errada por esse cuidado, carinho. Ao mesmo tempo que parece que pra Bruna eu posso oferecer o máximo de mim e não é suficiente. Quero conversar com ela, ouvir ela. Mas não quero e não vou mudar pra entrar na caixinha de ninguém. 

    

  • Reunião em 10 minutos! 

  •  Onde? 

    -     Na sala do quadro! - Merda. Já passava das 15 horas quando o Cantão, passou na sala dos investigadores avisando sobre essa reunião. Eu queria sair do DP em 30 minutos. Tenho terapia hoje e depois a conversa com a Bruna.  Espero que seja rápido. Será que o pessoal da equipe conseguiu alguma coisa do Grilo? 

      Peguei meu caderno, duas canetas. Antes de sair, enchi minha caneca de café morno. Segui pelo corredor, até a sala de reuniões. Já escolhi rápido uma cadeira e coloquei minhas coisas, ficar em pé ou ter que ir buscar cadeira é algo habitual. Primeiro chegou a Isabelle, junto com o investigador que estava em Heliópolis. Em seguida chegou o Cantão, com a cara de desesperado que ele faz quando é algo sério. Depois dele foi chegando um ou outro perdido, até a chegada do Alcino, delegado chefe do DP. Quando ele entrou, escorreguei na cadeira. Essa merd* vai demorar e é algo grande. 

          O Alcino é um senhor bem acima do peso, delegado chefe e delegado velho. Ele já está pra se aposentar, mas é um cara bem experiente. Sabe bem o que fazer, o que articular. Por trás da barba branca de papai Noel, do óculos quadrado fora de moda e da camisa com os dois botões de cima aberto, tem um cara desenrolado, com um currículo de invejar. 

- Isabelle, Cantão, Flávia, Rodrigues, Cunha, Almeida - falou apontando pra cada um, voltou no Cantão -  Cadê a Coelho? 

- Está no laboratório! - eu respondo antes mesmo do Gabriel. 

- Vai chamar ela. 

- Sim senhor - falei levantando rápido da cadeira, mas ainda a tempo de ouvir - quem eu não falei o nome, tá dispensado! - andei rapidamente até a outra ponta do corredor, até chegar ao laboratório fotográfico. A Bia claro que se assustou comigo, sempre se assusta e eu acho um barato. Seguimos retornando a reunião - Posso entrar chefe? 

- Senta as duas - ele na frente da mesa, começou a preleção - Senhores, o assunto dessa reunião é completamente sigiloso. Se os senhores estão aqui é porque já estão envolvidos ou foram selecionados para esse caso. Vamos demorar hoje, avisem em casa e desliguem os celulares - Eu tive tempo e a reação apenas de mandar uma mensagem para a Bruna “Linda, não vou conseguir ir. Entrei em reunião, depois te ligo”, silenciei o celular e voltei minha atenção ao Alcino - Senhores, vocês são o grupo de trabalho da operação contra o tráfico de orgãos. Não temos nome ainda, então a missão 01 é pensar em um nome. 

- Operação Milionários, com o que esses caras devem estar ganhando… - um dos agentes fez esse comentário. 

- A principal coisa que quero dos senhores é profissionalismo e seriedade. Estamos lidando com uma quadrilha muito organizada, especializada, com recursos. E a imprensa está envolvida, temos uma vítima notória. Qualquer deslize, vai explodir merd* pra todo lado. Cunha, coloca a gravação que vocês grampearam do Grilo.

- Senhores - o Cunha, um camarada de uns 25,26 anos, levantou e puxou o computador para mais próximo a nós e deu play, na seguinte gravação:

- Oh Puca, tu levantô o que mandei?

- Da mina ou dos aparelho?

- Dos dois porr*. Não falô que tava faltano esse bagulho pra faze a cirurgia do cara? O deputado tá me perguntano toda hora. 

- Po chefe, dá uma segurada nele. Não dá pra faze uma cirurgia cardiaca sem esse ventilador. Depois que o Migalha caiu, dificulto. 

- Oh Puca, é foda isso vei. Sabe que acha as pessoa no jeito que você quê dificulta. 

- Eu sei chefe, to correndo com o Trufa pra desenrola isso, amanha devo te já. 

- Boto fé, desenrola. Viu a mina lá? A dotora!

- Chefe to monitorando ela, a mina é responsa, uma das parteira mais firmeza que conheço. Vai da mo moral pra Yaya, acredita.

- Donde tu conhece a dotora?

- Grilo, ela estudou comigo. É boa, garanto.

- Não to botando fé, tá falano fino. 

- É que ela não vai ajudar na boa. 

- Paga ela vei, só molha a mao. 

- Né assim não chefe. A mina é de responsa. 

- Puca, ti virá. Quero o melho pra minha mina. Traz ela da China, quando o cu aperta, geral fortalece. 

- Da China não chefe, talvez de Portugal. 

- Caraio mano. Não tem uma parteira boa aqui não?

- Chefe, essa é ponta firme. Mas to sabendo que ta se organizano pra ir morar em Portugal. 

-  É tranquilo. Coloca aquela mina da rede no circuito. A patricinha tem grana e gosta de uma adrenalina. Fala que dessa vez  não tamo mandano, tamo buscano. 

- Tá. Vou segurar conforme a Yaya for evoluindo. Qlq coisa aciono a rede em Portugal. 

- Ah, a “Das letra” confirmo? Tem uma carga pra ela no proximo mes. Ela deixa em Londres e o Curupira leva pro Marrocos. 

- Ela tá sabeno já, dia 15 tá partino, já avisei o Leso pra faze os documento. Já tá alinhado. 

- Fecho chefia, vamo vence!

- É nois! - Quando acabou a gravação eu quase bati na mesa, essa pequena conversa, traz tantas e tantas informações. 

- Flávia, consegue traduzir para nós? Você que está mais envolvida na investigação. 

- É uma conversa entre o Puca, o médico cirurgião, provavelmente quem faz a extração dos orgãos e o Grilo, chefe da quadrilha. Não sabemos até o momento se o Grilo é o chefe da quadrilha ou um dos organizadores - todos da mesa estavam prestando atenção, os olhos da Isa estavam brilhando, acho que é um pouco de admiração - A gravação mostrou que está faltando um equipamento de cirurgia e que o Puca é um dos responsáveis por providenciar esse equipamento. Isso nos mostra que o Grilo não é tecnico, ele é a liderança criminosa, de quadrilha. 

- Mas o Puca tem conhecimento técnico a nível de montar um hospital? - O Cunha perguntou. 

- A princípio ele deve saber o que precisa para operar. Imagino que ele deva ter um anestesista de confiança, alguém envolvido, que auxilie nesses equipamentos. Naquele carro que apreendemos no Heliópolis, tinha medicação sedativa. 

- Pela hipótese do legista são dois cirurgiões recorrentes - a Bia falou. 

- Sim, o legista nos mostrou os nós cirúrgicos. Uma espécie de digital, marca do cirurgião. Não há como rastrear isso, mas ele conseguiu identificar que os corpos seguiram 2 padrões recorrentes. Assim há a hipótese de dois cirurgiões. 

- Flávia, missão: quero possíveis segundo cirurgiões, colega de turma, outros cirurgiões de tráfico de órgãos. Levantar nomes. Marcha. 

- Sim senhor. Anotei aqui, tem algum deputado manobrando ou sendo mandante de um transplante cardíaco - o Alcino olhou pra mim e eu já completei - Sim sr, nomes. 

- Tem um tal de Trufa ajudando nos equipamentos -  A Bia se posicionou novamente. 

- Não faço ideia de quem é esse, vai ser mais uma linha de trabalho. E temos algumas novas informações, bem importantes. 

- Você é sutil Flávia. Solta a bucha - Acino completou. 

- É uma quadrilha de trafico de orgãos internacional. Tem alguem que transporta a vítima para Londres, entrega pra outro que leva pro Marrocos. E temos talvez um sequestro ou um aliciamento de uma medica, que está ou está indo para Portugal, estudou com o Grilo e deve ser ginecologista, porque é para ajudar a Yaya. 

- Yaya é o codinome de Yasmim, companheira do Grilo. Deve estar com uns 6 a 7 meses de gestação - Cantão falou pela primeira vez. 

- Exatamente. Eu ainda acho que a melhor abordagem vai ser no nascimento dessa criança - falei. 

- É mais aí será uma operação com maior risco, envolve menor de idade, vítima de sequestro. Várias coisas - A Isa bateu. 

- Sim, mas ainda é o melhor momento, de maior vulnerabilidade. É um período que deve reduzir as cirurgias. Precisamos ter rastreado tudo exato, onde é o cativeiro desse cara, onde é o hospital, se é que ele existe. Levantar a casa dele, a casa dessa Yaya. 

- É onde eu quero chegar - o chefe Alcino continuou - Vocês são o grupo de trabalho dessa investigação. Eu quero saber de tudo. Quero saber quantas vezes o Grilo mijou hoje. Quero saber quantas horas o Puca dormiu. Cunha - aprontou para ele - Você e o Almeida vao grampear até o vendedor de gás desse cara, eu quero tudo. Pode usar mais agentes, mas vai passar só o necessário. Não quero ninguém além desse grupo com qualquer detalhe da quadrilha - Olhou pra mim, gelei - Você é a investigadora Chefe disso Flávia. É a mais antiga e com mais experiência que tenho, está no caso desde o início. 

- Sim sr. - respondi

- Quero nomes, endereços, horários - Olhou pro Cantão - Você vai ser o Delegado Chefe, já tá na hora de assumir essas bombas. Isabelle, minha querida Isabelle - foi irônico - eu quero saber quem mandou matar o jornalista. Não posso quebrar uma quadrilha de tráfico internacional e deixar um fio desencapado. A primeira pergunta vai ser “ E o Evangelista?” Senhores, vai dar dor de cabeça? Claro que vai. Mas é o que é, chora, mas chora andando. 

 


Fim do capítulo


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Comentários para 39 - Capitulo 39:
mtereza
mtereza

Em: 17/02/2024

O Cantão namorando com a Bia e totalmente cego do passado dela com relação a esse ex dela bandido ou é um péssimo delegado ou a Bia sabe mentir muito bem essa história ficando cada vez mais esquisita e perigosa para Flávia 

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jake
jake

Em: 14/02/2024

Olá Natália eu li linha dúbia. Acelera aí o romance da Bia com a Flávia.


jake

jake Em: 14/02/2024
Naty


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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 13/02/2024

O bicho vai pegar agora.

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