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  • Ela não é a minha tia
  • Capitulo 4 – A pura perfeição

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Ela não é a minha tia por alinavieirag

Ver comentários: 10

Ver lista de capítulos

Palavras: 3900
Acessos: 3966   |  Postado em: 12/02/2024

Notas iniciais:

Ooi leitoras! Como vocês estão passando o carnaval? 

Mais um capítulo que preparei com muito carinho pra vocês! Espero que gostem, aguardo a opnião de vocês!

Capitulo 4 – A pura perfeição

 

Sofia

 

Eu com certeza vou ficar traumatizada para uma vida inteira. Mas a culpa foi minha, eu que fiquei insinuando coisas e insistindo pra ela falar. Não sei por que diabos fiz isso.

O que eu queria ouvir? Que o Clóvis é simplesmente ruim em tudo? É claro que ele é bom em alguma coisa, ou então a Júlia não estaria com ele. Fala sério, é da Júlia que estamos falando. Ela poderia escolher qualquer um que quisesse.

Apesar de ser traumatizante, a parte do pau dele não foi o que me deixou pior. Ela ter dito que eles tinham uma história e que ele a fazia se sentir segura é o que me fez realmente ficar na merd*. Porque tudo o que ela disse sobre ele... era assim que eu me sentia. Só que com ela.

– Droga! – Deixo escapar quando um exemplar de "It: A Coisa", que eu tentava colocar em uma das prateleiras de livros mais altas, despenca no chão e quase cai em cima do meu pé.

Vocês já viram quantas páginas tem essa merd*? Sinto a dor só de pensar no estrago.

– Ei, está tudo bem, Sofia? – Seu Afonso se aproxima com um tom de preocupação a mais na voz. – Precisa de alguma ajuda? – Pergunta.

– Não, eu estou bem. – Digo juntando o "It" do chão.

Não era pra você flutuar?

Penso olhando para o palhaço da capa e acabo rindo com a minha própria referência.

– Você parece um pouco distraída hoje. – Desperto com a sua voz mais uma vez.

– Distraída? Eu? O Senhor está enganado. – Falo prontamente.

Ele me olha de cara fechada.

– Eu sei, eu sei, a condição pra você parar de me chamar de Sofia Maria é que eu também parasse de te chamar de Senhor, né? – Digo e ele sorri. – Eu não estou distraída. – Reafirmo, convicta, enquanto enfio na estante os últimos livros que estava carregando.

– Ao menos é a sua última semana antes de tirar as suas férias. Vai poder ter muito tempo pra distração. – Ele diz em tom suave, ignorando o fato de eu ter tentado omitir a realidade.

Férias.

Muito mais tempo em casa com minha mãe, com a Júlia e...

Sinto o peito apertar.

Em outro momento eu estaria vibrando por estar entrando de férias. Só que agora eu não tinha mais tanta certeza de que me faria bem ficar tanto tempo ociosa pensando e repensando trezentas e mil coisas que eu não deveria pensar. E ainda tinha o Clóvis, pra piorar tudo, o fantasma da sua presença sempre nos rondando agora.

– Tem certeza que vai ficar bem sem mim? Quero dizer... Eu não preciso tirar férias agora. – Esperança invade a minha voz.

– Sofia, você já olhou pra esse lugar? – Ele me pergunta e eu olho em volta. Somos só nós dois aqui, e tinha sido assim basicamente o dia todo. Ou seja, movimento quase zero.

Também, quem em seu estado normal viria ao Centro da cidade com esse calor infernal ao invés de estar aproveitando o que a cidade tem de melhor a oferecer no verão – que com certeza não é aqui?

Pelo menos uma garota esteve na nossa loja mais cedo. Ela parecia ter passado a semana inteira na praia já que estava com um bronzeado de levantar suspiros por aí, as bochechas levemente avermelhadas enquanto seus cabelos loiros estavam com uma tonalidade singular, provavelmente devido a exposição ao sol. Típico cabelo de surfista, sabe? Não que eu tenha reparado muito na menina e tudo mais.

Só sei que dar uma indicação de filme pra ela foi o ponto alto do meu dia, já que, além da óbvia falta de clientes, o nosso próximo fornecimento só chegaria na semana que vem. Ela estava atrás de um filme de terror com bastante gore, tripas pra fora e esse tipo de coisa. Sorte a dela que terror era o meu segundo gênero preferido, então não foi uma tarefa muito difícil. Resultado? A loirinha possivelmente surfista saiu daqui levando: Terrifier, Acampamento Sinistro e Seres Rastejantes. Espero que ela tenha falado sério quando disse que estava disposta a qualquer tipo de coisa.

– Além do mais... – Seu Afonso continua, me trazendo para fora dos meus pensamentos. – Eu vou saber me virar. Me virei sozinho por tanto tempo, não foi?

– Quando eu entrava aqui quase me sentia num episódio de Acumuladores Compulsivos, mas você se virou muito bem, oh, sim. – Falo com certa ironia na voz enquanto reviro os olhos e ele sorri mais uma vez.

– É verão, Sofia. Eu não sei o que garotas de hoje em dia costumam fazer, mas você deveria estar feliz com isso.

– Eu sei.

Eu sei.

Digo aquilo muito mais pra mim mesma do que pra ele. Seu Afonso se afasta, me deixando sozinha mais uma vez. Com quase nenhuma tarefa a cumprir, não demora muito pra que eu volte a pensar na Júlia.

É, eu não estaria tão distraída se não pensasse tanto nela.

Ela pareceu tão inquieta quanto eu, na noite da piscina. Se é que "inquietude" é a palavra certa pra descrever. Eu deitei em seu ombro, como sempre fazia, até começar a sentir aquelas coisas de novo e a lembrar do que quase aconteceu naquela noite quando estivemos sozinhas e tão perto assim e me afastei antes que fosse tarde demais pra poder voltar atrás.

Já tínhamos bebido muitas garrafas de champanhe com os meus pais ao redor da piscina e resolvemos esperar a hora dos fogos no meu quarto, já que ela queria fumar e não poderia fazer isso em outro lugar.

Estamos deitadas lado a lado no chão do meu quarto, em cima do meu tapete bege e felpudo que fica do lado da minha cama. A luz indireta dos meus dois abajures ilumina parcialmente os nossos rostos. As lembranças correm soltas. Começamos a brincar de dizer as nossas resoluções pro próximo ano – coisas que queríamos fazer pela primeira vez e outras que não gostaríamos que se repetissem – e está na minha vez de perguntar.

– E você ficaria com alguma garota? – Questiono.

Ela fica em silêncio por alguns instantes, até dizer:

– O seu teto também está girando, ou é só o meu?

Percebo quando tenta mudar de assunto.

– Dã, estamos olhando pro mesmo teto, não estamos? – Digo olhando para cima, e realmente estava tudo girando. Ela ri com a minha resposta, e eu acabo sorrindo também. A pergunta que ela deveria ter feito era: "você bebeu tanto quanto eu?" – Mas você não respondeu a minha pergunta. – Volto ao foco da conversa.

– "Garota?" Quantos anos você acha que eu tenho?

Eu rio.

– Você entendeu o que eu quis dizer. – Digo deitando de bruços, apoiando os cotovelos sob o chão, as pernas balançando no ar.

– É, tá. Eu acho que não.

Ela diz e assopra a fumaça para cima. Depois franze a sobrancelha.

– Talvez sim. Eu não sei. – Ela ri de um jeito nervoso. – Se fosse uma garota como você, talvez. – Ela responde ainda olhando para o teto.

– Como eu? – Pergunto, curiosa. Adrenalina preenchendo todo o meu corpo.

– É, uma que eu possa conversar assim, e... sabe... hmm... eu também não me importaria se ela fosse sexy pra caralh*, como você. – Ela olha nos meus olhos nessa última parte e sinto que vou perder o ar. Lagoas de calor brincam pelo meu ventre e se acumulam no meio das minhas pernas.

Desvio o olhar para baixo, onde encontro uma garrafa de champanhe caída. Levo o gargalo até a boca, mesmo sabendo que não tinha mais nada lá. Tudo pra tentar esconder o quanto estou surpresa por ouvir aquilo. Ela disse que me acha sexy? Ou eu bebi tanto que comecei a alucinar?

– Desculpa, eu não deveria ter dito isso. – Ela fala em resposta ao meu silêncio.

– Por que? – questiono, não conseguindo esconder a decepção na minha voz.

– Hm, dã? – Ela diz como se a resposta para essa minha pergunta fosse tão óbvia que beirava ao absurdo, tanto quanto o que tinha acabado de me dizer. E era. – Você sabe por quê.

É, claro que eu sabia.

– Acho que foi a coisa mais legal que você já me disse, na verdade. – Ainda apoiada sob os meus cotovelos, me inclino para olhar em seus olhos.

Nós estamos tão perto agora. Ela está usando uma sombra dourada e os seus olhos nunca pareceram tão azuis. Ou será que eu só não tinha reparado tão de perto antes? Na forma como possuem um brilho único, o contorno um pouco mais escuro realçando o azul tão claro que às vezes se confunde com cinza.

Noto quando ela respira de forma alterada e quando olha para minha boca e... Deus, eu nunca me senti assim antes.

Um estouro seguido de um clarão surge lá fora e o quarto se ilumina abruptamente. Nós damos um pequeno salto, como se por um momento tivéssemos esquecido onde estávamos, ou que dia era. Como se não existisse um mundo inteiro do outro lado da porta, apenas nós duas, aqui e agora.

– Já deve ser meia-noite. – Ela fala sem tirar os olhos dos meus.

Eu me aproximo ainda mais dela, meu peito subindo e descendo e meu coração batendo tão rápido que acho que vou explodir a qualquer momento e me fundir aos fogos de artifício.

Quase fecho os olhos, mas continuo vidrada em sua boca quando beijo a sua bochecha, pegando o cantinho dos seus lábios, e os meus formigam apenas com esse pequeno contato.

– Feliz ano novo, Jules. – Digo ainda muito perto dela, uma ou duas polegadas de distância nos separando. Ela respira mais pesado ao sentir o meu hálito batendo em seu rosto.

Eu mal tinha tocado nos seus lábios, mas foi o suficiente pra sentir o aroma de tabaco e folhas de cravo do seu cigarro e imaginar o gosto que ela possivelmente teria – caso os nossos lábios se encostassem mais do que aquilo – como uma amostra grátis de algo que eu nunca poderei ter de verdade.

Ela tira os olhos dos meus pela primeira vez depois do que pareceu uma vida inteira.

– Eu acho que eu vou vomitar. – A Júlia diz e corre até o banheiro do meu quarto.

E foi assim que começou o nosso ano, seguida de uma das maiores ressacas da história. Como eu estava um pouquinho melhor que a Júlia – não que eu também não tivesse bebido muito mais do que deveria – fiquei o resto da noite segurando o seu cabelo na frente de um vaso sanitário. Super emocionante começar o ano assim, né? Mas eu não me importava. Quantas vezes ela já tinha feito isso por mim? Já tinha até perdido as contas.

Bom, depois disso a gente nunca mais tocou no assunto. Na verdade, até hoje eu ainda me pergunto se aquilo realmente aconteceu ou se foi só puro delírio meu. Talvez ela nem lembrasse de falar aquilo, se é que ela realmente falou.

xxx

– Pode passar em mim? – Digo mostrando o protetor solar pra Júlia.

Estou procurando problemas, eu sei.

Mas eu já tinha pedido isso a ela umas mil vezes antes. Eu sei, eu sei, não é mais a mesma coisa.

É o meu primeiro dia de férias, oficialmente falando, e a minha mãe já tinha chamado a Júlia para curtir "uma tarde na piscina".

Ela dá algumas braçadas na água para alcançar a escadinha. Tento ignorar o caminho que a água faz em sua pele quando ela sai de lá, mas é quase inevitável. Ela pega um roupão da espreguiçadeira roxa e se cobre com ele antes de se sentar ao meu lado. O que me dá um certo alívio, em partes.

Eu viro de costas pra ela e levo as mãos até o nó do meu biquíni. Desamarro e deixo as cordinhas caírem, mas continuo segurando o biquíni contra o peito. Sinto Júlia arfar atrás de mim e acabo dando um sorrisinho sem que ela veja.

Ouço quando ela abre o protetor e o meu corpo estremece, na expectativa. No instante seguinte, sinto suas mãos molhadas passando a mistura sobre minha pele e um arrepio percorre as minhas costas, eriçando os pelinhos do meu pescoço.

– Ai, você tá gelada. – Reclamo, tentando achar uma justificativa mais razoável para o meu arrepio.

– Você me tirou da piscina. Queria que eu estivesse como? – Ela devolve a minha implicância.

– Hm, não sei, um pouco mais quente? – Deixo escapar e se faz um silêncio.

Suas mãos vão ficando mais pesadas sobre as minhas costas e... puta que pariu, não sei se vou conseguir me controlar, mas preciso segurar a minha onda.

– Você vai me ver jogar vôlei na praia algum dia? – Pergunto tentando afastar para longe todas aquelas sensações.

– O quê? – Ela pergunta, toda aérea.

– Perguntei se você vai me ver jogar. – Repito.

– Ah – Ela limpa a garganta. – Se eu conseguir pegar mais alguns dias de home office, eu vou, sim. – Ela diz retirando as mãos de mim e me entregando o protetor solar.

– Não seja boba, Sofia. – Minha mãe se junta a nós, absolutamente do nada, e senta ao lado da Júlia em uma das cadeiras que ficam em volta da nossa "mesa da piscina". Minha musculatura tensiona com a sua presença. – Agora que a Júlia está namorando ela vai dar preferência pra aproveitar o tempo de folga com o Clóvis, é claro. – Ela diz e sinto as minhas bochechas pegarem fogo.

Juro. Quem chamou ela pra merd* da conversa?

A Júlia me olha e não diz porr* nenhuma, o que me deixa ainda mais irritada, apenas me manda um pedido de desculpas silencioso por meio dos seus olhos. Desculpas pelo o quê? Por eu ter uma mãe assim (o que não era nem culpa dela) ou por que ela realmente faria o que ela disse?

– Como vão as coisas com ele, afinal? – Minha mãe pergunta e eu só quero sair correndo daqui, mas é como se alguma coisa me prendesse na cadeira e eu não conseguisse me mover dali.

– Ah, você sabe... – A Júlia começa a dizer e parece tão animada quanto eu por estar sendo obrigada a ter essa conversa nesse momento. – Ele trabalha muito, e mora fora da Ilha, em outra cidade, a gente ainda não conseguiu se ver de novo desde a última vez.

– Aposto que não vai demorar muito pra ele ajustar os horários dele, ou até mesmo pra pedir uma transferência pra cá, você já pensou nessa possibilidade? – Minha mãe questiona.

– Acho que ainda é um pouco cedo pra isso, só faz alguns meses, Marta – A Júlia tenta levar a minha mãe pra realidade, o que nunca é uma tarefa fácil.

– Mas não é como se não se conhecessem há mais tempo do que isso. – Minha mãe fica com a palavra final, como sempre. – É tão lindo como uma história pode voltar depois de mais de dez anos. Parece coisa de filme.

É. Ele realmente parece o Sr. Perfeito.

A pura perfeição.

– Sabe, eu andei pensando... – Minha mãe sugere com um sorriso caloroso e arrogante em seus lábios e sinto um arrepio na espinha. – O que você acha de fazermos um jantar pra ele aqui em casa?

Nossa, mas que ótima ideia.

– Você não precisa se preocupar com isso, Marta, eu não quero incomodar vocês e... – A Júlia tenta argumentar com a minha mãe, mas sei que ela vai acabar cedendo, só pelo tom de suas palavras.

– Querida... A sua mãe provavelmente já teria feito isso se ainda estivesse entre nós. Eu não me importo de cumprir com esse papel, pelo contrário, vai ser um prazer pra mim. Nós só precisamos marcar uma data. – Minha mãe fala e sinto o estômago revirar, como ela podia ser tão manipuladora?

– É... isso parece ótimo. – A Júlia se esforça em dizer.

Por algum motivo, não parecia muito animada. Mas ela sempre fazia de tudo para agradar a Dona Marta.

– O que você acha, Sofia? – Minha mãe decide que seria legal me perguntar.

Como sempre, a minha mãe estava errada.

– Um jantar perfeito para o Sr. Perfeito, parece ótimo, ou melhor, perfeito. – Digo com o meu melhor tom de deboche, um sorriso amarelo preenchendo o meu rosto.

Mas minha mãe apenas sorri satisfeita.

É incrível como as pessoas parecem ter uma dificuldade imensa em entender ironias. Está mais claro do que nunca que minha mãe não entendia.

Olho para a Júlia, do outro lado da mesa, e ela me encara como se tivesse com um grande ponto de interrogação esculpido em seu rosto.

Bom, talvez ela entendesse ironias, afinal.

Engulo em seco.

Minha mãe começa a tagarelar sem parar sobre qual poderia ser o menu e quais praias poderiam apresentar ao Clóvis no dia seguinte ao Jantar e começo a ficar enjoada. 

O meu sangue borbulha a cada palavra ou enquanto penso que ele poderia simplesmente vir aqui em casa e ser visto como o namorado do ano enquanto eu... apenas ficaria assistindo.

– O Sr. Perfeito também fuma? Só pra saber se vou ter que esconder isso sobre ele também. – Disparo.

Se faz um silêncio abrupto, até a minha mãe tomar consciência do que tinha acabado de ser falado.

– O que está querendo dizer com isso, Sofia? – Minha mãe indaga. – Quem também fuma?

– A sua queridinha, é claro. 

Eu me arrependo no instante seguinte que falo aquilo, mas já é tarde demais quando olho pra ela, para avaliar a sua reação, e vejo que está com uma cara de "eu não acredito que você fez isso".

Mas que merd*.

– Não é verdade, é? – Minha mãe pergunta olhando para mim e depois para Júlia sem conseguir esconder o ar de total reprovação.

– Não, não é verdade, mãe, por que seria? Já que pra você é muito mais fácil eu ser mentirosa do que a Júlia não ser tão perfeita assim, não é? – Me levanto dali e começo a caminhar até a minha casa.

Será que eu tinha contraído raiva? Quero dizer, a doença mesmo.

Eu estava certa de que minha mãe tinha e que eu bem me lembre das aulas de biologia, raiva é uma doença contagiosa e do jeito que a minha mãe vivia gritando (e salivando) na minha cara, isso seria facinho facinho de acontecer.

Tá, eu sei que isso não se aplica entre seres humanos, mas vai saber.

– Eu não acredito que fez aquilo. O que deu em você, Sofia? – Júlia surge de repente, entrando na sala, bem atrás de mim.

Boa pergunta.

– Eu posso voltar lá e desmentir tudo, se vai te fazer se sentir melhor. – Não consigo ser menos reativa.

– Eu acabei de confirmar pra ela que é verdade, e quer saber? Que se foda. – Ela faz uma pausa. – Você sabe que não é essa a questão.

Olho em seus olhos. Eu sei.

– Pensa pelo lado bom: você não vai mais precisar ir no meu quarto pra fumar escondido. – Minha língua dispara atropelando tudo o que vê pela frente.

– Você acha mesmo que eu ia pro seu quarto só pra fumar escondido? – Ela deixa escapar sem querer e aquilo me destrói.

– Era o nosso segredo. – Ela continua. – Algo entre nós duas.

– Será que você ainda não percebeu? Não existe mais "nós duas", Júlia. – Faço aspas no ar.

Eu posso estar sendo dramática. Mas como fingir o contrário enquanto tudo o que eu sinto é que estávamos indo para um caminho sem volta, independente de qual resolvêssemos seguir?

Nunca seria como antes.

A Júlia fingia tudo muito bem, mas eu não conseguia ser menos transparente, infelizmente.

– Você está falando da Marta?

– E de quem mais eu estaria falando?

Se faz um silêncio, nós duas respondendo aquela pergunta em nossos pensamentos.

– Você sempre implicou com a sua mãe e isso nunca interferiu na nossa amizade. – Ela diz entrando no meu jogo.

Não admitiríamos a verdade?

– Isso foi antes do Sr. Perfeito aparecer. – Deixo escapar aquele meu pensamento.

Droga. Droga. Droga.

– Então o problema é o Clóvis? – Vejo receio em seus olhos. Ela também não está nada confortável em estar tendo essa conversa.

"Sim?!", é o que eu penso.

– Claro que não. – É o que eu respondo.

– Você está com ciúmes dele? – Ela insiste.

Meu coração acelera e sinto o sangue ferver enquanto penso que ele tem o direito de tocar nela sem nunca achar errado. Aperto a mão direita com tanta força que sinto as unhas ferirem a minha pele.

– Oi? – Pergunto com certa exaltação na voz.

Ela parece repensar um pouco o que tinha acabado de me falar, checando se tinha sido algo muito inapropriado de se dizer.

– Por causa da sua mãe. – Parece corrigir. – Porque ela vive falando dele agora e porque resolveu dar esse jantar e tudo mais. Para ser sincera, eu também acho um exagero, mas você sabe como a sua mãe é.

Ciúmes da minha mãe? Era só o que me faltava.

E sim, infelizmente eu sabia como a minha mãe era.

– Não, Júlia, eu não tenho ciúmes da minha mãe. Ainda não cheguei nesse estágio de loucura. – Graças a Deus. – Mas... você já escolheu um lado, e nunca é o meu.

Sinto ferroadas na minha garganta.

Ela me olha tentando decifrar o que tinha acabado de ouvir. Se aquilo não fazia muito sentindo nem pra mim, imagina pra ela.

– Nossa... – Ela passa a mão na cabeça. – Você é tão imatura às vezes, sabia?

A dor na garganta fica quase insuportável agora.

– E às vezes você é igual a minha mãe. – Digo com a voz trêmula, quase não conseguindo mais bancar a minha falsa indiferença.

Viro as costas e começo a sair dali travando uma batalha contra as minhas lágrimas que insistiam em querer cair.

– Sofia, espera. – Sinto-a segurar o meu braço, o seu corpo bem próximo ao meu agora faz um arrepio atravessar a minha pele.

Me viro para olhá-la, nossos olhos se encontrando de forma automática, como sempre acontece. De alguma maneira, ela parece chateada também.

– Me deixa, tá? – Digo forçando as palavras a saírem da minha boca, porque não é o que eu quero dizer. Não quero que ela me deixe. Mas é isso o que sempre acabo fazendo, punindo a mim mesma.

Eu só quero que ela me abrace, me prenda em seus braços e diga que eu estou sendo uma tola por achar que estou a perdendo agora mesmo, como se um dia eu já a tivesse tido.

Mas isso não acontece. Ela me solta e sinto que vou desmoronar.

Ela apenas obedece ao meu pedido e eu forço as minhas pernas a me tirarem dali. Meus olhos transbordam em lágrimas, finalmente, sabendo que ela não é capaz de vê-las agora.

Eu a odiava, odiava a minha mãe e odiava o Clóvis. Mas me odiava ainda mais por ter estragado tudo.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Mesmo com a semana corrida por aqui, tentei preparar um capítulo muito especial pra vocês!

 

A pedidos, mantive o capítulo do mesmo tamanho dos outros, ou seja, longo kkkkk 

 

E aí, será que a reconciliação das duas vai demorar, ou foi só uma briga passageira? O que acham?

 

Continuem comentando, por favor, não me deixem sozinha sem saber o que estão achando dos capítulos, preciso saber se continuam aqui comigo.

 

Mais uma vez, queria agradecer as minhas leitoras fiéis que estão sempre comentando (e que já possuem um lugar muito especial no meu coração) e a todas que estão chegando agora, vocês são incríveis! 

 

RECADINHO IMPORTANTE: 

 

Eu fiz uma playlist do livro no Spotify, músicas que já apareceram na história, que ainda vão aparecer e outras que por muitas vezes me inspiraram na hora de escrever. Inclusive, dá pra pegar muitas dicas do que vai acontecer com algumas delas kkkkk Pra quem quiser se sentir mais pertinho de Sofia e Júlia enquanto o próximo capítulo não sai, é só pesquisar "Ela não é a minha tia Livro" no Spotify, que deve aparecer. 

 

Encontro vocês no próximo capítulo! Até semana que vem!


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Comentários para 4 - Capitulo 4 – A pura perfeição :
tagigomide
tagigomide

Em: 26/08/2024

Oi autora! 

Comecei a ler agora e simplesmente não consigo parar! Sua escrita é perfeita e viciante! Ansiosa pelos próximos capítulos! Pensando aqui se a Sofia vai arrumar uma garota bem bonita pra fazer ciúmes na Júlia! É o que eu tentaria fazer rs

Parabéns! 


alinavieirag

alinavieirag Em: 04/09/2024 Autora da história
Oooi, boa tarde, fico muito feliz por saber que você está gostando, espero que continue acompanhando. Muito obrigada!

PS: E sim, isso que você sugeriu vai mesmo acontecer kkkkkk


Responder

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Letticia.lima
Letticia.lima

Em: 24/06/2024

A mãe da sof é uma pessoa muito difícil e incoveniente, não me admira a sof não se dar bem com ela 

Responder

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Gaya
Gaya

Em: 14/02/2024

Olá querida autora!

...pura perfeição??? Nunquinha no brasil!

Essa mãe da Sof deveria cuidar mais da vida dela. Penso que ela força a barra pra ver a Júlia realmente presa a algum "homem", talvez por desconfiar que possa existir uma atração "quase fatal" entre a Ju e Sof. Eu não creio que ela realmente seja amiga verdadeira da Júlia. Uma camaleoa, isso sim.

Ah, eu particularmente, não sou favorável a arrumar alguém para a Sof. É horrível alguém ficar com alguém pensando noutra pessoa. Mas vai saber o enrredo que está passando pelos neurônios da autora, néh? Vai que tu amaaaaaaa uma sofrência! rsrsrsrsrs

Não lembro se a Sof tem alguma amiga tão próxima quanto a Júlia, pra daí sim, ela passar a ser o divã da Sof tendo conhecimento de todo esse drama que ela está a passar com esse amor pela querida. adorável e gostosa"não tia" dela!rsrrsrs

Mas autora, tu poderia fazer a Sof surpreender sendo indiferente, demonstrando uma maturidade ainda não presenciada pela Marta e a Júlia. Transformando a Sof numa mulher "gigante pela própria natureza...".

Amando a trama!

Parabéns!

Grande abraço!

Responder

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Gaya
Gaya

Em: 14/02/2024

Olá querida autora!

...pura perfeição??? Nunquinha no brasil!

Essa mãe da Sof deveria cuidar mais da vida dela. Penso que ela força a barra pra ver a Júlia realmente presa a algum "homem", talvez por desconfiar que possa existir uma atração "quase fatal" entre a Ju e Sof. Eu não creio que ela realmente seja amiga verdadeira da Júlia. Uma camaleoa, isso sim.

Ah, eu particularmente, não sou favorável a arrumar alguém para a Sof. É horrível alguém ficar com alguém pensando noutra pessoa. Mas vai saber o enrredo que está passando pelos neurônios da autora, néh? Vai que tu amaaaaaaa uma sofrência! rsrsrsrsrs

Não lembro se a Sof tem alguma amiga tão próxima quanto a Júlia, pra daí sim, ela passar a ser o divã da Sof tendo conhecimento de todo esse drama que ela está a passar com esse amor pela querida. adorável e gostosa"não tia" dela!rsrrsrs

Mas autora, tu poderia fazer a Sof surpreender sendo indiferente, demonstrando uma maturidade ainda não presenciada pela Marta e a Júlia. Transformando a Sof numa mulher "gigante pela própria natureza...".

Amando a trama!

Parabéns!

Grande abraço!


alinavieirag

alinavieirag Em: 19/02/2024 Autora da história
Aaah querida, amei o seu comentário!

Então, a mãe da Sofia é realmente uma peça chave para história, inclusive, pra mim, a trama não seria a mesma sem a relação dessas três mulheres e como a dinâmica que cada uma tem entre si interfere no funcionamento das demais relações. Então muito legal você ter observado isso! Realmente ela é uma pedra no sapato das duas kkkkk

Então, sobre sua segunda observação, eu gosto um pouco de uma sofrência sim (nesse sentido) kkkkkkk mas prometo que vou tentar desenrolar isso da melhor maneira possível, até porque também acho horrível estar com uma pessoa pensando em outra, ninguém merece hahaha

A Sofia não tem nenhuma amiga fora a Júlia não, ela é uma alma solitária kkkkkkk

Agora, sobre a sua última análise, saiba que me fez refletir muito sobre o andamento da história e fiquei muito inspirada em relação a isso. Realmente a Sofia precisa ter um desenvolvimento pessoal, obrigada por me lembrar disso!

Obrigada por estar acompanhando e pelo seu comentário maravilhoso!


Responder

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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 13/02/2024

Oi, boa tarde, 


Sofia deveria arranjar alguém, já que a Júlia tem o Clóvis.Dessa forma, meio que forçaria Julia a sair da " zona de conforto" e se dar conta dos sentimentos dela por Sofia. Porque, ela já deu a perceber que ficaria com uma menina, quando questionada por Sofia. - E uma que fosse como a amiga dela.Entao, "mais claro do que isso, só dois disso".Ficou escancarado na leitura das entre linhas.


 


alinavieirag

alinavieirag Em: 19/02/2024 Autora da história
Bom dia!

Muito obrigada pelo seu comentário, adorei as suas observações! Então, vi algumas pessoas comentando sobre a Sofia arranjar alguém, será que vem aí? hahahaha


Responder

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SeiLá
SeiLá

Em: 13/02/2024

Obrigada pelo capítulo e pela playlist!


alinavieirag

alinavieirag Em: 19/02/2024 Autora da história
Aaah, de nadaaa, eu que agradeço pela sua leitura e pelo seu comentário, e que bom que gostou da ideia da playlist!


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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 12/02/2024

Oi querida.

Acho que a Sophia irá endoidar nesse jantar e agora que elas quase falaram o que sentiam uma pela outra, só que não, mas vamos esperar,rs.


alinavieirag

alinavieirag Em: 19/02/2024 Autora da história
Ooi querida, esse jantar vai dar o que falar! kkkkkkkkk Muito obrigada por comentar e pelo incentivo!


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bfz
bfz

Em: 12/02/2024

Capítulo perfeito!

A Sofia tinha que encontrar alguém e dar o troco.

Ansiosa para o próximo capítulo, será que não dá para adiantar?


alinavieirag

alinavieirag Em: 19/02/2024 Autora da história
Muito obrigada pelo seu comentário, fico tão feliz!
Então, em relação a Sofia encontrar alguém, será que vem aí? hahahaha
Acabei de postar o capítulo 5! Espero que gosteee


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Leidigoncalves
Leidigoncalves

Em: 12/02/2024

Oiii volteiiii kkk, desculpa não ter comentado no último capítulo, peguei dengue e estava realmente mal, mal consegui ler, mas foi questão de honra. Fique sabendo que adorei o capítulo e salvou minha segunda ????.

Agora sobre o capítulo de hoje... Essas duas estão brincando com fogo hein, as duas já perceberam que sente alguma coisa uma pela outra e ficam fingindo que nada tá acontecendo, quero ver quando algo acontecer " sem querer" kkk. Não vejo a hora delas começarem a ficar juntas, sei que vai ser difícil mas nada é impossível quando se tem amor envolvido.

Continue postando nas minhas segundas hein, e capítulos assim grandes e gostosos de ler ????


alinavieirag

alinavieirag Em: 19/02/2024 Autora da história
Aaah, querida, muito obrigada por estar aqui sempre acompanhando independente de qualquer coisa, que honra, fico imensamente feliz!
Também não vejo a hora de ficarem juntas hahahaha sim, quero criar muitas "tensões" antes de ficarem juntas de fato, mas concordo com você, nada é impossível quando tem amor envolvido!
Continuo sim e mais uma vez obrigada por estar aqui!


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patty-321
patty-321

Em: 12/02/2024

Oh Sofia, que sofrimento!


alinavieirag

alinavieirag Em: 19/02/2024 Autora da história
Não é? As duas ainda vão passar por muita coisa, mas vai valer a pena no final! Obrigada pelo seu comentário.


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